Ah, essa alma autoritária! Lula na sua forma de sempre…

Publicado em 02/12/2010 16:04 e atualizado em 03/12/2010 07:51

Leiam a reportagem de Tânia Monteiro, no Estadão online, sobre a entrevista concedida por Lula às rádios comunitárias. O Babalorixá de Banânia andou exagerando na banana. 

Volto em seguida.

Na entrevista a rádios comunitárias realizada na manhã desta quinta-feira, 2, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender regras de regulação dos meios de comunicação e pediu que todos os setores estejam atentos e presentes às discussões que vão se estabelecer nos próximos dois anos para a criação destes marcos. Isso para que nenhum dos lados saia beneficiado e se chegue a um bom termo no texto. Fazendo de conta que não sabe que o seu atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já foi escolhido pela presidente eleita, Dilma Rousseff, como novo ministro das Comunicações, o presidente Lula disse que ela certamente vai escolher alguém para a pasta que “tenha também uma afinidade com a necessidade de democratização nos meios de comunicação”.

No final da entrevista de mais de uma hora, um dos radialistas perguntou a Lula se ele achava que as rádios comunitárias “derrubavam avião ou tubarão”, em uma referência implícita aos grandes grupos de comunicação. Lula, então, respondeu: “Eu sinceramente não sou técnico especialista para dizer se rádio comunitária derruba avião. Obviamente que qualquer rádio que interferir no sistema do avião pode criar um problema. Mas eu acho que hoje ela preocupa muito mais o tubarão do que um avião”.

Nesta entrevista, os grandes meios de comunicação foram alvo de ataques de Lula e dos representantes das rádios comunitárias escolhidos para participar do encontro. O presidente Lula começou dizendo que “há uma briga histórica que eu considero um equívoco: os meios de comunicação confundirem uma crítica que qualquer pessoa faça a eles como um cerceamento de liberdade de imprensa. É a coisa mais absurda, mais pobre do ponto de vista teórico que conheço é alguém achar que não pode receber crítica, que são intocáveis”. Em seguida, vangloriou-se da sua relação com a imprensa, salientando que aprendeu a não se queixar, que nunca pediu para ninguém falar bem dele ou ser favorável, e que nunca ligou para ninguém para pedir para não fazer tal matéria, mas ressaltou que queria que “se fale a verdade, que fale aquilo que aconteceu”.

Monopólio
Para o presidente, “ainda há um monopólio das telecomunicações no Brasil”. Em seguida, ressalvou, se contradizendo, ao comentar que “nós avançamos no ponto de vista da democratização porque nós não temos mais o monopólio de um jornal ou um canal de TV. Está mais pulverizado e já é um sinal importante”, afirmou ele, ao lembrar que, quando chegou ao Planalto, ouviu muita reclamação porque decidiu “democratizar” e “regionalizar” a publicidade do governo quando passaram de 499 meios de comunicação que recebem dinheiro do governo para 8010. “Tinha um pequeno grupo acostumado a comer sozinho e quando você reparte, as pessoas reclamam”, comentou, dizendo que não é possível que uma pessoa no Nordeste seja obrigada a assistir a programa de São Paulo porque só tem TV parabólica. “Daqui a pouco no Nordeste, os companheiros vão esquecer de falar macaxeira e vão falar só aipim”, ironizou.

De acordo com o presidente, depois da realização da Conferência Internacional de Comunicação, em novembro, em Brasília “ficou claro pra todo mundo que, no mundo inteiro, tem regulação, que tem algum tipo de regulação (dos meios de comunicação)” e que será possível, com esta discussão, “conquistar muitas coisas na elaboração deste marco regulatório”. Segundo Lula, “o novo Ministério das Comunicações vai estar diante de um novo paradigma de discussão de comunicação”, insistindo na participação das rádios comunitárias neste debate para a elaboração do novo texto.

