FMI antevê o fundo do poço do país sob o PT: recessão neste ano de 3,5% e crescimento zero em 2017

Publicado em 19/01/2016 20:15
Segundo as projeções, o Brasil terá desempenho neste ano e no próximo bem abaixo da média dos emergentes e da economia mundial. Os primeiros devem crescer 4,3% e 4,7%, respectivamente, em 2016 e 2017. A segunda deve se expandir 3,4% e 3,6% (por REINALDO AZEVEDO)

Dilma Rousseff conseguiu. As projeções para a economia brasileira só pioram. Agora é o Fundo Monetário Internacional que já estima a recessão deste ano perto dos 4%. Para o ano que vem? Crescimento zero. E olhem que o FMI não era o mais pessimista.

A instituição divulgou nesta terça um relatório chamado Panorama Econômico Mundial, que traz o desempenho das economias dos principais países do mundo. E o cenário não poderia ser pior para o Brasil, que teve todas as projeções revisadas para baixo.

O Fundo indicou que o PIB brasileiro deve ter sofrido uma retração de 3,8% em 2015. Para 2016, os números do país sofreram um tombo ainda pior. Em outubro do ano passado, o FMI estimava recessão de 1%; hoje, é esperado um índice de 3,5%. Para 2017, a aposta é de estagnação, com crescimento zero. No último relatório, a projeção era de alta de 2,3% do PIB. Entre as principais economias do mundo, o Brasil é o país com pior desempenho.

 

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Segundo as projeções, o Brasil terá desempenho neste ano e no próximo bem abaixo da média dos emergentes e da economia mundial. Os primeiros devem crescer 4,3% e 4,7%, respectivamente, em 2016 e 2017. A segunda deve se expandir 3,4% e 3,6%.

A Rússia, outro emergente que teve recessão em 2015, deve sair do buraco. Depois de encolher em ritmo semelhante ao do Brasil no ano passado, com queda do PIB de 3,7%, o FMI estima que, neste ano, o país deve ter retração de 1% e voltar a crescer no ano que vem, com previsão de alta de 1%.

O Fundo destaca que a recessão “mais longa e mais profunda que o previsto” no Brasil vem sendo causada pela incerteza política e pelos desdobramentos das investigações de corrupção na Petrobras.

 

Prestes a fazer besteira e a elevar de novo os juros, BC diz que levará em conta relatório do FMI (por REINALDO AZEVEDO)

Logo depois da divulgação do documento do FMI, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse, por meio de nota, que considera “significativas” as revisões para baixo das expectativas sobre a economia brasileira e que todas as informações serão levadas em conta nas decisões do Copom, o Comitê de Política Monetária.

O encontro do comitê começou nesta terça-feira. Amanhã, a diretoria divulgará a decisão sobre a taxa básica de juros. Os analistas de mercado acreditam em alta da Selic, que atualmente está em 14,25% ao ano, para tentar controlar a inflação, que está acima de 10% no acumulado de 12 meses.

Pois é… Que pense bem mesmo. A alta da Selic não vai produzir efeito nenhum sobre a inflação, lamento! Vai apenas aprofundar a recessão. Chegamos ao ponto em que a política monetária começa a ser irrelevante.

 

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Ou o Brasil resolve o nó fiscal — e o governo corta para valer os seus gastos —, ou não saímos do atoleiro.

 

As ações da Petrobras derretem. Além da corrupção, empresa é um emblema da improbidade administrativa

Em matéria de Petrobras, parece que nem o fundo do poço é o limite, não é mesmo? Nesta segunda, os papéis da empresa levaram um novo tombo: as ações preferencias caíram estupefacientes 7%, sendo negociadas a R$ 4,80. Corrigido o valor pela inflação, é o menor patamar desde 1999. Em termos nominais, volta a novembro de 2003. Em 18 dias de janeiro, as ações derreteram espantosos 27%.

