Prejuízo de Pasadena: daria para construir 125 aeroportos como o de Cláudio, em Minas. Ou: A responsabilidade de Dilma

Publicado em 23/07/2014 21:11 e atualizado em 28/08/2014 12:46
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Prejuízo de Pasadena: daria para construir 125 aeroportos como o de Cláudio, em Minas. Ou: A responsabilidade de Dilma

O Tribunal de Contas da União analisou detidamente os números da compra da refinaria de Pasadena. Quem quiser que vá lá desafiar os critérios. Segundo aqueles que são empregados para analisar outras operações, a Petrobras teve um prejuízo com a operação de US$ 792 milhões. Trata-se, obviamente, de uma soma fabulosa. O tribunal aponta como responsáveis 11 ex-diretores da estatal. Os membros do conselho, que era presidido pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foram poupados. Caso haja fatos novos, sua eventual responsabilidade pode ser reexaminada, mas não parece que isso esteja para acontecer.

Vamos lá. Já se escreveu e se falou muito a respeito do assunto. De fato, não parece que os membros do Conselho possam ser diretamente responsabilizados pela operação. Em situações assim, a tendência é que se fiem na avaliação da diretoria e de consultorias especializadas, que endossaram a compra. A questão que diz respeito à agora presidente Dilma é de outra natureza. Já escrevi aqui e reitero: a mim me incomoda mais a omissão da Dilma como chefe do Executivo do que da Dilma como presidente do Conselho. Por quê?

Os conselheiros perceberam, sim, que a compra de Pasadena era um mau negócio. Tanto é assim que recorreram à Justiça dos Estados Unidos para se livrar da obrigação de comprar os outros 50% da refinaria. Já ali, perceberam tratar-se de uma opção danosa para a empresa brasileira. Talvez tenha faltado, no entanto, assessoria competente para demovê-los da ideia. Afinal, não havia o que fazer. E a tentativa de abrir mão da obrigação de comprar a empresa custou alguns milhões a mais; só contribuiu para elevar o prejuízo final.

Assim, a Dilma conselheira já tinha plena ciência da operação ruinosa, realidade que ela vocalizou mais tarde, quando veio a público com o seu “eu não sabia”. Então cabe a pergunta óbvia: como é que Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional da Petrobras, que havia deixado o cargo no período, digamos, pós-Pasadena, voltou a uma subsidiária da empresa, na direção financeira da gigante BR Distribuidora? “Ah, uma presidente não cuida dessas miudezas” Lamento! Não se trata de miudeza: nem o prejuízo da Petrobras nem o cargo.

É claro que a condenação tem um peso político importante. Entre os punidos, está José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da estatal e petista de quatro costados. O PT, no entanto, tentará dar ênfase ao fato de que o TCU poupou a presidente. Uma coisa, no entanto, não dá para disfarçar: uma única operação da Petrobras na gestão Lula, quando Dilma era presidente do Conselho e chefe inconteste do setor energético, gerou um prejuízo à empresa de R$ 1.758.240.000,00: lê-se “um bilhão, setecentos e cinquenta e oito milhões, duzentos e quarenta mil reais.

Daria para construir 125 aeroportos em Cláudio. E olhem que esse é o prejuízo decorrente de uma única ação, numa só empresa.

Por Reinaldo Azevedo

 

TCU responsabiliza 11 ex-diretores da Petrobras por perdas de US$ 792 milhões com Pasadena

Por Laryssa Borges, na VEJA.com. Ainda voltarei ao assunto:
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta que os ex-diretores da Petrobras foram culpados pelo prejuízo de 792 milhões de dólares na malfadada operação de compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Relator da representação que apura irregularidades na aquisição da unidade americana pela Petrobras, o ministro José Jorge defendeu, ao levar o caso para apreciação do Plenário da Corte, que ex-diretores da estatal brasileira tenham os bens bloqueados para futura reparação aos cofres públicos, mas isentou de responsabilidades a presidente Dilma Rousseff e os demais integrantes do Conselho de Administração da empresa na época do negócio. O voto do ministro foi seguido pelos demais membros do TCU. Apesar de isentar a presidente, tanto Dilma quanto o restante dos membros do Conselho poderão ser investigados caso novos elementos surjam no processo que poderá ser aberto para cobrar as perdas causadas pela aquisição da refinaria.