Comento
Lula afirmou há três dias que recebeu o governo em melhores condições do que seu antecessores. Falou besteira ao especificar a constatação óbvia: disse que FHC, por exemplo, não pôde fazer muito por causa da dívida com o FMI. Duas bobagens: 1) não havia dívida nenhuma com o FMI que impedisse qualquer ação do governo; 2) o tucano fez mais do que “muito”; fez o essencial: o Plano Real. Mesmo assim, o ex-presidente o saudou: “Bem-vindo à realidade, Lula!”. O tucano foi precipitado. Já passou. Lula está de novo no mundo da fantasia.

O mundo inteiro tem regulação dos meios de comunicação — e o Brasil também. Se precisa ser aperfeiçoada, é outra coisa. E deve ser feita fora do ambiente político para onde a conduziu Franklin Martins, com suas conferências e seus rancores. A questão passará para Paulo Bernardo, nas Comunicações? Em princípio, melhor, se é que Bernardo não vai procurar dar uma aparência de normalidade, com o seu jeito de senhorzinho cordato, a uma tentativa de intervenção autoritária no setor.

Lula é um cínico. A tal pulverização da publicidade consistiu, na verdade, em distribuição de capilé oficial para comprar apoios Brasil afora, isto sim. O único critério razoável, já que existe propaganda oficial e de estatais, é que o dinheiro seja distribuído segundo o número de telespectadores, ouvintes, leitores, internautas etc. Qualquer outra mandracaria é mera transferência de dinheiro público para particulares. O governo Lula beneficiou as empresas “jornalísticas” amigas com verba publicitária.

Quanto à pergunta sobre “avião/tubarão”, eis aí o tipo de delinqüência intelectual que Lula está estimulando e patgrocinando. Como a gente nota, ele tem dado “entrevistas” para supostos representantes das imprensa “progressista” que odeiam a “imprensa imprensa” mais do que ele próprio. Que “tubarão” foi derrubado até hoje por uma rádio comunitária? Não obstante, essa gente põe, sim, diariamente, em risco a segurança de milhares de pessoas. Com o apoio de Lula.

Por Reinaldo Azevedo

“Os meios de comunicação confundem crítica com o cerceamento da liberdade de imprensa. É a coisa mais absurda e pobre do ponto de vista teórico alguém achar que não pode receber crítica, que é intocável. Nunca pedi para ninguém falar bem de mim, nunca pedi para fazer matéria falando bem de mim. Só quero que falem a verdade”.

É o Babalorixá de Banânia falando a oito rádios comunitárias, repetindo o comportamento que teve ao conceder “entrevista” aos tais “blogueiros progressistas”.  Como se nota, além da oposição (ver posts abaixo), ele também vai se dedicar a combater a imprensa.

Sim, Lula quer que falem bem dele. Mais do que isso: seu governo premia com capilé oficial, verba publicitária, o jornalismo amigo, ainda que não tenha leitores, internautas e telespectadores. E quem faz isso acena com o contrário: pão é água para quem se atrever a ser independente.

Qual é a “verdade”?

Nos dois posts abaixo, ficamos sabendo: ele queria ver a “mídia” negando, por exemplo, a existência do mensalão! O único que estava infiltrado entre os jornalistas de respeito que se dava a tal desfrute era Franklin Martins: virou ministro. Tereza Cruvinel quase chegava lá — era da turma que sustentava que todos faziam o mesmo: virou a chefona da Lula News.

Como se nota, na imprensa ideal de Lula, a mentira é premiada.

Por Reinaldo Azevedo

A fala de Lula no Conselhão (ver abaixo), acusando as oposições de terem tentado dar um golpe em 2005 — e a mentira também é assacada contra a imprensa que não está de joelhos — é mais do que um desabafo. Trata-se de uma estratégia.

Sem mandato, procurando o que fazer, condestável da República, vai se comportar nos bastidores (tanto quanto possível) como governante de fato. Dilma procurará se confrontar com a oposição o menos possível. Se preciso, no figurino oficial, até vai dar uns puxões de orelha no PMDB, sempre muito firme e decidida, com propósitos muito retos.

