Gerente da Petrobras alertou Gabrielli e Graça Foster sobre desvios. Ou: O retrato de Lula na parede

Publicado em 12/12/2014 16:55 e atualizado em 27/02/2020 13:28
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

Graça ataca autora das denúncias para continuar com o nariz fora d´água. Ou: Querem saber como seria o país comando pelo PT e sem oposição? Olhem para a Petrobras!

Graça Foster, presidente da Petrobras, tenta se manter com a cabeça fora d´água. Se conseguir, pior para a estatal. As ações voltaram a despencar nesta sexta-feira. Sim, caiu o preço do barril do petróleo, como é sabido. É a razão da hora. A questão é saber onde estava a empresa brasileira quando veio esse fator conjuntural. Resposta: no fundo do poço. A agonia parece não ter fim, e Dilma, a nefelibata, finge que não é com ela. Só que é.

Nesta sexta, o comando da estatal resolveu agir como de costume. Diante das evidências — e evidências são — de que fora advertida das lambanças como diretora e como presidente da empresa, Graça mobilizou a sua turma para desqualificar a acusadora, Venina Velosa da Fonseca — que teria até ameaçado seus chefes porque perdeu um posto importante.

A questão aí não é “de quem”, mas “do quê”. Sim, é sempre bom saber o nome do autor de uma denúncia. A pessoa pode ter interesse objetivo quando faz uma acusação. Se uma grave ilegalidade está sendo apontada, no entanto, é ainda mais relevante saber se estamos diante de uma verdade ou de uma mentira.

Fato 1: a roubalheira na Petrobras aconteceu.

Fato 2: Venina advertiu Graça (pouco importam as suas intenções).

Fato 3: Graça não tomou nenhuma providência.

Nem ela nem o presidente que a antecedeu, José Sérgio Gabrielli, que vai se agigantando, a cada dia, como o chefe de uma casa de horrores. Que ironia! A Petrobras serviu de cavalo de batalha dos petistas nas eleições de 2002, 2006 e 2010. Lá vinha, invariavelmente, a mentira em tom de ameaça: “Os tucanos querem privatizar a Petrobras…” Eis aí: essa Petrobras que temos é aquela privatizada pelo PT. O que lhes parece?

Se o preço do barril do petróleo cair mais um pouco — ou, vá lá, se vier a se estabilizar no atual patamar, a Petrobras estará ainda mais encalacrada do que hoje. Todo o chamado “Plano de Negócios” do pré-sal vai para a cucuia. Os males que o PT causou ao setor de energia no Brasil não serão corrigidos num tempo curto. O partido errou no diagnóstico, errou no prognóstico, errou na operação. E coroa a falta de competência com a evidência de que comandou, com certeza, a gestão mais corrupta da história da empresa. Procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato esperam ouvir Venina nos próximos dias.

Ainda não há uma data agendada para o depoimento.

Balanço
A situação é de tal sorte difícil para a empresa que ela teve de adiar de novo o balanço do terceiro trimestre. Estamos a 18 dias do fim do quatro trimestre. A PwC (PricewaterhouseCoopers, como se sabe, se negou a assinar os demonstrativos em razão das sem-vergonhices que vieram à luz. A empresa teria de dar baixa em seus ativos dos valores carreados para a corrupção. Mas quanto? Eis o busílis. A estatal anunciou que recorreria a outros auditores. Mas, pelo visto, a coisa não anda fácil. O novo prazo agora é 31 de janeiro.

Cabeça erguida?
Lula pede que seus “companheiros” ergam a cabeça e estufem o peito de orgulho. Mas a Petrobras não deixa. A rigor, a empresa é a síntese e o sumo da forma como esses patriotas governaram o Brasil.

Encerro com uma provocação àquela banda — ou àquele bando — do jornalismo que deu agora para demonizar políticos e eleitores de oposição. Na maior estatal brasileira, o PT foi senhor absoluto por 12 anos. O resultado é o que se vê.

Ou por outra: se vocês querem saber como é um governo petista sem resistência, olhem para a Petrobras. É o que os companheiros gostariam de fazer com o Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

 

 

Gerente da Petrobras alertou Gabrielli e Graça Foster sobre desvios. Ou: O retrato de Lula na parede

Na VEJA.com:
Os diretores da Petrobras tanto da gestão de José Sérgio Gabrielli quanto de de Graça Foster foram alertados por uma gerente sobre as irregularidades em contratos firmados pela estatal com prestadoras de serviço, segundo reportagem do jornal Valor Econômico publicada nesta sexta-feira. Venina Velosa da Fonseca era gerente da diretoria de Abastecimento comandada por Paulo Roberto Costa e começou a suspeitar de superfaturamento nos idos de 2008. Desde que começou a fazer alertas e a juntar documentos, foi expatriada para a Ásia e, mais recentemente, afastada do cargo juntamente com os funcionários suspeitos de envolvimento na Operação Lava Jato. Em email a Graça, a gerente relata que chegou a ser ameaçada com uma arma e que suas filhas também corriam perigo.

