Economia brasileira entra em recessão com recuo de 0,6% no segundo trimestre

Publicado em 29/08/2014 10:14 e atualizado em 01/09/2014 08:40
Em relação ao segundo trimestre de 2013, o PIB caiu 0,9% - indústria foi principal tropeço do PIB

A economia brasileira registrou contração de 0,6% no segundo trimestre de 2014 na comparação com os três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do primeiro trimestre foi revisado para queda de 0,2%, o que significa que o país entrou em recessão técnica, quando há dois resultados trimestrais seguidos negativos. Antes, os dados mostravam que o Produto Interno Bruto (PIB) tinha crescido 0,2% entre os dois períodos.

A recessão já era esperada pelo mercado, dado o cenário ruim que o país se encontra, com baixa confiança da indústria, comércio, serviços e consumidor, fraca geração de emprego e investimentos retraídos.

Em comparação ao segundo trimestre de 2013, o PIB caiu 0,9%, de acordo com o IBGE, e o crescimento acumulado no ano foi de 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

O PIB é analisado pelos economistas sob duas óticas distintas: a da oferta, representada pelo setor produtivo (agropecuária, indústria e serviços) e a dos gastos, representada por investimentos, consumo das famílias, gastos do governo e balança comercial (exportações menos importações). 

No olhar da oferta, o principal impacto negativo no resultado do trimestre passado foi da indústria. A atividade do setor recuou 1,5% no segundo trimestre em relação ao primeiro e caiu 3,4% ante o mesmo período de 2013.

Considerando a soma de todas as riquezas produzidas pela economia do país entre abril e junho, de 1,271 trilhão de reais, o setor de serviços respondeu por 750,1 bilhões de reais (59%), seguido por indústria (255 bilhões; 20%) e agropecuária (82,5 bilhões; 6,5%), segundo o IBGE. 

No caso do setor de serviços, o mais importante para o PIB, houve um recuou 0,5% na comparação com o primeiro trimestre e um crescimento bem tímido, de apenas 0,2%, em relação ao período de abril a junho de 2013. Já o PIB da agropecuária até chegou a crescer 0,2% ante o trimestre anterior, mas não foi suficiente para conter o resultado negativo. 

Agora é oficial: já estamos em recessão!

Em minha coluna impressa da revista Veja, escrevi no final de julho um texto cujo título já ia direto ao ponto: Recessão à vista! O que era apenas uma previsão agora é realidade: estamos oficialmente em recessão técnica, ou seja, dois trimestres consecutivos de queda de atividade geral:

A economia brasileira registrou contração de 0,6% no segundo trimestre de 2013 na comparação aos três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do primeiro trimestre foi revisado para queda de 0,2%, o que significa que a economia brasileira entrou em recessão técnica, quando há dois resultados trimestrais seguidos negativos. A agropecuária cresceu 0,2%, enquanto a indústria retraiu 1,5% e o setor de serviços também teve um desempenho de 0,5% negativo. O PIB apresentou queda 0,9% no segundo trimestre de 2014 em relação a igual período de 2013.

Com o resultado, o crescimento acumulado no ano é de 0,50% em relação ao mesmo período de 2013. A soma de todas as riquezas produzidas pela economia do país entre abril e junho foi de 1,271 trilhão de reais. Desse total, o setor de serviços respondeu por 750,1 bilhões de reais, seguido por indústria (255 bilhões) e agropecuária (82,5 bilhões), segundo o IBGE. 

Crescimento do PIB brasileiro. Fonte: Bloomberg

Crescimento do PIB brasileiro. Fonte: Bloomberg

Ano contra ano, uma análise mais fiel do quadro, vemos uma queda de quase 1% do PIB. E se estamos em recessão com uma elevada inflação ainda no topo da meta, estamos, na verdade, em estagflação, o pior quadro econômico que existe: atividade em queda, preços para cima.

O segundo trimestre de 2014 traz dados realmente preocupantes. Por exemplo: uma queda de 3,4% na indústria, e o mais assustador de tudo, uma queda de 11,2% na Formação Bruta de Capital Fixo, o que pode ser traduzido como investimentos.

