No JN William Bonner aperta Dilma sobre postura do PT e “presidenta” sai pela tangente

Publicado em 19/08/2014 03:48 e atualizado em 19/08/2014 04:21
Nos blogs de Rodrigo Constantino e Lauro Jardim, de veja.com, + Merval pereira, de O Globo, e Celso Ming, de O Estado de S. Paulo

William Bonner aperta Dilma sobre postura do PT e “presidenta” sai pela tangente

Fonte: G1

Disse aqui que era prematuro criticar William Bonner pela cobrança até agressiva das supostas contradições de Aécio Neves e Eduardo Campos. Alertei que a crítica era precipitada, pois Dilma ainda não havia sido entrevistada.

Pois bem: ontem foi seu dia, e Bonner demonstrou independência e coragem, ao apertar a “presidenta” nos minutos iniciais sobre questões éticas delicadas, as quais Dilma não tem como responder. Por isso mesmo fugiu pela tangente, como se pode ver aqui.

O que Dilma pensa sobre a postura oficial de seu próprio partido, que trata mensaleiros julgados, condenados e presos como vítimas, guerreiros injustiçados, heróis? Concorda ou discorda do PT? Não respondeu. Não pode se manifestar sobre outro poder, no caso o Judiciário.

Mas a pergunta não foi essa! Dado que houve a condenação pelo STF, cujos ministros ela mesma e o ex-presidente Lula apontaram na maioria dos casos, o que dizer sobre o infame ataque do PT ao Supremo para defender corruptos condenados? Silêncio.

Patrícia Poeta fez cara de paisagem ao lado do apresentador do JN, e sequer foi capaz de pressionar Dilma em relação aos pontos absurdos do programa Mais Médicos. Uma estátua faria papel semelhante. Bonner teve de retomar a palavra para cobrar de Dilma respostas sobre o evidente fracasso da economia, tema que não poderia ficar de fora da entrevista.

Dilma foi ficando visivelmente abatida, nervosa, incapaz de responder as questões levantadas. Compreende-se: seu papel é mesmo inglório, o de defender o indefensável. Chegou a afirmar que a inflação está em zero, usando o último dado disponível mensal, e ignorando que o índice acumulado em 12 meses está no topo da meta elevada do BC, de 6,5%, mesmo com vários preços represados pelo governo.

Foi um show de horror! Quando vemos uma presidente tão na defensiva, insegura, tergiversando desesperadamente para não ter de enfrentar seu péssimo legado, e depois lembramos que essa mesma presidente está liderando as pesquisas eleitorais, não há como evitar um enorme grau de perplexidade: o que está acontecendo com o Brasil?

Rodrigo Constantino

Televisão

O Ibope de Dilma no “Jornal Nacional”: o mais alto até agora

 

JN: Dilma na frente

JN: Dilma na frente

A entrevista de Dilma Rousseff ao Jornal Nacional de hoje rendeu à Globo 26 pontos de audiência, de acordo com números prévios do Ibope para a Grande São Paulo. (O JN como um todo cravou 25 pontos, mas o bloco com a presidente alcançou um ponto a mais).

Dilma teve,  portanto, mais telespectadores ligados às suas respostas DO que Aécio Neves e Eduardo Campos, que foram ao JN na  segunda-feira e terça-feira passadas. (leia mais sobre o ibope das entrevistas da semana passada aqui).

De qualquer forma, mais do que o Ibope de hoje, o que é tão importante quanto essa audiência é a colossal repercussão que a entrevista teve nas redes sociais desde a primeira  - excelente -pergunta feita por William Bonner, além dos trechos em vídeos que já circulam no YouTube.

Por Lauro Jardim

 

ELEIÇÕES: Dilma faz uso perfeito do “dilmês” no “Jornal Nacional” e não responde a qualquer pergunta mais dura

Dilma na telinha da Globo:

Dilma na telinha da Globo:

Presidente-candidata abusou de frases longas e rodeios e esquivou-se dos temas mais espinhosos – em alguns casos, simplesmente porque não respondeu

Do site de VEJA

Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda-feira, a presidente-candidata Dilma Rousseff lançou mão do mais puro dilmês: frases longas e confusas, engatadas umas nas outras. Por mais de uma vez, ela insistiu em concluir suas longas explanações: ”Só um pouquinho, Bonner”, dizia.

