Milicianos petistas partem pra porrada. Ou: Lula é um irresponsável. Lula é um aproveitador. Lula é um oportunista.

Publicado em 25/02/2015 08:17
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

Milicianos petistas partem pra porrada. Ou: Lula é um irresponsável. Lula é um aproveitador. Lula é um oportunista. Lula é um vampiro da institucionalidade. Lula é sanguessuga na nacionalidade. Ou: Marilena Chaui sentiu prazer ao ver o povo apanhando?

Quando petistas resolvem promover um ato “em defesa da Petrobras”, sabendo tudo o que sabemos sobre a roubalheira na estatal, é claro que estão procurando o confronto; é claro que estão provocando o adversário — que, no caso, é o povo brasileiro. O PT, encarnado por Luiz Inácio Lula da Silva, a CUT e a FUP (Federação Única dos Petroleiros) resolveram organizar uma patuscada nesta terça, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio. Os valentes dizem defender a punição dos corruptos — só faltava anunciar o contrário —, mas denunciam uma suposta campanha contra a empresa. O que é, obviamente, mentira.

Pois bem. Muitos brasileiros, vítimas do assalto institucionalizado, decidiram protestar nas proximidades da ABI. E aí aconteceu o que os trogloditas estão querendo há muito tempo. Vestidos com camisetas vermelhas, com a sigla do partido, demonstrando que estão especialmente treinados para o confronto, os brutamontes partiram pra cima dos que protestavam contra a roubalheira na base da porrada.

Atenção! Vocês lerão por aí que houve troca de socos e pontapés. Sim! Mas que fique claro: quem partiu pra cima dos opositores foram os petistas, inconformados com as pessoas que gritavam “Fora PT” e que cobravam o impeachment de Dilma. Mais: os que protestavam contra o partido não passavam de duas dezenas. Os que queriam espancá-los eram mais de 300. E assim era n não porque há mais petistas do que antipetistas. É que não se tratava de militantes organizados. Os que repudiavam o petismo eram pessoas comuns, que apenas passavam por ali e viam a companheirada.

Lula é um irresponsável.

Lula é um aproveitador.

Lula é um oportunista.

Lula é um vampiro da institucionalidade.

Lula é um sanguessuga da nacionalidade.

É claro que um ato com essas características jamais poderia ter sido marcado — não a esta altura dos acontecimentos. Todo mundo sabe ser mentira que existam pessoas interessadas em prejudicar ou em vender a Petrobras.

Quem destruiu a empresa foi o PT.

Quem nomeou os ladrões foi o PT.

Quem está no comando da empresa nos últimos 13 anos é o PT.

Escrevi aqui anteontem que o partido não está se dando conta da gravidade dos problemas que se conjugam. Perdeu a leitura da realidade. É impressionante que um ex-presidente da República, líder inconteste do maior partido do país, incentive manifestações que fatalmente terminarão em confronto. E assim é porque o povo está indignado.

Com a baixaria desta terça-feira, o que Lula e seus tontons macoutes estão fazendo é incentivar as manifestações de protesto marcadas para o dia 15 de março. Dilma deveria chamar o seu antecessor e lhe passar uma descompostura. Mas, ora vejam, para tanto, seria necessário que ela fosse, no momento, a chefe política dele. Ocorre que ele a considera nada menos do que sua subordinada.

Lula está com inveja da Venezuela.

Lula está com inveja de Nicolás Maduro.

Lula acha que chegou a hora de rachar algumas cabeças.

Se Dilma não tomar cuidado, o seu mentor (ainda é? ) vai ajudar a apeá-la do Palácio. Aos brasileiros indignados, uma dica: não cedam à provocação dos reacionários, aproveitadores e bandidos vestidos de vermelho.

Ah, sim: Marinela Chaui disse que estaria lá. Estava? Ela, que tanto escreveu sobre democracia, ao ver o povo apanhando dos milicianos petistas, sentiu o quê? Vergonha? Comichão intelectual? Prazer?

Por Reinaldo Azevedo

 

Discípulos morais de Marilena Chaui ensinam como devem ser tratados os coxinhas golpistas

Abaixo, escrevo um post sobre a pancadaria promovida pelos milicianos petistas no Rio. Agora, exibo uma sequência de fotografias dos alunos de Marilena Chaui em ação. Depois de ler todos os seus livros, eles resolveram botar alguns em prática. Convenham: a autora original da tese de que protestar contra a roubalheira é coisa de golpistas é Marilena. Ora, se os que se manifestam contra o governo são golpistas, os que batem neles são democratas e iluministas, certo? As imagens são de Antônio Lacerda, da Efe.