Venina, que é geóloga na estatal desde a década de 1990, começou a suspeitar que havia problemas quando percebeu que os gastos com pequenos contratos de prestação de serviços avançaram de 39 milhões para 133 milhões de reais em 2008, sem razão aparente. Em sua apuração interna, a gerente detectou que a estatal estava pagando por serviços de comunicação que nem sequer estavam sendo prestados. Sua primeira atitude foi informar Paulo Roberto Costa, seu superior direto, e pedir mais rigor na fiscalização dos contratos. Costa, relata Venina, apontou para o retrato de Lula em sua sala e perguntou: “Você quer derrubar todo mundo?”. A gerente então encaminhou as denúncias ao presidente Gabrielli, que, depois de auditoria interna, acabou demitindo o diretor de comunicação, Geovanne de Morais. 

A gerente prosseguiu com suas investigações e apurou o que viria a ser um braço do esquema de desvio de dinheiro e cartel de empreiteiras mostrados hoje pela Lava Jato. Em e-mail a Graça, que ainda era diretora de Gás e Energia, a funcionária aponta irregularidades em contratos bilionários referentes a Abreu e Lima, além de questionar o fato de acordos de tão alto valor serem firmados com dispensa de licitação. Em retorno, obteve o silêncio de Graça.

O desgaste interno fez com que Venina fosse transferida para o escritório da Petrobras em Cingapura, em 2009, onde ela foi afastada da área operacional e direcionada a um curso de especialização. Em 2011, já de volta ao Brasil, tornou a escrever para Graça, a quem confidenciou que sentia vergonha de trabalhar na empresa. “Diretores passam a se intitular e a agir como deuses e a tratar pessoas como animais”, escreveu. Em 2012, depois de ficar cinco meses no Rio sem nenhuma atribuição, voltou ao escritório da estatal em Cingapura. Foi então que levantou novas suspeitas de superfaturamento de compra de combustível que a Petrobras fazia no país asiático. Venina informou a sede sobre suas descobertas, mas novamente foi ignorada.

De volta ao Brasil em 2014, a gerente fez uma apresentação sobre as irregularidades apuradas na Ásia e sugeriu a criação de uma área de controle interno para conter perdas nos escritórios internacionais, mas nada foi feito. Em 19 de novembro, Venina foi afastada da empresa juntamente com outros funcionários suspeitos de envolvimento na Lava Jato. Ficou sabendo sobre seu afastamento por meio da imprensa. No dia seguinte, escreveu um e-mail à presidente da estatal. “Desde 2008, minha vida se tornou um inferno. (…) Ao lutar contra isso, fui ameaçada e assediada. Até arma na minha cabeça e ameaça às minhas filhas. Levei o assunto às autoridades competentes da empresa, inclusive Jurídico e Auditoria, o que foi em vão. (…) Voltei a me opor ao esquema que parecia existir no projeto Rnest (Abreu e Lima). Novamente fui exposta a todo tipo de assédio. Ao deixar a função, fui expatriada, e o diretor hoje preso levantou um brinde, apesar de dizer ser pena não poder me exilar por toda a vida”.

Em nota, a Petrobras informou que aprimorou processos de compra e venda de combustível em seus escritórios internacionais e que, em auditoria, não encontrou “nenhuma não conformidade” nas operações entre 2012 e 2014. Sobre Abreu e Lima (Rnest), a empresa afirma que realizou apurações e enviou relatório aos órgãos de controle e autoridades competentes. A empresa não se posicionou sobre a razão do afastamento da funcionária.

Por Reinaldo Azevedo

 

 

Vá embora, Graça! Deixe em paz o patrimônio do povo brasileiro!

Há mais de quatro meses venho cobrando aqui, sistematicamente, a demissão de Graça Foster, presidente da Petrobras. Ainda que nenhuma suspeita houvesse contra ela; ainda que tivesse um passado impoluto como as flores; ainda que fosse um verdadeiro gênio da raça na área administrativa, esta senhora deveria ter caído no começo de agosto, quando ficou evidente que tivera acesso prévio a perguntas que lhe seriam feitas na CPI. Mais do que isso: ficou comprovado que um grupo se reuniu no gabinete da presidência da estatal para combinar a maneira de fraudar a legitimidade da Comissão Parlamentar de Inquérito. Há um vídeo a respeito. É inquestionável. Trata-se de um fato comprovado, não de uma suspeita.

De agosto a esta data, Graça tem visto minguar a sua reputação; de agosto a esta data, o passado de Graça tem sido reescrito por fatos nada abonadores; de agosto a esta data, a técnica com fama de competente e irascível tem-se mostrado apenas mais um quadro do PT na Petrobras, lá instalado não com a missão de moralizar a empresa, mas de salvar a pátria dos companheiros.

Nesta sexta, ficamos sabendo que uma executiva da Petrobras — seu nome: Venina Velosa da Fonseca — denunciou tanto à diretoria anterior da estatal como à atual a existência de um esquema de roubalheira na empresa (leia posts anteriores). E o que fez a diretoria anterior? Nada! E o que fez a atual? Nada também! De quebra, as acusações de Venina atingem, e com bastante verossimilhança, o governador da Bahia, Jaques Wagner, candidato a ser um dos homens fortes do governo Dilma.