A ele caberá polemizar com os “inimigos”. Dar vida à teoria do golpe é uma estratégia política para tentar limpar aquela que seria a única mancha na reputação do partido — até parece! —, manter o que resta de oposição na defensiva e acusar jogo sujo ao menor sinal de reação a eventuais medidas do governo em curso.

Em suma, trata-se de mais uma evidência de que o PT, liderando um governo com uma espantosa maioria no Congresso, não desistiu do propósito de eliminar a oposição.

Por Reinaldo Azevedo

“Eu quero agradecer àqueles companheiros que eram do Conselho, que no auge da crise de 2005, eu nunca disse isso, mas naquela tentativa de golpe que tentou se dar no Brasil, vocês permaneceram no conselho. Vocês não desistiram do conselho. Vocês não misturaram o trabalho que vocês estavam fazendo para o Brasil com a vinculação com o governo”.

É Lula durante a última reunião do ano do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a sua derradeira como presidente ao menos, exercitando a tese vigarista de que, ao apontar os crimes cometidos pelo PT durante e depois das eleições de 2002, oposições, imprensa e as pessoas decentes de modo geral tentavam dar um golpe de estado.

Falou mais, aí sobre o conselho, fraudando a história de novo:
“Houve uma certa ciumeira do Congresso Nacional que achava que a criação do conselho seria a criação de uma instância paralela para diminuir seu poder.”

A idéia inicial era justamente esta: criar uma instância paralela. É que ficou claro que o expediente não seria aceito. Inicialmente, Lula queria que o debate de uma emenda constitucional no conselho valesse por uma sessão no Congresso.

ERA UMA TENTATIVA DE GOLPE!

Por Reinaldo Azevedo

O povo sou eu

Leia editorial do Estadão:
O mesmo presidente Lula que aconselhou um repórter deste jornal a fazer psicanálise para se tratar da “doença do preconceito”, revelou ter dito de si certa vez algo que deveria levá-lo ao divã do terapeuta mais próximo. Não fosse a inconfidência, a sua grosseria com o jornalista Leonencio Nossa, baseado no Palácio do Planalto, mereceria ser largada no aterro onde se amontoam os incontáveis rompantes, bravatas e despautérios do mais prolixo dos governantes brasileiros. Mas o encadeamento das coisas obriga a revolver as palavras do presidente, em consideração ao interesse público.

As cenas constrangedoras se passaram quando Lula visitava as obras da hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, para o fechamento simbólico da primeira das 14 comportas da usina. Perguntado pelo repórter do Estado se a visita era uma forma de agradecer o apoio da oligarquia Sarney ao seu governo, ele perdeu as estribeiras. Embora o presidente do Senado seja o patriarca do clã que sabidamente controla a vida política maranhense há cerca de meio século e embora seja também notória a sua sintonia com os interesses do lulismo - e vice-versa -, Lula reagiu com indisfarçada hostilidade.

A pergunta “preconceituosa”, investiu, demonstraria que o jornalista não teria aprendido que o Senado é uma instituição autônoma e que, ao se eleger e tomar posse, todo político “passa a ser uma instituição”. “Sarney não é meu presidente”, emendou. “É o presidente do Senado deste país.” Lula domina com maestria o tipo de mentira que consiste em omitir uma parte, a mais importante, da verdade. No caso, o pacto de mútua conveniência entre ambos - que se sobrepõe ao caráter institucional das relações entre dois chefes de Poderes.

Que o diga o PT do Maranhão, obrigado este ano a desistir da candidatura própria no Estado em favor da reeleição da governadora Roseana Sarney. Foi ao pai que Lula se dirigiu em dada ocasião para transmitir uma ameaça ao Congresso. Segundo a história que o presidente contou na sua fala de improviso em Estreito, no decorrer da crise do mensalão, em 2005, pediu que Sarney advertisse os parlamentares da oposição de que, “se tentassem dar um passo além da institucionalidade, não sabem o que vai acontecer”. Porque “não é o Lula que está na Presidência, mas a classe trabalhadora”

Ou, mais precisamente, porque ele é “a encarnação do povo”. Não há o mais remoto motivo para duvidar de que isso é o que ele enxerga quando se olha ao espelho. Luiz XIV teria dito que “o Estado sou eu”. Era, de toda sorte, uma constatação política - e a mais concisa definição que se conhece do termo autocracia. Mas nem o Rei Sol, que via a sua onipotência iluminando a França, tinha a pretensão de encarnar os seus súditos. Não ousaria dizer “o povo sou eu”. Em psiquiatria há diversas denominações para o que em linguagem leiga se chama mania de grandeza.

