Soja: Bolsa de Chicago se distancia dos mercado físicos, por Liones Severo

Publicado em 19/08/2014 11:44 e atualizado em 24/08/2014 21:03

Enquanto os preços do mercado físico forem governados pelos prêmios, não existe razão para alterações nos preços cotados na Bolsa de Chicago. O preço sobe para resgatar ofertas dos mercados produtivos e os preços baixos buscam equalização dos preços que os consumidores podem pagar. No caso presente, o resgate da oferta está por conta da valorização dos prêmios, agregando valores distantes dos preços de bolsa. O mais interessante deste fenômeno é de países produtores de buscar preços deprimidos, aqueles mesmos países que deveriam perseguir melhores preços para seus excedentes exportáveis, enquanto os mercados consumidores nunca reclamaram dos preços elevados pagos nos últimos sete anos, em nenhum tempo. Tanto é verdade que continuam praticando preços elevados nos mercados de consumo.
 
Desde 2007, com o início da finalização dos mercados dos pregões de viva-vos das bolsa internacionais, houve um forte prejuízo para essas operações porque os operadores e analistas perderam referências humanas capazes de extrair o sentimento do grupo participante representativo da inteligência de um determinado mercado. A partir dessa nova realidade, os operadores de derivativos se auto identificam como os dominadores da formação dos preços dos produtos negociados em bolsas eletrônicas e tem sido um desastre para os mercados essa auto imposição dos derivativos sobre o produto que é soberano e, sempre o ponto de partida e combustível para a indústria de negócios de derivativos.
 
A Bolsa de New York já enfrentou varias crises de liquidez e quebras por distanciamento dos derivativos dos ativos reais, os quais representavam. Ainda permanece na memória a grande crise financeira imobiliária norte-americana de 2008, que provocou a quebra do Banco Lehman Brothers, o mais antigo do mundo e, abalos em muitas outras instituições financeiras ao redor do mundo. Interessante que a grande maioria dos operadores daquele sistema perdeu seus empregos por excederem nas negociações dos derivativos e, aparentemente ninguém aprendeu a lição.
 
Não foi por coincidência que assistimos nos últimos três anos, em muitas ocasiões, os preços do mercado físico se afastando dos preços das bolsas, principalmente da Bolsa de Chicago, de maior representatividade para os mercados de commodities agrícolas. Historicamente, esta condição é completamente anômala para o desempenho dos preços de um determinado mercado. O prêmio é um complemento e não permite hedge/travamento, resultando em descoordenado desempenho dos preços dos demais segmentos deste mesmo mercado. O prêmio elevado para a soja implica, na grande maioria das vezes, em prejuízo para o processamento industrial, exceto se houver uma compensação nos prêmios dos produtos em proporções superiores ao prêmio do seu principal, neste caso a soja. Os segmentos desses produtos têm desempenho no tempo diferenciado e acrescenta um alto percentual especulativo e risco, que dificulta a atuação dos participantes pela busca de alternativas de negociação de um mercado sem referências.
 
Atualmente, estamos vivenciando uma amplificação do descolamento de todos os mercados físicos de commodities agrícolas dos preços cotados em bolsas, seja no Brasil, na Argentina e até mesmo no mercado físico norte-americano, onde o prêmio para soja chegou a marcar US$ 2,00 por bushel e, US$ 80,00 por tonelada curta (ambos acima dos preços da Bolsa de Chicago nas suas respectivas referências), no mercado interno norte-americano. O mais surpreendente é o distanciamento dos preços dos produtos negociados na China, comparados à equivalência aos preços cotados na Bolsa de Chicago.
 
Não é possível que todos os mercados de produtos físicos, em bloco, estejam equivocados e se distanciaram dos preços da bolsa que deveria tale-quale representá-los. Os produtores brasileiros são uma prova atualizada desse fenômeno, negociando há meses preços descolados e muito acima dos preços negociados na Bolsa de Chicago. É muito provável que esta situação se propague no tempo.
 
Com diz um provérbio  Chinês:
- se o cavalo venceu uma vez – sorte !
- se o cavalo vencer duas vezes – coincidência !
- se o cavalo vencer três vezes – aposte nesse cavalo !
(esse cavalo já venceu os três páreos)
 
Liones Severo
(cortesia www.simconsult.com.br)

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Fonte:
SIM Consult

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