No Financial Times: Os céticos quanto à mudança do clima estão perdendo o juízo, por Martin Wolf

Publicado em 14/07/2014 10:53 e atualizado em 16/07/2014 15:23
Martin Wolf é É comentarista chefe de Economia no jornal britânico 'Financial Times'. É membro honorário do Instituto de Política Econômica de Oxford e professor honorário da Universidade de Nottingham. Participa do Fórum de Davos desde 1999 e do Conselho Internacional de Mídia desde 2006. É doutor em letras pela Universidade de Nottingham e doutor em economia pela London School of Economics (LSE).

Não temos uma atmosfera chinesa ou norte-americana. Temos uma atmosfera mundial. Não há como conduzir experiências independentes com ela.

Em lugar disso, temos conduzido uma experiência conjunta. Não foi uma decisão consciente: aconteceu como resultado da Revolução Industrial. Mas estamos decidindo conscientemente que essa experiência não será interrompida.

Conduzir experiências irreversíveis usando para elas o único planeta que temos é irresponsável. Só seria racional recusar fazer qualquer coisa que possa mitigar os riscos se estivéssemos certos de que a visão científica sobre a mudança do clima causada pelo homem é falsa. Porque ela repousa sobre pesquisas científicas bem fundamentadas, seria ridículo alegar uma certeza como essa.

Pelo contrário: qualquer pessoa que leia o sumário executivo do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas com a mente aberta chegará à conclusão de que qualquer certeza científica dessa ordem seria ridícula.

É racional perguntar se os benefícios das medidas que mitigarão o problema valem mais do que os custos. E é irracional negar a plausibilidade das mudanças no clima causadas pelo homem.

Nesses debates, e de fato quanto à política para o clima em geral, os Estados Unidos desempenham papel central.

Primeiro, o país continua a ser o segundo maior emissor de dióxido de carbono no planeta, ainda que sua parcela de 14% nas emissões em 2012 o coloque bem atrás dos 27% da China.

Segundo, as emissões per capita norte-americanas são mais ou menos duas vezes maiores que as das principais economias da Europa Ocidental ou do Japão. Seria impossível persuadir as economias emergentes a restringir significativamente suas emissões se os Estados Unidos não aderirem.

Terceiro, os Estados Unidos contam com recursos científicos e tecnológicos sem igual, que serão extremamente necessários caso o mundo deseje enfrentar o desafio de combinar emissões baixas e prosperidade para todos.

Por fim, os Estados Unidos abrigam o maior número de adversários passionais e dedicados de qualquer ação quanto ao clima.

Isso posto, dois acontecimentos recentes são encorajadores para as pessoas que (como eu) acreditam que o mais elementar bom senso requer que ajamos.

Um foi a publicação do plano de ação sobre o clima do presidente Barack Obama, no mês passado. O plano cobre medidas de mitigação, adaptação e cooperação mundial, e seu objetivo é reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em 17%, ante o nível de 2005, até 2020.

O outro acontecimento, também no mês passado, foi a publicação de um relatório - com o apropriado título de "Negócio Arriscado" - por um grupo peso pesado de grandes nomes dos dois grandes partidos norte-americanos, entre os quais o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, os ex-secretários do Tesouro Hank Paulson e Robert Rubin, e o ex-secretário de Estado George Shultz.

Mas não devemos exagerar na alegria. Mesmo que o governo norte-americano implementasse seu plano com sucesso, tirando vantagem de sua autoridade regulatória, ele continuaria a ser apenas um modesto começo.

As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso já atingiram níveis sem precedentes pelo menos nos últimos 800 mil anos, muito antes que o homo sapiens surgisse.

Em nosso percurso atual, essas concentrações aumentariam muito mais até o final do século, com impacto grande, irreversível e talvez catastrófico sobre o clima.

Aumentos de cinco graus na temperatura média do planeta, ante a média pré-industrial, são concebíveis, se o percurso atual for mantido. E isso resultaria em um planeta diferente daquele que temos.

O relatório "Negócio Arriscado" demonstra o que isso significaria para os Estados Unidos. O foco são os danos aos imóveis costeiros e à infraestrutura que o aumento do nível do mar causaria.

O estudo considera possíveis mudanças na agricultura e na demanda por energia, bem como o impacto das temperaturas mais altas sobre a produtividade e a saúde pública. Algumas regiões dos Estados Unidos se tornariam praticamente inabitáveis, de fato.

O que torna esse relatório valioso é o fato de que, corretamente, ele define a situação como um problema de gestão de riscos.