Acima, pós-graduandos de Chaui, que também odeia a classe média, ensinam como se deve entender a “Cultura e Democracia”

Acima, pós-graduandos de Chaui, que também odeia a classe média, ensinam como se deve entender a “Cultura e Democracia”

Os alunos morais de Marilena continuam a dar a sua aula, agora mostrando pro brasileiro o que são “As Nervuras do Real”

Os alunos morais de Marilena continuam a dar a sua aula, agora mostrando pro brasileiro o que são “As Nervuras do Real”

Esse rapaz, bastante atlético, dá as “Boas-vindas à Filosofia”

Esse rapaz, bastante atlético, dá as “Boas-vindas à Filosofia”

O rapaz que aprendeu com os argumentos dos pupilos de Chaui sente na carne “O que é Ideologia”

O rapaz que aprendeu com os argumentos dos pupilos de Chaui sente na carne “O que é Ideologia”

.

E, acima, o rapaz que está sendo socado, sem nem saber quem bate nele, tem “A Experiência do Pensamento”.

E, acima, o rapaz que está sendo socado, sem nem saber quem bate nele, tem “A Experiência do Pensamento”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Enquanto Lula vomitava sobre a Petrobras, a história do Brasil e a democracia — fazendo, inclusive, a defesa de Saddam Hussein (!!!) —, Moody’s rebaixava a nota da estatal; agora, ela está no grau especulativo; ações devem voltar a derreter nesta quarta. Eis o legado do fanfarrão, que estava cercado por milicianos

Enquanto Lula vomitava no ato em defesa da impunidade, com elogios ao genocida Saddam Hussein, a Moody's rebaixava a Petrobras ( Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo)

Enquanto Lula vomitava no ato em defesa da impunidade, com elogios ao genocida Saddam Hussein, a Moody’s rebaixava a Petrobras ( Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo)

Parecia roteiro de filme barato, mas era verdade. Nesta terça, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva, cercado por milicianos truculentos, comandava um ato no Rio contra a Operação Lava Jato, contra a imprensa e contra a decência, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixava uma vez mais, a exemplo do que fizera em janeiro, a nota da estatal, que já estava em Baa3, o último patamar do chamado grau de investimento. Agora, na Moody’s, a estatal está no grau especulativo — ou por outra: a agência está dizendo aos investidores do mundo inteiro que pôr dinheiro na Petrobras não é seguro. A agência está dizendo ao mundo inteiro que emprestar dinheiro para a Petrobras é arriscado.

Desta feita, não foi uma queda qualquer: a Moody’s botou a Petrobras dois degraus abaixo de uma vez só. Em vez de cair para Ba1, o que já seria catastrófico, a empresa despencou para Ba2, e a agência ainda cravou um viés negativo no caso de uma futura avaliação. Só para vocês terem uma ideia: acima dessa nota, há outras… 11. Abaixo dela, apenas 9. Na Fitch e na Standard & Poor’s, a Petrobras está também a um rebaixamento apenas de passar para o grau especulativo.

A partir de agora, tudo se torna mais difícil para a empresa. A maioria dos fundos proíbe investimento em empresas nessa categoria. Pior: em alguns casos, a ordem é se desfazer dos papéis, ainda que amargando prejuízos. Para se financiar dentro e fora do Brasil, a Petrobras terá de pagar juros mais elevados. E isso se dá num momento em que a empresa já teve de reduzir ao mínimo seus investimentos na área de exploração e refino de petróleo, suas atividades principais.

O mais impressionante é que o rebaixamento veio duas semanas depois de Dilma trocar toda a diretoria da Petrobras. Isso reflete a confiança do mercado na nova equipe. A operação foi desastrada. Com ou sem razão — e nós veremos —, o juízo unânime é que a governanta escolheu um presidente para maquiar no balanço as perdas bilionárias decorrentes da corrupção e da gestão ruinosa do PT.