Dilma ultrapassou em quase 50 segundos o tempo de 15 minutos destinado a ela. Mas desta vez o dilmês pode ter jogado a seu favor. Numa sala do Palácio da Alvorada, e não nos estúdios da Rede Globo, os entrevistadores — além de Bonner, Patricia Poeta — só conseguiram lhe fazer quatro perguntas.

Se da entrevista não resultou nenhum slogan de campanha, ela tampouco será lembrada por uma frase negativa, com o reconhecimento de um erro ou malfeito. Diante das interpelações mais duras, Dilma se escondeu atrás de sua barragem de frases.

Na primeira pergunta, William Bonner tratou dos muitos escândalos do governo petista e perguntou se era difícil escolher pessoas honestas para preencher os cargos do governo.

A presidente não respondeu diretamente: optou por tratar das instâncias de combate à corrupção. “Nós fomos o governo que mais estruturou os mecanismos de combate à corrupção, a irregularidades e malfeitos”, disse ela, que também minimizou os escândalos. “Nem todas as denúncias de escândalo resultaram em realmente a constatação que a pessoa tinha de ser punida e seria condenada”.

A petista também se escudou convenientemente no cargo e foi evasiva quando o apoio do PT aos mensaleiros condenados por currupção pelo Supremo Tribunal Federal foi colocado em pauta: “Eu não vou tomar nenhma posição que me coloque em confronto, conflito, ou aceitando ou não (sic). Eu respeito a decisão da Suprema Corte brasileira. Isso não é uma questão subjetiva”.

Em seguida, Dilma afirmou que a troca de César Borges por Paulo Sérgio Passos no Ministério dos Transportes – uma exigência do PR, envolvido em casos de corrupção na própria pasta, para apoiar a reeleição da petista – foi feita com base na integridade do nome indicado pela sigla. “Os partidos podem fazer exigências. Mas eu só aceito quando considero que ambos são pessoas íntegras e não só integras, são competentes”, afirmou.

Quando o assunto foi economia, a tática foi a mesma: William Bonner perguntou se o governo não havia errado em nenhum momento na reação à crise internacional.

A resposta foi o discurso-padrão apresentado pela presidente nos últimos meses: ”Nós enfrentamos a crise pela primeira vez no Brasil não desempregando, não arronchando salário, não aumentando tributos e sem demitir”, disse ela.

Em um dos poucos momentos significativos da entrevista, a presidente acabou admitindo que a saúde não está em padrões minimamente razoáveis: “Não acho”, disse ela, antes de desandar a falar sobre o Mais Médicos, uma das bandeiras de sua campanha.

Já com o tempo estourado, Dilma ainda tentou pegar carona na comoção que tomou o país com a morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, cuja frase final no Jornal Nacional – “Não vamos desistir do Brasil” –virou lema do PSB. ”Eu acredito no Brasil”, disse Dilma, que foi interrompida uma última vez enquanto tentava pedir votos aos eleitores.

(por Ricardo Setti, de veja.com)

"Dilma fugiu da raia e ficou devendo em sabatina do JN", avalia cientista político da UNB - InfoMoney 
Veja mais em: https://www.infomoney.com.br/mercados/eleicoes/noticia/3525583/dilma-fugiu-raia-ficou-devendo-sabatina-avalia-cientista-politico-unb

 

Tarso Genro pressiona Band para não divulgar pesquisa

modus operandi do PT a gente já conhece: fazer o “diabo” para se perpetuar no poder. O resto é apenas isso: resto. Vale tudo para vencer. E quando uma pesquisa ameaça mostrar um número terrível de algum petista, nada mais natural, então, do que pressionar o veículo para que não divulgue a pesquisa. Foi justamente o que Tarso Genro fez com a Band, segundo o jornalista Políbio Braga:

O governador Tarso Genro mandou todo o seu pessoal de imprensa e propaganda pressionar a Band TV, as rádios da Band e o jornal Metro, ameaçando a rede paulista com retaliações caso fosse divulgada a pesquisa realizada pelo Instituto Methodus e disponibilizada hoje de manhã, 10h30min em ponto, pela revista VOTO no seu próprio site.

