CNC: Segundo Cooxupé, déficit hídrico é impróprio para café no Sul de Minas

Publicado em 24/10/2014 10:28 e atualizado em 24/10/2014 10:58

Nesta semana, a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) – associada ao CNC – divulgou boletim a respeito dos déficits hídricos acumulados nas estações meteorológicas que monitora. O anúncio mostrou que a deficiência de água acumulada em 2014, até 20 de setembro, é de 275,2 milímetros em Alfenas; 359,8 mm em Campos Gerais; 303,7 mm em Carmo do Rio Claro; 291,4 mm em Coromandel; 224,6 mm em Guaxupé; 391,9 mm em Monte Carmelo, 305,6 mm em Rio Paranaíba; 286,7 mm em São José do Rio Pardo; e 225,1 mm em Serra do Salitre.

Os índices apresentados são preocupantes, haja vista que as normas do zoneamento agrícola da cafeicultura indicam que áreas com déficits hídricos superiores a 150 milímetros não são aptas para a atividade sem irrigação, pois as lavouras terão produtividades muito baixas. O Conselho Nacional do Café recorda que esse cenário vem ao encontro do apresentado pela Fundação Procafé em nossos boletins anteriores, nos quais foi relatado que os cafezais estão com baixo enfolhamento e apresentam “murchamento”, indicando possibilidade de perdas relevantes na safra 2015.

MERCADO — Apesar desse contexto, com o início das chuvas sobre as regiões produtoras brasileiras, o mercado futuro do café arábica desvalorizou-se nesta semana. A frente fria que alcançou o Sudeste do Brasil deixou o tempo nublado e ocorreram precipitações isoladas em algumas áreas cafeeiras.

A Somar Meteorologia informou que as chuvas registraram baixo volume acumulado e se concentraram principalmente sobre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo a entidade, uma nova frente fria trará mais chuvas para áreas de café do Sudeste neste final de semana.

Embora os especialistas considerem que parte dos danos causados pela estiagem aos cafezais seja irreversível, a chegada das chuvas motivou os fundos de investimento a ajustarem o elevado saldo líquido comprado no mercado futuro e de opções de café arábica da ICE Futures US.

Com isso, o vencimento dezembro do Contrato C, negociado na Bolsa de Nova York, encerrou a sessão de quinta-feira a US$ 1,933 por libra-peso, acumulando perdas de 1.735 pontos na semana.

Os futuros do café robusta, negociados na ICE Futures Europe, também apresentaram tendência de queda. O vencimento janeiro/2015 foi cotado, ontem, a US$ 2.022 por tonelada, registrando desvalorização de US$ 107 em relação ao fechamento da última sexta.

O mercado cambial brasileiro seguiu influenciado principalmente pelas especulações do período eleitoral e o real perdeu valor ante o dólar. Ontem, a divisa norte-americana atingiu o maior nível desde maio de 2005 e foi cotada a R$ 2,5137, acumulando alta de 3,3% em relação ao final da semana passada.

Já o mercado físico brasileiro internalizou a queda dos preços internacionais do café, enfraquecendo o ritmo dos negócios. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 457,21/saca e a R$ 261,39/saca, respectivamente, com variação de -7,4% e -3,1% no acumulado da semana.

Segundo o Cepea, a incerteza sobre o volume a ser produzido na safra 2015/16 tem motivado os produtores a retraírem as vendas, aguardando melhor definição do cenário de oferta e demanda do mercado. O quadro abaixo resume as informações levantadas pela instituição em cada região produtora sobre o volume comercializado nesta temporada e o desenvolvimento da próxima safra.

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Fonte: Cepea

Embora a crise climática tenha provocado reação nos preços do café arábica, seu efeito sobre a renda dos cafeicultores brasileiros não é positivo. Estudo realizado pelo Centro de Inteligência de Mercados da Universidade Federal de Lavras (CIM/Ufla) para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que, em Minas Gerais, a redução da produtividade dos cafezais gerou uma deseconomia de escala com os seguintes impactos de aumento de custos de produção por localidade: Guaxupé (27,9%), Santa Rita do Sapucaí (27,4%), Manhumirim (10,9%), Monte Carmelo (7,4%) e Capelinha (3,7%). Tal cenário demanda atenção de nossos gestores públicos, uma vez que é esperada nova quebra de safra em 2015, com potencial para desequilibrar ainda mais a renda dos produtores das regiões afetadas pela estiagem.

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CNC

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