E não se enganem: atrás do rebaixamento da nota da Petrobras, pode vir o rebaixamento da nota do Brasil. Na própria Moody’s, já não é grande coisa. O país é “Baa2”. Ainda é “grau de investimento”, mas bem modesto. Se o país cair mais dois, vai para a categoria dos especulativos. O mesmo acontece na Fitch (BBB): um próximo rebaixamento (BBB-) poria o país a um passo da zona vermelha. Na Standard & Poor’s, a posição do país é mais preocupante: rebaixado em março, caiu de “BBB” para “BBB-“, mesma nota da Petrobras. Nessa agência, uma próxima queda conduziria o país para “BB+”, primeiro nível do grau especulativo. Foi o que já fez a agência britânica Economist Intelligence Unit na semana retrasada:  o rebaixamento, de BBB para BB, lançou o Brasil no grupo dos potenciais caloteiros.

Não obstante, naquele espetáculo de pornografia desta segunda, Lula vituperou contra a investigação e contra a imprensa e conclamou João Pedro Stedile a pôr seu exército na rua — sim, ele empregou a palavra “exército”. Aquele que a ex-filósofa Marilena Chaui disse “iluminar o mundo” quando fala ainda encontrou tempo para especular sobre a situação no Iraque. E disparou: “Já tem gente lá com saudade do Saddam Hussein, porque no tempo dele se vivia em paz”.

Lula, este celerado, tem uma noção muito particular de paz. Pelo menos 300 mil pessoas, árabes, foram assassinadas pelo regime de Saddam. Nessa conta, não estão pelo menos 100 mil curdos, vítimas dos gases mostarda, sarin e abun. É o que Lula chama de “viver em paz”.

Foi o regime criado por esse cara que quebrou a Petrobras. Agora os brasileiros começam a pagar a conta de sua irresponsabilidade, de sua ignorância e de sua estupidez.

Por Reinaldo Azevedo

 

Preparado para ‘guerra’, Lula ataca a semântica,

no blog de Josias de Souza, do UOL

Lula foi ao Rio de Janeiro na noite desta terça-feira para estrelar um “ato em defesa da Petrobras”. Ao discursar, fez o que os presidentes americanos costumam fazer quando precisam unir a nação em seu apoio: declarou guerra ao inimigo. “Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também.'' Provou que falava sério. Armado do microfone, fez sua primeira vítima. Fulminou a semântica.

Ao insinuar que a Petrobras virou escândalo pelas mãos de uma “elite que não se conforma com a ascensão dos mais pobres”, Lula deixou claro que o Brasil vive uma crise de significado. Mostrou que a crise é terminal ao dizer que irá às ruas para “defender a Petrobras e a reforma política”. Considerando-se que o orador avalizou as nomeações dos petrogatunos e governou por oito anos com o apoio de sarneys, renans, collors e malufs, fica claro que o vocábulo “significado” perdeu o significado.

O correto, se as palavras ainda valessem alguma coisa, seria Lula pedir perdão por ter levado a Petrobras ao balcão da baixa política. Mas como qualquer coisa quer dizer qualquer coisa, Lula chama o crime de “caca” e sai de fininho: “Que vergonha eu posso ter se, no meio de uma família de 86 mil pessoas, uma pessoa comete um erro, faz uma caca. […] Não podemos jogar a Petrobras fora por causa de meia dúzia de pessoas ou 50 pessoas.''

O razoável, se a semântica não estivesse na UTI, seria Lula expiar o pecado de ter deflagrado a sangria que levou a Petrobras a perder o grau de investimento que fazia dela um porto seguro para quem quisesse investir. Mas como nada mais quer dizer coisa nenhuma, na hora em que a agência Moody’s dava a má notícia, Lula jactava-se: “Tenho orgulho da maior capitalização do capitalismo mundial, que foi a capitalização da Petrobras, que se tornou uma das empresas mais importantes do mundo.”

Lula sustenta que “eles” —eufemismo para FHC e a mídia golpista— “continuam fazendo hoje o que sempre fizeram antes. A ideia básica é criminalizar antes, tornar bandido antes de ser investigado e julgado.” Pessoas que não sabiam de nada, como ele e Dilma, são tratadas com base na “tal da teoria do domínio do fato. […] É o pressuposto de que a mãe tem que saber que o filho é drogado ou não foi bem na escola e o boletim dele está ruim.”

Para não dizer que Lula é um cínico, deve-se deduzir que ele é apenas mais uma vítima da crise de semântica. Alguém que chama o mensalão de fábula tem imunidade para comparar ladrões a filhos desgarrados e seus padrinhos a mães relapsas. É isso ou Lula adotou para se isentar de responsabilidade o velho adágio segundo o qual não se faz omelete sem quebrar os ovos. A frase aniquila qualquer princípio ético. Mas absolve tudo, do “Paulinho” manejando contratos ao Vaccari operando a caixa registradora.