Em janeiro de 2005 o grupo belga Astra comprou 100% da refinaria de Pasadena pelo valor de 42,5 milhões de dólares. No ano seguinte, vendeu 50% do negócio para a Petrobras por 431,7 milhões de dólares. Após mais de três anos de litígio, a Petrobras se viu forçada a adquirir todas as ações da refinaria e da trading associada à empresa por 1,24 bilhão de dólares. A conta, até o início deste ano, já ultrapassava 1,9 bilhão de dólares se contabilizados os investimentos feitos na planta ao longo do período. A chamada operação Pasadena é considerada um dos piores negócios da história da empresa. “É possível concluir pela existência de robustos indícios da prática de atos que impuseram prejuízos à Petrobras”, declarou o ministro.

Em seu voto, o relator afirmou que o Conselho de Administração não tinha todas as informações necessárias para avaliar a viabilidade da compra da refinaria nos Estados Unidos e disse que o colegiado recebeu dados diferentes dos detalhes citados nos contratos de compra da refinaria. Para José Jorge, Dilma Rousseff e os demais conselheiros não tiveram acesso, por exemplo, às cláusulas Put Option e Marlim, além de terem sido municiados de “informações incorretas”. A Marlim previa à Astra Oil uma lucratividade de 6,9% ao ano independentemente das condições de mercado, enquanto a Put Option obrigava a empresa brasileira a comprar a outra metade da refinaria caso os dois grupos se desentendessem.

O resumo executivo levado ao Conselho de Administração da Petrobras foi elaborado pelo ex-diretor da Área Internacional da estatal, Nestor Cerveró, apontado por Dilma como o responsável pelo “parecer falho” que levou a empresa a autorizar a compra da refinaria de Pasadena. Em depoimentos no Congresso Nacional, Cerveró se eximiu de culpa ao informar que não era de sua responsabilidade encaminhar ao conselho da estatal a existência das cláusulas Marlim e Put Option na transação e disse que as duas cláusulas não eram “importantes” do ponto de vista negocial.

Para o relator no TCU, porém, a despeito de o Conselho de Administração não poder ser diretamente responsabilizado pela compra da refinaria no Texas, os membros da diretoria executiva têm responsabilidade na transação, já que “cabia à diretoria a gestão do processo de compra, desde o contrato inicial até a confecção dos contratos”. De acordo com o voto de José Jorge, os integrantes da diretoria executiva da estatal na época da transação, entre os quais o então presidente da companhia José Sergio Gabrielli e os ex-diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, deveriam ter os bens bloqueados, além de serem notificados para apresentar suas justificativas. O teor do voto de Jorge ainda será apreciado pelos demais ministros do TCU.

Por Reinaldo Azevedo

 

Pasadena – Lula tentou interferir em julgamento do TCU. Até vaga no STF foi usada para pressionar ministros a aprovar operação; deu errado! US$ 792 milhões de prejuízo é apenas parte da herança maldita do PT na Petrobras

José Múcio: ministro do TCU foi chamado a SP por Lula para discutir Pasadena

José Múcio: ministro do TCU foi chamado a SP por Lula para discutir Pasadena

O julgamento do TCU sobre a compra da refinaria de Pasadena entrará para a história como um emblema da ação do PT na gestão ruinosa da Petrobras. Destaco mais uma vez: tratou-se da investigação de uma única operação numa única empresa. Prejuízo: US$ 792 milhões. Imaginem quando o país tiver condições de fazer a devida contabilidade do tamanho do estrago… Ainda chegará a vez de analisar a refinaria de Abreu e Lima, por exemplo.

E olhem que esse relatório do TCU foi negociado, com muitas idas e vindas. Há versões bem mais severas.  Mas já se falou bastante a respeito. O meu ponto agora é outro. Luiz Inácio Lula da Silva, ele mesmo!, tentou pessoalmente interferir no resultado do julgamento do TCU.

Chamou para uma conversa em São Paulo, no que foi atendido, o ministro Múcio Monteiro, que foi titular das Relações Institucionais em seu governo e está hoje no TCU. O chefão petista queria que o seu interlocutor fosse o portador de mensagem sobre a necessidade de não se condenar ninguém. Ele sabe o que disse a Múcio, e Múcio sabe a conversa que manteve com os seus pares de tribunal. Lula, no entanto, não logrou o seu intento.

