Empiricus: A estatal que vale a pena, por vias tortas, por Roberto Altenhofen

Publicado em 12/08/2014 15:54 e atualizado em 13/08/2014 14:05

Roberto Altenhofen - [email protected]

00:12- Com um pé atrás

Sem referências relevantes na agenda econômica, os mercados seguem ao sabor dos conflitos (lá fora) e reféns das apostas eleitorais (por aqui).

No mercado internacional, a retirada de tropas russas da Ucrânia, a perspectiva de acordo diplomático entre as partes e o cessar-fogo na Faixa de Gaza amenizam o clima.

Ainda assim, promovem uma melhora comedida, tanto que o petróleo e os ativos de segurança (como ouro e títulos do Tesouro americano) continuam em evidência.

Mas não podemos dizer o mesmo por aqui...

00:57- Otimismo desmedido (parte 1)

Apoiado na alta das estatais, o Ibovespa registrou forte apreciação na véspera e consegue sustentar relativa estabilidade nesta terça-feira. Com isso, se aproxima novamente do patamar de 57 mil pontos, que guarda o seu teto até então em 2014.

No ano, o índice de ações acumula alta próxima de 10%. Desde a metade de março, quando saíram as primeiras pesquisas eleitorais mostrando queda nas intenções de voto da situação, o saldo é positivo em mais de 25%.

O grande propulsor segue com as ações da Petrobras. Curioso que ontem os papéis da estatal (PETR4) dispararam 4,3% mesmo diante da divulgação de um dos piores resultados trimestrais de sua história (falamos dos números no M5M de ontem).

Mais uma vez, pesou mais a promessa de que haverá reajuste no preço dos combustíveis e a empresa entregará crescimento de 7,5% em sua produção este ano.

Resultado passado nunca foi garantia de retorno futuro, mas se falta alguma coisa na Petrobras é credibilidade em suas projeções...

Falando em metas de produção anual, a empresa não conseguiu cumprir uma meta anual sequer nos últimos dez anos. O que nos motiva a acreditar que cumprirá em 2014?

Agravante: já passou metade do ano e sua produção está estável. Teria de fazer milagre em seis meses para chegar a 7,5%. 

Mentiras sinceras lhe interessam?

E as insinceras?

02:23- O enigma de PETR4

Quanto ao reajuste no preço dos combustíveis, não é questão de crença - pelos resultados apresentados, aumento exponencial da dívida e queimas sucessivas de caixa, é algo inevitável.

Portanto, logo depois das eleições deve vir mesmo um aumento, que, segundo fontes informaram à Reuters, será de 5,5% a 6%.

Mas isso está longe de resolver o problema. No segundo trimestre, a defasagem da gasolina em relação ao mercado internacional foi de 16,4%. Sem contar o agravante de uma provável alta do dólar, que ampliaria a diferença.

Diante disso, pergunto: se uma alta no preço dos combustíveis já não está embutida na alta das ações, que acumulam valorização de 60% desde a metade de março, o que estaria?

03:14- Otimismo comedido (a estatal que vale a pena)

O BB Seguridade (BBSE3) apresentou um lucro impressionante no segundo trimestre, com crescimento de 50%. Com isso superou projeções que já eram elevadas.

Para não cair em otimismo desmedido, o Rodolfo alertou no Vida PRO que “vale a ressalva de que o crescimento dos prêmios começa a dar sinais de saturação”.

Ainda assim, foi mais um balanço positivo para alimentar a aposta por dividendos generosos à frente. Aposta essa bem factível.

Parte relevante dos custos do BB Seguridade fica alocada no BB, e ele aproveita a rede de distribuição do banco, atingindo uma abrangência sem precedentes na indústria de seguros.

04:08- O que esperamos sentados

Apesar do belo resultado do BB Seguridade, os números mais impressionantes desta sessão foram apresentados pela EzTec (EZTC3).

Quem diria, uma construtora é capaz de sustentar margem bruta de 55% e margem líquida em 50%?

Apesar da recorrência, muita gente ainda tem um pé atrás, e continua esperando a convergência para níveis mais condizentes com a média do setor.

Alguma coisas que há algum tempo o mercado espera ver nos resultados das empresas...

+ A margem líquida de EzTec ir abaixo de 30%
+ PDG começar a gerar caixa
+ A Petrobras registrar superávit em sua balança comercial de petróleo
+ O ROE do Santander (na casa de 10%) convergir para os níveis de Itaú e Bradesco (na casa de 20%)

Se bem que, neste último caso, parece mais fácil o retorno sobre o patrimônio do Santander convergir para o do Banco Fator.

