A história do Brasil do PT, por LUIS FELIPE PONDÉ

Publicado em 28/04/2016 19:11
A nova Dilma está sentada ao lado da sua filha na escolinha, ARTIGO PUBLICADO NA GAZETA DO POVO ( 18/04/2016)

A “batalha do impeachment” é a ponta do iceberg de um problema maior, problema este que transcende em muito o cenário mais imediato da crise política brasileira e que independe do destino do impeachment e de sua personagem tragicômica Dilma.

Mesmo após o teatro do impeachment, a história do Brasil narrada pelo PT continuará a ser escrita e ensinada em sala de aula. Seus filhos e netos continuarão a ser educados por professores que ensinarão essa história. Essa história foi criada pelo PT e pelos grupos que orbitaram ao redor do processo que criou o PT ao longo e após a ditadura. Este processo continuará a existir. A “inteligência” brasileira é escrava da esquerda e nada disso vai mudar em breve. Quem ousar, nesse mundo da “inteligência”, romper com a esquerda perde networking.

O domínio cultural absoluto da esquerda no Brasil deverá durar, no mínimo, mais 50 anos

Ao afirmar que “a história não perdoa as violências contra a democracia”, José Eduardo Cardozo tem razão num sentido muito preciso. O sentido verdadeiro da fala dos petistas sobre a história não perdoar os golpes contra a democracia é que quem escreve os livros de História no Brasil, e quem ensina História em sala de aula, e quem discorre sobre política e sociedade em sala de aula, contará a história que o PT está escrevendo. Se você não acredita no que digo é porque você é mal informado.

O PT e associados são os únicos agentes na construção de uma cultura sobre o Brasil. Só a esquerda tem uma “teoria do Brasil” e uma historiografia. Essa construção passa por uma sólida rede de pesquisadores (as vezes, mesmo financiada por grandes bancos nacionais), professores universitários, professores e coordenadores de escolas, psicanalistas, funcionários públicos qualificados, agentes culturais, artistas, jornalistas, cineastas, produtores de audiovisual, diretores e atores de teatro, sindicatos, padres, afora, claro, os jovens que no futuro exercerão essas profissões. O domínio cultural absoluto da esquerda no Brasil deverá durar, no mínimo, mais 50 anos.

Erra quem pensa que o PT desaparecerá. O Lula, provavelmente, sim, mas o PT como “agenda socialista do Brasil” só cresce. O materialismo dialético marxista, mesmo que aguado e vagabundo, com pitadas de Adorno, Foucault e Bourdieu, continuará formando aqueles que produzem educação, arte e cultura no país. Basta ver a adesão da camada “letrada” do país ao combate ao impeachment ao longo dos últimos meses.

Ao lado dessa articulada rede de agentes produtores de pensamento e ação política organizada que caracteriza a esquerda brasileira, inexiste praticamente opção “liberal” (não vou entrar muito no mérito do conceito aqui, nem usar termos malditos como “direita” que deixam a esquerda com água na boca). Nos últimos meses apareceram movimentos como o Vem Pra Rua e o MBL, que parecem mais próximos de uma opção liberal, a favor de um Brasil menos estatal e vitimista. Ser liberal significa crer mais no mercado (sem ter de achá-lo um “deus”) e menos em agentes públicos. Significa investir mais na autonomia econômica do sujeito e menos na dependência dele para com paternalismos estatais. Iniciativas como fóruns da liberdade, todas muito importantes para quem acha o socialismo um atraso, são essencialmente incipientes. E a elite econômica brasileira é mesquinha quando se trata de financiar o trabalho das ideias. Pensa como “merceeiro”, como diria Marx. Quer que a esquerda acabe por um passe de mágica.

O pensamento liberal no Brasil não tem raiz na camada intelectual, artística ou acadêmica. E, sem essa raiz, ele será uma coisa de domingo à tarde. A única saída é se as forças econômicas produtivas que acreditam na opção liberal financiarem jovens dispostos a produzir uma teoria e uma historiografia do Brasil que rompa com a matriz marxista, absolutamente hegemônica entre nós. Institutos liberais devem pagar jovens para que eles dediquem suas vidas a pensar o país. Sem isso, nada feito.