A pressão, iniciada na parte da manhã pelo Palácio Piratini, intensificou-se durante o dia. À tarde, o assessor de imprensa de Tarso, Guilherme Gomes, não se conteve e passou extensa mensagem com ameaças, por WhatsApp.

A pesquisa, as ameaças e o fac símile do WhatsApp foram apresentados no Band Cidade, Band TV, as 19h, e tudo será publicado na edição nacional de amanhã do jornal Metro.

No trecho mais intimidatório da mensagem do governo estadual, fica implícita a ameaça de corte de verbas e de informações. Em tom pessoal, dizendo falar em nome do governador Tarso Genro, escreveu Guilherme Gomes:

- Me espanta que a Band não avalie com mais critério a publicação da pesquisa da revista Voto e nem examine suas consequências. O governador Tarso Genro avisa que nova relação entre nós e a Band será reavaliada a partir da possível divulgação da pesquisa pela TV.

A mensagem é muito mais extensa e escabrosa.

Tarso Genro e o PT espantaram-se com os números da pesquisa do Instituto Methodus, que mostram a senadora Ana Amélia com 42% e o governador com apenas 30%.

Para quem está acostumado com os métodos petistas, nenhuma novidade. Ouvi do próprio Nelson Sirotsky, do Grupo RBS, durante o Fórum da Liberdade, duras críticas ao autoritarismo de Tarso contra a imprensa independente. Vários empresários locais alegam que o PT intimidava-os em busca de financiamento de campanha, ameaçando retaliação caso negassem.

O PT não mede esforços para permanecer no poder, ainda que destruindo o Brasil. Os brasileiros decentes não podem medir esforços para impedir que isso ocorra. Todo esforço é bem-vindo para derrotar esta praga que corrói nossa democracia e nossas liberdades nas urnas agora em outubro.

Eis o vídeo da reportagem da Band mostrando não se intimidar pelo governador petista:

Rodrigo Constantino

 

Romero Jucá acusa Dilma de ser “socialista” e declara voto em Aécio: demorou, hein?!

Romero Jucá: Dilma é “socialista”. Fonte: UOL

Quando o navio começa a afundar, os ratos logo se mandam. Lembrei disso ao ler que Romero Jucá, líder do governo no Senado nas gestões de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, mudou de lado e já prega abertamente voto em Aécio Neves contra a presidente e, por consequência, contra o presidente do seu PMDB e candidato a vice-presidente na chapa, Michel Temer. Não que Jucá se pareça com um rato, mas apenas pelo efeito debandada, que fique claro…

Ignorando um pouco quem disse e prestando mais atenção em o que foi dito, o discurso merece atenção. Cada vez mais gente reconhece publicamente aquilo que alguns poucos analistas independentes diziam desde o começo: o governo Dilma flerta com o modelo bolivariano de tal forma que assusta qualquer democrata legítimo – e até os ilegítimos fisiológicos!

“Fui líder do FHC, líder do Lula e líder no começo do governo da Dilma, mas sou economista. Vou dizer a vocês com muita sinceridade: do jeito que o governo tá tocando a economia não voto no PT, não voto na Dilma”, disse.  “A gente tinha duas opções de voto: era o Aécio e o Eduardo. Hoje perdemos uma. Não quero influenciar ninguém, mas eu vou falar meu voto. Eu vou votar no Aécio”, afirmou.

[...]

Para Jucá, é preciso diferenciar os governos Lula e Dilma. “Lula fazia, ou faz, um discurso social, às vezes quase socialista, na divisão de renda, nos predicados que buscam igualdade, mas a prática dele é capitalista.”