A presidente da República não pode assistir, inerme

, à desconstituição da Petrobras sem tomar uma medida drástica. É preciso, e com urgência, criar uma espécie de gabinete de crise — composto, também, de técnicos sem vinculações com a estatal — para enfrentar a turbulência.

Se o episódio da CPI não fosse grave o bastante para inviabilizar a permanência de Graça, há o caso, escandaloso por si, da empresa holandesa SMB Offshore. Em fevereiro, VEJA denunciou que a gigante havia pagado propina a intermediários na Petrobras em operações de aluguel de navios. Em março, a presidente da estatal concedeu entrevista negando quaisquer irregularidades; no mês passado, ela as admitiu, afirmando que tinha conhecimento das falcatruas desde meados do ano. Graça só se esqueceu de que a Petrobras é uma empresa de economia mista e de que seus acionistas merecem satisfação. Esse seu comportamento servirá de prova contra a empresa em ações múltiplas nos EUA contra a estatal, que pode assumir proporções bilionárias.

Não! Graça não é a moralizadora de que a Petrobras precisa. Graça é apenas a moralizadora de que o PT precisa. E, a esta altura, está muito claro que os interesses do PT e da Petrobras não se misturam. Ao contrário: a cada dia fica mais claro que o que é bom para a Petrobras é ruim para o PT e que o que é ruim para o PT é bom para a Petrobras.

Vá embora, Graça! Deixe em paz o patrimônio do povo brasileiro.

Por Reinaldo Azevedo

 

 

O “plano” para anular a investigação… Ou: O que é crime e o que não é

Leiam o que vai no Globo. Volto em seguida:
A Polícia Federal apreendeu na residência do presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, seis páginas de anotações manuscritas com estratégias das empreiteiras para anular a Operação Lava-Jato. Nas anotações constam metas de um “Projeto Tojal” ao custo total de R$ 3,5 milhões. Entre os pontos mencionados estavam trechos como “trazer a investigação para o STF”, “estudar o acordo”, “fragilizar” ou “eliminar” as colaborações premiadas firmadas e “campanha na imprensa para mudar a opinião pública” .

As informações fazem parte da denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra Ricardo Pessoa e dirigentes da empreiteira Camargo Corrêa, que estão entre as 36 pessoas acusadas na primeira remessa de denúncias dos crimes envolvendo a Petrobras que foram encaminhadas à Justiça Federal do Paraná. O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal, decidirá sobre as denúncias. Se aceitá-las, os denunciados passam a ser réus.

De acordo com o MPF, na casa de Pessoa havia também documentos de transferência de dinheiro para a offshore RFY Import e Export, uma das offshores usadas pelo doleiro Alberto Youssef.

Em depoimento à Polícia Federal, Pessoa admitiu que pagou R$ 2,4 milhões em dois contratos de consultoria à empresa D3TM, que pertence ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. A PF suspeita que esses contratos eram mais um dos que serviam para dar aparência de legitimidade ao recebimento de propina, como os já encontrados e firmados entre empreiteiras e quatro empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. A D3TM ainda e Duque ainda estão sob investigação.

Os procuradores afirmam que Pessoa era o líder do cartel das empreiteiras. Era ele quem passava mensagens ou ligava para os demais dirigentes de empreiteiras para marcar e combinar as reuniões, que aconteciam no escritório da UTC – a maioria delas no Rio de Janeiro.
(…)

Voltei
Não vamos confundir alhos com bugalhos. Há o que é crime, e há o que não é. Que havia um esquema de roubalheira na Petrobras, havia. Que uma quadrilha operava lá dentro, isso é evidente. Que ela tinha conexão com partidos políticos, idem. Que a cúpula da empresa está enterrada até o talo, isso também parece certo. E não é menos claro que empreiteiras participassem do esquema. Havia chantagem? Era só por vontade? Tudo tem de ser apurado. E os responsáveis têm de ser punidos.

Mas vamos com calma. Todo mundo tem direito de tentar se defender. Ilegal é superfaturar obras. Ilegal é fazer cartel. Ilegal é pagar propina. Ilegal é financiar caixa dois de partido etc. Mas tentar anular uma operação policial ou da Justiça pelas vias legais, bem, isso não é, por óbvio, ilegal. É parte do direito de defesa.

Uma empreiteira, ou todas, não pode ser acusada de transgredir a lei quando tenta se defender, apontado supostas inconsistências na denúncia ou na ação da Polícia e da Justiça. Isso é do estado de direito . Não vamos jogar a criancinha limpa junto com a água suja. Corruptos e corruptores têm de ir para a cadeia, mas o direito de defesa continua inviolável.