Sem essa ação, não importa quantas Dilmas destruírem o Brasil, pois elas serão produzidas em série. A nova Dilma está sentada ao lado da sua filha na escolinha.

Luiz Felipe Pondé, escritor, filósofo e ensaísta, é doutor em Filosofia pela USP e professor do Departamento de Teologia da PUC-SP e da Faculdade de Comunicação da Faap.

Somos Brasileiros ou Brasilianos? Por Stefhen Kanitz

Brasileiros adoram o livro O Ócio Criativo, de Domenico de Masi, enquanto os brasilianos não encontram livro algum com o título "O Trabalho Produtivo", algo preocupante... Por 500 anos mentiram para nós. Esconderam um dado muito importante sobre o Brasil. (O sonho de todo brasileiro é mamar nas tetas de alguém)...

Disseram-nos que éramos brasileiros.
Que éramos cidadãos brasileiros, que deveríamos ajudar os outros, pagando impostos sem reclamar nem esperar muito em troca.
Esconderam todo esse tempo o fato de que o termo brasileiro não é sinônimo de cidadania, e sim o nome de uma profissão.
Brasileiro rima com padeiro, pedreiro, ferreiro.

Brasileiro era a profissão daqueles portugueses que viajavam para o Brasil, ficavam alguns meses e voltavam com ouro, prata e pau-brasil, tiravam tudo o que podiam, sem nada deixar em troca. 
Brasileiros não vêem o Brasil como uma nação, mas uma terra a ser explorada, o mais rápido possível. Investir no país é considerado uma burrice.
Constituir uma família e mantê-la saudável, um atraso de vida.

São esses brasileiros que viraram os bandidos e salafrários de hoje, que sonham com uma boquinha pública ou privada, que só querem tirar vantagem em tudo.
Só que você, caro leitor, é um brasiliano. 
Brasiliano rima com italiano, indiano, australiano. 
Brasiliano não é profissão, mas uma declaração de cidadania. 
Rima com americano, puritano, aqueles abnegados que cruzaram o Atlântico para criar um mundo melhor, uma família, uma nova nação.
Que vieram plantar e tentar colher os frutos de seu trabalho, sempre dando algo em troca pelo que receberam dos outros.
Gente que veio para ficar, criar uma comunidade, um lar.
Que investiu em escolas e educação para os filhos e produziu para consumo interno.
Foram os brasilianos que fizeram esta nação, em que se incluem índios, negros e milhões de imigrantes italianos, espanhóis, japoneses, portugueses, poloneses e alemães que criaram raízes neste país. 
Brasilianos investem na Bolsa de Valores de São Paulo. 

Brasileiros investem em offshores nas Ilhas Cayman ou vivem seis meses por ano na Inglaterra para não pagar impostos no Brasil. 
Brasileiros adoram o livro O Ócio Criativo, de Domenico de Masi, enquanto os brasilianos não encontram livro algum com o título O Trabalho Produtivo, algo preocupante.

Como dizia o ministro Delfim Netto, o sonho de todo brasileiro é mamar nas tetas de alguém.
Quem está destruindo lentamente este país são os brasileiros, algo que você, leitor, havia muito tempo já desconfiava.
Infelizmente, o IBGE não pesquisa a atual proporção entre brasileiros e brasilianos neste país.
São as duas classes verdadeiramente importantes para entender o Brasil.
Mais importante seria saber qual delas está aumentando e qual está diminuindo rapidamente, uma informação anual e estratégica para prevermos o futuro crescimento do país. 

Não vou fazer estimativa, deixarei o leitor fazê-la com base nas próprias observações, para sabermos se haverá crescimento ou somente a continuação do “conflito distributivo” deste país.
O eterno conflito entre aqueles que se preocupam com a geração de empregos e aqueles que só pensam na distribuição da renda.
Os brasilianos desta terra não têm uma Constituição, que ainda é negada a uma parte importante da população.

Uma Constituição feita pelos verdadeiros cidadãos, que estimule o trabalho, o investimento, a família, a responsabilidade social, a geração de renda, e não somente sua distribuição.
Uma Constituição de obrigações, como a de construir um futuro, e não somente de direitos, de quem quer apenas garantir o seu.

