Milena Teixeira e o marido são a cara e os restos do governo degenerado em seus últimos dias

Publicado em 28/04/2016 19:30
Por VALENTINA DE BOTAS, no Blog de AUGUSTO NUNES (EM VEJA.COM)

Numa entrevista à Folha, foi perguntado a Fernando Henrique Cardoso se era justo destituir “uma mulher honesta”. A pergunta afirma que Dilma Rousseff é honesta, numa das ramificações débeis dos defensores da presidente. É possível contrapor perguntando se é justo manter no governo uma mulher (já que é de mulher e de justiça que os repórteres quiseram tratar, e não de lei e governantes independentemente de gênero) que cometeu crimes em tal sequência e com tal repercussão dramática para o país que, compelida pela honestidade em reconhecer o mal que fizera e aprofundava, uma mulher honesta já teria renunciado.

Milena Teixeira, a primeira primeira-dama-do-turismo da história, é contra o impeachment e declarou que não está tirando “a roupa para aparecer, estou usando isso para chamar a atenção sobre o que tenho para dizer. O povo brasileiro dá mais atenção a uma bunda de fora do que para o que precisamos realmente dar atenção”. A pouca ou nenhuma repercussão do que tem para dizer revela que a inegável eficácia em chamar a atenção é inversamente proporcional à de se fazer ouvir, numa evidência de que as fotos de Milena Teixeira contrastadas ao pensamento dela atestam que a ciência política perdeu uma grande miss bumbum.

Felizmente, nem só de cientistas políticos se faz um país, não é mesmo? A moça tem atitude: esperou sete horas, num evento em 2013, em Salvador, para conhecer o jeca. “Ele me deixou sem ar”, suspirou então. Assim, a Secretaria Especial da Mulher preferiu não se pronunciar quanto às sugestivas fotos autopromocionais num prédio público, o gabinete do marido-da-primeira-dama-do-turismo. Diferentemente de quando Iriny Lopes, à frente do órgão, denunciou ao Conar o “sexismo atrasado” de uma propaganda de lingerie em que Gisele Bündchen aparecia, ora essa!, de lingerie para comunicar ao marido que batera o carro novamente.

O maridão diante da mulher linda, nem ligou, afinal, se estivesse preocupado com o carro teria se casado com, sei lá, o Lewis Hamilton. A amargura com a liberdade e o impulso de estatizar o tesão alheio impediram Iriny de achar outra coisa com que se ocupar num país envergonhado pela prostituição de meninas. De resto, a ampla falta de decoro, de cultura também política e de noção de Milena é compatível com a da presidente no governo dos últimos dias.

Entre o primeiro ministro do turismo de Dilma, Pedro Novais (PMDB-MA) – aquele deputado do baixo clero que pagara com verba parlamentar uma noitada num motel e renunciou ao cargo de ministro depois de denunciada fraude num convênio para capacitação entre o ministério e o Ibrasil que não capacitou ninguém –, e o marido de Milena Teixeira, a participação do Brasil nos negócios do ramo na América Latina se limita a 7,4%, enquanto a do México é de 29,6%, conforme a Organização Mundial do Turismo. Apesar de fatores intimidantes como a ameaça de terrorismo, o turismo no mundo cresceu 3,5%; na América Latina, apenas 1,7% porque a retração do Brasil de 9,1% puxou os índices para baixo, segundo a Euromonitor International.

Milena Teixeira e o marido, um dos coordenadores das duas campanhas eleitorais da presidente e considerado seu xodó, pouco têm a ver com esse panorama porque chegaram somente agora ao governo. Injustiça reparada a tempo, pois são a cara e os restos do governo degenerado de uma mulher a serviço do qual jamais colocou a eventual honestidade.

milena - alessandro teixeira

As fotos da primeira primeira-dama-do-turismo da história, contrastadas ao pensamento dela, atestam que a ciência política perdeu uma grande miss bumbum

 

Merval Pereira: Bate o desespero

Qualquer dia a mais além dos 15 que lhe restam na presidência da República permite à presidente Dilma a chance de continuar dando vazão à sua obsessão, que é denunciar um suposto golpe de que estaria sendo vítima (em O GLOBO)

A eleição do presidente e do relator da Comissão do Impeachment no Senado serviu para confirmar que a oposição tem maioria esmagadora – o senador Antonio Anastasia, do PSDB, foi eleito por 15 a 5 – e que os governistas, à falta do que fazer para evitar o afastamento da presidente Dilma dentro de 15 dias, tentam retardar decisões com expedientes simplesmente ridículos.