Por Reinaldo Azevedo

 

 

É BOM PARAR ANTES DE COMEÇAR, DILMA! Denúncias atingem Jaques Wagner, candidato a ser um dos homens fortes de Dilma no futuro governo

O governador da Bahia, Jaques Wagner, candidato a ser um dos homens fortes do segundo governo Dilma, pode ser engolfado pelo caso Petrobras. Não custa lembrar que ele é originário do sindicalismo petroleiro. Reproduzo trecho de texto da Folha sobre as denúncias feitas por Venina Velosa da Fonseca (leia posts anteriores).
*
A ex-gerente também alertou a atual presidente da estatal, Graça Foster, e o atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza — que substituiu o delator Paulo Roberto Costa —, de acordo com mensagens internas da Petrobras a que o “Valor” teve acesso. Venina prestará depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) em Curitiba, no âmbito na Operação Lava Jato, na próxima semana.

A Petrobras divulgou nota nesta sexta-feira em que afirma que todas as informações enviadas pela funcionária foram apuradas. A empresa não confirma se Foster e Cosenza receberam os e-mails publicados pelo jornal. Os alertas são referentes a desvios em três áreas da empresa.

Relembrando
Conforme a Folha publicou na ocasião, Venina denunciou naquele ano [em 2009] que o então gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Geovane de Morais, havia autorizado irregularmente gastos milionários sem qualquer comprovação da efetiva prestação de serviços, com fortes indícios de desvio de recursos. Baiano de Paramirim, Morais é ligado ao grupo político petista oriundo do movimento sindical de químicos e petroleiros do Estado, do qual fazem parte Wagner e Rosemberg Pinto, então assessor especial do presidente de Sérgio Gabrielli, que também é da Bahia.

Após as denúncias divulgadas pela Folha, uma auditoria interna realizada na Petrobras constatou as suspeitas de fraudes e desvio de recursos nos pagamentos autorizados por Morais. Duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas do ex-governador Jaques Wagner e de duas prefeitas do PT receberam R$ 4 milhões da Petrobras em 2008, sem licitação, em projetos autorizados por Morais.

Como gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Morais era subordinado ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, delator e pivô do atual escândalo de corrupção na Petrobras.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

 

Oposição pede afastamento de Graça Foster da Petrobras

No Estadão:
A revelação de que uma ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás alertou a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, sobre irregularidades na estatal fez com que líderes da oposição pedissem a substituição imediata do comando da empresa. Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), “é inadmissível que não se promova uma mudança radical na Petrobrás”. “Se não há participação direta (no esquema), há o crime de omissão, de conivência e de cumplicidade”, afirmou nesta sexta-feira, 12. “Não há como tolerar essa passividade do governo com relação aos gestores da Petrobrás”.

Reportagem do jornal Valor Econômico (leia post anterior) publicada nesta sexta afirma que a atual diretoria da Petrobrás foi informada de irregularidades em contratos da petroleira antes do início da Operação Lava Jato, que apura um esquema de desvio de recursos para o pagamento de propina a políticos. Segundo a publicação, a geóloga Venina Velosa da Fonseca, que entre 2005 e 2009 foi subordinada ao ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal e em acordo de delação premiada com a Justiça, apresentou denúncias de malfeitos à diretoria da petroleira, inclusive com e-mails encaminhados a Graça Foster. Em nota, a estatal afirmou ter apurado as informações fornecidas pela funcionária e encaminhado o resultado das investigações internas aos órgãos de controle.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

NA FOLHA: Denúncia de ex-gerente atinge Graça Foster, Gabrielli e Jaques Wagner

As denúncias feitas pela ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, de que houve vários desvios na estatal e que a direção da companhia foi informada sobre as irregularidades, atingem o governador da Bahia, Jaques Wagner, cotado para ser ministro no segundo mandato de Dilma Rousseff, e o ex-presidente da petrolífera José Sérgio Gabrielli. O caso foi revelado pelaFolha em 2009 e, nesta sexta-feira (12), novas informações foram publicadas pelo jornal "Valor Econômico".

Conforme a Folha publicou na ocasião, Venina denunciou naquele ano que o então gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Geovane de Morais, havia autorizado irregularmente gastos milionários sem qualquer comprovação da efetiva prestação de serviços, com fortes indícios de desvio de recursos. Baiano de Paramirim, Morais é ligado ao grupo político petista oriundo do movimento sindical de químicos e petroleiros do Estado, do qual fazem parte Wagner e Rosemberg Pinto, então assessor especial do presidente de Gabrielli, que também é da Bahia.

A ex-gerente também alertou a atual presidente da estatal, Graça Foster, e o atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza —que substituiu o delator Paulo Roberto Costa—, de acordo com mensagens internas da Petrobras a que o "Valor" teve acesso. Venina prestará depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) em Curitiba, no âmbito na Operação Lava Jato, na próxima semana.

  Divulgação/Inlac Brasil/mai.2008  
A ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca
A ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, que foi subordinada a Paulo Roberto Costa

A Petrobras divulgou nota nesta sexta-feira em que afirma que todas as informações enviadas pela funcionária foram apuradas. A empresa não confirma se Foster e Cosenza receberam os e-mails publicados pelo jornal. Os alertas são referentes a desvios em três áreas da empresa.