Muito cuidado com o curto prazo

Por Felipe Miranda

[email protected]

Hoje me arrisco em terreno ardiloso. Sob pretensão assumida, esboço uma explicação que nem mesmo Benjamin Graham, o professor de Warren Buffett, conseguiu fornecer.

Comecemos pela raiz da coisa. O que está por trás do value investing, o tradicional método proposto por Graham e aprofundado por Buffett? A noção de que ações são empresas, que, por sua vez, carregam um valor intrínseco.

Daí decorre a proposta pragmática de que, em havendo discrepância entre os preços correntes da ação e seu valor intrínseco, há uma oportunidade a ser explorada. Ao final, preços de mercado convergiriam para o valor intrínseco, trazendo lucro ao investidor.

Se uma ação está abaixo do valor intrínseco, estaria barata e, portanto, mereceria compra. Vale o inverso no caso de estar acima.

Quando Benjamin Graham foi perguntado sobre as razões dessa convergência no longo prazo, respondeu algo como: “Eu não sei dizer o porquê. Simplesmente acontece assim. É o que eu observo por décadas.” Tomo a liberdade de usar palavras minhas. A essência do recado original está preservada em sua plenitude.

Para buscar uma justificativa, proponho um jogo. Peço que escolha entre duas alternativas. Finja que há uma situação real aqui e, por favor, participe da brincadeira.

Você deve escolher entre as duas loterias abaixo:

A. O bilhete paga R$ 100 com 80% de chance, e paga R$ 10 com 20% de probabilidade; ou
B. Recebe R$ 80 com certeza.

Qual é sua preferida?

Se você tem um comportamento tradicional, escolhe a loteria B, mesmo sendo seu valor esperado (R$ 80) inferior àquele da loteria A (R$ 82). Esse é o resultado típico encontrado  por diversos estudos.

Note que não há nada de irracional nesse comportamento. Ele apenas denota aversão a risco. O sujeito prefere ter a certeza de que ganhará R$ 80 a correr o risco de levar apenas R$ 10.

A teoria econômica tradicional trata disso sem problemas. Bernoulli, na formalização da Teoria da Utilidade Esperada, descreveu com adequação esse fenômeno, chamando a atenção - ficamos um pouco técnicos agora - para o caráter côncavo da Função Utilidade (proxy para felicidade) do Investidor. Em outras palavras, sendo a utilidade marginal da renda decrescente (ir de R$ 10 para R$ 20 deixa mais feliz do que ir de R$ 90 para R$ 100), tudo estaria de acordo. Os problemas da Teoria da Utilidade Esperada são outros. Depois falamos de suas falhas e da sua superação pela Prospect Theory, de Daniel Kahneman.

Agora suponha uma escolha. Não temos loterias A e B. Temos dados. E, em vez de jogá-los apenas uma vez, vamos repetir o experimento um milhão de vezes.

Você ainda escolheria o dado B?

Provavelmente, não. Conforme se repete o experimento indefinidamente, os valores observados (amostral) tendem a convergir para o valor real (populacional). Lei dos Grandes Números na veia.

Um único resultado está muito mais sujeito à aleatoriedade. Você pode dar o azar de cair nos tais 20% de chance e ficar apenas com R$ 10. Mas se você ficar repetindo isso, provavelmente vai chegar no valor esperado.

Investir pensando no curto prazo em Bolsa é justamente correr o risco de cair, aleatoriamente, num resultado ruim, apenas por uma questão de (falta de) sorte. Se você recorre ao longo prazo, os valores observados tendem a convergir para o valor real. É como se repetisse o número de rodadas do jogo.

Por isso, afirmo sem medo de errar: as melhores ações da Bolsa são aquelas de empresas boas e baratas. É por isso que gosto tanto da série Barganhas da Bolsa. Por apenas R$ 29,90 por mês, você leva toda semana uma dica de ação exatamente com esse perfil. Daquelas que devem subir mais no longo prazo.

E por R$ 39,90 por mês, oferecemos as Barganhas da Bolsa com as Vacas Leiteiras, no que batizamos de Combo Benjamin Graham. Nesse caso, temos as ações boas e baratas, mais as ações de dividendos. A Utilidade Marginal, neste caso, é crescente.

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Empiricus

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