Na tentativa de impedir a condenação da operação, acreditem!, até mesmo uma vaga no Supremo Tribunal Federal — vocês leram direito! — passou a circular como moeda de troca. O contemplado seria justamente alguém do TCU. Tivesse se realizado o negócio, creio que a nomeação entraria para o livro de recordes como a mais cara cadeira jamais entregue a um ministro de corte superior no Ocidente. Em reais: teria custado  R$ 1.758.240.000,00.

E esse foi apenas parte do jogo pesado. José Jorge, relator do caso no tribunal, passou a ser ameaçado de forma nada velada com uma avalanche de denúncias envolvendo o seu nome caso insistisse na condenação da operação. Resistiu. Os companheiros não brincam em serviço. Nunca! Também não aprendem nada nem esquecem nada. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Juiz concede habeas corpus a 23 black blocs no Rio

Por Daniel Haidar, na VEJA.com. Volto no próximo post:
O desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, concedeu a 23 black blocs o direito de responder em liberdade ao processo por associação criminosa armada. Com ordem de prisão preventiva decretada desde a última sexta-feira, dezoito deles estavam foragidos. Dos cinco beneficiados que estavam presos, apenas três poderão deixar a penitenciária nas próximas horas: Elisa Quadros, Camila Jourdan e Igor D’Icarahy. Dois deles (Fábio Raposo e Caio Silva) continuarão detidos porque restam contra eles ordens de prisão preventiva expedidas pela morte do cinegrafista Santiago Andrade.

O grupo de 23 ativistas e black blocs foi investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na Operação Firewall. Dezenove foram presos na véspera da final da Copa do Mundo acusados de organizar atos violentos que seriam realizados durante a partida.

Darlan afirmou que não analisou o processo na íntegra, mas se baseou em informações enviadas formalmente pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau sobre a necessidade das prisões das 23 pessoas. “O juiz mandou as informações para análise e, neste momento, não preciso analisar o inquérito. Constatei que a prisão não era necessária e que podiam permanecer em liberdade com medidas cautelares”, afirmou ao site VEJA.

Para impedir a fuga dos 23 beneficiados, o desembargador determinou que eles entreguem em até 24 horas os passaportes. Também obrigou que eles compareçam mensalmente à 27ª Vara Criminal da Capital do Rio, onde corre o processo por associação criminosa, para informar e justificar atividades no período. Foram ainda proibidos de sair da cidade sem prévia autorização judicial. Se qualquer uma dessas medidas for desrespeitada, a prisão preventiva será imediatamente decretada.

Na decisão, o desembargador menciona o entendimento do Ministério Público do Rio de Janeiro em relação aos acusados Camila Jourdan e Igor D’Icarahy. O casal foi preso em flagrante no dia 12 de junho pela posse de uma bomba caseira com capacidade letal. Mas, a partir da concordância da Promotoria, ganharam o direito de responder a esse crime em liberdade. Continuavam presos devido à ordem de prisão preventiva no processo por associação criminosa.

Este é o primeiro processo no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro contra quadrilhas responsáveis por atos violentos em manifestações. A polícia diz ter obtido provas de que os 23 acusados praticaram atos violentos e planejavam novos crimes ao término da Copa do Mundo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Antes de conceder liberdade a black blocs, desembargador mistura no Twitter Caetano Veloso com o Hino da Proclamação da República

Caetano Veloso fantasiado de black bloc: desembargador cita trecho de uma letra sua no Twitter antes de conceder habeas corpus

Caetano Veloso fantasiado de black bloc: desembargador cita trecho de uma letra sua no Twitter antes de conceder habeas corpus

Na democracia, decisão da Justiça, a gente respeita, mas discute, sim. Ou existiria uma espécie de tirania do Judiciário, não é? E é evidente que ninguém quer isso. Assim, debato aqui a escolha e ponho em questão os critérios do desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ele concedeu habeas corpus às 23 pessoas que tiveram prisão preventiva decretada em razão de atos violentos praticados nas manifestações do Rio de Janeiro.

À reportagem de VEJA.com, como se lê no post anterior, doutor Darlan confessou não ter lido o processo na íntegra (eu também não, claro!), mas ter-se baseado em informações fornecidas pelo juiz Flávio Itabaiana Nicolau, que havia decretado as prisões. Assim, onde um viu motivos para mandar prender, o outro viu motivos para mandar soltar.

