Por que vou às ruas no dia 15 de março - Parte II, por Flávio França Jr.

Publicado em 13/03/2015 15:48
Flávio Roberto de França Junior é Analista de Mercado, Consultor em Agribusiness e Diretor da França Junior Consultoria

Prezados amigos. Na última semana escrevi um artigo enumerando alguns dos principais motivos pelos quais me sinto tão indignado, enganado, traído, revoltado, etc..., e porque vou sair às ruas no próximo dia 15 de março. E como seria natural se supor, diante de assunto tão polêmico, recebi a manifestação de muitas pessoas sobre o assunto, sendo a grande maioria concordando em linhas gerais com o raciocínio apresentado no texto, com uma ou outra discordância ou complementação. Numa delas, me foi lembrado, por exemplo, outro grande argumento pró-afastamento da presidente, que se trata dos recursos ilegais recebidos diretamente pelos partidos da base aliada do governo para as campanhas presidenciais de 2010 e 2014. Inclusive, de maneira peremptória e escandalosa, pelo Partido dos Trabalhadores, o que entendo deveria ser motivo suficiente para que a candidatura fosse anulada caso as denúncias fossem investigadas e provadas antes da eleição. Muito bem, aí é que está. Se o dinheiro da campanha é ilegal, a candidatura é ilegal e a eleição foi irregular e ilegal. Simples assim II. 

Também recebi mensagens angustiadas (estamos todos, meus caros), dizendo não encontrar saída, não ver luz no fim do túnel, uma vez que os escândalos de corrupção atingem toda a classe dirigente do país, seja no atual comando do executivo, seja no congresso, seja, inclusive, no judiciário. Foi me perguntado de que adianta tirar o PT do poder, se quem assumiria seria o PMDB, partido totalmente desacreditado e envolvido com esse mar de escândalos que assola o país, e que está no governo há 29 anos (foi governo direto com Sarney, e participou do governo com Collor/Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma)? Ou se houvesse nova eleição e o PSDB assumisse, teríamos que lembrar da chuva de escândalos de corrupção e equívocos políticos e econômicos do segundo mandato dos tucanos, e que levaram Lula à presidência?

Partilho da angústia de todos. Mas deixar como está me parece a pior das opções, pois talvez seja tarde demais daqui há quatro anos. Entendo que a resposta central a essa pergunta está na alternância de poder e, talvez, no fim da reeleição. Possivelmente não teríamos chegado a esse estado de coisas sem a reeleição aprovada no primeiro mandato FHC. E certamente não chegaríamos a essa situação se o parlamentarismo tivesse vencido o plebiscito sobre o regime de governo em 1993. No regime parlamentarista, o Brasil ganharia governos que durariam enquanto estivessem dando certo e que se encerrariam quando fossem denunciados por corrupção ou incompetência. 

A mudança regular de partidos no poder não impede que a corrupção aconteça, pois ela é endêmica e está no DNA do povo brasileiro. Mas impede que esquemas de corrupção como esse da Petrobrás (ou provavelmente, da Eletrobrás, do BNDS, etc ...) permaneçam por tanto tempo. E impede também o inchaço e o aparelhamento do estado, que juntamente com a corrupção, são os maiores males desse governo. Se o partido governou e foi bem, elege seu sucessor. Se foi mal, sai fora e abre espaço para outro. E assim vamos avançando e evoluindo democraticamente. 

Mas observe, estou falando de avanço democrático. Algumas pessoas me sugeriram que a saída passaria pela volta dos militares ao poder. Bem, neste caso preciso discordar. Categoricamente! Não creio que os militares no poder sejam uma solução. Não sei a sua idade, meu caro amigo que está me lendo, mas eu já vivi durante um regime militar, de exceção, de mordaça, onde tudo era proibido, e ter opinião contrária não era uma opção. Me lembro de meu pai sendo perseguido pela ditadura. E ele estava muito longe de ser “comunista” ou qualquer coisa parecida. Só queria ter liberdade de expressão e de escolha. Por isso posso lhes afirmar, que seria péssimo para o país. Sai às ruas e lutei contra ele. E não quero voltar ao passado. Portanto, não acho que a saída seja trocar um mal, por outro.

Mas também recebi algumas mensagens contra o texto. Basicamente todas muito agressivas, de baixo nível e até mesmo ofensivas. Impressionou-me o fato de que nenhuma delas veio com argumentos, com conteúdo, que eu pudesse ao menos gastar um pouco de energia em reflexão. É aquela velha ladainha de movimento golpista, promovido pela “elite branca”, pelos rancorosos que perderam a eleição, pela imprensa neoliberal, pelos mais ricos, blá...blá...blá. Santa inocência!!! Onde estão os argumentos econômicos? Onde estão os argumentos administrativos? Onde estão os argumentos éticos?

Onde está o debate democrático? Sair às ruas para invadir e destruir a propriedade privada pode, mas sair para protestar contra um governo corrupto e incapaz, não pode? Impressionante, mas quanto mais eu os escuto falar, e esbravejar seus discursos vazios e odiosos, mais me convenço de que a mudança é urgente, mas não será fácil. E que a batalha estará apenas começando no dia 15. 

Um “AgroAbraço” a todos!!!

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França Junior Consultoria

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