Na VEJA: Marina encontra líderes do agronegócio em SP e passa mensagem de confiança

Publicado em 30/08/2014 19:05
Marina destacou a importância do diálogo e reforçou que, em um eventual governo, não tomará nenhuma decisão sozinha.

Marina busca apoio de empresários do agronegócio ignorados por Dilma

Em jantar com 50 empresários dos mais diversos ramos agrícolas, a candidata à Presidência da República pelo PSB pediu união de interesses

Luís Lima e Talita Fernandes
A candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, durante uma visita à FENASUCRO (Feira Internacional de Tecnologia e Sucroenergética), em Sertãozinho, no interior paulista

A candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, durante uma visita à FENASUCRO (Feira Internacional de Tecnologia e Sucroenergética), em Sertãozinho, no interior paulista (Felipe Cotrim/VEJA.com)

Vista com desconfiança pelos empresários do agronegócio por sua defesa das causas ambientais e posição contrária ao Novo Código Florestal, a candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, jantou com representantes do setor na noite de sexta-feira numa tentativa de costurar seu apoio. Um dos principais alvos da investida peessebista é justamente o segmento tratado com maior desdém pelo governo Dilma: o sucroalcooleiro. O encontro foi organizado por João Paulo Capobianco, um dos coordenadores da campanha e nome de confiança de Marina, e pelo presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari. 

O jantar, realizado na casa de Nastari, em Alphaville, justamente na noite em que Marina foi apontada pela pesquisa Datafolha como vitoriosa num eventual segundo turno contra Dilma, durou mais de quatro horas e contou com a presença de cinquenta empresários. Entre os presentes estavam a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Elizabeth Farina; o diretor executivo da BR Foods e ex-presidente da Única, Marcos Jank; o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Matturo; além de nomes da Sociedade Rural Brasileira (SRB), da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) e da Cutrale, empresa exportadora de suco de laranja.

A avaliação dos participantes ouvidos pelo site de VEJA é de que Marina passou uma mensagem de confiança aos empresários. Um dos presentes no jantar, que preferiu não ter seu nome revelado, disse que Marina, quem diria, se mostrou "extremamente aberta" para ouvir as demandas do setor e que foi bastante coerente em sua fala. Segundo ele, Marina destacou a importância do diálogo e reforçou que, em um eventual governo, não tomará nenhuma decisão sozinha. "Marina está passando as mãos nas costas do setor, sim, pois sabe que o agronegócio tem suas resistências contra ela", afirmou. Sobre o Código Florestal, ele disse que Marina não se estendeu muito, justamente para não levantar pontos de discussão que pudessem criar atrito e desconforto no evento.

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Apesar do interesse especial pelo setor sucroalcooleiro, Marina não restringiu seu discurso ao tema da bioenergia. Em relação à demarcação de terras indígenas, por exemplo, a candidata reforçou a necessidade de fazer um "arranjo inteligente" e disse que não é possível imaginar que não haja espaço para todos em um país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Marina ainda frisou a importância da segurança jurídica para os produtores e do equilíbrio entre produção agrícola, tecnologia e meio ambiente.

A mudança de regras é uma das principais queixas dos setores produtivos do Brasil sobre o governo da presidente Dilma Rousseff. Em seu mandato, ela muitas vezes alterou regulamentos sem dialogar com os setores afetados. O exemplo mais emblemático é o da energia elétrica. Com a MP 579, Dilma induziu distribuidoras a antecipar a renovação dos contratos. No setor agrícola, a principal queixa vem do setor sucroalcooleiro. O governo federal abandonou os estímulos dados anteriormente ao setor e passou a incentivar a produção de combustíveis de origem fóssil, principalmente após a descoberta do pré-sal.

O primeiro a falar durante a noite foi Nastari, que fez um apanhado geral das dificuldades enfrentadas pelo setor. Entre as principais queixas está a realidade de infraestrutura e logística que, segundo ele, representam 40% do valor do produto, enquanto em países com estrutura consolidada, esses gastos correspondem a apenas 10% do valor.

Antes da fala de Marina, Capobianco e o candidato a vice, o deputado federal Beto Albuquerque, também falaram. Na visão de um dos presentes, o discurso de Albuquerque, que tem afinidade com o setor – e que tem entre seus maiores doadores empresas de celulose – serviu como uma espécie de briefing para o discurso da candidata. Antes de falar, Marina ouviu ainda sugestões de dez representantes dos setores de milho, grãos, café, açúcar, carne e laranja.

A presidenciável, primeiro, ouviu as demandas dos empresários e só então decidiu discursar – mantendo a mesma linha de “coesão” versus “polarização”, que tem sido usada para sistematicamente todos os temas que aborda. De acordo com Capobianco, ela se comprometeu, caso vença as eleições, com políticas públicas voltadas para o setor. “Está na hora de nós partirmos pelo que nos une. As questões diferentes serão decididas democraticamente”, disse Marina aos presentes. Como o discurso foi vago, empresários procuraram a candidata para conversas individuais ao fim do encontro.