São os investimentos que garantem a expansão da oferta e da produtividade, ou seja, a única forma sustentável de crescer sem gerar inflação ou rombo nas contas externas. A taxa de investimento no segundo trimestre de 2014 foi de míseros 16,5% do PIB, patamar muito aquém do que necessitamos e inferior aos já reduzidos 18,1% do mesmo período do ano anterior.

Aécio Neves, só para se ter uma ideia, fala em levar esse patamar para 24% do PIB, um nível considerado adequado por muitos economistas para permitir um crescimento de verdade, e não voos de galinha como na era lulopetista.

Eis o resumo: temos uma indústria em frangalhos, o investimento despencando, e apenas o consumo das famílias já endividadas segurando um pouco as pontas junto com os gastos públicos. É um modelo terrível, insustentável, que incha o estado ainda mais e depende do consumo de famílias cada vez mais asfixiadas por dívidas.

Se o Brasil insistir no modelo atual, no nacional-desenvolvimentismo de Dilma, não resta muita dúvida: o trágico destino da Argentina será também o nosso.

Rodrigo Constantino

 

Conjuntura

Segundo semestre não deve mostrar alívio

Economistas ouvidos pelo site de VEJA não estão animados com os próximos resultados da economia; expectativa é de 'pibinho'

Naiara Infante Bertão
Nuvens negras do 1º semestre não devem se dissipar rapidamente na segunda metade do ano

Nuvens negras do 1º semestre não devem se dissipar rapidamente na segunda metade do ano (Luiz Guarnieri/BrazilPhoto Press/Estadão Conteúdo/VEJA)

Não foi uma surpresa para o mercado a economia brasileira entrar em recessão, com queda de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, assim como não será se os próximos trimestres mostrarem crescimento ruim. A constatação é de que o comércio e o setor de serviços não conseguiram capturar todo o potencial prometido com a Copa do Mundo. O consumo e os investimentos também não reagiram aos inúmeros pacotes de estímulo dados pelo governo.

“Os dados já disponíveis do terceiro trimestre ainda não mostram sinais de recuperação convincente”, escreveram os economistas Irineu de Carvalho Filho e Rodrigo Miyamoto do Itaú Unibanco, em relatório. Avaliando que o terceiro trimestre deve ser também fraco, os analistas podem revisar para baixo sua projeção de PIB para o ano todo, que hoje está em crescimento de 0,6%.  

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Economistas apostam em inflação e juros maiores em 2015  

Entre os indicadores que causam mais apreensão estão os de confiança. Indústriaconsumidorcomércio e serviços - todos no menor patamar desde 2009. "Com a desorganização geral da economia, inflação alta, governo fortemente intervencionista, é passada pouca confiança aos empresários e isso reflete em investimento baixo", explica Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e sócio fundador da consultoria Schwartsman & Associados. 

O PIB é analisado pelos economistas sob duas óticas distintas: a da oferta, representada pelo setor produtivo (agropecuária, indústria e serviços) e a dos gastos, representada por investimentos, consumo das famílias, gastos do governo e balança comercial (exportações menos importações).

A situação da indústria, por exemplo, é uma das piores sob a ótica da oferta, representada pelo setor produtivo (agropecuária, indústria e serviços): a produção industrial caiu em 11 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média nacional, a atividade caiu 6,9% em junho na comparação com igual período do ano anterior, o quarto mês consecutivo de recuo e o pior resultado desde setembro de 2009. Em relação a maio a queda foi de 1,4% e no acumulado do ano, de 2,6%. 

O consumo das famílias também não deve ajudar, na opinião do professor do Insper, Otto Nogami. Contribui para isso alto nível de endividamento da população combinado com a inflação. "A interferência do governo na dinâmica de mercado, congelando tarifas de energia e combustíveis, poderão exigir, depois das eleições, uma flexibilização nos preços, elevando a inflação para além do limite máximo da meta, de até 6,5%, e prejudicar a economia", comenta Nogami. Ele aposta em alta de apenas 0,6% para o PIB neste ano.

Para Marcelo Kfoury, superintendente do Departamento Econômico do Citi Brasil, dado o clima de incerteza com as eleições, este pode ser um fator de contração do PIB e, em especial, dos investimentos. Ele acredita, porém, que passada a eleição, o clima de incertezas pode se dissipar um pouco e a confiança ser retomada, ajudando a economia a apresentar algum crescimento no último trimestre do ano. 