O preço do petróleo é o grande vilão do momento, sem dúvida. O barril foi negociado nesta segunda a US$ 28 em Londres. Ocorre que isso acontece naquele que deve ser o pior momento da história da companhia. E quem levou a estatal para o abismo não foi o mercado internacional de petróleo, mas o mercadão nacional da política doméstica. Quem está destruindo a maior estatal brasileira sãos os governos petistas.

 

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O petróleo a esse preço — e há quem tema que a desaceleração da China possa levar o barril para perto de US$ 20 — torna antieconômica até a extração em águas rasas. Imaginem, então, o desastre que representa para o pré-sal.

Não há uma só boa notícia para a Petrobras. A pressão cambial coloca a companhia, altamente endividada em dólar, numa situação muito difícil. O plano de desinvestimento da empresa afugenta os investidores. Se o Brasil, mergulhado em seu segundo ano de recessão, é um retrato da era petista, a Petrobras se transformou na cloaca do partido. Ali todos os vícios do petismo se estreitaram num abraço insano: incompetência, nacionalismo xucro, corrupção, aparelhamento, compadrio, megalomania, politicagem…

Se Dilma é, sim, em grande parte culpada pelo desalento em que está o país — e é, em razão de suas escolhas erradas —, no que diz respeito à empresa, a responsabilidade é inteiramente sua. Desde 2003, ela se pôs como a czarina do setor energético, primeiro como ministra das Minas e Energia; depois, como chefe do PAC; na sequência, como presidente da República.

Não deixa de ser emblemático que tanto a Petrobras como o setor elétrico atravessem um momento periclitante. Essas foram as duas áreas às quais Dilma dedicou especial atenção. O resultado está aí, aos olhos de todos.

O PT é uma piada macabra. A Petrobras foi um cavalo de batalha do partido em pelo menos três disputas eleitorais: 2002, 2006 e 2010. E a legenda conseguiu levar todo mundo no bico — inventando, inclusive, que os adversários queriam privatizar a estatal. Infelizmente, não era verdade. Em 2014, quando a companheirada ensaiava, mais uma vez, inventar que a empresa estaria sob a ameaça se a oposição vencesse, veio à luz a Lava Jato. E todos vimos para que servia a Petrobras.

Durante a definição do marco legal do pré-sal, Lula veio com a bobagem de que aquele era o bilhete premiado do Brasil. Eis aí: a Petrobras era, sim, um bilhete premiado. Para a quadrilha.

Além das questões criminais, a Petrobras é um caso escancarado de improbidade administrativa. E, como a gente vê, até agora, ninguém responde por isso.

 

Haddad quer impedir motorista de táxi de debater com o passageiro política, futebol e religião

Está com vontade de discutir matemática pura, leitor? Filosofia? Engenharia genética? Então o seu lugar é o táxi. Especialmente depois que o prefeito Fernando Haddad resolveu rasgar a Constituição e instituir a censura. Já chego lá. Os motoristas de táxi de São Paulo terão de fazer um curso de oito horas. E o dito-cujo tem uma grade curricular obrigatória. É preciso passar por ela pra obter o Condutax.

Numa sociedade que caminha, felizmente, para a descontração — o que não quer dizer, obviamente, dispensar trajes mais solenes para ocasiões igualmente solenes —, parece que os taxistas estão condenados a ser a nossa reserva de rigor. Já chego lá. Quero voltar à Constituição.

 

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O Item VI do curso está assim redigido:
“Evitar polêmicas ou situações que provoquem estresse no passageiro em virtude de:
a: paixões esportivas;
b: convicções partidárias;
c: fé e cultos religiosos;
d: opções de comportamento pessoal;
e: não tratar de problemas particulares nem da categoria.  

Entenderam? Haddad quer suspender para o motorista de táxi os direitos assegurados pelo Inciso IV do Artigo 5º da Constituição — “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” — e o Parágrafo 2º do Artigo 220: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.

Quer dizer que acabou de entrar num táxi e debater política com o motorista? Ficarão eles proibidos de passar pela buraqueira da cidade e dizer: “Esse prefeito só se preocupa com bicicleta; olhem como está isso!”. Não mais poderão se orgulhar de seus filhos (“problemas pessoais”). Se o meu Corinthians vencer o Palmeiras do condutor do bólido, não posso fazer uma piada — ou, vá lá, ele comigo, na hipótese de vitória do Verdão?