Lula disse ainda que de início tinha medo do que lhe poderia acontecer à luz de um passado que incluía o suicídio de Vargas, a tentativa de impedir a posse de Juscelino, a deposição de Jango, a renúncia de Jânio e o impeachment de Collor. A julgar por sua versão, o migrante que passou fome e privações e refez a vida sem renegar as suas origens seria um candidato natural a engrossar a lista dos governantes brasileiros apeados do poder de uma forma ou de outra, no que seria uma interminável conspiração dos descontentes. Mas “eles”, teria dito naquela conversa com Sarney, “vão saber que eu sou diferente”.

O que espanta, além da teoria encarnatória, são as circunstâncias que levaram Lula a invocar alguns dos momentos mais turbulentos da história nacional. Em 2005, a oposição não conspirava para “dar um passo além da institucionalidade” nem o País estava convulsionado por um confronto ideológico que se resolveria pela força. Os brasileiros, isso sim, estavam aturdidos com as evidências de que o lulismo usava dinheiro que transitava pelos desvãos da política e do governo para comprar votos na Câmara dos Deputados - o mensalão. Lula não estava nem um pouco preocupado com as instituições. Queria dar dimensão histórica ao que não passava de um caso de polícia. Encarnou uma mistificação.

Por Reinaldo Azevedo

Dilma anuncia amanhã Lobão para Minas e Energia e Wagner Rossi para Agricultura

Por Natuza Nery e Márcio Falcão:

A presidente eleita, Dilma Rousseff, bateu o martelo sobre a nomeação de dois peemedebistas para seu ministério. A petista vai anunciar amanhã os nomes de Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia e de Wagner Rossi para continuar na Agricultura. Dilma oficializará, ainda, a nomeação de seu núcleo político, os ministros com assento no Palácio do Planalto: Antonio Palocci na Casa Civil; e Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral. Ainda é possível também que já formalize Alexandre Padilha para continuar no comando das Relações Institucionais, cargo também com gabinete palaciano.

No bloco de titutales que serão confirmados na sexta-feira, ainda pode integrar o deputado José Eduardo Cardozo, convidado pela presidente eleita para assumir o Ministério da Justiça. Paulo Bernardo, escolhido para as Comunicações, também pode ser apresentado na mesma data. Esta será a segunda etapa de anúncios feita na transição, já que os nomes da equipe econômica foram divulgados há oito dias. Na ocasião, foram oficializados os ministros Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central).

A decisão de já formalizar os dois nomes peemedebistas foi tomada para acalmar os ânimos do maior partido da aliança em torno da petista. A legenda, que reivindica cinco ministérios, ameaçou um motim depois que o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), apontou seu secretário Sérgio Côrtes como nome certo para o Ministério da Saúde. Como a decisão não passou pelas bancadas do PMDB no Congresso, nem pelos dirigentes partidários, houve descontentamento público e o auxiliar de Cabral acabou enfraquecido.

Para evitar crise maior, a presidente eleita teve de dizer, publicamente, que ainda não havia definido o titular da pasta.

Por Reinaldo Azevedo

Rio: uma voz sensata

Publiquei trecho de uma entrevista concedida à Folha pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio (1999/2000) e ex-secretário nacional de Segurança Pública (2003). Segundo ele, ou se equaciona o problema da corrupção policial no Rio ou nada feito! Soares é co-autor dos livros a A Elite de Tropa I e II: o primeiro está na origem do filme Tropa de Elite I, e o segundo veio a público depois do Tropa de Elite II. Vamos ver.