Sei o que veio a público até agora. As gravações me parecem muito eloquentes, bem como os elos entre os acusados. O desembargador optou pela liberdade com medidas cautelares: entrega de passaportes em 24 horas, comparecimento mensal à 27ª Vara Criminal da Capital do Rio, proibição de sair da cidade sem prévia autorização da Justiça.

Vamos lá.

Hoje em dia, vocês sabem, quase todo mundo está nas redes sociais. Eu também — embora só use o Twitter e o Facebook para reproduzir trechos e links dos meus textos. Leio que doutor Darlan, pouco antes de tomar a sua decisão, resolveu fundir Caetano Veloso com o Hino da Proclamação da República, cuja letra é de Medeiros e Albuquerque, e mandou ver no “Face”: “O pensamento parece uma coisa à-toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar” (Caetano), emendando “Liberdade! Liberdade! Abra as Asas sobre Nós!”.

Então… Parece ser, assim, uma mensagem carregada de simbolismos, não é? Fica a sugestão de um desembargador libertário contra, sei lá, a fúria punitiva do estado talvez…  Parece-me um falso paradoxo. Mas como deixar de apontar o que segue?

Caetano é aquele cantor que se deixou fotografar com um pano preto na cabeça, imitando a, como dizem, “estética black bloc”. As “asas da liberdade que se abrem sobre nós” é uma referência ao Hino da Proclamação da República, que também já virou samba-enredo de escola de samba. Não sei qual dos dois o doutor citava…

Se há coisa que os black blocs não respeitam é o fundamento da “Res Publica”, da “coisa pública”. Por isso saem quebrando tudo por aí, sejam bens coletivos, sejam bens particulares. Por fragmentos de entrevistas que concedem — eles próprios ou seus defensores —, nota-se que têm uma concepção muito particular de democracia, que despreza os valores consagrados pela maioria da população, que entende que o respeito à lei e à ordem democrática é um pressuposto básico das liberdades públicas e individuais.

O desembargador tomou a sua decisão. Eu lamento que assim seja. E, a meu ver, os valores democráticos também.

Por Reinaldo Azevedo

 

Rebeldes derrubam dois caças militares no leste da Ucrânia

Na VEJA.com:
Dois caças do Exército ucraniano foram derrubados por separatistas pró-Rússia nesta quarta-feira, informou a rede americana CNN. O ataque contra as aeronaves ocorreu seis dias após os rebeldes serem acusados de lançarem um míssil contra o voo MH17 da Malaysia Airlines, provocando a morte dos 298 civis que viajavam no avião. Segundo fontes militares do país, um sistema antiaéreo derrubou os jatos após uma missão realizada perto de Dmytrivka, na região de Donetsk, ao leste do país. Os pilotos conseguiram ejetar seus assentos antes de os aviões se chocarem contra o solo, mas não há informações sobre as suas condições de saúde.

O novo ataque contra o Exército ucraniano evidencia a capacidade dos rebeldes de operar armamentos antiaéreos. Antes de lançaram um míssil contra o MH17, os separatistas haviam derrubado um avião de transporte militar Antonov An-26 e uma aeronave de combate Sukhoi Su-25. Nesta quarta-feira, os Estados Unidos divulgaram provas que demonstram que a Rússia treinou e equipou os separatistas ucranianos apontados como responsáveis por abater o MH17. Ao jornal The Washington Post, funcionários da inteligência citaram como algumas das evidências dados de sensores que seguiram a trajetória do míssil que provavelmente derrubou a aeronave malaia, marcas de estilhaços na aeronave, análise de conversas dos rebeldes e fotos publicadas nas redes sociais.

Corpos
Dois aviões com os restos mortais de parte das vítimas do MH17 desembarcaram em um aeroporto de Eindhoven, na Holanda, para que possam ser identificados e entregues aos familiares. A agência de notícias Associated Press reportou que somente quarenta caixões foram transportados nesta primeira operação. De acordo com a BBC, o governo holandês decretou luto em homenagem aos mortos no desastre, dentre os quais 193 eram cidadãos do país. Uma investigação foi lançada por promotores holandeses para responsabilizar os culpados com acusações de crimes de guerra, homicídios e abate de um avião de passageiros.