Após as denúncias divulgadas pela Folha, uma auditoria interna realizada na Petrobras constatou as suspeitas de fraudes e desvio de recursos nos pagamentos autorizados por Morais. Duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas do ex-governador Jaques Wagner e de duas prefeitas do PT receberam R$ 4 milhões da Petrobras em 2008, sem licitação, em projetos autorizados por Morais.

Como gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Morais era subordinado ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, delator e pivô do atual escândalo de corrupção na Petrobras.

Após a constatação das irregularidades realizadas por Morais, ele teve sua demissão por justa causa determinada pela direção da estatal. Logo em seguida, Morais tirou licença médica. A Petrobras levou mais de cinco anos para demiti-lo de fato.

Sob a administração de Morais, estava um orçamento em 2008 de R$ 31 milhões. Sua demissão foi decidida em 3 de abril de 2009, após a sindicância interna ter constatado uma série de irregularidades em sua gestão, incluindo "indícios de pagamentos sem a devida entrega de serviços contratados". Ou seja, desvio de dinheiro. Desde então, a direção da Petrobras, incluindo a atual presidente, Graça Foster, e seu antecessor no cargo, Gabrielli, sabiam dessas suspeitas de desvio na diretoria comandada por Paulo Roberto Costa.

CONTRATOS

Folha teve acesso em 2009 a todos os contratos de 2008 da área comandada por Morais. Entre os valores recebidos pelas duas produtoras, estava R$ 1,5 milhão para filmagem de festas de São João e Carnaval na Bahia.

A apuração sobre Morais começou por iniciativa de Venina Velosa, sua então superiora hierárquica direta, na função de gerente-executiva da área de Abastecimento.

A direção da estatal criou, em 5 de dezembro de 2008, uma comissão para investigar Morais, tendo indicado Rosemberg Pinto como coordenador da equipe. Em menos de duas semanas, Rosemberg entregou relatório, concluindo que Morais não havia respeitado normas de contratação e de gastos.

Não satisfeita, Venina criou uma nova comissão para investigar a administração de Morais. Da segunda vez, apontou os indícios de desvio de recursos.

Com base no relatório da equipe de Venina, o departamento jurídico da Petrobras concluiu que era o caso de demitir Morais por justa causa. A Folhatentou contato com Morais por diversas vezes, durante meses, não conseguiu localizá-lo.

As produtoras Movimento e M&V tinham ligações com o PT baiano havia muitos anos na ocasião. Ambas tinham o mesmo dono, Vagner Angelim, e endereço em Salvador. O empresário, porém, se recusara a falar sobre a M&V, como se ela não existisse. Angelim trabalhou na vitoriosa campanha de Wagner ao governo da Bahia, em 2006.

Pessoas próximas ao empresário afirmaram que ele é amigo do ex-governador. Na época, a assessoria de Wagner disse que eles tinham apenas uma "relação comercial" do período de campanha.

Em 2004, a Movimento Produções doou R$ 2.500 dos R$ 5.522 arrecadados pela campanha a vereador do funcionário da Petrobras Moisés Rocha (PT), amigo de Morais.

Rocha afirmou à Folha que a doação foi intermediada pelo seu atual chefe de gabinete, Adilton Aguiar, que trabalhou na área de comunicação da Petrobras e conhecia a produtora. 

Cartel operou até a prisão de executivos, dizem procuradores

Nas denúncias entregues nesta quinta-feira (11) à Justiça Federal, a Procuradoria da República no Paraná afirmou que o cartel de empreiteiras da construção civil não acabou com a saída dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, em 2012, e Renato Duque, em 2013.

O grupo teria continuado em atividade pelo menos até 14 de novembro passado, data em que foram feitas prisões dos executivos na sétima fase da Operação Lava Jato.

O Ministério Público afirmou que até novembro as empreiteiras "violaram" o artigo 2º da recente lei que combate o crime organizado no país, em vigor desde agosto de 2013, segundo a qual constitui crime promover, financiar ou integrar organização criminosa".

A afirmação dos procuradores contradiz depoimento prestado em acordo de delação premiada pelo empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Filho, da Toyo Setal.

Ele disse que o "clube" de empreiteiras começou a ser desmobilizado "no final de 2010, início de 2011".

"Daí para a frente, não houve mais sequer reuniões do clube', pois o esquema das empresas passou a ser ineficaz e também houve a saída de Renato Duque [da Petrobras]", afirmou Mendonça Filho.

Em outro trecho de seu depoimento, o empresário afirmou que o "clube" já existia entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000.

As denúncias da Procuradoria não trazem exemplos de contratos que o grupo tenha obtido de forma fraudulenta no ano de 2014, mas afirmam que entre 2004 a 2014 as empresas "promoveram, constituíram e integraram, pessoalmente e por meio de terceiros, organização criminosa".

De acordo com os procuradores da República, integraram o "clube" de empreiteiras Odebrecht, UTC, OAS, Camargo Corrêa, Techint, Andrade Gutierrez, OAS, Promon, MPE, Skanska, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, Setal, GDK e Galvão Engenharia.

