Parceria Transpacífica ameaça principais setores do agronegócio

Publicado em 07/10/2015 07:21

A aprovação da Parceria Transpacífica (TPP, na sigla inglês), ratificada ontem pelos Estados Unidos mais onze países, é uma ameaça para as exportações dos principais segmentos do agronegócio brasileiro, na avaliação de especialistas ligados ao setor. Com a assinatura do maior acordo comercial da história, exportadores de carne, soja e café, entre outros, correm o risco de perder mercados, em prejuízo de uma relação comercial de quase R$ 60 bilhões (superávit atual entre o Brasil e os doze países envolvidos no TPP).

“Temos aí uma ameaça. Não só estamos deixando de abrir mercados como, agora, corremos o risco de perdê-los”, diz o coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Roberto Rodrigues. “Depois de ter rejeitado a Alca, sob a égide do Mercosul, o Brasil busca acordos com a União Europeia [desde 2003]. Enquanto isso não acontece, surge o TPP, que ameaça as exportações do País”, acrescenta o ex-ministro da Agricultura. Segundo ele, as exportações de frango e etanol para o Japão, a concorrência com a Austrália na produção de carnes e o segmento do café, em que concorre oVietnã (signatário do novo acordo), são os pontos mais sensíveis para o Brasil em relação ao tratado, isto é, onde o País tem mais a perder. 

O acordo prevê uma redução tarifária de 40% nas exportações defrango e de 35% nas vendas de soja, segundo declarações feitas durante o anúncio do acordo, realizado ontem em Washington, EUA. São produtos em que o Brasil compete com os Estados Unidos. “A nossa situação fica bastante desvantajosa. E não é só em relação às tarifas: há também aspectos sanitários, ambientais e outros regulamentos que vão além do preço”, observa o gerente do Departamento do Agronegócio da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Deagro-Fiesp), Antônio Carlos Costa.

“Haverá um impacto nas exportações brasileiras porque a concorrência do Brasil com os Estados Unidos na agropecuária ficará mais acirrada, e eles serão os fornecedores preferenciais dos onze países envolvidos no acordo”, acrescenta o presidente da consultoria Rubem Barbosa e Associados, que foi embaixador do País em Washington. “O problema é que nossa estratégia de negociação comercial se baseou em Doha, e essa rodada fracassou. Nos últimos dez anos, o Mercosul fez  quatro ou cinco acordos, enquanto no mundo houve mais de  400. Fomos apanhados no contra-pé, estamos isolados, marginalizados, perdendo competitividade”, asseverou Barbosa.

Com a assinatura do TPP, o Brasil perde competitividade não só para os Estados Unidos, mas também para países como a Austrália. Os produtores australianos demonstram otimismo em relação às exportações de carne, setor em que se destacam no cenário mundial: Sidney prevê um aumento anual de 20% nas exportações de carne, para 1,2 milhão de toneladas,no período de julho de 2015 ao mesmo mês de 2016, de acordo com o Escritório Australiano de Agricultura, Recursos Econômicos e Ciências Rurais (Abares, na sigla em inglês).

“É evidente que um acordo como o TPP pode mudar a direção das exportações em mercados que são grandes clientes do Brasil”, observa Costa, da Deagro. Ele avalia que as exportações brasileiras, que nos últimos dez anos foram impulsionadas por economias ascendentes, como a China, tendem a crescer menos, em compasso com o menor ritmo de crescimento desses países. “É justamente a hora que a gente precisa de acordos comerciais mais robustos, para que possamos ganhar novos mercados”, acrescenta o especialista.

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Revista Globo Rural

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