Morgan Stanley projeta preços mais altos para milho, açúcar e óleo de soja

Publicado em 27/10/2015 10:08

A instituição financeira internacional Morgan Stanley trouxe algumas novas perspectivas positivas para os preços do milho, do óleo de sojae do açúcar baseadas em boas projeções para a demanda, apesar do dólar mais alto tornar os produtos mais caros para os compradores em outras moedas.

Milho

Para o milho, o banco afirma que essa "fraqueza de curto prazo" nas exportações dos Estados Unidos pode estar "exacerbada" pela recente disparada do dólar, estimulada pelos últimos movimentos positivos da política monetária chinesa e da Zona do Euro. 

Até a semana encerrada em 22 de outubro, as vendas norte-americanas para exportação de milho acumuladas na temporada 2015/16 somavam 11.939,9 milhões de toneladas, cerca de 36% a menos do que o registrado no mesmo período do ano anterior, segundo informações do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Os analistas acreditam ainda que, aos poucos, a demanda deve também se intensificar nos EUA, migrando do Brasil. Entretanto, as exportações brasileiras vêm batendo recordes significativos nas últimas semanas, de acordo com as informações foram divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nesta segunda-feira (26). 

Até a quarta semana de outubro, as vendas brasileiras do cereal somaram 4.032,9 milhões de toneladas, com uma média diária de 252,1 mil toneladas. O número representa uma alta de 53,2% em relação ao registrado no mês anterior, de 164,5 mil toneladas. Os embarques renderam ao país uma receita de US$ 668,5 milhões. 

No mesmo período de 2014, as exportações do cereal totalizaram 3.178,4 milhões de toneladas, com média diária de 138,2 mil toneladas do grão. Em outubro do ano anterior e a receita total gerada com os embarques ficou em US$ 562,9 milhões. 

Analistas brasileiros acreditam que, em função da valorização cambial, as exportações de milho do Brasil nesta temporada superem os 27 milhões de toneladas e, caso se confirme, ultrapassando o recorde de 2013 de 26 milhões de toneladas. 

Ainda assim, o analista do Morgan Stanley, Lee Jackson, diz que "enquanto um dólar mais forte intensifica os ventos contrários para o mercado do milho no curto prazo, vemos as exportações dos Estados Unidos se acelerando no final deste ano ou no início do próximo na medida em que seu principal concorrente, os embarques da segunda safra do Brasil, apresentar uma desaceleração sazonal". "Nós compraríamos milho assim que a competitividade norte-americana seja restaurada!", completa. 

Além disso Jackson acredita ainda que a atual baixa nos preços do cereal cria uma "oportunidade de ouro" para os compradores, com as cotações na casa dos US$ 3,60 por bushel. Além disso, o executivo diz ainda que o milho conta com um 'suporte extra' da necessidade de preços mais elevados para que "a área de plantio com o grão seja defendida nos EUA de um troca de cultura, como a soja, por exemplo, e evitando um ajuste muito severo dos estoques do país na temporada 2016/17", diz. 

Assim, a projeção do banco internacional é de uma média de US$ 4,25 por bushel nos futuros de milho em 2016. 

Açúcar

O Morgan Stanley trouxe ainda um alerta para que os investidores comprem açúcar nesse momento de "fraqueza dos preços e observem a história do déficit global da temporada 2015/16", o que deve fazer com que a produção mundial deva ficar, novamente, abaixo da demanda depois de consecutivos anos-safra de excedentes. 

"Qualquer alta mais adiante do dólar pode pressionar ainda mais as cotações do açúcar, tornando-as mais atrativas para adicionar um 'comprimento' maior ao mercado", disse Lee Jackson. 

Os fundamentos para o açúcar foram "construtivos", como explica o analista, além da maior parte da cana-de-açúcar do Brasil ter sido destinada à produção de etanol ao invés de açúcar. 

Nos primeiros 15 dias deste mês de outubro, o volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil alcançou 36,13 milhões de toneladas, 8,31% abaixo do resultado observado na mesma quinzena de 2014 (39,41 milhões de toneladas) e queda de 10,7% em relação ao valor verificado na última metade de setembro de 2015 (40,46 milhões de toneladas). Os dados são da Unica (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar). 

Esse recuo na moagem quinzenal se deve às chuvas que atingiram tradicionais áreas canavieiras em todo o Centro-Sul. Paraná e Mato Grosso do Sul foram os Estados mais afetados. As reduções na moagem e na qualidade da matéria-prima na primeira quinzena de outubro se refletiram no recuo imediato das produções dos principais derivados da cana-de-açúcar, ainda de acordo com a união.