Apesar de os insurgentes da autoproclamada República Popular de Donetsk terem garantido que não há mais restos mortais no local do acidente, apenas destroços do Boeing, o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, disse hoje que não há certeza de que todos os corpos das 298 pessoas que estavam no avião malaio foram recuperados. “De acordo com as primeiras inspeções, não temos certeza de quantos corpos temos. É bastante possível que muitos continuem lá, à mercê da interferência e dos estragos do calor e dos animais”, declarou Abbott. Analistas de inteligência da Grã-Bretanha confirmaram que rebeldes interferiram nas evidências do desastre aéreo, movendo corpos de vítimas e espalhando destroços de outros aviões para atrapalhar as investigações internacionais.

Caixas-pretas
Após serem devolvidas pelos separatistas ucranianos, as caixas-pretas do MH17 chegaram à Grã-Bretanha, onde analistas serão encarregados de analisar as últimas conversas gravadas dentro da cabine dos pilotos. “Os especialistas estão confiantes de que, dependendo do nível do estrago, conseguirão recuperar as informações dentro de 24 horas e enviar um relatório aos investigadores. Não estamos autorizados a fornecer maiores detalhes sobre a operação”, afirmou ao The Guardian um porta-voz do Departamento de Transportes britânico.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ação do governo Dilma contra Israel: só antiamericanismo ou também antissemitismo?

Eu sempre espero as piores coisas do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. E não foi diferente desta vez. O Itamaraty, sob o comando do ministro Luiz Alberto Figueiredo, emitiu uma das notas mais intelectualmente delinquentes da sua história — no caso, sobre o conflito israelo-palestino. Eu a reproduzo em vermelho e comento em seguida.

O Governo brasileiro considera inaceitável a escalada da violência entre Israel e Palestina. Condenamos energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças.

O Governo brasileiro reitera seu chamado a um imediato cessar-fogo entre as partes.

Diante da gravidade da situação, o Governo brasileiro votou favoravelmente a resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre o tema, adotada no dia de hoje.

Além disso, o Embaixador do Brasil em Tel Aviv foi chamado a Brasília para consultas.

Retomo
Em linguagem diplomática, “chamar um embaixador para consultas” implica uma espécie de agravo ao país no qual está a representação brasileira. Com isso, o Brasil envia uma mensagem desnecessariamente hostil a Israel.

Observem que o texto defende um cessar-fogo entre as partes, mas se refere apenas à reação israelense, considerada “desproporcional”, sem nem mesmo uma menção aos foguetes disparados pelo Hamas. Há até uma questão de lógica: para um cessar-fogo, é preciso que haja… troca de fogo! Tem-se a impressão de que Israel não é o Estado originalmente agredido.

A votação no Conselho de Direitos Humanos na ONU, que, mais uma vez, joga a responsabilidade exclusivamente nas costas de Israel, é uma farsa. É um acinte que a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, fale em possíveis “crimes de guerra” de Israel sem mencionar o fato de o Hamas recorrer a escudos humanos.

É um escárnio que o governo brasileiro seja mais duro com Israel do que, por exemplo, com o carniceiro Bashar Al Assad, da Síria. Só para arrematar: em 2006, na gestão Lula, com Celso Amorim à frente do Itamaraty, o Brasil se absteve de uma resolução condenando o governo do ditador Omar al-Bashir, do Sudão, pelo massacre de pelos menos 500 mil cristãos em Darfur.

Para o governo petista, Assad e Bashir são caras batutas. Quem merece condenação é o Estado de Israel, que já recebeu uns 2 mil foguetes do Hamas em 15 dias.

O histórico da hostilidade dos governos petistas com Israel está relacionado, num primeiro momento, ao antiamericanismo bronco dos companheiros: se os EUA apoiam os israelenses, então os nossos brucutus vermelhos vão se opor. No caso, no entanto, a omissão aos ataques do Hamas é tão acintosa que cabe indagar se não há em nota tão delinquente um componente antissemita.

Por Reinaldo Azevedo

 

Nem “rebeldes” nem “separatistas”; são terroristas

Chegou a hora de a gente pôr os devidos pingos nos “is”. Às vezes, reproduzo trechos de textos de alguns veículos, com o link. Às vezes, a íntegra de reportagens da VEJA.com, onde se hospeda meu blog. Nesses casos, vocês ainda encontrarão, doravante, a palavra “rebeldes” para designar os separatistas do Leste da Ucrânia. Em textos de minha própria lavra, não mais: doravante, serão chamados por aquilo que são: terroristas.

