Clima atrapalha safra, mas plantio direto ajuda resultados

Publicado em 08/04/2014 17:40

No caso da soja, a expectativa era de que o Brasil se tornasse o maior produtor mundial, com 91,6 milhões de toneladas, mas a safra será de 86,9 milhões de toneladas, de acordo com o levantamento realizado pelas equipes do Rally, que está em sua 11a. edição, e percorreu 65 mil quilômetros nos principais polos de soja e milho de 21 de janeiro a 18 de março, no caso da soja. Em relação ao milho, novas equipes sairão a campo até junho. No total, foram coletadas 950 amostras, sendo 726 de soja e 224 de milho, sendo que até o final esse número deve passar de 1.200.

O resultado, que ainda assim será um volume recorde (82,2 milhões de toneladas na safra 2012/2013), foi afetado pela estiagem prolongada em regiões como o norte do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul, sul de São Paulo, Minas Gerais, sudoeste de Goiás, Bahia e Piauí. Já no Mato Grosso, o excesso de chuvas comprometeu a produção.

A produtividade da soja também foi afetada em 5,4% em relação à safra passada, caindo de 49,4 para 48,6 sacas por hectares. A expectativa era de 51,4 sacas por hectare. A área plantada cresceu 7,6%, alcançando 29,8 milhões de hectares.

A estiagem também prejudicou o milho verão, com redução de produtividade nos estados afetados. A produção caiu de 34,6 milhões de toneladas para 30 milhões de toneladas com a produtividade reduzida de 85 sacas por hectare para 78 sacas. A área diminuiu pelo sexto ano consecutivo, passando de 6,8 milhões de hectares para 6,4 milhões.

Em Mato Grosso, foi o excesso de chuvas que prejudicou o milho safrinha, com cerca de 30% da área plantada fora do calendário ideal.

Com as dificuldades, no total, o Brasil deverá colher 188,1 milhões de toneladas de grãos na safra atual contra 189,5 milhões do ciclo anterior (86,9 milhões de toneladas de soja, 30 milhões de toneladas de milho verão e 41,2 milhões de toneladas de milho safrinha).

Plantio direto

Fora o clima, as equipes constataram outros problemas que afetaram a produtividade, como a alta incidência de pragas e a ocorrência de doenças. A lagarta falsa medideira, a mosca branca, a ferrugem estiveram presentes em muitos casos. Já a Helicoverpa armigera se mostrou bem controlada. Tudo isso fez com que ocorresse um considerável aumento nos custos de produção, com a necessidade de aplicações extras de fungicidas.

O diretor da Agroconsult, André Pessôa, frente à constatação da presença da ferrugem, por exemplo, que era observada há 10 anos, alertou que é preciso retomar as boas práticas agrícolas, que foram deixadas um pouco de lado com o passar do tempo, como a rotação de culturas, o vazio sanitário, o refúgio. "Essas práticas ajudam manter a sanidade", garantiu, ao afirmar que resgatar as boas práticas agronômicas vão melhorar a sustentabilidade das lavouras.

Entre elas, ele destaca o plantio direto, cuja pesquisa pelo Rally tem apoio da Agrisus desde 2006: "Conseguimos constatar que nas regiões da seca, com redução da produtividade, as lavouras que vem sendo mantidas há vários anos sob plantio direto tiveram desempenho muito melhor do que as lavouras que não o fazem", afirmou.

Pessôa explica que a contabilização dos resultados sobre a prática ainda não está finalizada mas que os primeiros indícios são de aumento, principalmente em regiões em que o uso ainda não está consagrado, como é o caso da região Nordeste e algumas áreas do Centro-Oeste. Para ele, houve um crescimento significativo da prática do plantio direto nessas regiões.

Para o consultor, a ocorrência de segunda safra no mesmo hectare também tem ajudado os produtores a formarem uma outra cobertura no solo, além da safra de verão. "No Maranhão e Piauí, por exemplo, vimos uma ampliação bastante significativa do uso de safrinha de milho que é tradicional no Centro-Oeste, no Paraná, em São Paulo, o que cria uma perspectiva de você ter mais cobertura do solo ao longo do ano", explicou. "A utilização de milheto, de crotalária e sorgo nessas regiões foi mais percebida do que nos anos anteriores, então não há uma mudança muito significativa nas regiões onde o Plantio Direto está consolidado, como é o caso do Sul e do Sudeste, mas há um avanço em relação aos últimos anos nas regiões de fronteira dos cerrados do Nordeste".

Sobre a introdução da pecuária, Pessôa disse que observou sobretudo o uso de Brachiaria na formação de matéria orgãnica nos primeiros anos de implantação da soja. "Algumas propriedades, inclusive, que estão sob o processo de abertura de áreas, antes mesmo do plantio da primeira safra de soja estão plantando Brachiaria para já formar matéria orgânica em regiões em que esta era muito baixa. Há uma utilização crescente dessa técnica de introduzir o pasto como uma atividade adicional dentro do sistema de rotação de cultura", observou.

Os bons resultados

Na solenidade oficial de encerramento do Rally, alguns produtores foram homeageados, como os irmãos Cambruzzi, detentores de recordes de produtividade: conseguiram 235 sacas de milho, 82 de trigo e 68 de soja por hectare na propriedade que fica no oeste catarinense, entre os municípios de Xanxerê e Varjeão, próximo a Chapecó.

De acordo com Éverton Cambruzzi , o plantio direto é adotado há 15 anos e as vantagens são econômicas e ambientais: "Você consegue trabalhar mais facilmente com o solo, tem menos perdas no sistema. Também não agride tanto o meio ambiente, esses dois fatores fazem girar o ciclo, na verdade", contou.

Sem fazer aração e gradeação nas áreas, ele comenta os resultados: "Estamos conseguindo essas produtividades com melhoramento do solo e utilização de melhores tecnologias, tanto sementes como nutrição de plantas, esses resultados estão aí para comprovar que o plantio direto é a bola da vez para a agricultura e para o planeta, também para a questão ambiental, a conservação do solo", concluiu.

Para ter acesso ao relatório completo é preciso fazer um cadastro no site www.rallydasafra.com.br

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Fonte:
Fundação Agrisus

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