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Finanças

Lucro do Banco Central cai 70% no 1º semestre

Queda foi impulsionada pelo aumento da Selic, que está em 11% ao ano

Edifício sede do Banco Central em Brasília

Edifício sede do Banco Central em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters/VEJA)

O lucro do Banco Central no primeiro semestre recuou 70% em relação ao mesmo período do ano passado, por conta do aumento da taxa Selic nas operações feitas pela autoridade monetária, de acordo com balanço aprovado nesta quinta-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O lucro recuou para 5,3 bilhões de reais ante 17,7 bilhões de reais em igual período de 2013, informou o CMN.

"Teve um aumento de remuneração dos títulos em carteira porque teve operações de juros; nas (operações) compromissadas teve aumento da despesa por aumento da Selic e do estoque; no compulsório houve aumento porque teve aumento no compulsório sobre depósitos a prazo e também aumento da Selic; e nas operações com o governo federal houve o aumento da Selic", descreveu o chefe do Departamento de Contabilidade e Execução Financeira do BC, Eduardo Rocha.

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O lucro apurado pelo BC entre janeiro e junho deste ano será transferido ao Tesouro Nacional no prazo de 10 dias úteis, e será utilizado para abatimento da dívida, não sendo contabilizado como receita para o cálculo do resultado primário. "Esse resultado vai para a conta única (do Tesouro), mas não tem efeito primário. E é usado para abatimento de dívida", disse Eduardo Rocha.

No início do primeiro semestre do ano passado, a taxa Selic estava em 7,25% ao ano, no menor nível histórico, e começou a ser elevada a partir de abril para combate à alta dos preços, num ciclo de aperto monetário que levou os juros básicos para 11% em abril deste ano.

No balanço do primeiro semestre deste ano, o BC informou ainda que as operações com swap cambial geraram um ganho de 20,274 bilhões de reais ante uma perda de 524 milhões de reais em igual período de 2013.

O BC informou ainda o custo de carregamento das reservas internacionais no primeiro semestre foi de 27 bilhões de reais. Em 30 de junho, as reservas internacionais somavam o equivalente a 858 bilhões de reais.

(Com Reuters)

Crise InternacionalEconomia

Um tango brasileiro

Dilma e Kirchner: mais do que companheiras; irmãs de ideologia!

A sucessão de malfeitos é inacreditável, mas isso não impediu que até bem pouco tempo atrás alguns proeminentes economistas brasileiros os indicassem como exemplo a ser seguido. No front doméstico, houve elevação da inflação, deterioração da infraestrutura, enfraquecimento das instituições e queda dos indicadores de bem-estar social.

Ao mesmo tempo em que as condições de 2003 eram extremamente difíceis, havia uma grande oportunidade para colocar o país nos trilhos. Teve início o ciclo de alta das commodities puxado pela China, que muito beneficiou os países produtores. A balança comercial saiu de uma situação de forte déficit.

As condições para a estabilidade estavam dadas. Bastava uma política de austeridade fiscal, combate à inflação e câmbio flutuante. No entanto, o governo enveredou-se por um caminho errado. O câmbio foi novamente usado como âncora para combater a inflação. A política fiscal cedeu ao populismo, com gastos crescentes. A inflação foi encarada como mal menor. As taxas de juros se mantiveram muito baixas, artificialmente.

Com o tempo, outras distorções foram sendo introduzidas na economia. Os preços administrados foram fortemente subsidiados, com destaque para a energia elétrica. O resultado, como não poderia deixar de ser, foi a queda dos investimentos. O governo passou também a adotar uma postura de confronto com os empresários.

As arbitrariedades não param por aí. O instituto nacional de pesquisas foi loteado e passou a falsificar estatísticas. Resultado: ninguém confia mais nas estatísticas oficiais. Não se sabe ao certo o tamanho da inflação ou quanto cresce a economia. O Banco Central também está sendo usado para fechar as contas, em uma típica operação de impressão de moeda para financiar a dívida pública. Causa espanto como a inflação não acelerou para níveis ainda mais altos. Isso se deu provavelmente por causa da âncora cambial.