Já não restam dúvidas de que o avião da Malaysia Airlines foi derrubado pelos ditos-cujos. Ainda que a ação não tivesse sido deliberada — e eu mesmo hesitei em classificá-la de terrorista —, estaríamos diante de uma espantosa irresponsabilidade. Mas que se note: os sinais emitidos por aviões civis são distintos dos militares. Os que operavam o lançador de mísseis — o tal “Buk”, de fabricação russa — tinham como saber que se tratava de aeronave não militar.

Mas vá lá… Se já se situavam, ali, no limiar do terror, os delinquentes o ultrapassaram quando impediram o livre acesso das autoridades ao local da tragédia, quando se colocaram como senhores dos corpos, quando procuraram omitir provas de suas ações criminosas. Só entregaram a caixa-preta do avião porque se criou um verdadeiro clamor internacional.

Ninguém mais tem dúvida do papel que joga Vladimir Putin nessa história. Ele não se distingue hoje de um financiador do terror, a exemplo de outros que há no mundo. Já anexou a Crimeia — e isso, convenham, o mundo já tinha absorvido. Mas não parou por aí. O governo russo financia escancaradamente os delinquentes, mesmo depois de a Ucrânia ter realizado eleições livres e contar agora com um governo inequivocamente legítimo.

Não são separatistas. Não são rebeldes. São terroristas armados por um Estado. A propósito: a imprensa democrata, e a nossa embarcou na onda, riu bastante de Mitt Romney, candidato republicano à Presidência em 2012, quando ele afirmou que a Rússia era “o inimigo geopolítico número um” dos EUA. Pois é…

Por Reinaldo Azevedo

 

Desenha-se uma campanha contra o povo

Peço aos leitores que prestem atenção à forma como vai se desenhando a campanha eleitoral. Entendo que há mostras de que ela se dá contra os interesses do conjunto dos eleitores. Por que afirmo isso? Não vou aqui fazer juízo de valor, mas apenas lidar com os fatos.

O PT resolveu apelar ao Ministério Público Eleitoral, que acatou a reclamação, contra um link que está na página oficial do senador Aloysio Nunes Ferreira, candidato a vice-presidente na chapa do PSDB. Segundo os petistas, esse link caracteriza uso da máquina pública em favor de uma candidatura. O vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, concordou com o reclamante e pede multa para o senador.

Muito bem! Na sabatina de que participou, promovida pela Jovem Pan, Folha, UOL e SBT, o presidenciável tucano Aécio Neves afirmou que pretende promover mudanças no programa “Mais Médicos”. Basicamente, se eleito, ele quer que os médicos cubanos recebam integralmente os vencimentos a que têm direito — os R$ 10 mil — e que lhes seja facultado fazer o exame “Revalida”, o que lhes permitira o exercício pleno da medicina no país. Hoje, os cubanos são médicos pela metade porque só podem atuar no âmbito do programa. Como é sabido, os doutores oriundos da ilha ficam com algo em torno de R$ 3 mil do salário apenas. O restante vai para os cofres da ditadura cubana. Em um ano, isso soma quase R$ 1 bilhão.

Muito bem! Um candidato de oposição tem mais do que o direito de propor mudanças. Ele tem o dever. A sociedade é que vai dizer, por meio do voto, se concorda ou não com ele. Atenção! Arthur Chioro, ministro da Saúde — e ele é ministro tanto de eleitores da situação como de oposição —, veio a público não para contestar as críticas de Aécio, não para dizer que discorda por esse ou por aquele motivo, não para tentar provar que o governo está certo. Nada disso! Ele veio a público para acusar o candidato de oposição de querer “acabar com o programa”. O mesmo fez o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, que nem é da área.

Ora, quando os dois ministros falam, eles o fazem pelo governo; eles o fazem no comando das máquinas de suas respectivas pastas, financiadas pelo estado brasileiro. Se um mero link numa página oficial do Senado — que quase ninguém visita — caracteriza uso indevido de dinheiro público, o que fazem os dois ministros é, então, o quê?

É preciso que se estabeleça a devida distinção, acho eu, entre contestar uma crítica — e isso é absolutamente legítimo — e praticar terrorismo eleitoral. Acusar um candidato de querer extinguir um programa quando, na verdade, faz propostas para corrigi-lo, parece-me caracterizar óbvio exercício de má-fé. Fosse assim, não haveria oposição nas democracias. Afinal, o contraditório seria sempre considerado sabotagem. E, pois, por uma questão lógica, tal regime uma democracia não seria, mas tirania.