No caso do açúcar, a produção somou 2,09 milhões de toneladas na primeira metade de outubro, abaixo das 2,36 milhões de toneladas fabricadas no mesmo período de 2014. No acumulado desde o início da atual safra até 16 de outubro, a fabricação de açúcar totalizou 25,35 milhões de toneladas, recuo de 7,65% em relação a igual período do ano passado. 

Além desses fatores, o mercado internacional do açúcar observa ainda a possibilidade de uma retomada das importações da China, já que a produção local recuou, além de adversidades climáticas trazidas pelo El Ninõ ao Sudeste da Ásia prejudicando a produção do produto na Tailândia. 

As previsões do Morgan Stanley para os preços do açúcar negociados na Bolsa de Nova York são de uma média de 15,20 cents de dólar por libra-peso nos três últimos meses de 2015 e dalgo na casa dos 17,30 cents ao longo de 2016. 

Óleo de Soja

O El Niño deste ano, um dos mais fortes dos últimos tempos, vem trazendo uma seca bastante severa ao Sudeste asiático e o quadro acaba gerando um suporte para as cotações do óleo de soja, uma vez que o cenário climático prejudica a produção do óleo de palma - principal rival do de soja - na Indonésia e na Malásia, os dois maiores produtores global do derivado. 

Além disso, há déficits sendo esperados para a produção de canola e semente de girassol, que também podem impactar neste mercado, segundo sinalizou a instituição financeira internacional. 

"A baixa nesses produtos deve superar o 'excedente' esperado para a soja, resultando em uma déficit de óleos vegetais na temporada 2015/16, o que deve, por sua vez, ampliar os preços do óleo de soja em relação, inclusive, aos preços do farelo e aumentar a participação no valor total dos derivados de soja", informou o banco. 

Nesta terça-feira (27), os futuros do óleo de palma registraram forte valorização na Malásia, segundo informa a Agrinvest Commodities, por conta da expressiva desvalorização da moeda local, o que fez com que o produto se mostrasse mais barato aos compradores internacionais. 

"O movimento da moeda vai em linha com demais moedas emergentes pela antecipação da reunião do Banco Central americano (o Federal Reserve) prevista para esta quarta-feira. Além disso, traders estimam queda de 8.4% nos embarques do produto entre os dias 1º e 25 desse mês, na comparação mensal, totalizando 1,22 milhão de toneladas".

Com informações do site internacional Agrimoney

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Luiz Antonio Lorenzoni Campo Novo do Parecis - MT

    Em julho/15, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) lançou Projeções do Agronegócio no Brasil para o periodo 2014/15 a 2024/25. Estas projeções de longo prazo para os grãos brasileiros preveem passarmos das 200,7 milhões de toneladas para 259,7 milhões e a área de 57,3 milhões de hectares para 65,8 milhões. Ou seja, no período, aumentaremos em 29,4% a produção e em 14,8% a área cultivada. (Podem encontrar a íntegra aqui: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/PROJECOES_DO_AGRONEGOCIO_2025_WEB.pdf)

    Simultaneamente, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançaram o relatório: Perspectivas Agrícolas ? Desafios para a Agricultura Brasileira, 2015/2024. (Pode ser acessado aqui: http://nacoesunidas.org/fao-e-ocde-lancam-no-brasil-projecoes-para-a-agricultura-brasileira/).

    Projeções da ONU e da OCDE, indicam para o mesmo período uma necessidade de incremento da produção agrícola na ordem de 60% e que para se atingir este número, o Brasil teria que incrementar a sua produção em 40%. Ou seja, mantido as projeções de crescimento econômico e populacional, em 2025, para alimentar esta população teríamos que aumentar em 60% a produção de alimentos e que para atingir este número, o Brasil teria que aumentar sua produção em 40%.

    Pelo relatório do MAPA, neste período aumentaremos a produção em 29,4%. Para atingirmos a expectativa da FAO/OCDE (aumento de 40%), ou aumentamos a área, ou a produtividade ou ambos. Há possibilidade para isso?

    Os preços mundiais dos alimentos, atingiram seu pico máximo em 2011 depois só caíram. Segundo a FAO, isto é decorrência da baixa no preço do petróleo, valorização do dólar americano e altos estoques de alimentos. Segundo a maioria dos analistas, no curto prazo, nenhum destes fatores deve se alterar, mantendo os preços em queda.

    Mas, se olharmos com lupa os números dos estoques, estes não estão altos, e pelas projeções do MAPA, não atingiremos a expectativa da FAO/OCDE, portanto ou outros países suprem esta expectativa, ou haverá aumento de preço.

    Como neste período das projeções, não vejo nenhum país com possibilidades de suprir estas projeções e no Brasil não haverá aumentos significativos de produtividade e ou de áreas a tendência é de preços dos alimentos em elevação.

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