O taxista que venceu a crise brasileira, por JUAN ÁRIAS, do EL PAÍS

Publicado em 26/03/2015 09:22
Existem milhões de brasileiros com as mãos e a consciência ainda limpas que devolverão o respeito que merece o Brasil. ( Leia mais artigos de JUAN ARIAS na edição brasileira do jornal EL PAÍS).

Pode um taxista revelar com um simples gesto algo sobre a crise desencadeada no Brasil, com o acúmulo de problemas econômicos e políticos, enquanto cresce o mar de lama da corrupção?

Não sei o que o taxista que me levou no sábado em São Paulo de um hotel para um restaurante, junto com três colegas do jornal, pensa sobre a crise política que deixa o país em estado de alerta.

Meu taxista – vou chamá-lo assim porque não sei seu nome – não disse uma só palavra durante os quase 40 minutos do trajeto. Mesmo assim acabou, com um gesto, que eu quis contar aqui, por revelar mais sobre as causas profundas da corrupção que envergonha o país e as pessoas de bem que dezenas de debates.

Do restaurante eu voltaria diretamente para o Rio, e por isso levei a mala no táxi. No meio do almoço, um dos meus colegas me disse: “Juan, a mala está com você?”. Não estava. Tinha esquecido no táxi. Dei-a por perdida. Como encontrar um taxista anônimo no meio dos 33.000 que circulam pela cidade de São Paulo?

Fizemos uma tentativa, ligando para o hotel, para o caso de por milagre o taxista tê-la devolvido. Não. Já procurando outro táxi para ir para o aeroporto, meu colega voltou a ligar, mesmo sem esperança, para o hotel. Surpresa. O taxista tinha voltado e deixado lá a mala, sem deixar seu nome nem um telefone.

Eram 40 minutos de viagem, quase 50 reais de trajeto. Tempo e dinheiro que o taxista gastou para voltar ao hotel e deixar minha mala.

Por que considerei aquele gesto do meu taxista como uma revelação relacionada ao momento vivido pelo Brasil, atolado na corrupção por aqueles que teriam a obrigação de dar exemplo de dignidade e respeito para os 200 milhões de brasileiros?

Antes de escrever esta coluna tinha assistido ao programa Globo News Painel, de William Waack, com dois analistas políticos e uma socióloga. Foi um debate sério, profundo, sobre a crise política, econômica e moral que toma o país. William fez aos três especialistas uma pergunta-chave final: “Como o Brasil sai desta crise de credibilidade, que pode levar a uma crise institucional ainda mais grave?”

Naquele momento pensei no que meu taxista teria respondido. Na verdade ele também tinha uma resposta, talvez mais eficaz: a que pôs em prática, começando por seu pequeno mundo, ao seguir sua consciência e não às tentações do enriquecimento fácil, do saque ao dinheiro público, devolvendo minha mala. Mais ainda, ao perder tempo e dinheiro para não se sentir manchado de culpa e poder dormir naquela noite sem remorso.

Um dos executivos da Petrobras, réu confesso de ter roubado centenas de milhões, ante uma pergunta na CPI da Câmara sobre por que não teve a força para parar quando começou aquela pilhagem de dinheiro público, respondeu: “Quando se começa a escorregar na ilegalidade, é difícil parar.”

Não sei se meu taxista tem filhos. Não sei se a cada noite, quando volta cansado de seu trabalho, como milhões de trabalhadores em todo o país, sem nem sequer conseguir viver confortavelmente, conta para seus filhos as peripécias do dia rodando pela cidade e ouvindo centenas de conversas.

Não sei se lhes contou a história da minha mala, que ele poderia ter levado para sua casa naquela noite como um presente. Se o fez, é possível que os filhos tenham lhe perguntado por que a devolveu. Nesse caso, estou seguro de que esses filhos dificilmente esquecerão, quando entrarem no perigoso rio da vida, o gesto de dignidade de seu pai.

Eu ainda não esqueci quando nosso pai dizia, há mais de 50 anos, para meus dois irmãos e para mim: “Dorme-se e morre-se mais tranquilamente com a consciência limpa.” Morreu muito jovem. Era um professor rural, um simples trabalhador, como meu taxista. A ditadura militar franquista o puniu com vários meses sem salário porque seus alunos do primário (fundamental) quando chegavam ao secundário (ensino médio) “faziam perguntas demais”. Nas ditaduras se obedece, não se pergunta.

Quis deixar uma gorjeta para o taxista no hotel. Disseram-me que seria impossível localizá-lo. Por isso quis agradecer por seu gesto nesta coluna, que, com certeza, ele nunca vai ler.