Não nos falamos há alguns anos já, mas considero, se ele não mudou de idéia, Soares meu amigo. É um homem inteligente, decente, sério, estudioso rigoroso das questões que envolvem a segurança pública, que não confunde o necessário cuidado com os direitos humanos, que a repressão ao crime pede, com o rigor na defesa da lei. E certamente está, no espectro ideológico, bem à esquerda deste escriba — mas, como diz um amigo em tom galhofeiro, isso não é muito difícil. Eu já pensava o que penso hoje quando falávamos amiúde. No governo Lula, onde ficou menos de um ano, tentou fazer um trabalho sério.

A edição nº 22, de dezembro de 2003, da revista Primeira Leitura traz uma longa entrevista que fiz com ele. Título da capa: “Adeus ao stalinismo”. Soares tinha pedido demissão havia pouco do cargo de secretário e anunciava seu rompimento com o PT. Na prática, foi colocado para fora do partido e do governo pela turma de José Dirceu. Sabem o que aconteceu com ele? Um dossiê apócrifo começou a circular crivado de mentiras e invencionices. Ele refez o rastro da coisa: era fogo amigo. Ainda voltarei aqui a detalhes daquela entrevista. Reproduzo só um dos destaques:

Luiz Eduardo Soares, ex-titular da Secretaria Nacional de Segurança, vitrine do governo Lula para um entendimento moderno da questão, anuncia, em depoimento exclusivo, seu rompimento com o PT, conta os detalhes sórdidos que resultaram na sua demissão e como ele se tornou alvo da máquina stalinistaque toma conta do partido, deitando sua sombra no Planalto, e relata o pouco-caso oficial com a segurança, traduzido no corte de recursos. À saída, alerta para os “os riscos autoritários de uma democracia plebiscitária”, para “as chances de que um PT obcecado pelo poder se transforme em um símile do PRI mexicano“, para “o apelo bonapartista-plebiscitário via aplicação de torniquete financeiro à mídia” e para “a imposição arguta de acuamento ao Judiciário”.

Concorde-se ou não com Soares — e temos divergências, como vocês podem supor —, ele é um analista muito agudo da realidade. Em relação ao Rio, não tenho a menor dúvida de que está certo.

Por Reinaldo Azevedo

Tento de novo; sou paciente

“O que você faria se esses vazamentos chegassem às suas mãos, com exclusividade? Publicaria ou não?” A pergunta demonstra certa incompreensão do que escrevi até agora, mas não me importo. Sou paciente e persistente. Se não pusessem a vida de pessoas em risco e se referissem a questões púbicas, a resposta é “sim”. A razão é simples: se chegaram, é porque estão na praça — já vazaram.

Isso nada tem a ver, no entanto, com as questões que abordei aqui. Não sugeri que não fosse publicados ou que fossem censurados. Estou apenas chamando a atenção para o fato de que a ética do sigilo não pode ser oposta à ética da transparência. Os dois princípios fazem bem à civilização.

Por Reinaldo Azevedo

Liberdade! “Bicicletai, seios nus!” E continuarei a dizer o que me incomoda

Todas as distopias que acenam com o horror do totalitarismo perfeito têm na “informação” a chave do sucesso — que é a desgraça da homem. E, não por acaso, em todas elas, o sigilo desaparece. O leitor que gosta de inquirir o blogueiro poderia contra-argumentar (entre muitas contestações possíveis) que, em 1984, por exemplo, de George Orwell, é o “sistema” que sabe tudo que atua contra o indivíduo, que não tem privacidade nenhuma. No caso do WikiLeaks, seria o contrário: a luta seria do indivíduo contra a máquina.