“No governo da Dilma, essa linha deu uma guinada. E por que essa linha deu uma guinada? Porque a Dilma tem um discurso socialista e a prática dela é socialista. Você tem um governo ideológico na forma de comandar a economia. E ideologia, centralização, estatização não combina com o capitalismo. Isso dá certo na Albânia, no Cazaquistão, em alguns lugares onde a visão é outra”, criticou.

Lula não era um capitalista, tampouco era tão diferente de Dilma assim. Tinha menos arrogância na área econômica, e teve o bom senso de colocar Palocci e Meirelles para tocarem as políticas econômicas. Mas não vamos esquecer que Guido Mantega foi apontado por Lula, e que o modelo nacional-desenvolvimentista teve começo em sua gestão também.

Cabe perguntar: por onde Jucá andou nos últimos 12 anos? Não viu as constantes tentativas de controle da imprensa por parte do PT? Não viu o que o partido fez com o Mercosul, transformando-o em um antro de bravatas antiamericanas e uma camisa de força ideológica? Não viu todo o carinho de Lula para com Chávez? Nada disso e muito mais?

Está certo que nunca é tarde demais para acordar, e antes tarde do que nunca. Saramago, o escritor português, rompeu com Fidel Castro quando três intelectuais foram presos pelo “crime” de opinião. Fantástico! Uma crítica de peso ao nefasto regime cubano. Só acho estranho ter ignorado décadas de escravidão e massacre da população inocente. Onde estava Saramago quando 15 mil cubanos morriam por discordar do socialismo?

Enfim, não vou reclamar se mais aliados do PT fizerem como Jucá. Ao contrário: vou aplaudir, mesmo que desconfiado dos motivos para um despertar tão tardio. Não importa. Agora é hora de impedir o golpe bolivariano custe o que custar. Não vou julgar as intenções no momento. Todo apoio é necessário e bem-vindo. Ou alguém acha o modelo venezuelano um bom destino para o Brasil?