O senador petista Lindberg Farias está de volta aos tempos de líder estudantil, com manobras regimentais das mais rasteiras, com o objetivo de provocar reações da oposição. O sentido desse comportamento dos senadores da situação não é outro senão ganhar tempo para que o julgamento da aceitação do processo do impeachment demore o mais possível.

Não que isso vá mudar o rumo dos acontecimentos, pois dificilmente essa maioria que já existe será desfeita, mas qualquer dia a mais além dos 15 que lhe restam na presidência da República permite à presidente Dilma a chance de continuar dando vazão à sua obsessão, que é denunciar um suposto golpe de que estaria sendo vítima.

Ela e o PT estão montando uma narrativa que dará suporte, mais adiante, à campanha que a presidente tentará organizar a partir de seu exílio no Palácio Alvorada, onde permanecerá durante seu afastamento do cargo, cuja decisão final pode se dar em até 180 dias após o impeachment ser admitido no Senado.

O projeto petista, por enquanto, é manter viva a chama da revolta contra o impeachment, mas até mesmo antes da decisão do Senado a presidente pode ser questionada no próprio Supremo por suas atitudes. Já existem parlamentares dispostos a pedir que ela seja proibida de acusar a Câmara dos Deputados de golpista, depois que a decisão oficial foi tomada pela ampla maioria de seus membros.

Continuando nessa toada, ela estará infringindo a Constituição e cometendo novos crimes de responsabilidade por tentar impedir a atuação dos poderes Legislativo e Judiciário.

Teremos, então, a tentativa petista de montar um governo paralelo a partir do Alvorada, apoiado pelos movimentos sociais. A presidente Dilma pretende inclusive ter acesso a aviões da FAB para deslocamentos pelo país, e é previsível que tenhamos uma disputa judicial em torno dos direitos e deveres de uma presidente afastada.

Provavelmente o Supremo Tribunal Federal será chamado a decidir, por exemplo, se Dilma poderá se manifestar publicamente sobre o governo do presidente em exercício Michel Temer. E se poderá criticá-lo livremente, usando imóveis do governo e utilizando-se de aviões oficiais para suas viagens políticas.

Outra questão que certamente o STF terá que enfrentar será a regulamentação das facilidades que serão colocadas à disposição da presidente afastada. Não há legislação a esse respeito, e caberá ao Supremo definir os limites de atuação da presidente nesse período de 180 dias, findos os quais ela poderia voltar ao cargo se o julgamento não estiver terminado.

Dificilmente, porém, o PT e seus cada vez menos associados partidários conseguirão retardar o processo a ponto de não estar concluído em seis meses.

Se o parâmetro for o processo de Collor, como tem sido nos ritos do Congresso, assessores próximos do então presidente quando este foi impichado relembram que lhe foi negado um imóvel oficial – pensou-se inicialmente na cessão da Granja do Riacho Fundo – e o apoio de assessores.

Collor permaneceu na Casa da Dinda, e despachava de um escritório improvisado na garagem. O processo durou em torno de quatro meses. Um futuro governo de Michel Temer terá pela frente, portanto, uma oposição minoritária no Congresso, e movimentos sociais tentando conturbar o país.

Resta saber se a disposição desses movimentos se manterá sem as verbas oficiais que os alimentam, e mais ainda se o interesse político do PT será mesmo apoiar uma presidente afastada e em julgamento. Certamente o PT e os movimentos sociais que orbitam em torno dele terão que arcar com as consequências de suas ações, pois o país está ladeira abaixo.

Caberá ao novo governo manter o apoio da maioria do Congresso para não apenas aprovar as medidas necessárias à retomada do crescimento econômico, como também mostrar-se robusto politicamente para resistir às investidas da minoria barulhenta que tentará, por todas as maneiras, colocar-lhe obstáculos.

Para resistir a esses previsíveis passos, o governo terá também que conquistar uma popularidade que hoje o vice Michel Temer não tem. E que as medidas a serem adotadas não facilitarão.