Trata-se de uma ilusão. Os indivíduos estão representados pelo governo democrático, que lida com mais variáveis do que cada um de nós isoladamente. Um sistema absolutamente transparente de tomada de decisão, em que conversas privadas fossem impossíveis, já teria levado o mundo à breca há muito tempo. Imagino os diálogos entre diplomatas americanos e soviéticos durante a chamada “crise dos mísseis” em Cuba, em 1962. Tudo às claras, os que houvessem sobrado estariam hoje lutando com paus e pedras…

Eu defendo o direito que os governos têm ao sigilo — e, obviamente, acho que eles precisam tomar o devido cuidado para mantê-lo. E censuro expedientes criminosos para quebrá-los. E isso nada tem a ver com liberdade de imprensa. Aliás, esta só existe porque assentada do direito ao sigilo da fonte. Ou alguma imprensa sobreviveria à chamada “transparência absoluta”? Imaginem um site que se dedicasse a revelar as comunicações sigilosas de jornalistas com suas respectivas fontes… O que aconteceria?

Aquilo que é busca de informação, procedimento legal e legítimo — e jornalistas são obrigados a falar freqüentemente com pessoas impróprias para consumo humano, com prazo de validade ética vencido há muito… —, poderia assumir a feição de conluio e até de crime. E sem ser. Como diria Vinicius, “bicicletai, seios nus!” Que a imprensa publique o que tiver e achar relevante. Estou cumprindo aquele que considero ser o meu papel: dado o incômodo, digo o que me incomoda. Nisso como no resto. Não será a primeira vez que expresso divergência no coro dos contentes.

Por Reinaldo Azevedo

PT vai de Sarney

A bancada do PT no Senado, incluindo os senadores recém-eleitos, se reuniu hoje e decidiu que apoiará o nome do PMDB à presidência da Casa. Ou seja, apoiará José Sarney, aquele que quanto mais diz que não quer reeleger-se, mais todos sabem que quer.

Por Lauro Jardim

Efeito câmbio - Setores da indústria enfrentam retração

Por Raquel Landim e Jacqueline Farid, no Estadão:
A concorrência dos produtos importados já começa a afetar o ritmo da indústria brasileira. Alguns setores estão “devolvendo” os ganhos obtidos após o fim da crise e retomam patamares de produção similares aos de agosto de 2009. Levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), obtido pelo Estado, aponta queda na produção de vários segmentos: alimentos, bebidas, têxtil, calçados, máquinas, aparelhos elétricos e eletrônicos, móveis, entre outros.

“A única razão que podemos identificar é o câmbio valorizado, já que as vendas no varejo estão crescendo”, disse Rogério de Souza, economista do Iedi. Ele descartou a possibilidade de a queda na produção ser resultado apenas de acúmulo de estoques. O desempenho geral da indústria ainda é garantido pelos bons resultados dos automóveis e das motocicletas. A produção industrial subiu 0,4% em outubro em relação a setembro, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De janeiro a outubro, o setor acumula expansão de 11,8% em relação a igual período de 2009, o melhor resultado em 20 anos. Os economistas, no entanto, ressaltam que a base de comparação é baixa. A produção de bens de capital caiu no mês passado sob efeito das importações. O técnico da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, avalia que o menor ritmo de crescimento da produção industrial, em curso desde o segundo trimestre, reflete “o maior nível de importações nos últimos meses, estoques elevados em alguns setores, exportações crescendo de forma mais tímida e paralisações do setor de petróleo”.

Conforme o estudo do Iedi, a produção do setor têxtil, por exemplo, cresceu 11% no período de recuperação da crise, entre agosto de 2009 e março de 2010. Em compensação, caiu 10,4% entre abril e outubro deste ano. “Os preços do algodão atingiram os patamares mais altos dos últimos 140 anos, pressionando os custos em um momento de forte concorrência da China”, explica Aguinaldo Diniz, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). “O varejo vai ter um Natal melhor que a indústria”, completou.

Nos equipamentos de informática, a situação é ainda mais complexa. A produção do setor cresceu 9,5% na saída da crise, mas já caiu 15,8% entre abril e outubro. Em máquinas e aparelhos elétricos, praticamente empatou: a produção do setor cresceu 13,6% entre agosto de 2009 e março deste ano, mas caiu 12,6% entre abril e outubro. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (Veja)

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