O texto acima são trechos retirados da coluna do economista da JGP Fernando Rocha,publicado no Valor nesta quinta. De quem ele está falando? Parece claramente que fala de nosso Brasil, certo? Errado. Está relatando a desgraça que se abateu sobre nossa vizinha Argentina, cujo populismo do casal Kirchner afundou sua economia no caos.

Rocha conclui seu alerta: “A sucessão de eventos parece um pesadelo, mas tudo isso poderia ter sido evitado. A Argentina é o exemplo de como o populismo político, aliado à má condução da economia, pode levar ao retrocesso um país cheio de potencialidades, rico em recursos naturais e com um povo relativamente educado. Que nos sirva de lição.”

Resta saber: servirá?

Rodrigo Constantino

 

CORDA NO PESCOÇO, editorial da FOLHA de S. PAULO

As novas informações sobre as concessões de empréstimos no país, divulgadas pelo Banco Central, evidenciam que também essa área da economia está paralisada, apesar dos esforços do governo.

Pior, os juros do crédito livre (sem destinação específica) ao consumidor chegaram a 43,2% ao ano, um recorde desde 2011. Desfaz-se, assim, mais uma das inúmeras fantasias propagadas pela gestão Dilma Rousseff (PT) –a de que haveria redução nas taxas escorchantes a que as famílias são submetidas.

Não surpreende, pois, que o saldo das operações de crédito tenha desacelerado pelo sétimo mês consecutivo, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em julho, houve expansão de 4,6% (já descontada a inflação), menos da metade do padrão observado de 2011 a 2013.

A pequena dinâmica existente deve-se aos bancos estatais. Sua participação no mercado, hoje de 53%, cresceu 18 pontos percentuais desde 2008, quando o governo federal decidiu turbiná-los.

Enquanto isso, os bancos privados, ressabiados com o ambiente econômico incerto, deixaram o saldo dos financiamentos cair 2,8% em relação a dezembro último.

Em termos setoriais, a expansão concentra-se no crédito rural e imobiliário, que são direcionados por lei. Ou seja, as instituições são obrigadas a destinar a essas duas finalidades, com juros mais baixos, um pedaço dos depósitos à vista e na poupança. No segmento livre, as novas concessões estão estagnadas desde 2011.

Natural que seja assim. O crédito, por cerca de uma década, cresceu muito além da economia, complementando a renda salarial e sustentando o consumo. O volume total dessas transações mais que dobrou, passando de 25% do PIB em 2004 para 56,1% no mês passado.

Agora, contudo, as dívidas já representam 45,7% da renda das famílias, segundo dados do BC. As pessoas se sentem com a corda no pescoço, por assim dizer, e ninguém gosta de apertar o nó.

No caso das empresas, a baixa demanda de crédito reflete a falta de confiança na economia.

Verificadas tais tendências, o governo adotou mais medidas de estímulo: reduziu a exigência de retenção de depósitos dos bancos no BC e afrouxou regras prudenciais para empréstimos.

Em paralelo, reforçou a segurança das instituições, com novas diretrizes para o crédito consignado e, no caso de automóveis, maior facilidade para a retomada do bem se houver inadimplência.

Algumas dessas ações até são corretas do ponto de vista regulatório, mas não soa promissor insistir na força do crédito num ambiente de desajuste econômico. 

NO ESTADÃO: 

Aumento atípico de pagamentos do Tesouro reforça suspeita de 'pedalada'

 

Estudo mostra que em agosto o Tesouro praticamente dobrou o volume de desembolsos para pagamento do abono do PIS-Pasep e do seguro-desemprego na comparação com julho, por LU AIKO OTTA - O ESTADO DE S.PAULO

BRASÍLIA - O Tesouro Nacional praticamente dobrou, em agosto, o volume de ordens bancárias para o pagamento do abono salarial do PIS-Pasep e do seguro-desemprego. Esse desembolso é, segundo aponta levantamento feito pelos consultores José Fernando Cosentino Tavares e Márcia Rodrigues Moura, da Câmara dos Deputados, mais um indício de que o governo vem represando esses gastos.