Precisamos escrever e reescrever nossos livros de história.
Em vez de retratarmos o que os brasileiros(não) fizeram, precisamos retratar os belos exemplos e contribuições do povo brasiliano para esta terra.

Um livro sobre a História Brasiliana, da qual teríamos muito que nos orgulhar. Vamos começar 2008 tentando ser mais brasilianos e menos brasileiros. 
São 500 anos de cultura brasileira que precisamos mudar, a começar pela nossa própria identidade, pelo nosso próprio nome, pela nossa própria definição. 
- https://kanitz.com.br

No El País: "Nem heróis, nem redentores, nem salvadores da pátria", por Juan Árias

Um perigo ronda o Brasil, submerso em uma crise que a cada hora se revela mais profunda e sem que apareça no horizonte uma saída que possa aglutinar toda a sociedade sem que esta se deixe arrastar pela violência verbal e até física.

O perigo é que se deposite a esperança de superação da crise na chegada milagrosa, como um presente dos deuses, de um herói, um redentor ou um salvador da pátria, que de forma mágica devolva ao país o que lhe foi roubado por um mau Governo e pela corrupção sem precedentes históricos.

A preocupação de muitos cidadãos desejosos de que a crise seja superada sem maiores rupturas é que não surge no horizonte ninguém capaz de realizar esse milagre.

E se essa ausência de um feiticeiro da política fosse a maior garantia de que a crise se resolva do modo mais democrático e moderno?

Há quem não aposte na divisão, nas guerras, nem no “nós contra eles”, e menos ainda em pirotecnias incendiárias ou em manobras gattopardescas nas quais tudo muda para continuar igual.

São ainda milhões os que preferem a sensatez, o diálogo, a busca por soluções realistas, não fantasiosas. São eles os que rechaçam a política da revanche, que acaba arrastando para o pior.

O novo vocábulo “sensatez”, oposto de insensatez, começa a aparecer, temeroso, na boca de quem prefere pensar numa solução viável da crise, que implique limar arestas, juntar ideias distintas, dialogar até a exaustão.

De pouco serve para a solução de um drama lançar pedras contra os personagens. Sempre foi assim que se engendraram as guerras.

A solução das crises só aparece quando os diferentes são capazes de se sentar à mesa para procurarem juntos soluções possíveis, não milagrosas. Não existem atalhos para resolver uma crise política ou econômica. As mágicas só funcionam nos palcos da diversão.

Fariam mal os cidadãos de qualquer coloração política se ficassem à espera de um redentor. A política das grandes democracias não funciona assim. Isso é fruto dos populismos pseudorreligiosos.

O Brasil tem hoje, paradoxalmente, a oportunidade de dar ao mundo um exemplo de como se pode superar uma crise juntando as partes de sensatez que ainda existem.

O “são todos iguais”, ou seja, ladrões e corruptos, leva indevidamente à busca do santo, do mago, do salvador capaz de tirar o país do poço onde se encontra afundado.

O Brasil ainda pode ser capaz de oferecer uma solução à crise se conseguir juntar esses pedaços de sensatez e de ideias não viciadas pela paixão, que coloquem novamente o país no caminho de uma democracia mais forte, já que ele ainda conta com instituições que estão funcionando em liberdade. Se conseguir, estará dando um exemplo de maturidade democrática ao continente e ao mundo.

Antecipar, pelo contrário, por um ou outro lado, que qualquer que seja a solução da crise de Governo, venha o que vier depois, não terá como governar é não só confessar a incapacidade do sistema, como também o anúncio de um suicídio.

Se de fato é grave a responsabilidade de quem engendrou a crise que atormenta o Brasil, pior é a daqueles que, como profetas e justiceiros, já anunciam o “não passarão”, que se traduz em um “não os deixaremos governar em paz”.

A História nunca perdoa quem aposta pelos extremos.Hoje, no mundo, existe melhor qualidade de vida, menos injustiças sociais e menos pobreza onde se governa a partir do centro, com o máximo de consenso e com a maior participação dos cidadãos na gestão e no controle de quem exerce o poder.

Sem necessidade de heróis, magos nem redentores que acabam poluindo e desvirtuando a democracia e reduzindo as liberdades.

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Fonte:
Gazeta do Povo + El País

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