Safra de café arábica para 2015/2016 poderá ser de apenas 27 milhões de sacas

Publicado em 13/08/2014 12:45 e atualizado em 14/08/2014 12:51

Conversei hoje longamente com o Prof. Donizeti, da Universidade de Federal de Lavras, um dos melhores especialistas mundiais sobre fisiologia do cafeeiro.

De acordo com sua analises , todos os problemas alertados e mostrados por ele e outros especialistas em Fevereiro deste ano , ocorreram , porem as gravidades estão maiores , pois não houve a recuperação do déficit hídrico iniciado em Janeiro e Fevereiro.

Abaixo transcrevo resumidamente suas ponderações :

1) Houve menor crescimento vegetativo em todos tipos de cafeeiros , mesmo os podados.

2) Os efeitos do calor anormal foram sentidos por todo o parque cafeeiro.

Essas anormalidades meteorológicas, implica um menor crescimento vegetativo com uma quantidade de internódios bastante curtos e em menor número resultando em menor produção.

Dado o déficit hídrico ter permanecido até hoje, as raízes dos cafeeiros que deveriam ter crescido abundantemente nos últimos três meses não se desenvolveram, havendo inclusive morte de radicelas. Quando retornarem as chuvas, o sistema radicular retornará, ainda que tardiamente seu crescimento e estabelecerá competição de energia para o crescimento das raízes e as folhas, e, ambas se desenvolverão abaixo do normal. Em determinadas lavouras (depauperadas) essa competição será bastante acirrada e resultara em desfolha, abortamento de flores, queda de chumbinhos e seca de ponteiros uma vez que o aporte de energia se direcionará para as raízes em detrimento da parte aérea.   

Baseado em sua longa experiência, o parque cafeeiro de cafés arábicos teria um potencial de 37 milhões de sacas em 2014/2015, se não houvesse as anomalias climáticas do início do ano. Porem devido aos problemas ocorridos, o potencial da colheita se reduziu para uma perda aproximada de 20%, assim, ele estima a atual safra de cafés arábicas em apenas 30 milhões de sacas.

Para a próxima safra, 2015/2016, ele já estimava uma bienalidade de menos 20%, devido a falta de tratos culturais adequados nos anos de 2012 e 2013. Assim sendo, sua estimativa seria de 30 milhões de sacas de potencial produtivo dentro da normalidade. Porém devido a todos os problemas enfrentados pelo quase totalidade do parque cafeeiro de cafés arábicas brasileiro, as perdas devem ser próximas de 6 a 9%, então acredita que o potencial de produção será inferior a esta colheita e poderá girar em torno de 27 milhões de sacas de cafés arábicas.

 

Titulação:

· Graduado em: Agronomia - 1982 (Universidade Federal de Lavras - UFLA)
· Mestrado em: Fisiologia Vegetal - 1985 (Universidade Federal de Viçosa - UFV)
· Doutorado em: Solos e Nutrição de Plantas - 1991 (Universidade Federal de Viçosa - UFV)
· Pós-Doutorado em: Biologia Molecular - 1997 (The Ohio State University - USA)

Áreas de Atuação:

Fisiologia de Plantas sob Estresse e Fisiologia do Cafeeiro

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Fonte:
Marco Antônio Jacob

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