Não lhe agradeço apenas por ter devolvido minha mala. Outros taxistas fazem isso até com malas cheias de dinheiro. Quero agradecer-lhe por ter me revelado, neste momento de crise e de desencanto, de perda de confiança em quem nos deveria dar exemplo de honradez profissional, que a verdadeira saída talvez comece pela nossa própria conduta individual.

Seu gesto de homem simplesmente justo e honrado, com respeito a sua consciência, ajuda-nos a lembrar que neste país hoje machucado e sobrecarregado pelo peso da corrupção política nem tudo ainda está perdido nem contaminado pela indignidade. Existem ainda não milhares, mas talvez milhões, de taxistas, de pedreiros, de professores, de funcionários públicos, de pequenos ou grandes empresários, jovens e idosos, pessoas famosas ou anônimas capazes de não renunciar à decência e à própria dignidade, que não são ladrões nem bandidos. Como meu taxista.

Às vezes ouço nas crônicas policiais que este ou aquele bandido preso ou morto era “negro ou de cor”. Meu taxista era mulato. E me deu um magnífico exemplo de civismo que não vou esquecer.

Se na história bíblica as corruptas cidades de Sodoma e Gomorra foram aniquiladas porque Deus não encontrou nelas sete homens justos, é certo que, apesar de tanta corrupção, há no Brasil não sete, mas milhões de brasileiros com as mãos e a consciência ainda limpas. Eles terminarão por devolver inclusive internacionalmente o respeito que este grande país merece. E o farão com seus protestos, com sua rejeição a uma classe política que parece ter se tornado indigna de ser guia do país. E com gestos de honradez pessoal como o do meu taxista mulato de São Paulo.

(por Juan Árias, do EL PAÍS).

 

LYA LUFT e a democracia roída pela corrupção: que Deus nos ajude!
(Foto: imgbuddy.com)

Só rezando: precisamos de uma liderança competente para nos tirar do fundo do poço (Foto: imgbuddy.com)

 

QUE DEUS NOS AJUDE

Artigo publicado em edição impressa de VEJA

Lya LuftRecentemente celebramos o Dia Internacional da Mulher. Contrariando muitos, talvez mais sofisticados do que eu, gosto de algumas dessas datas “oficiais”. Não acho que basta dizer que “todo dia é dia da mãe, do pai, da mulher, do professor”. Um momento especial traz à tona sentimentos que talvez a banalidade e lutas do dia a dia estejam abafando.

Não considero caretice lembrar certas datas ou pessoas de um jeito diferente, com um abraço mais afetuoso, uma flor, uma lembrança, um almoço que reúne gente querida. Pois o cotidiano apresenta o perigo da banalização: nem nos damos conta da importância daquela pessoa em nossa vida. Mas, se for caretice, que bom às vezes ser careta. E cuidado com o preconceito contra os caretas… Já temos juízes e árbitros demais, moralistas demais, arrogantes demais, cercando todos os setores da nossa vida pública e pessoal.

Volto ao assunto da mulher. Na véspera deste dia 8 de março, duas coisas me deixaram envergonhada de ser mulher brasileira. Uma foi a invasão do exército de mulheres campesinas de rosto tapado e foices e paus nas mãos, destruindo – pasmem! – mudas de eucalipto, fruto de décadas de pesquisas, estudos e esforços de cientistas, que estavam colocando o Brasil – ao menos nisso, pois andamos na rabeira em quase tudo – à frente no mundo científico. Eram mudas de eucalipto destinadas a reflorestamento e produção de papel, para evitar desmatamentos.

Cientistas experientes choraram junto com funcionários calejados: o desconsolo foi geral, como em outras ocasiões semelhantes, inclusive uma invasão e destruição no laboratório de biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde foram aniquilados, ante os olhos estarrecidos do mundo, resultados de pesquisas preciosas para o progresso do país e menos miséria.

Essas hordas preferem que se desmate a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica para produzir papel? Isso prova como as massas são manipuláveis, caindo na indigência mental que não deixa enxergar a realidade. Se isso faz parte dos exércitos que o ex-presidente Lula andou convocando, que Deus nos ajude.

Outro fato que me preocupou nesses dias foi, mais uma vez, a tentativa de uma figura do governo de banir Monteiro Lobato, o grande e maravilhoso escritor, das escolas (e possivelmente da literatura brasileira). A primeira coisa que me veio à mente foi queimarem na Alemanha hitlerista obras dos mais renomados autores, como parte de purificação “racial”.

Essa tentativa de criminalizar Monteiro Lobato é uma calamidade, um desrespeito à cultura brasileira, uma ignorância dos períodos históricos em que cada obra se situa, um perigoso ataque à liberdade, uma desconsideração com os próprios negros e um inadmissível estímulo a mais preconceito.