O eleitor brasileiro tem direito a um pouco mais do que isso. Tem direito a debater saídas para o país. Hoje, infelizmente, e não entro no mérito das responsabilidades, o Brasil consegue conjugar os piores indicadores econômicos da América Latina: baixo crescimento, inflação alta e juros escandalosos. Os que se dispõem a governar o país — Dilma, Aécio ou Campos, entre outros — têm de oferecer, antes de mais nada, respostas para sair dessa encalacrada. Em vez disso, vemos a disputa tomar outro rumo, a quilômetros de distância dos interesses do povo brasileiro.

Se a coisa continuar assim, este será um país só com passado — e um passado não muito bom. E sem futuro.

Por Reinaldo Azevedo

 

A marcha dos irresponsáveis e a recuperação da sanidade. Ou: A mãe de um “ativista” é o quê? Uma ideia? Uma ideologia? Uma tese? Uma antítese? Uma síntese?

Enquanto a Polícia do Rio e o Ministério Público investigavam a rede criminosa que se formou para depredar o patrimônio público e privado, para atacar a polícia e os poderes instituídos e para provocar o caos no país, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, conversava com black blocs. Foram várias reuniões. Os filoterroristas trocavam telefonemas para fabricar coquetéis molotov e planejavam incendiar a Câmara dos Vereadores, mas um dos principais ministros de Dilma Rousseff batia papinho com marginais. Setores majoritários da imprensa — e não adianta a gente tentar dourar a pílula — não estavam menos doidões do que Carvalho: chamavam baderneiros de “manifestantes” e violência explícita, de “manifestação pacífica”. Aliás, tratam ainda hoje militantes de grupos de extrema esquerda, alguns com clara vocação terrorista e que fazem profissão de fé na violência, como “ativistas”. Eu continuo a não saber o que é isso.

Quando a prisão preventiva de 23 investigados foi decretada, o PT — sim, o PT! — veio a público para criticar a Justiça. Sem conhecer os dados do inquérito e sem ter informações sobre as investigações, emitiu uma nota em que afirmou: “O PT repudia a criminalização das manifestações e defende a ampliação dos espaços de diálogo e participação popular na relação do Estado com os movimentos sociais. A violência de Estado e a intimidação de manifestantes devem ser repelidas por todos os que defendemos a democracia e a liberdade de manifestação, motivo pelo qual também reivindicamos a liberdade dos ativistas que ainda se encontram presos”.

A nota é assinada por Rui Falcão, presidente do partido; Bruno Elias, secretário de Movimentos Populares, e Rodrigo Mondego, coordenador do Setorial de Direitos Humanos do PT. Esse Rodrigo acompanhou, por exemplo, a advogada Eloísa Samy ao Consulado do Uruguai, com um casal de black blocs. Foram pedir asilo político! Nota: o rapaz tem 18 anos; a moça é menor. Impressionante!

Lembrem-se de tudo o que aconteceu no país de junho do ano passado a esta data, incluindo os dias que antecederam a Copa do Mundo. Não lhes parece impressionante que a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça — cujo titular é José Eduardo Cardozo —, não tenha conduzido uma única investigação de fundo? Nada!!! A marcha da irresponsabilidade só fazia crescer. A própria OAB-RJ se comportou, e já pontei isso aqui, como babá de black blocs.

Gravações que vieram a público dão conta da articulação criminosa. Agora, a polícia investiga as fontes de financiamento da baderna. Uma delas seria o Sindipetro-RJ, o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, que é filiado à CUT — e isso quer dizer que é vinculado ao PT. Outro é o Sindicato dos Professores do Rio. E, nesse caso, não há surpresa nenhuma. A direção da entidade é ligada ao PSOL (já volto ao partido). Na greve dos professores das redes estadual e municipal do Rio, a entidade emitiu uma nota em que admitia a parceria com os black blocs.

Do PSOL também é a deputada estadual Janira Rocha, aquela que usou um carro da Assembleia Legislativa para transportar a foragida Eloisa Samy. Ou por outra: uma parlamentar deu fuga a uma procurada pela polícia. É a mesma Eloísa que se fazia acompanhar pelo tal Rodrigo Mondego, do PT. Entenderam?