O objetivo deve ser reduzir os riscos de cauda na distribuição de desfechos possíveis. E o modo de fazê-lo é mudar de comportamento. Ninguém pode nos vender seguro contra mudanças no planeta. Vimos o que os riscos de cauda significam nas finanças. No clima, as caudas são mais largas e é provável que causem danos muito maiores.

A questão é determinar se algo real e importante pode vir de começos modestos como esses. E pode, ainda que deter a alta na concentração de gases causadores do efeito estufa seja uma tarefa desafiadora.

Eu costumava pensar que uma forma de avançar seria um acordo mundial de limitação de emissões, usando alguma combinação de impostos e cotas. Agora considero que essa abordagem seja absolutamente implausível, como demonstra o fracasso do Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, quanto a produzir qualquer mudança real em nossa trajetória de emissões.

O debate político quanto a uma política sensata será vencido se e só se duas coisas acontecerem: primeiro as pessoas precisam acreditar que o impacto da mudança no clima pode ser tanto grande quanto dispendioso; segundo, precisam acreditar que o custo das medidas de mitigação seria tolerável.

E esse segundo item requer, por sua vez, o desenvolvimento de tecnologias críveis e funcionais para um futuro de baixas emissões de carbono. Quando o conceito de um futuro assim for comprovado, a adoção das políticas necessárias será muito mais fácil.

Nesse contexto, os dois novos documentos se reforçam mutuamente. O relatório "Negócio Arriscado" documenta os potenciais custos que uma mudança do clima irrestrita causaria para os norte-americanos. O foco do governo em padrões regulatórios, com isso, se torna parte importante da resposta, porque os padrões certamente forçarão uma aceleração da inovação na produção e uso da energia.

Ao aumentar o apoio à pesquisa fundamental, o governo dos Estados Unidos poderia deflagrar ondas de inovações benéficas em nossos perdulários sistemas de energia e transporte. Se isso for realizado com urgência suficiente, pode também transformar o contexto das negociações mundiais. Além disso, dado o fracasso das medidas de mitigação tentadas até agora, grande parte da resposta terá de consistir de adaptação.

Uma vez mais, o envolvimento dos Estados Unidos ajudaria a fornecer mais exemplos do que funciona. Minha esperança secreta era a de que surgissem provas de que aqueles que negam a mudança do clima estavam certos. Mas é muito improvável que tenhamos essa sorte. Manter nosso rumo atual provavelmente causará danos irreversíveis e custosos. Existe uma possibilidade mais feliz.

Talvez se prove possível reduzir os custos da mitigação em tal medida que eles se tornem politicamente palatáveis. Talvez, também, nos tornemos mais conscientes dos riscos. Nenhuma das duas coisas parece provável.

Mas se esses dois relatórios produzirem uma mudança na abordagem dos Estados Unidos, as chances de escapar ao perigo que corremos terão aumentado, ainda que talvez tarde demais. Isso não merece dois vivas, e muito menos três. Mas pode ser que mereça um.

Tradução de Paulo Migliacci, para Folha de S. Paulo.

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A unidade da água, por Mikhail Gorbachev

agua

A Convenção das Nações Unidas sobre a Utilização dos Cursos d'Água não deve tornar-se mais um acordo internacional trancado em uma gaveta. Nossa segurança ambiental, desenvolvimento econômico e estabilidade política dependem dela

Em maio de 2014, o Vietnã tornou-se o 35º país signatário da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito dos Usos dos Cursos de Água Internacionais para Fins Distintos da Navegação. Como resultado, 90 dias depois da assinatura, em 17 de agosto, a Convenção entrará em vigor.

Foram necessários 50 anos para a elaboração e, finalmente, conclusão do processo de ratificação exigido, o que demonstra que algo está muito errado com o sistema moderno do multilateralismo. Independentemente de divergências de longa data, de como a gestão de recursos de água transfronteiriça deveria ser atribuída e gerenciada, essas desavenças, muitas vezes, foram alocadas e gerenciadas por pressões políticas e por duvidosos critérios técnicos, nem sempre levando em consideração os instrumentos jurídicos existentes em escala internacional. Essa espera de quase meio século pode ser explicada apenas pela falta de liderança política. Portanto, embora o mundo possa comemorar a adoção da Convenção esperada, certamente não podemos nos dar por satisfeitos.

Aproximadamente 60% de toda a água doce encontra-se dentro de bacias transfronteiriças; apenas 40% dessas bacias, no entanto, são administradas por algum tipo de acordo relativo à bacia. Em um mundo cada vez mais carente de água, os recursos hídricos compartilhados estão se tornando um instrumento de poder, promovendo a competição dentro dos países e entre eles. A luta pela água está aumentando as tensões políticas e intensificando os impactos sobre os ecossistemas.