Lula aconselhou Dilma Rousseff a levantar a cabeça. Apresentou-se como exemplo: “Sou filho de uma mulher analfabeta, de um pai analfabeto. E o mais importante legado que minha mãe deixou foi o direito de eu andar de cabeça erguida. E ninguém vai fazer eu baixar a cabeça neste país. Honestidade não é mérito, é obrigação.”

É reconfortante saber que Lula não perdeu a fronte alta que traz do berço. Com alguma sorte, ainda vai cruzar com um espelho qualquer hora dessas. E talvez perceba que a crise semântica fez dele um personagem sem nexo.

 

Abre-te, sésamo! Os 40 ladrões organizam manifestação em defesa do tesouro roubado e escondido na caverna. Somos Ali Babá e vamos vencê-los

A turma costuma confundir as coisas e transforma Ali Babá no chefe dos 40 ladrões. Não! Ele era um adversário da bandidagem, né?, e os venceu, com a ajuda da solerte Morgiana.

Os 40 ladrões estão inquietos. Reivindicam o direito de continuar a assaltar os pobres e a encher a caverna do que não lhes pertence.

Nessa releitura, os 40 ladrões não serão vencidos por um homem, mas por milhões. Nós somos o Ali Babá dos 40 ladrões.

Abre-te, sésamo!

Por Reinaldo Azevedo

 

Em fevereiro de 2003, a inflação alta refletia as incertezas sobre governo Lula; em 2015, a inflação alta reflete as certezas sobre o governo Dilma

O IPCA-15, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15, tomado como uma prévia da inflação oficial, alcançou 1,33% em fevereiro, depois de uma elevação de 0,89% em janeiro. É a maior taxa mensal desde fevereiro de 2003, quando chegou a 2,23%. A economia, há 12 anos, refletia, então, as incertezas sobre o governo Lula. Agora, reflete as… certezas sobre o governo Dilma. Que bom, né? O PT é o caminho mais longo e penoso entre o baixo crescimento com inflação alta e… o baixo crescimento com inflação alta.

A gente pode dar uma de Poliana lesa e comemorar. “Ah, sabe o que foi? É que o grupo Transporte pesou demais, com o reajuste dos ônibus. Ele responde por 0,37 ponto percentual desse 1,33%. E há também o grupo Energia, que responde por 0,23 ponto percentual. Sabem como é… Coitada da Dilma! Teve de baixar o tarifaço… Se a gente tira esses dois itens, a elevação cai para 0,73%…”

Bem, 0,73% já não é número que se comemore, como sabe qualquer pessoa prudente. Mas o raciocínio é supinamente estúpido porque cada mês tem a sua própria agonia, não é? Eu sempre parto do princípio de que, se a gente tirar as más notícias da realidade ruim, ela, então, fica boa. Ora…

De resto, há que notar que transporte e energia tiveram de incidir ao mesmo tempo na inflação por causa de barbeiragens feitas anteriormente nos dois setores, por obra, sim, do governo federal. No caso da energia elétrica, dispensam-se explicações. No dos transportes, é preciso lembrar que o governo federal pressionou os prefeitos a represar as tarifas no ano passado para… conter a inflação. Adiantou?

Foram duas das “escorregadinhas”, como disse Joaquim Levy, dadas pelo governo Dilma. Ah, sim: esse tipo de inflação não se corrige com elevação da taxa de juros.

O PT chegou lá: recessão, inflação nas estrelas e juros na estratosfera. Tem o seu charme. É preciso ser singularmente incompetente para obter esse resultado.

Por Reinaldo Azevedo

 

O vídeo que exibe amostras da repressão selvagem a opositores do regime chavista enquanto Lula bajula Maduro escancara o sonho do velho comparsa: transformar o Brasil numa Venezuela mais cafajeste

Atualizado às 22h00

O vídeo começa com um trecho do Jornal da Globo deste 19 de fevereiro. “Agentes de segurança do governo de Nicolás Maduro na Venezuela prenderam de forma que equivale a um sequestro o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, um dos principais líderes da oposição”, informa o jornalista William Waack. “Homens fortemente armados do Serviço Boliviariano de Inteligência Nacional invadiram o gabinete do prefeito e o levaram, sem mandado judicial e sem explicar os motivos da prisão”.