Editorial do Estadão: Só restou a truculência

A presidente Dilma Rousseff sofreu mais uma significativa derrota na tramitação do processo de impeachment no Congresso. A comissão do Senado que avalia o caso escolheu como relator o tucano Antonio Anastasia (MG), ligado ao presidente do PSDB, Aécio Neves. Os governistas tentaram de todas as formas impedir que Anastasia fosse eleito, mas o colegiado foi implacável: seu nome foi avalizado com apenas 5 votos contrários entre os 21 membros titulares, placar que reitera a galopante desvantagem de Dilma na luta contra o impeachment.

Essa desvantagem tende a crescer, porque o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em quem o Palácio do Planalto depositava a esperança de manipular o processo em seu favor, demonstrou indisposição para interferir nas escolhas da comissão e no prazo para a conclusão dos trabalhos, que a maioria oposicionista pretende encurtar.

 

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Os seguidos reveses de Dilma e do PT no campo institucional – na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal, que avalizou todo o processo de impeachment até aqui – certamente explicam o destempero do chefão petista Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou sua tropa para ir às ruas e desestabilizar um eventual governo de Michel Temer.

Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições.

Em encontro da Aliança Progressista, que reúne partidos de esquerda de várias partes do mundo, Lula disse que Dilma é vítima de “uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a agenda do caos”. Essa frase – que estava num discurso escrito, ou seja, não foi dita de forma impensada – resume o atentado que Lula da Silva e seus comparsas estão dispostos a cometer contra a democracia no Brasil.

Incapaz de reunir os votos necessários para impedir o impeachment, nem mesmo depois de tentar comprar deputados num quarto de hotel em Brasília, Lula agora desqualifica o mesmo Congresso que lhe foi tão útil nesses anos todos – e que, acima de qualquer consideração sobre sua qualidade, foi eleito pelo voto direto e, portanto, é legítima representação popular.

No discurso, Lula disse também que o impeachment é uma “farsa” que “envergonha o Brasil aos olhos do mundo”, como se a grande vergonha brasileira não fosse a devastadora corrupção capitaneada pelo PT e seus acólitos, que gangrenou as estruturas do Estado, arruinou a Petrobrás e rebaixou a política nacional a um ordinário balcão de negócios.

O que se vê é Lula fazendo o possível para ampliar essa vergonha, lançando no exterior sua campanha para desacreditar as instituições democráticas. Àqueles dirigentes partidários estrangeiros, o chefão petista disse que “em todo o mundo há vozes responsáveis alertando para os riscos de um golpe de Estado no Brasil” e pediu aos colegas que “levem a seus países a mensagem de que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”.

O problema, para Lula, é que sua voz já não tem o vigor dos tempos em que se julgava um grande líder mundial. A campanha movida por ele e por Dilma para sensibilizar governos e entidades mundo afora contra o tal “golpe” tem sido um completo fracasso.

Nem mesmo a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco de inspiração bolivariana, conseguiu aprovar alguma moção de repúdio ao impeachment.

Mas Lula não parece se importar com o vexame. “As ameaças à democracia no Brasil e na América Latina dizem respeito a toda a comunidade mundial. Dizem respeito à luta entre civilização e barbárie”, disse o líder da tigrada. Ele tem razão: hoje, mais do que nunca, é preciso defender a civilização, calçada no respeito às leis, contra a barbárie, representada pela truculência daqueles que, por não terem mais um pingo de dignidade, não sabem perder.

Eurasia vê perspectiva positiva para Brasil no curto prazo por sinalizações de Temer

A consultoria Eurasia, bastante consultada pelo mercado financeiro, elevou a perspectiva de risco político do Brasil de neutra para “positiva” no curto prazo, por conta da expectativa de um bom começo para o governo Temer.

“O vice-presidente vai anunciar um time econômico confiável assim que assumir a Presidência, muito provavelmente em 12 de maio, e rapidamente se mover no sentido de uma agenda de reformas pró-mercado”, escreveu a equipe liderada por Christopher Garman em relatório.

O apoio do Congresso ao novo governo também está por trás na mudança de visão em relação ao país, bem como “riscos mais contidos” vindos da Lava-Jato, ainda que a operação deva continuar uma ameaça à nova administração.

A expectativa da Eurasia é que Temer aprove rapidamente reformas microeconômicos, como a abertura das reservas do pré-sal para investidores estrangeiros e a autonomia do Banco Central. Quando às reformas fiscais, a expectativa é de “progressos modestos”.

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Fonte:
Blog Augusto Nunes, de veja.com

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