Rodrigo Constantino

O NOVO GRID, POR MERVAL PEREIRA, DE O GLOBO

A corrida está apenas começando, o que mudou foi o grid de largada. Com essa imagem, um assessor do tucano Aécio Neves define o ambiente no PSDB a partir da nova realidade eleitoral que presumivelmente surgirá das próximas pesquisas, fortemente influenciadas pela comoção provocada pela morte do candidato do PSB à presidência da República Eduardo Campos.
Definida como a candidata substituta do PSB, Marina Silva deve aparecer no novo grid de largada à frente de onde estava Campos, talvez até à frente de Aécio Neves, que era o segundo colocado. Sondagens telefônicas nos últimos dias sugerem que Marina estaria empatada tecnicamente com o tucano, mas à frente numericamente. Se, mesmo assim, Aécio mantiver seu índice, é sinal de que tem votos cristalizados.
Todo o ambiente político está impregnado da tragédia, que hoje terá seu ápice no enterro em Recife, com a viúva Renata ao lado de Marina, protagonistas da nova cena eleitoral. Mesmo que não venha a ser a candidata a vice, o que é mais provável, a viúva de Campos terá papel fundamental na campanha que recomeçará já amanhã.
Marina já deu o seu tom, ao afirmar que foi a “providência divina” que a tirou do avião acidentado, e que tem “compromisso com a perda que Eduardo nos impõe”. Na verdade, a razão de Marina não estar naquele avião fatídico é bem mais prosaica e humana: ela não queria se encontrar com o deputado Marcio França, do PSB, candidato a vice do governador tucano Geraldo Alckmin, coligação a que ela se opunha em São Paulo, que esperava o grupo em Santos.
Mas sem dúvida esse ar místico que envolve a ex-senadora dará à campanha o tom de candidata escolhida pelo destino para presidir o país. Se se confirmarem as informações preliminares, Marina ganha força política para comandar uma campanha que será em tudo diferente da de 2010. Ela terá a apoiá-la um partido mais bem estruturado do que era o Partido Verde, mas em compensação não terá a unidade partidária no comando da campanha.
O presidente do PSB, Roberto Amaral, que foi obrigado a ungi-la candidata, terá o mesmo papel secundário do presidente do PV Felipe Pena na campanha anterior, mas outros interesses partidários ao longo da campanha podem afastar os aliados de hoje, que engolem as diferenças devido à expectativa de poder que ela exibe nessa largada.
Se, porém, os caminhos da campanha a levarem a discordâncias programáticas com setores ligados ao que chama de “velha política”, ou representantes do agronegócio, ela corre o risco de ser cristianizada, ficando sem a estrutura que hoje já é precária. Num primeiro momento, Marina representa a grande novidade da corrida presidencial, da mesma forma que quando se uniu a Eduardo Campos.
Com o tempo, o encanto do eleitorado foi se desvanecendo e ela, que marcara 27% de intenções de voto em uma pesquisa do Datafolha, acabou se transformando em uma possibilidade de transferência de votos para Campos que até agora não tinha se realizado.
A situação atual muda a perspectiva da presidente Dilma, que contava ainda poder se eleger no primeiro turno e agora tem pela frente um segundo turno praticamente certo. Já Aécio, que precisava de pouco para chegar ao segundo turno, terá que recomeçar a campanha dentro de uma nova dimensão. Antes, disputava com um candidato que tinha a metade de seus votos e a metade de seu tempo de propagando eleitoral. Agora enfrentará uma candidata que tudo indica começa com o mesmo tamanho eleitoral e metade da propaganda, mas que é o dobro do que teve em 2010 quando fez 20% dos votos.
Aécio tem a tradição de oposição do PSDB e uma máquina partidária que até agora tem feito a diferença. Vai disputar contra duas mulheres e na condição de o mais desconhecido pelo eleitorado dos candidatos. Mas tem a vantagem de ser diferente de Dilma e Marina e ser mais próximo da figura polítrica de Eduardo Campos, conciliador e negociador. Se Marina tirar mais votos de Dilma do que dele, há até mesmo a possibilidade, remota embora, de que o segundo turno seja contra Marina, e não contra Dilma.
Mas entrou na pista de corrida uma possibilidade que era quase inexistente antes, a de Marina ir para o segundo turno contra Dilma, deixando ao PSDB o papel de grande eleitor. Nas pesquisas anteriores, tanto Eduardo Campos quanto Aécio cresciam muito num segundo turno contra Dilma, sendo que o tucano chegou a estar empatado tecnicamente com ela.
Se Marina surge na primeira pesquisa como capaz de vencer Dilma no segundo turno, torna-se automaticamente a candidata ser vencida, condição que já foi de Aécio. A consistência dessa situação, só o desenrolar da campanha dirá.

 

A volta do tripé por cELSO MING, de o estado de s. paulo

Nas plataformas de economia, a oposição segue relativamente unida; Ambas as chapas defendem a volta do tripé econômico abandonado pela mistura de heterodoxia com populismo, adotada pela presidente Dilma

O professor Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos coordenadores do programa econômico da candidatura que deverá ser encabeçada agora por Marina, está avisando que não há divergências significativas entre as propostas de política econômica da chapa PSB-Rede e do PSDB. Enfim, nas plataformas de economia, a oposição segue relativamente unida.

Ambas as chapas defendem a volta do tripé econômico abandonado pela mistura de heterodoxia com populismo, adotada pela presidente Dilma, que ela chegou a chamar de Nova Matriz Macroeconômica. A volta ao tripé significa que os três principais comandos da economia reunidos pelo governo teriam um manejo de tipo clássico.

Giannetti. Oposição alinhada (FOTO: EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO)

Ou seja, a política fiscal teria de perseguir o equilíbrio das contas públicas e a estabilização da dívida por meio do cumprimento de um superávit primário (sobra de arrecadação destinada ao pagamento da dívida), de 3,1% a 3,5% do PIB; a política monetária manteria o volume de moeda na economia em proporções tais (nível dos juros) que garantissem a inflação na meta, que hoje é de 4,5% ao ano; e, em vez de seguir represada, a política cambial teria de voltar a deixar que as cotações da moeda estrangeira flutuem, com algum grau de sujeira, é claro, que é o que cabe de monitoramento pelo Banco Central.