As denúncias dizem que o grupo funcionou de forma "estruturalmente ordenada" com o objetivo de "obter, direta e indiretamente, vantagens ilícitas".

Os procuradores afirmam que o cartel cresceu a partir de 2006. "Com a sofisticação da empreitada criminosa, o clube' passou a vencer e adjudicar todas as licitações para grandes obras na Petrobras em todo o território nacional", escreveu a Procuradoria.

Com base nas afirmações de Mendonça Filho, os procuradores apontaram que Ricardo Ribeiro Pessoa, dono da UTC Engenharia, era quem coordenava as reuniões do grupo. Nos depoimentos que prestaram à Polícia Federal os empreiteiros investigados negaram formação de cartel para disputar as licitações.

 

J. R. Guzzo: Lula tem vidão de rico, e continua denunciando “as elites”, às quais hoje ele gostosamente pertence

Lula saiu do povo e não voltou mais. Anda com bilionários, exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo ( Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula)

UMA DOCE VIDA DE RICO — Lula saiu do povo e não voltou mais. Anda com bilionários, exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo ( Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula)

Post publicado originalmente a 8 de junho de 2013

Artigo publicado em edição impressa de VEJA

O ENIGMA DAS ELITE

campeões de audiência 02A elite brasileira é acusada todo santo dia pelo ex-presidente Lula de ser a inimiga número 1 do Brasil – uma espécie de mistura da saúva com as dez pragas do Egito, e culpada direta por tudo o que já aconteceu, acontece e vai acontecer de ruim neste país.

É possível até que tenha razão, pois se há alguma coisa acima de qualquer discussão é a inépcia, a ignorância e a devastadora compulsão por ganhar dinheiro do Erário que inspiram há 500 anos, inclusive os últimos dez e meio, a conduta de quem manda no país, dentro e fora do governo.

O diabo do problema é que jamais se soube exatamente quem é a elite que faz a desgraça do Brasil. Seria indispensável saber: sabendo-se quem é a elite, ela poderia ser eliminada, como a febre amarela, e tudo estaria resolvido.

Mas continuamos não sabendo, porque Lula e o PT não contam.

Falam do pecado, mas não falam dos pecadores; até hoje o ex-presidente conseguiu a mágica de fazer discursos cada vez mais enfurecidos contra a elite, sem jamais citar, uma vez que fosse, o nome, sobrenome, endereço e CPF de um único de seus integrantes em carne e osso. Aí fica difícil.

Mas a vida é assim mesmo, rica em perguntas e pobre em respostas; a única saída é partir atrás delas. Na tarefa de descobrir quem é a elite brasileira, seria razoável começar por uma indagação que permite a utilização de números: as elites seriam, como Lula e o PT frequentemente dão a entender, os que votam contra eles nas eleições?

Não pode ser. Na última vez em que foi possível medir isso com precisão, no segundo turno das eleições presidenciais de 2010, cerca de 80 milhões de brasileiros não quiseram votar na candidata de Lula, Dilma Rousseff: num eleitorado total pouco abaixo dos 136 milhões de pessoas, menos de 56 milhões votaram nela.

É gente que não acaba mais. Nenhum país do mundo, por mais poderoso que seja, tem uma elite com 80 milhões de indivíduos. Fica então eliminada, logo de cara, a hipótese de os inimigos da pátria serem os brasileiros que não votam no PT.

As elites seriam os ricos, talvez? De novo, não faz sentido: os ricos do Brasil não têm o menor motivo para se queixar de Lula, dos seus oito anos de governo ou da atuação de sua sucessora.

Ao contrário, nunca ganharam tanto dinheiro como nos últimos dez anos, segundo diz o próprio Lula. Ninguém foi expropriado sequer em 1 centavo, ou perdeu patrimônio, ou ficou mais pobre em consequência de qualquer ato direto do governo.

Os empresários vivem encantados, na vida real, com o petismo; um dos seus maiores orgulhos é serem “chamados a Brasília” ou alcançarem a graça máxima de uma convocação da presidente em pessoa. No puro campo dos números, também aqui, não dá para entender como os ricos possam ser a elite tão amaldiçoada por Lula e seus devotos.

De 2003 para cá, o número de milionários brasileiros (gente que tem pelo menos 2 milhões de reais, além do valor de sua residência) só aumentou.

Na verdade, segundo estimativas do consórcio Merrill Lynch Capgemini, apoiado pelo Royal Bank of Canada e tido como o grande perito mundial na área, essa gente vem crescendo cada vez mais rápido.

Pelos seus cálculos, surgem dezenove novos milionários por dia no Brasil, o que dá quase um por hora, ou cerca de 7 000 por ano; em 2011, o último período medido, o Brasil foi o país que teve o maior crescimento de HNWIs – no dialeto dos pesquisadores, “High Net Worth Individuais”, ou “milionários”.

O resultado é que há hoje no Brasil 170 000 HNWIs – os 156 000 que havia no levantamento de 2011 mais os 14 000 que vieram se somar a eles, dentro da tal conta dos dezenove milionários a mais por dia.