Os dados levantados pelos consultores reforçam a hipótese desse tipo de manobra nos gastos porque detectam um movimento atípico, principalmente no pagamento do seguro-desemprego. Em agosto, até o dia 26, as ordens bancárias somaram R$ 4,635 bilhões, em comparação a R$ 2,071 bilhões em julho e R$ 1,519 bilhão em junho. A série dos últimos três anos mostra que, em nenhum mês, o volume foi tão grande quanto no dado parcial de agosto.

Não há notícia de que o desemprego tenha dado um salto neste mês para justificar tal aumento. O lógico, dizem os analistas, é que os volumes variassem pouco de um mês para o outro. Mas não foi o que se viu. Por isso, a suspeita é que o Tesouro tenha, dessa forma, corrigido o atraso nos repasses.

Somadas ao abono, as ordens chegaram R$ 8,581 bilhões no dado parcial de agosto, ante R$ 4,629 bilhões em julho e R$ 1,519 bilhão em junho.

Esses atrasos nos repasses, segundo especialistas, são manobras do Executivo para melhorar o resultado das contas públicas - conhecidas como "pedaladas". Esses atrasos atingem diretamente a Caixa Econômica Federal, responsável pelos pagamentos dos benefícios, que precisa usar seu próprio dinheiro enquanto os recursos do governo não são liberados. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, no entanto, nega que essas manobras existam.

Frustração. "As ordens bancárias de agosto, emitidas até o dia 26, são excepcionalmente volumosas e dificultarão o cumprimento da meta quadrimestral", dizem os consultores. Isso, apesar de o governo acreditar que agosto será um mês muito bom para as contas públicas.

O governo espera, este mês, uma arrecadação forte em função do encerramento do prazo de adesão, pelas empresas, ao Refis da Copa. Para ter as dívidas parceladas, elas precisam fazer um pagamento à vista. São esperados ingressos de R$ 14,5 bilhões por causa do programa.

Mas, para os consultores, a expectativa pode se frustrar. Primeiro, porque algumas empresas terão prazo extra de três meses para aderir ao programa. Segundo, porque elas poderão parcelar a entrada em cinco vezes.

O estudo serve de subsídio aos deputados para que eles avaliem e fiscalizem o andamento das contas públicas. E ele aponta uma série de inconsistências nos dados apresentados pelo governo, o que fará redobrar as atenções na avaliação da proposta orçamentária para 2015, entregue ontem ao Legislativo.

A distorção mais grave, para os analistas, diz respeito à Previdência. Eles estimam que o déficit do sistema previdenciário será R$ 16,8 bilhões maior que o previsto pelo governo, com receitas R$ 13,8 bilhões menores e despesas R$ 3 bilhões maiores.

Uma pesquisa sobre o desempenho de Marina no “Jornal Nacional”

Marina na bancada

Marina na bancada

A pergunta que todos no meio político fazem – e cuja resposta vale 1 bilhão de dólares para as campanhas de Aécio Neves e Dilma Rousseff – é: como desconstruir Marina Silva? Muita gente avaliou que os temas abordados na entrevista de anteontem ao Jornal Nacional poderiam ser um bom caminho.

A julgar por uma extensa pesquisa qualitativa realizada ontem por uma agência de propaganda em São Paulo, só com eleitores declarados de Marina, a resposta é não.

Depois de assistir ao JN, os entrevistados consideraram que:

*a embaraçosa questão sobre a propriedade do avião de campanha de Eduardo Campos não cola em Marina. Simplesmente, por que as classes C, D e E não conseguem entender direito do que está se falando.

*A propalada inexperiência de Marina também não esquenta a cabeça dos seus eleitores. Lula, neste caso, vira a referência de alguém “sem experiência que foi bem sucedido”.

*A baixa votação que Marina obteve no Acre em 2010, tema levantado por Patrícia Poeta, não fez nem cócegas entre os seus apoiadores.

*Já a discussão sobre a “nova política”, pregada por Marina, contra a “velha política”, causou algum desconforto em seu eleitorado. Os entrevistados enxergaram ali uma certa contradição entre o discurso e a prática de Marina.

Em resumo, por enquanto está difícil esvaziar o balão de Marina.

Por Lauro Jardim

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veja.com + Folha + Estadão

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