Três são as observações que podem ser feitas a partir da observação de Giannetti. A primeira é a de que, embora permeiem as escolhas pelas urnas, as propostas de política econômica muito raramente são explicitadas nas campanhas eleitorais. O eleitor não se comove com o tamanho do rombo em conta corrente, com o cumprimento ou não das metas fiscais. O que ele sente é a mordida da inflação no seu orçamento doméstico e as ameaças a seu emprego. Embora sejam decisivas nas urnas, essas variáveis tendem a permanecer mais ocultas.

A segunda observação é a de que a defesa da política econômica que melhor poderia pavimentar o caminho para o crescimento sustentável e para o retorno da confiança não significa garantia de governabilidade. Esta depende da capacidade de coordenação do governo. Se eleito, nenhum dos três principais candidatos teria maioria no Congresso. A capacidade de liderança e de mobilização conta tanto quanto, ou até mais, do que a defesa de uma proposta equilibrada.

Em terceiro lugar, é bastante improvável que, num eventual segundo mandato, a presidente Dilma pudesse repetir uma política econômica tão desequilibrada quanto a que manteve neste primeiro. O estilo de governo pode continuar o mesmo: voluntarista, imediatista e mal amarrado. Mas a simples necessidade de correção dos problemas que aí estão vai exigir a volta aos manuais (back to the book).

Os preços administrados terão de ser corrigidos; a inflação não poderá mais ser contida pela âncora cambial. E, para garantir a arrumação geral, será inevitável uma política fiscal substancialmente mais austera.
A novidade que deverá permear as propostas de política econômica do próximo governo é a de que já não há margem para os experimentalismos cujos resultados sejam esse crescimento miserável, inflação no teto e economia desarrumada. Pode-se ter um orçamento que dê maior ou menor importância ao atendimento das demandas sociais, mas não se pode mais desafiar o equilíbrio das contas públicas.

CONFIRA:

O gráfico mostra como evoluiu e a quantas está o nível de confiança do industrial brasileiro.

Caiu de novo
A Pesquisa Focus, do Banco Central, trouxe a 12ª queda da projeção do mercado para o crescimento do PIB deste ano. A média das cerca de 100 instituições que apresentam semanalmente suas projeções é de um avanço de apenas 0,79%. Dia 29, saem as Contas Nacionais do segundo trimestre. É resultado que pode definir novas revisões, tanto para cima como para baixo, com impacto potencial sobre a direção da campanha eleitoral.

 

 

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4 comentários

  • Luciana Daldin Cordeiro São Mateus do Sul - PR

    Após esse debate, se é que podemos chamar assim, podemos ver que não temos nenhum candidato preparado, na verdade nunca tivemos tão sem opção como nessa eleição. Mas digo que se colocarmos algum dos outros candidatos no poder ai sim a coisa vai ficar séria, e ao contrário, se a nossa Presidenta continuar já sabemos e estamos preparados para o que pode vir pela frente.

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Comenta-se a boca pequena de que o Bonner poderá ser preso por sua ousada transgressão da Lei Maria da Penha, consequencia da "peia" [surra] que deu na Dilma durante entrevista concedida em sua propria residencia atual... no dia de ontem.

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  • HAROLDO FAGANELLO Dourados - MS

    Que péssima qualidade de presidenta nós temos hein? Pela sua postura medíocre, defendendo o indefensável, o Brasil era para estar bem pior!!! Ou seja, Deus é brasileiro sim...

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Sr. João Olivi, a aparição da presidenta no JN, sabatinada pelos ancoras do programa, mostra que: Um exército de “joãos “ (marqueteiros) não conserta o “estrago” de UM MINUTO de entrevista livre; onde as perguntas não são combinadas previamente.

    Se Deus é brasileiro: LIVRE-NOS DESSE “MAL” !!

    ....”E VAMOS EM FRENTE” ! ! !....

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