O consumo de água está crescendo mais rápido do que a população — no século XX, cresceu o dobro. Como resultado, várias agências das Nações Unidas preveem que, em 2025, 1,8 bilhões de pessoas viverão nas regiões atingidas por escassez absoluta de água, implicando a falta de acesso a quantidades adequadas para o uso humano e ambiental. Além disso, dois terços da população mundial enfrentarão condições de estresse hídrico, ou seja, uma escassez de água doce renovável. 

Sem medidas firmes de defesa, a demanda por água vai estender-se além da capacidade de adaptação de muitas sociedades. Isso poderia resultar em migração maciça, estagnação econômica, desestabilização e violência, impondo uma nova ameaça à segurança nacional e internacional.

A Convenção das Nações Unidas sobre a Utilização dos Cursos d'Água não deve tornar-se mais um acordo internacional ignorado, trancado em uma gaveta. No contexto atual de mudança climática, crescimento populacional, aumento da poluição e recursos explorados em excesso, tudo deve ser feito para consolidar o quadro jurídico de gestão de bacias hidrográficas do mundo. Nossa segurança ambiental, desenvolvimento econômico e estabilidade política dependem diretamente disso.

Em breve, a Convenção será aplicada a todos os rios transfronteiriços dos territórios de seus signatários, não apenas nas bacias maiores. Ela irá complementar as lacunas e deficiências dos acordos existentes e fornecer cobertura jurídica aos numerosos rios transfronteiriços que estão sob crescente pressão.

Em todo o mundo, existem 276 bacias transfronteiriças de água doce e muitos aquíferos transfronteiriços. Apoiada por financiamento adequado, vontade política e engajamento das partes interessadas, a Convenção pode ajudar a enfrentar os desafios da água. Mas será que vai conseguir?

Uma agenda ambiciosa deve ser adotada, em um tempo quando a comunidade internacional está negociando o conteúdo dos objetivos das Metas do Desenvolvimento Sustentável, sucessora dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que expiram em 2015. Nós, na Green Cross, esperamos que as novas metas, que devem ser alcançadas até 2030, aborde a gestão dos recursos hídricos.

Além disso, a comunidade internacional terá de chegar em breve a um acordo sobre um quadro de mudança climática para substituir o Protocolo de Kyoto. A mudança climática afeta diretamente o ciclo hidrológico, o que significa que todos os esforços que são realizados para conter as emissões de gases do efeito estufa irão ajudar a estabilizar os padrões de precipitação e atenuar os eventos extremos relacionados à água que muitas regiões já estão experimentando.

Mas a efetivação da Convenção das Nações Unidas sobre a Utilização dos Cursos d'Água gera tantas novas questões quanto existiam no período anterior à sua ratificação. O que significará a sua aplicação na prática? Como os países aplicarão seus mandatos dentro de suas fronteiras e em relação aos vizinhos? Como os países americanos e asiáticos, que têm ignorado a ratificação, vão reagir?

Além disso, como a Convenção irá coexistir com a Convenção sobre a Proteção e Utilização de Cursos d' Água Transfronteiriços e Lagos Internacionais, que já está em vigor na maioria dos países da Europa e da Ásia Central e que, desde fevereiro de 2013, tem como objetivo estender sua participação para o resto do mundo? A implementação da Convenção afetará acordos transfronteiriços regionais e locais existentes de água doce?

Espera-se que os países que ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre a Utilização dos Cursos d'Água participem de sua implementação e que avancem em seus esforços para proteger e usar suas águas transfronteiriças de forma sustentável. Quais instrumentos, inclusive financeiros, a Convenção irá fornecer a eles?

Vários instrumentos jurídicos podem ser implementados em conjunto e em sinergia: a Convenção de Ramsar sobre Zonas Úmidas, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), apenas para citar algumas. A promulgação da Convenção das Nações Unidas sobre a Utilização dos Cursos d'Água há muito adiada deve ser vista como uma oportunidade para que os Estados signatários incentivem aqueles que ainda não fazem parte de acordos de cooperação a trabalhar seriamente nestas questões.

Claramente, os políticos e diplomatas sozinhos não podem responder de forma eficaz aos desafios que o mundo enfrenta. O que o mundo precisa é do envolvimento de líderes da política, de empresas e da sociedade civil; a implementação efetiva da Convenção das Nações Unidas sobre a Utilização dos Cursos d'Água fica impossível sem eles.