Mesmo prejudicada pela distância que separa a câmera do fato, a sequência de imagens confirma a narrativa — subitamente interrompida pela aparição na tela do ex-presidente Lula. Caprichando na pose de quem contempla a olho nu um  candidato à canonização, o palanque ambulante faz uma escala na TV venezuelana para ajudar o comparsa Nicolás Maduro a manter o emprego de presidente.

“Maduro destacou-se na luta pela construção de uma América Latina mais democrática e solidária”, começa outro ataque pelas costas à decência e à verdade. O som da sabujice entra em colisão frontal com o que se vê: tropas mobilizadas pelo governo esbanjam brutalidade na missão de reprimir manifestações de rua contrárias ao regime bolivariano.

Enquanto a voz roufenha bajula o herdeiro do “nosso querido e saudoso amigo Hugo Chávez”, milícias paramilitares, bandos de policiais e pelotões do Exército protagonizam ataques selvagens a opositores de Maduro. “Os dois compartilharam as mesmas ideias sobre os destinos do nosso continente”, segue em frente o palavrório sabujo. O dinheiro do petróleo foi usado para melhorar a vida dos pobres, exemplifica Lula.

Conversa de 171, não para de berrar o escândalo do Petrolão. Lá como aqui, o dinheiro do petróleo foi usado para promover a milionários os donos do país, ampliar a fortuna dos cúmplices, bancar campanhas eleitorais, financiar a miragem do partido único, irrigar contas bancárias em paraísos fiscais e patrocinar o sonho da eternização no poder, fora o resto.

Maduro jura que anda vendo Chávez em forma de passarinho. Se Lula também for apresentado à versão alada do parceiro morto, o que parece apenas uma façanha póstuma do bolívar-de-hospício talvez seja um providencial conselho aos amigos vivos demais: cuidado com a gaiola.

(por Augusto Nunes)

‘Este país não era assim’: crônica de uma fila na Venezuela

Publicado no Estadão

Pessoas fazem fila para comprar comida em um supermercado de San Cristobal, sudoeste de Caracas (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Pessoas fazem fila para comprar comida em um supermercado de San Cristóbal, sudoeste de Caracas (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

VALENTINA OROPEZA

Sentado em uma cadeira dobrável para suportar a espera na fila na frente de uma farmácia em Caracas, Hernando lamenta a escassez. “Esse país não era assim. Antes tínhamos liberdade para comprar, investir e crescer”, afirmou. Há meses, filas longas, lentas e tensas antecedem a compra de produtos escassos como leite, café, fraldas, sabão em pó ou xampu.

O governo de Nicolás Maduro diz que o desabastecimento é consequência de uma “guerra econômica” dos empresários contra a sua gestão, por meio da especulação.

» Clique para continuar lendo

“Ato em defesa da Petrobras” no Rio enxerga a mão diabólica do “interesse estrangeiro” se aproveitando da Operação Lava Jato. Eu também defendo a Petrobras — para tanto, gostaria que, um dia, ela ficasse longe da mão podre do Estado

petroleiros foto fup

Manifestação promovida pela CUT “em defesa” da Petrobras diante da sede da empresa, no Rio. A de hoje está ocorrendo na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no centro da capital fluminense (Foto: Federação Única dos Petroleiros)

Formidável esse ato que começou agora há pouco, no Rio, “em defesa da Petrobras”, promovido pela Federação Única dos Petroleiros, apoiado por uma plêiade de personalidades “de esquerda” e com a anunciada — e inevitável — presença do Grande Embusteiro, o ex-presidente Lula.

Aliás, começou já com troca de insultos e sopapos entre “defensores” da Petrobras e manifestantes que querem o impeachment da presidente Dilma, diante da sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em cujo auditório se realiza o evento. (Leia sobre isto aqui.)

A FUP pôs a circular um manifesto, intitulado “Defender a Petrobras é defender o Brasil” cujo texto aprova e apoia, formalmente, a operação Lava Jato da Polícia Federal, que desvendou a maior roubalheira de dinheiro público da história do país. (Leia a íntegra aqui.)

Mas coloca tantos senões ao andamento do caso e, sobretudo, à cobertura da imprensa, que consegue enxergar uma vasta conspiração diabólica por detrás de tudo de que o país tem tomado conhecimento.