Programa de governo – No documento divulgado na tarde de sexta-feira, em que Marina detalhou seu plano de governo, o agronegócio teve espaço de destaque. O texto prevê defesa de novos acordos bilaterais com países ricos porque, segundo Marina,  o Brasil não pode perder a chance de fazer acordo com a UE por causa da Argentina, por exemplo.

A candidata também defende o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e diz que pretende mudar a estrutura do Ministério da Agricultura, que hoje divide atribuições com outros 3 ministérios. Eduardo Campos havia sinalizado que queria criar um superministério da Agricultura. O mesmo afirmou o candidato Aécio Neves (PSDB), ao falar na Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Termina hoje a pior semana do governo Dilma Rousseff — até agora

Dados econômicos decepcionantes e revés político inesperado colocam a presidente em situação, no mínimo, constrangedora

A candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), durante debate promovido pela Rede Bandeirantes, em 26/08/2014

A candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), durante debate promovido pela Band (Ivan Pacheco/VEJA.com)

A divulgação, nesta sexta-feira, do resultado do Produto Interno Bruto (PIB)do rombo nas contas públicas e da pesquisa Datafolha, que aponta não só a vitória de Marina Silva (PSB) no segundo turno das eleições presidenciais, como também o empate com Dilma no primeiro turno, encerrou aquela que foi, até agora, a pior semana do governo da presidente desde que assumiu, em janeiro de 2011. 

O rosário de notícias ruins começou logo na segunda-feira, com o debate eleitoral transmitido pela Band, em que Dilma foi atacada por Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) e se defendeu lançando mão de dados duvidosos. Ao longo da semana, todos os indicadores econômicos divulgados corroboraram um cenário de crise ocasionado, essencialmente, por erros cometidos pelo próprio governo brasileiro. O PIB, como esperado, veio negativo. Como houve a revisão (também negativa) do resultado do primeiro trimestre, o país entrou na chamada recessão técnica.

Rombo nas contas externas, juros recordes para pessoas físicas, piora na confiança do consumidor e aumento da inadimplência são apenas alguns dos indicadores ruins publicados ao longo dos últimos dias e que ajudaram a fazer com que a percepção do brasileiro em relação ao governo da presidente piorasse – o Datafolha mostra que o porcentual dos que acreditam que o governo da presidente é péssimo aumentou de 23% para 26%. Veja alguns dos principais acontecimentos econômicos que fizeram com que o mês de agosto da presidente terminasse péssimo — e não pessimista, como ela costuma se referir aos seus críticos.

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veja.com

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2 comentários

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, o ser humano é movido por um desejo: “Encontrar algo novo”. Assim caminha a humanidade, o novo se confunde com progresso e, nunca com o retrocesso.

    Vivenciamos na seara política um fenômeno semelhante, muitos esquecem que os discursos de campanha são sobre verossimilhança, não sobre verdade.

    Quando a candidata Marina disse que a polaridade entre PSDB e PT prejudicou o país. Fica a pergunta que não quer calar:

    ONDE A SENHORA ESTAVA TODO ESTE TEMPO?

    Segundo consta, ela deixou o cargo de ministra do meio ambiente do governo do PT em 2.009, para se candidatar à presidência pelo PV em 2.010!

    Parece que a semelhança predomina na política, os fatos mostram. Já que está tudo dominado pelas semelhanças, ouso dizer metaforicamente que esta candidata tem um quê de “camaleão”, pois no meio artístico, usa-se o termo para adjetivar os bons atores.

    ESPERO QUE NÃO ESTEJA DIANTE DE UMA INVEROSSIMILHANÇA !!!

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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  • João Alves da Fonseca Paracatu - MG

    A política brasileira é baseada no adesivismo,corporativismo,uso de instituições e interesses escusos... Vejam só,nesta eleição presidencial que vem aí,primeiro a Kátia Abreu usou e abusou da CNA para se promover e se juntar ao governo petista,agora várias entidades e empresários do agronegócio estão se rendendo às duvidosas promessas da Marina,embora todos nós sabemos que ela é inimiga patrial do agro...Não me venham com aquele discurso-ah,ela mudou,amadureceu!Isto não é verdade, o green peace ,o wwf,o cimi,a rede,os black bloc e a sociedade urbana ecólatra jamais permitirão que um eventual governo Marina esteja em consonância com as necessidades do agronegócio,afinal colocar alimentos baratos na mesa deles não é mais que nossa obrigação,esta é visão desta gente,inclusive da Marina e de sua trupe.

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