Enfatizo que tenho pessoas negras na minha família, como árabes e judias, e que nem me orgulho disso nem me preocupo: para mim, para nós, é apenas natural. É crime instigar o ódio “racial” e de classes, que vemos em afirmações ignorantes como “os brancos de olhos azuis não querem que vocês tenham nada”, ou “as elites odeiam os pobres”. Ignorar a superação das diferenças, desrespeitar a cultura, e a arte, regalar-se no rancor e no preconceito, isso tudo é tão sério como ignorar a realidade atual que envolve corrupção, omissão, mentiras e nossos direitos ameaçados.

A chamada “lista de Janot” revelou dados espantosos sobre o desvio de bilhões que deveriam favorecer o povo tão necessitado. Só investigação e punição rigorosas podem limpar a honra do país e dos brasileiros.

As forças políticas que imperam por aqui permitem muitas dúvidas e receios quanto a isso, mas nem a mais irreal divagação nem a mais doce retórica podem ocultar os riscos que corre a nossa democracia roída pela corrupção. Precisamos de uma liderança firme e competente para que, vencida a dramática situação atual, a gente deixe o fundo do poço e recupere a dignidade que nos roubaram.

E mais uma vez eu digo: que Deus nos ajude!

(por LYA LUFT, articulista de  VEJA).

 

 

A classe média vai salvar o Brasil da crise?

A novidade é que a classe média pede passagem, sai à rua e quer maior protagonismo na saída da crise

 

crise brasileira vai se emaranhando a cada dia que passa enquanto o Banco Central prevê um PIB negativo para este ano, uma inflação muito acima da meta e um índice de desemprego aumentando. Será verdade que desta vez a classe média, que está saindo de sua letargia, poderia fazer o país avançar?

gravidade da crise acontece porque, ao fator econômico, podemos acrescentar um vazio político com um Governo que parece perdido, em guerra com seus partidos aliados, enquanto a justiça continua destapando o poço sem fim da corrupção. E uma presidenta da República cuja popularidade despencou, e apenas 13% aprovam sua gestão.

A pergunta que fazem os especialistas é quem poderá salvar o Brasil desta situação que poderia afastar investidores estrangeiros enquanto vai crescendo a pressão dos protestos populares. Uma nova manifestação contra o Governo, a corrupção e os fortes cortes anunciados está programada para o próximo 12 de abril.

A novidade no momento difícil e confuso que vive o Brasil consiste em que, pela primeira vez em muitos anos, a classe média tradicional (a que se coloca socialmente entre os muito ricos e os que ainda estão mergulhados na pobreza) deu um passo à frente. Saiu pela primeira vez à rua para mostrar sua voz e exigir uma mudança de rumo na política.

Essa classe média, sem a qual este país seria outro, porque é a que estudou e está informada, tinha ficado entre adormecida e penalizada nos últimos anos de governos populares e sociais presididos pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e seus presidentes, Lula da Silva e Dilma Rousseff, que tinham enfatizado o resgate dos mais pobres.

Os governos petistas enfatizaram (e estavam certos) a criação da nova classe C, que saiu da pobreza. Foi com essa nova classe média, um exército de mais de 30 milhões, com a qual Lula contou para passar ileso pela crise econômica mundial de 2008.

A intuição de Lula foi criar a grande rede de novos consumidores internos aliviados pelo crédito fácil e toda uma série de programas sociais que a crise econômica começa a querer cortar.

Todos os olhos se voltaram para esta nova classe C, considerada a esperança econômica do Brasil, com sua sede de um consumo sonhado durante anos. Era até ontem a classe mais mimada, a da esperança de um país sem pobres.

Foi um fato real. O Brasil passou a ser pela primeira vez majoritariamente de classe média (embora se trate de uma classe pobre em instrução, em sua maioria analfabeta funcional). Uma classe média que começou, no entanto, a poder desfrutar de uma série de bens materiais que só eram conhecidos nas casas dos ricos. Esta foi também a grande reserva de votos incondicionais ao Governo.

As últimas pesquisas sobre os fortes protestos do último 15 de março deixaram em evidência que os quase dois milhões que saíram às ruas contra a corrupção, contra Dilma Rousseff e contra o PT pertenciam fundamentalmente a essa classe média tradicional que, pela primeira vez, abandonava seu silêncio e pedia passagem, disposta a intervir eatuar diretamente na crise.

Essa classe média formada por profissionais liberais, técnicos, pequenos empresários, universitários, médicos, advogados, etc., situa-se entre a minoria dos brasileiros que leem, se informam e conseguem usar com naturalidade as novas técnicas de comunicação.