Não dá para entender bem essa história. O número de milionários brasileiros, após dez anos de governo popular, não deveria estar diminuindo, em vez de aumentar?

Deveria, mas não foi o que aconteceu. A sempre citada frota de helicópteros de São Paulo, com 420 aparelhos, é a segunda maior do mundo; no Brasil já são quase 2000, alugados por até 3 000 reais a hora.

Os 800 000 brasileiros, ou pouco mais, que estiveram em Nova York no ano passado foram os turistas estrangeiros que mais gastaram ali: quase 2 bilhões de dólares. Na soma total de visitantes, só ficaram abaixo de canadenses e ingleses – e seu número, hoje, é dez vezes maior do que era dez anos atrás, início da era Lula.

O eixo formado pela Avenida Europa, em São Paulo, é um feirão de carros Maserati, Lamborghini, Ferrari, Aston Martin, Rolls-Royce, Bentley, e por aí afora.

Então não podem ser os ricos os cidadãos que formam a elite brasileira – se fossem, estariam sendo combatidos dia e noite, em vez de viverem nesse clima de refrigério, luz e paz.

Um outro complicador são as ligações de Lula com a nossa vasta armada de HNWIs, como diriam os rapazes da Merrill Lynch. É um mistério.

Como ele consegue, ao mesmo tempo, ser o generalíssimo da guerra contra as elites e ter tantos amigos do peito entre os mais óbvios arquiduques dessa mesmíssima elite?

Ou será que bilionários e outros potentados deixam de ser da elite e recebem automaticamente uma carteirinha de “homem do povo” quando viram amigos do ex-presidente?

Para ficar num exemplo bem fácil de entender, veja-se o caso do ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi, uma das estrelas do círculo de amizades políticas de Lula.

O homem é o maior produtor individual de soja do mundo, e a extensão das suas terras o qualifica como o suprassumo do “latifundiário” brasileiro. É detentor, também, do título de “Motosserra de Ouro”, dado anos atrás pelo Greenpeace – grupo extremista e frequentemente estúpido, mas que ainda faz a cabeça de muita gente boa pelo mundo afora.

É claro que não há nada de errado com Blairo: junto com seu pai, André, fundador da empresa hoje chamada Amaggi, é um dos heróis do progresso do Brasil Central e da transformação do país em potência agrícola mundial.

Mas, se Blairo Maggi não é elite em estado puro, o que seria? Um pilar das massas trabalhadoras do Brasil?

Lula anda de mãos dadas com Marcelo Odebrecht, presidente de uma das maiores empreiteiras de obras do Brasil e do vasto complexo industrial que crescerem torno dela.

Ainda há pouco foi fotografado em companhia do inevitável Eike Batista, cuja fortuna acaba de desabar para meros 10 bilhões de dólares, numa visita a um desses seus empreendimentos que nunca decolam; foi seu advogado, logo em seguida, para conseguir-lhe um ajutório do governo.

É um fato inseparável de sua biografia, desde o ano passado, o beija-mão que fez a Paulo Maluf, hoje um aliado político com direito a pedir cargos no governo – assim como Maggi, que ainda recentemente foi cotado para ser nada menos, que o ministro da Agricultura de Dilma.

Dize-me com quem andas e eu te direi quem andas e te direi quem és, ensina o provérbio. Talvez não dê, só por aí, para saber quem é realmente Lula. Mas, com certeza, está bem claro com quem ele anda.

As classes que Lula e o PT descrevem a “elite brasileira” não são suas amigas só de conversa – estão sempre prontas para abrir o bolso e encher de dinheiro a companheirada.

Nas últimas eleições presidenciais, presentearam a candidata oficial Dilma Rousseff quase 160 milhões de reais – mais do que deram a todos os outros candidatos somados.

Há de tudo nesses amigos dos amigos: empreiteiros de obras, é claro, banqueiros de primeira, frigoríficos empenhados até a alma no BNDES, siderúrgicas, fábricas de tecidos, indústrias metalúrgicas, mineradoras. É o que a imprensa gosta de chamar de “pesos-pesados do PIB”.

Ninguém, nessa turma, faz mais bonito que as empreiteiras, que dependem do Tesouro Nacional como nós dependemos do ar.

Foram as maiores doadoras privadas às eleições municipais do ano passado: torraram ali quase 200 milhões de reais, e o PT foi o partido que mais recebeu. Ficou com cerca de 30% da bolada distribuída pelas quatro maiores empreiteiras do país, e junto com seu grande sócio da “base aliada”, o PMDB, raspou metade do dinheiro colocado nesse tacho.

Todo mundo sabe quem são: Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa. Mas esses nomes não resolvem o enigma que continua a ocultar a identidade dos membros da elite.

Com certeza, nenhum dos quatro citados acima pertence a ela, já que dão tanto dinheiro assim ao ex-presidente, seu partido e seus candidatos. Devem ser, ao contrário, a vanguarda classes populares.