O partido, que emitiu a nota em solidariedade aos que tiveram a prisão preventiva decretada, agora se cala diante das evidências dos crimes que cometeram. O mesmo faz Gilberto Carvalho. Dilma não age de modo diferente. Toda essa gente, em algum momento, achou que o caos lhe poderia ser útil.

Assistam a um vídeo que circula nas redes, produzido pela notória “Mídia Ninja”. Esta senhora que fala aí é Jandira Mendes, mãe de Igor, um dos que tiveram a prisão preventiva decretada e que estão foragidos.

Peço a vocês, por favor, que comentem com moderação. Afinal, ela é mãe, embora sua visão de mundo não pudesse ser mais equivocada. Não sei se a polícia atuou como ela diz. É o relato de quem sustenta haver “presos políticos” no Brasil… Dizer o quê? Sei lá que desvio cognitivo leva essas pessoas a reagir como se o país fosse uma feroz ditadura. A única tirania que enfrentamos, convenham, é a dos valores de esquerda, não é mesmo?

Torço para que Justiça, Ministério Público e a polícia não se intimidem. Eu não sei o que a dona Jandira fazia quando o Brasil era, de fato, uma ditadura. Eu sei o que eu fazia. E posso assegurar a esta senhora que ela não sabe o que diz, embora respeite o amor da mãe por seu “ativista”. Não sei como é isso. Eu tenho filhos apenas. E por isso sou seu pai. A mãe de um ativista é o quê? Uma ideia? Uma ideologia? Uma tese? Uma antítese? Uma síntese talvez…

O desespero dessa gente indica que o país pode estar recuperando a sanidade.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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4 comentários

  • Lula na próxima Goiânia - GO

    Este é o último comentário que leio deste tal Reinaldo, jornalista injusto, politiqueiro. Será que é por dinheiro, esperança de ganhar um cargo público fantasma, numa possível vitoria de Aécio ou é porque é um jornalista de quinta que está tentando subir pra quarta. Eu não nego a corrupção no PT, é só acho injusto falar da corrupção de um, e esconder a corrupção de outro. Sabemos que o Aécio não é presidente do Brasil, mas foi governador, todo mundo sabe podridão dele no governo de Minas. Será que o Reinaldo acha que corrupção só existe na presidência, ou é só no PT. Este é o ultimo comentário que vejo dele. Só vou voltar a ler alguma dele, se publicar alguma coisa falando da corrupção do Aécio e dos outros candidatos, caso contrário, não vou perder meu tempo. Ele só fala do PT, Lula e Dilma, querendo dizer que só eles são corruptos. Pra ser um jornalista justo, primeiro tem que ser imparcial. Jornalista justo fala pontos positivos e negativos em qualquer governo ou partido. Do jeito que o Reinaldo está trabalhando, ele está fazendo campanha política. Não perco meu tempo com campanha politica.

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  • wilfredo belmonte fialho porto alegre - RS

    Uma coisa que me deixa encafifado, nesta questão dos ati

    vistas que pediram asilo político no Uruguai, como que uma

    deputada ou seja lá quem for permite o envolvimento de uma

    menor de idade que é protegida pelo ECA e, como o consulado permitiu a entrada desta menor desacompanhada pelos país ou responsáveis legais. Como uma deputada pode levar uma menor de idade de um lado para outro sem

    a autorização dos pais.? Alguém feriu o ECA, o que a Pro

    motoria da Juventude teria a dizer a respeito destas ações. E, no consulado como permitiram? Algumas explicações tem que serem dadas pois a lei foi descaradamente descumprida por quem teria a obrigação de defendê-la ainda mais por haver uma menor envolvida.

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  • antonio carlos pereira Jaboticabal - SP

    Quantas vezes já saiu na mídia a venda de sentenças, SP ,STF, sera que o Aécio nunca comprou sentença, Maluf, porque não esta na cadeia, nunca vi Governador de Estado ir para cadeia, nunca vi governador pobre !

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  • jandir fausto bombardelli toledo - PR

    "Prejuízo em Passadena daria para construir 125 aeroportos iguais os de Claudio", é Reinaldo Azevedo este seu título comprova que o aeroporto foi construído com dinheiro público em terras particulares e você pelo jeito assina em baixo, um erro não justifica o outro, há mas esqueci que corrupção e erro só quando é o PT, do PSDB é intriga, é mentira dos opositores e assim por diante, mesmo tendo certeza que o Aécio é um tremendo corrupto.

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