Essa classe média, que produz, cria e consome cultura e opinião, vivia entre passiva e apedrejada, acusada por uma certa esquerda elitista de não suportar a ascensão econômica dos pobres que tinham desembarcado em suas praias, já compravam televisores de plasma como eles e até começavam a viajar de avião e comprar carro.

Essa classe média que a professora de Filosofia Política do PT Marilena Chauí classificou, em 17 de março de 2013, durante um ato com a presença do ex-presidente Lula da Silva, de “abominação política”, porque, segundo ela, é “fascista, violenta e ignorante”. Disse, entre fortes aplausos, que a odiava, esquecendo-se talvez que é filha natural dessa classe, econômica e culturalmente.

Começa a ficar evidente que essa classe média, apesar de ter se sentido esquecida e com pouca voz na construção dos últimos anos de Governo popular do PT, foi a que evitou as tentações autoritárias de um certo bolivarianismo que lutava para se estabelecer no país.

Foi essa classe média, entre a que se encontram também os profissionais liberais da informação, que abortou cada tentativa do Governo e do PT de realizar uma censura dos meios de comunicação, à qual chamam eufemisticamente de “controle social da imprensa”.

O Brasil vive um momento no qual aqueles que exigem nas ruas que a justiça aprofunde as investigações sobre a corrupção política, ou pedem uma mudança de modelo econômico já que o que está em vigor parece esgotado, começam a ser chamados de golpistas.

E é nesse momento que começa a ser considerado providencial o fato de que a classe média, apesar de seu silêncio e seu pouco protagonismo político, tenha pedido passagem para mostrar sua voz.

Essa pouco apreciada classe média clássica, majoritariamente de vocação democrática, poderia ser, paradoxalmente, a que vai impedir a volta à antiga pobreza da classe C que, com tanto sacrifício e esforço conseguiu dar o salto, se não social e cultural, pelo menos econômico.

Justamente uma das maiores preocupações políticas neste momento de crise em que se tornam imprescindíveis cortes de direitos trabalhistas adquiridos para salvar a economia vítima de antigos esbanjamentos de gastos públicos, é que a nova classe C possa cair de novo no abismo da pobreza do qual havia saído.

Segundo uma das últimas pesquisas nacionais, três de cada quatro brasileiros que em outubro passado votaram na reeleição de Rousseff, hoje estão ou desiludidos ou arrependidos. Foram os que não saíram às ruas nas últimas manifestações, mas que poderiam começar a participar, na medida em que perceberem que eles poderiam ser o bode expiatório da crise.

A classe média percebeu. E decidiu intervir. Hoje é ela que começa a distribuir as cartas.

Se é verdade o ditado de que Deus às vezes escreve certo por linhas tortas, é possível que neste momento seja a tão maltratada classe média tradicional brasileira que vai acabar salvando essa outra classe C. Poderá ajudá-la a entender que não serão as ideologias nem as falsas promessas e utopias que poderão salvá-la de um retrocesso, mas a tomada de consciência de que eles também devem se transformar em protagonistas de um novo Brasil unido em um mesmo esforço de superação. Não sob o lema de “nós contra eles”, mas em um grande e único abraço que evite o pior, e abra novos horizontes. Estão exigindo isso sobretudo os jovens com vocação e direito de triunfar e de ser coparticipantes das grandes riquezas deste país, hoje tão saqueadas pela avareza de uma corrupção que aparece sempre mais perversa e institucionalizada.

 

 

Na FOLHA: "Vem Pra Rua" planeja atos na periferia para atrair população

Não há data e local definidos ainda, afirma líder do movimento

 

O líder do movimento Vem Pra Rua, o engenheiro Rogerio Chequer, afirmou nesta quarta-feira (25) que os atos que o grupo planeja para áreas periféricas tanto de São Paulo como de outras cidades do Brasil ainda não têm datas nem locais definidos, mas estão confirmados.

Na segunda (23), em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, Chequer havia abordado o assunto. Questionado pelo diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, o engenheiro afirmou que o Vem Pra Rua quer se aproximar da população das periferias.

Ao citar o perfil dos manifestantes que foram ao ato do último dia 15 --76% tinham nível superior e 19%, renda acima de 20 salários mínimos--, Paulino inquiriu Chequer sobre as estratégias do grupo para diversificá-lo.

"Nós conseguimos identificar que já tinha uma diversificação muito maior na Paulista, muito maior que seis meses atrás", disse Chequer.

"É muito difícil para as pessoas das periferias e das comunidades, que já chegaram junto na Paulista dessa última vez, num fim de semana, ter que pagar ônibus e ir para lugares distantes", disse.

"A gente vai começar agora a fazer manifestações menores, mas mais próximas. Porque já identificamos que eles têm muitas convergências em relação a o que a gente pensa."

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