Motoristas não mais poderão pendurar um santinho ou um rosário no carro porque, sabem como é?, isso poderia ofender os cultores de outra fé e os ateus militantes.

Nesta segunda, um motorista de táxi chamado Jorge me levou da Avenida Paulista até a Editora Abril. Quando entrei no carro, ele estava ouvindo o programa “Os Pingos nos Is”, que ancoro na Jovem Pan. Era a reapresentação, que vai ao ar a partir das 20h. Ele também atestou que o programa é um sucesso, mas disse que já houve passageiros petistas que pediram para que ele desligasse o rádio, irritados com o que ouviam. Ok. É do jogo. Negociação.

Há, sim, no tal curso orientação de bom senso, como evitar cheiros desagradáveis de suor, cigarro e perfumes muito marcantes. Faz sentido. Mas há tolices autoritárias, como proibir um motorista de usar “camisas com estampas”…

Mas só mesmo a tara esquerdopata, que tem a ambição de regular o que dizer, o que pensar e a quem querer — como numa antiga canção —, poderia ousar impor a censura dentro dos táxis. São mais de 30 mil na cidade de São Paulo. Acho que o prefeito pretende que os taxistas não comentem com os passageiros o seu notável legado.

A Prefeitura pode, sim, impor normas para o exercício de determinadas profissões — até essa ridicularia de proibir camisa estampada. Mas, obviamente, não tem poder para regular a conversa entre indivíduos. Aí e a Constituição que não deixa. Uma coisa é impor um código de conduta e até de vestimenta para determinada profissão. Outra, muito distinta, é querer cassar garantias constitucionais.

Parece uma coisa menor? Não! Não é! A Prefeitura que, amiúde, tem condescendido com baderneiros quer meter o nariz numa conversa entre indivíduos? Ora, Haddad! Vá procurar serviço.

 

Desaprovação de Haddad complica plano do PT, por Josias de Souza (do UOL)

Com o prestígio devastado pelo surto de corrupção e pela impopularidade de Dilma Rousseff, o PT não espera muito das urnas municipais de 2016. Mas a direção da legenda ainda cultiva a pretensão de obter na cidade de São Paulo uma vitória capaz de compensar as derrotas que decerto colecionará ao redor do país. Entretanto, pesquisa do Ibope divulgada nesta terça-feira revela que a reeleição do prefeito paulistano Fernando Haddad está longe de ser uma prioridade do eleitorado.

Acentuou-se a desaprovação à gestão de Haddad na prefeitura de São Paulo. Subiu de 40% para 56% o contingente de eleitores que avaliam o desempenho da prefeitura petista como ruim ou péssima. Apenas 13% dos entrevistados afirmam que Haddad faz um governo ótimo ou bom. A nove meses da eleição, o prefeito está quase tão impopular quanto Dilma, cuja taxa de aprovação gira ao redor de 10%.

Haddad dispõe de pouco tempo para recuperar sua imagem. E seria temerário contar com a repetição de um fenômeno de 2012. Há quatro anos, Lula retirou Haddad da poltrona de ministro da Educação e atravessou-o no caminho de Marta Suplicy. Depois de impor o candidato, Lula carregou-o nos ombros até a eleição. Hoje, Marta se equipa para concorrer à prefeitura pelo PMDB e Lula já não dispõe do mesmo prestígio. De resto, o soberano petista tem outras prioridades.

Submetido ao risco de se tornar um investigado formal, Lula parece mais preocupado com o reforço do seu time de advogados do que com a estratégia eleitoral do PT. A Lava Jato empurrou Lula para a defensiva. Haddad terá de fazer campanha com as próprias pernas. Ou leva realizações à vitrine ou dificilmente sairá das urnas como uma exceção em meio ao provável fiasco petista.

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veja.com + UOL

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