A participação inclusiva pelas partes interessadas (incluindo as comunidades afetadas) e o desenvolvimento da capacidade de identificar, valorizar e compartilhar os benefícios dos recursos hídricos transfronteiriços deve ser parte integrante de qualquer estratégia para atingir a colaboração multilateral eficaz.

Mikhail Gorbachev recebeu o Prêmio Nobel da Paz e foi o último presidente da União Soviética. Fundou em 1993 em Genebra a Green Cross International, uma organização não governamental independente que aborda segurança, pobreza e degradação ambiental. Project Syndicate, 2014
Tradução de Roseli Honório na Veja.

Revista Science recomenda que os computadores climáticos sejam reinicializados para apresentar mais precisão nas previsões

Por Dennis T. Avery, ecomonista ambiental,membro sênior do Instituto Hudson em Washington, DC. Ex-analista sênior do Departamento de Estado e co-autor, com S. Fred Singer de "Aquecimento global pode parar a cada 1500 anos".

Um artigo publicado na revista Science em 13 de junho de 2014 admite que os modelos de computadores climáticos não são tão eficazes na previsão de temperaturas futuras ou passadas. Um trecho da publicação diz que os modelos atuais são "inchados com dados", mas ainda não podem representar grandes variáveis como nuvens e mudanças nas correntes oceânicas. Os estatísticos estão recomendando que os computadores sejam reiniciados. 

Ao mesmo tempo, novos estudos estão revelando que o sol tem um papel ainda maior no clima do que os modelos existentes entendem.
Um dos pontos considerados é que a quantidade de tempo que o sol é obscurecido da terra pelas nuvens é "altamente correlacionada" com as temperaturas ao longo dos últimos 50 anos. 

O estudo publicado pela Spioni ET AL,"Clima da região dos Cárpatos, no período 1961-2010," mostra a pesquisa de 10 variáveis climáticas durante um período de quase 50 anos. Os autores encontraram uma tendência de queda na umidade relativa do ar ao longo desses anos, o que é contrária aos pressupostos dos atuais computadores de tendências climáticas. Isso apóia a teoria de que os impactos de gases de efeito estufa estão se tornando cada vez mais saturados e, portanto, menos assustadores. 

Outro artigo recente no Journal of Solar Terrestrial Physics calcula que temperaturas globais vão cair em até 1 º C até 2020, devido à baixa atividade solar. O texto destaca que os ciclos solares longos (como o que está atualmente) indicam ainda mais o escurecimento solar. 

Alinho esses novos estudos com o meu indicador predileto de temperatura, o salmão do Pacífico, já que segundo estudioso da Universidade de Washington, Nathan Mantua, o ciclo do salmão no rio Columbia representa uma enorme mudança nas correntes do Oceano em questão. Essa mudança, inclusive, já é reconhecida como a Pacific Decadal Oscillation (PDO). O PDO é um indicador de temperatura em médio prazo muito melhor do que os computadores de bilhões de dólares. 

Acontece que o salmão está prosperando no Golfo do Alasca, enquanto o salmão Columbia está desaparecendo; então, o Golfo e o Rio vão reverter simultaneamente seus números de salmão. 

O que significa tudo isso? A terra está atualmente em um de seus aquecimentos globais cíclicos, diretamente após a Pequena Idade do Gelo. No passado recente, os aquecimentos duraram de 350 anos (o aquecimento medieval) para 800 anos (o aquecimento romano). Mesmo durante este aquecimento global, no entanto, a temperatura do Pacífico irá esfriar periodicamente. A terra, então, também vai refrescar como o Pacífico, que é o maior dissipador de calor do mundo. Dados de satélites da NASA informaram que DOP começou a mudar mesmo em 2003, o que significaria que o resfriamento provavelmente vai durar até cerca de 2033. 

A cobertura de nuvens e as correntes do oceano estão ambas ligadas ao nível de atividade do sol, e aos raios ultravioletas. 

Essa informação não vai significar nada para os membros da minha Rotary Club. Muitos deles acreditam fervorosamente em aquecimento artificial. Os crentes estão nervosos sobre a "pausa", mas não estão dispostos a ouvir discussões sobre o ciclo do Pacífico. A outra metade dos membros duvida tão fervorosamente, mas nenhum dos lados quer discutir a física solar. 

A única coisa que mudou é que a ciência finalmente admitiu que os computadores não indicam com exatidão. Em ciclos, o que vai, volta.

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Fonte:
Financial Times + Veja

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1 comentário

  • R L Guerrero Maringá - PR

    Bela argumentação do ecologista: nós estamos perdendo o juízo.

    Eu respondo que vocês verdinhos já perderam a honestidade a muito tempo.

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