Restariam como membros da elite, enfim “inconformados” com o fato de que “um operário chegou à Presidência” ou que a “classe melhorou de vida. Mais uma vez, não dá para levar a sério.

Por que raios essa gente toda está inconformada, se não perdeu nada com isso? Qual diferença prática lhes fez a eleição de presidente de origem operária, ou por que sofreriam vendo um trabalhador viajar de avião?

Num país com 190 milhões de habitantes, é óbvio há muita gente que detesta o ex-presidente, ou simplesmente não gosta dele. E daí? Que lei os obriga a gostar? Acontece com qualquer grande nome da política, em qualquer lugar do mundo.

Ainda outro dia, milhares de pessoas foram às ruas de de Londres para festejar alegremente a morte da ex-líder britânica Margaret Thatcher – que já não estava mais no governo havia 23 anos. É a vida.

Por que Lula e seus crentes não se conformam com isso e param de encher a paciência dos de outros com sua choradeira sem fim? O resumo dessa ópera é uma palavra só: hipocrisia.

Lula bate tanto assim na “elite” para esconder o fato de que ele é hoje, na vida real, o rei da elite brasileira. O ex-presidente diz o tempo todo que saiu do povo. De fato, saiu – mas depois que saiu não voltou nunca mais.

Falemos sério: ninguém consegue viver todos os dias como rico, viajar como rico, tratar-se em hospital de rico, ganhar como rico (200 000 reais por palestra, e já houve pagamentos maiores), comer e beber como rico, hospedar-se em hotel de rico e, com tudo isso, querer que os outros acreditem que não é rico.

Onde está o operário nisso tudo? (Foto: Valter Campanato / ABr)

Onde está o operário nisso tudo? (Foto: Valter Campanato / ABr)

Lula exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo.

Quando tem problemas de saúde, interna-se no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, um dos mais caros do mundo.

Sempre chega ali de helicóptero. Vive cercado por um regimento de seguranças que só o típico magnata brasileiro costuma ter.

O ex-presidente sempre comenta que só falam dessas coisas porque “não admitem” que um “operário” possa desfrutar delas.

Mas onde está o operário nisso tudo?

É como se o banqueiro Amador Aguiar, que foi operário numa gráfica do interior de São Paulo e ali perdeu, exatamente como Lula, um dos dedos num acidente com a máquina que operava, continuasse dizendo, sentado na cadeira de presidente do Bradesco, que era um trabalhador manual.

Lula não trabalha, não no sentido que a palavra “trabalho” tem para o brasileiro comum, desde os 29 anos de idade, quando virou dirigente sindical e ganhou o direito legal de não comparecer mais ao serviço.

Está a caminho de completar iria 68 e, depois que passou a fazer política em tempo integral, nunca mais tomou um ônibus, fez uma fila ou ficou sem dinheiro no fim do mês.

Melhor para ele, é claro. Mas a vida que leva é um igualzinha à de qualquer cidadão da elite. O centro da questão está aí, e só aí. Todo o resto é puro conto do vigário.

 

 

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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2 comentários

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    As noticias de hoje ou de outrora têm suas mesmices, mudam as datas, mas o assunto é o mesmo.

    O apóstolo Judas Iscariotis era o encarregado do dinheiro dos apóstolos – “tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava”. Com a proximidade com o dinheiro foi ficando mais apegado ao mesmo do que propriamente aos gestos concretos com que Jesus demonstrava a sua missão.

    Há exatos 1781 anos (2014 – 33) este senhor recebeu 30 moedas de prata para entregar Jesus aos soldados romanos. Veja que esta paixão pelo “vil metal” está no cerne imutável da hereditariedade dos humanos.

    O ser humano possui três funções mentais: afeto, cognição e volição; o afeto ao dinheiro tem demonstrado que inibe as outras funções. O quê fazer? Será que se devem produzir seres transgênicos para ocupar estas atividades na sociedade, implante de genes que produzam a característica de “indiferença ao vil metal”!

    Porque do jeito que está, vamos continuar cansando nossas vistas lendo as noticias!

    E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE !!... (não sei prá onde!...)

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    É um exercicio extremamente cansativo e complexo, pensar quais medidas, as lideranças do agronegócio que apóiam o governo, defendem para “melhorar”, o agronegócio. Em primeiro lugar é preciso uma aceitação bovina das teorias de Lula e Dilma sobre a corrupção no Brasil. “Nunca antes na história deste País”, a corrupção no governo teve um comando centralizado e para defender o governo é preciso negar isso. É preciso negar que, as lideranças do PT e base aliada, são corruptos. Negando, não é preciso nenhuma medida que impeça os ladrões de roubar, para simplesmente usar o truque ordinário que consiste em se apossar do trabalho da policia, afirmando que foi trabalho do governo. O mesmo governo que organiza e comanda a ladroagem. A policia federal é uma instituição do Estado Brasileiro, mas o que dizer da CNA? A quem pertence a CNA, e quais valores e políticas defende de fato? O que dá para saber é que Kátia Abreu, Blairo Maggi, e toda sua corja, defendem o jeito petista de governar e fazer obras...

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