O texto ressuscita o fantasma de “interesses externos” querendo desmoralizar a Petrobras, vê no horizonte o projeto de atentar contra a “soberania” do país, divisa o desejo de um suposto “favorecimento” a “fornecedores estrangeiros” — e por aí vai, no tom “antiimperialista” típico dos anos 60 e 70.

Pois bem, modestamente, deste pequeno espaço — em que um entre milhões de palpiteiros dá seu recado pela web — eu proclamo solenemente que também sou a favor da Petrobras.

Inteiramente a favor, dos pés à cabeça.

Tanto sou a favor que acho indispensável tirá-la, um dia, das mãos podres do Estado — de um Estado, como o brasileiro é pesado demais, gordo demais, incompetente, corrupto e que não está a serviço da sociedade, como deveria, mas antes suga-a impiedosamente em favor de uma minoria que o controla e dele se aproveita de forma sistemática e desbragada.

O Estado foi concebido como uma construção jurídica para organizar, disciplinar e servir à sociedade, cumprindo tarefas como a defesa nacional, a representação do país perante a comunidade internacional, a sustentação e sanidade da moeda, a promoção da segurança dos cidadãos, o estabelecimento da Justiça, o fornecimento de educação e saúde de qualidade e outras tarefas consideradas típicas.

Confusão entre petistas e grupo a favor do impeachment de Dilma marca o início do ato

Confusão entre petistas e grupo a favor do impeachment de Dilma marca o início do ato “em defesa” da Petrobras, próximo à sede da Associação Brasileira de Imprensa, no centro do Rio (Foto: Juliana Castro/O Globo)

O Estado produtor — de aço, de petróleo, do que seja — só pode ser concebido como algo temporário e eventual, nos casos em que a verdadeira criadora de riqueza, a iniciativa privada, não consegue atingir objetivos considerados fundamentais para a nação.

Mesmo o Estado diretamente provedor de serviços como transporte coletivo e infraestrutura (saneamento básico, aeroportos, portos, ferrovias, rodovias) já foi reciclado, em países mais adiantados do que o nosso, por um Estado que REGULA e FISCALIZA essas atividades, de forma a atender ao interesse público, deixando à iniciativa privada, que é mais competente e mais eficiente, a realização das respectivas obras e, posteriormente, a operação direta dos serviços.

No Brasil, a loucura estatizante, que chegou ao paroxismo durante a ditadura militar (1964-1985), levou o governo em seus diferentes níveis a ser responsável, direta ou indiretamente, por atividades como montagem de automóveis e caminhões, a industrialização de alimentos, a gestão de empresas aéreas, a atividade petroquímica, operação de bancos comerciais, de corretoras de papéis, de empresas gestoras de mão de obra etc etc etc… e, na medida que o BNDES assumia diretamente a gestão de empresas falidas a quem fizera empréstimos, até o grotesco de fabricar calcinhas e sutiãs.

Defendamos, então, a Petrobras — antes de mais nada, clamando para que a Operação Lava Jato chegue até o fundo nas investigações, que estas sejam levadas a juízo, que os responsáveis pela ladroagem sejam severamente punidos, que o Ministério Público lute sem tréguas para que a maior parte possível do dinheiro desviado ou superfaturado volte aos cofres da empresa.

Mas sem perder de vista o fato de que, ao longo de sucessivos governos, a empresa estatal é um ninho poderoso, quase inexpugnável de corporativismo, trabalha em primeiro lugar e acima de tudo pelo bem-estar de seus funcionários — houve época em que a empresa depositava no fundo de pensão dos servidores dez vezes mais do que era recolhido pelo próprio interessado –, tem servido de cabide de empregos para políticos no desvio e cupinchas de todo gênero, tem sido manipulada para fins políticos e tem sido utilizada aberta e declaradamente para mascarar a inflação, com manipulação de preços de seus produtos.

E sem deixar de pelo menos refletir no fato de que, longe da mão podre e viciada do Estado, ela poderia tornar-se, verdadeiramente, um gigante — sem pés de barro.

(por Ricardo Setti)

 

 

 

 

 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Jorge Humberto Colnaghi Vargas Goiânia - GO

    Este é o jeito PT de governar... Juntam-se a uma escória de gente que não tem nada a perder e infernizam a vida de todos os Brasileiros. FORA PT, FORA DILMA, FORA LULA. Quem não tem competência não se estabelece.

    0