Mercado de café: ANÁLISES DA SEMANA DO ESCRITORIO CARVALHAES E DA ARCHER CONSULTING

Publicado em 29/03/2015 04:23
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting, direto de N. York (e Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, de Santos)

As principais bolsas de valores cederam durante a semana motivadas pela instabilidade geopolítica no oriente médio e pela ansiedade sobre a Grécia apresentar as medidas que se comprometeu em implementar para não perder o suporte financeiro do Banco Central Europeu.

Indicadores econômicos nos Estados Unidos têm decepcionado um pouco os investidores, muito embora o motivo tenha sido o inverno rigoroso no primeiro trimestre do ano. Na Europa o presidente do BCE declarou que o primeiro mês de compra de títulos soberanos pela entidade atingiu o objetivo programado, mas os investidores ainda se preocupam com o desfecho do acordo com os gregos.

Os índices de commodities mantiveram o tom de recuperação nos últimos cinco dias, tímido entretanto já que os ganhos de 10.60% do suco de laranja e 4.04% do petróleo tiveram como contrapeso as perdas de 5.28% do gás natural, 4.34% do açúcar, 4.20% do trigo, 3.83% do níquel e 3.59% do café em Nova Iorque – dentre os componentes do CRB.

O dólar americano parece ter finalizado a correção técnica que iniciou com a mudança de perspectiva do aumento das taxas de juros dos Estados Unidos e, sendo o caso, tudo indica que deve voltar a firmar.

Os contratos de arábica e de robusta da ICE tiveram performances indefinidas, ora dando a impressão que subiriam para na sequência forçar a liquidação dos operadores que tomam posição no intra-day, e ora fazendo o contrário, indicando uma baixa que foi revertida durante o dia. A atividade se concentrou nos spreads, mais cedo do que o usual e estranhamente mantendo um desconto maior do que víamos até o fim de 2014.

A firmeza do Real, que na terça-feira negociou a 3.0926, não foi suficiente para dar suporte aos preços, até porque não durou muito com a moeda brasileira encerrando a 3.2424 na sexta-feira. A movimentação do físico nas origens destravou quando Nova Iorque trabalhou acima de US$ 140 centavos por libra, não em volume significativo, mas ao menos mostrou ao mercado um nível referencial aonde os produtores demonstram mais interesse em vender.

O pico da entressafra no Brasil deve ajudar os altistas nos próximos dois meses, quando então algum fluxo de safra nova deve começar a aparecer e sazonalmente se tornar um fator que limite ganhos. Desta forma as vendas entre hoje e a safra não devem exercer tanta pressão caso os fundos que estão vendidos resolvam cobrir uma parte de suas posições ou eventualmente resolvam aumentar seus longs (posição comprada). Infelizmente o COT não nos mostra que há interesse dos fundos em fazer compras novas, já que vimos uma redução de 2,578 lotes da posição bruto-comprada no relatório divulgado no fim da semana.

Os estoques de café no Japão aumentaram em 89.817 sacas em janeiro para um total de 3,023,533 sacas. Os certificados do contrato de robusta em Londres também subiram 104 mil sacas, para 2,73 milhões de sacas até o dia 16 de março último. Os certificados do “C” depois de terem caído para 2.24 milhões no começo de março, voltam para os 2.31 milhões que tínhamos ao final de dezembro. Seria mais positivo se estivéssemos vendo uma queda dos inventários no destino, não o contrário – outro argumento dos baixistas.

O mercado está travado e mostrando indefinição técnica. A consolidação por ora não estimula novas posições, mas um mergulho abaixo de 136.00 centavos pode trazer novas mínimas e um fechamento acima de US$ 145.00 centavos deve atrair compras de fundos de sistema.

Uma boa semana com excelentes negócios a todos.

Rodrigo Costa*

 

ANÁLISE DO ESCRITÓRIO CARVALHAES

Café: Na bolsa de NY contrato maio perdeu 515 pontos na semana; no mercado físico negócios diminuíram

O agravamento da crise política e econômica brasileira fez com que tivéssemos mais uma semana de muita oscilação do dólar frente ao real, o que levou também a muita oscilação nas cotações do café na ICE Futures US em Nova Iorque. O balanço desta semana foi negativo e os contratos de café com vencimento em maio próximo perderam 515 pontos no período. 

Insistimos na tecla da “financeirização” das operações nas bolsas de futuro, onde os fundamentos influenciam cada vez menos e as operações são dominadas por algoritmos e robôs. Sobre este assunto, recomendamos a leitura do artigo ‘Fundos “smart beta” reúnem US$ 400 bilhões nos EUA’(Anthony Effinger e Eric Balchunas, Bloomberg), publicado ontem, dia vinte e seis, no jornal VALOR Econômico. 

No mercado físico brasileiro, os compradores diminuíram o valor das ofertas acompanhando o comportamento da cotação do dólar frente ao real e o recuo das cotações em Nova Iorque. Os vendedores não aceitaram as bases oferecidas e o volume de negócios fechados caiu bastante. 

 

ANÁLISE DE RODRIGO COSTA, da ARCHER

MERCADO CONSOLIDA SEM NOVIDADES NO FUNDAMENTO

Na última quarta-feira, 25 de março, a CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento realizou leilão de 40,5 mil sacas de café arábica dos estoques públicos. São cafés colhidos nas safras 2002/03, 2008/09 e 2009/10 que foram adquiridos por meio do programa de Opções. Entretanto, não houve interesse comprador e o pregão não registrou arremates. 

O resultado era esperado pelo mercado. Os preços mínimos de abertura foram estabelecidos pelo Ministério da Agricultura em patamares iguais ou superiores aos registrados atualmente no mercado físico para a safra 2014/2015. Os cafés ofertados são de safras antigas, desmerecidos em cor, alguns esbranquiçados. Esses cafés são normalmente comercializados com deságio em relação aos da safra corrente. 

O CNC – Conselho Nacional de Café em seu informativo “Balanço Semanal”, que circula hoje, informou que o leilão foi definido sem a participação do setor privado da cafeicultura e que como representantes legítimos da produção de café no Brasil, o CNC e a CNA entendem que o Governo cometeu um equívoco ao autorizar a CONAB a realizar o leilão, não apenas pela data determinada, na iminência do início da colheita, mas também pelos preços iniciais que foram estabelecidos. 

Até o dia 26 os embarques de março estavam em 1.817.372 sacas de café arábica, 226.428 sacas de café conillon, mais 146.323 sacas de café solúvel, totalizando 2.190.123 sacas embarcadas, contra 2.258.147 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o dia 26, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 2.651.551 sacas, contra 2.740.151 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 20, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 27, caiu nos contratos para entrega em maio próximo, 515 pontos ou US$ 6,81 (R$ 21,96) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 20 a R$ 609,64 por saca e hoje, dia 27, a R$ 589,38 por saca.

Hoje, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 205 pontos. 

(POR EDUARDO CARVALHAES)

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Fonte:
Archer Consulting/Esc Carvalhaes

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