Café: Potencial produtivo da safra 2017/18 depende da consolidação do La Niña nos próximos meses

Publicado em 23/09/2016 18:00

A produção de café do Brasil na safra comercial 2017/18, que já deve ser de bienalidade baixa para a maioria das regiões, deverá ser influenciada pelas condições climáticas nos próximos meses e, consequentemente, pelo La Niña. Esse fenômeno climático que já vem sendo anunciado pelos principais institutos meteorológicos deverá ser de baixa intensidade. No entanto, sua confirmação, que ainda não ocorreu, poderá vir nos próximos meses.

Até lá, o clima no Brasil deve ser marcado por poucas certezas nas previsões climáticas. "Estamos passando por um período de neutralidade, após o encerramento do El Niño e com grande possibilidade de La Niña. Enquanto não há a confirmação desse fenômeno climático, os próximos meses devem ser de muita instabilidade, característica típica da estação da primavera, que é uma estação de transição entre o período mais frio e o mais quente do ano", explica o meteorologista e pesquisador em Agrometeorologia e Climatologia da Embrapa Café (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), Williams Pinto Marques Ferreira.

Um evento de La Niña favorece a maior ocorrência de chuvas em relação àquela que normalmente acontece na região Nordeste do Brasil. Já no Sudeste, há a probabilidade de que o início da estação chuvosa sofra atraso. "Nos últimos meses, a possibilidade da ocorrência desse fenômeno já vem sendo anunciada pelos principais centros de previsão climática, porém esse evento só será oficializado após a temperatura da superfície do Oceano Pacífico permanecer por cinco meses consecutivos com anomalias negativas. Elementos de clima também são verificados em conjunto com a temperatura do oceano pacífico", diz Ferreira.

A estação chuvosa já está atrasada no Sudeste do Brasil em relação à climatologia padrão da região e só deve começar efetivamente entre o final de outubro ou no mês de novembro. Para Ferreira, esse é o maior problema para a próxima temporada de café do Brasil, que já deve ser de bienalidade baixa. "As plantas saem da última safra já esgotadas porque tiveram uma boa produção. Com o atraso no início da estação chuvosa, elas serão expostas a condições mais estressantes ainda, o que pode prejudica-las ainda mais", pondera Ferreira.

As temperaturas também devem aumentar com a chegada da primavera e isso pode se estender até o verão no Sudeste do Brasil. "Com as temperaturas mais altas e sem chuvas, os cafezais começam a perder mais folhas e isso também poderá refletir negativamente na próxima safra", afirma o especialista da Embrapa Café.

Em entrevista recente ao Notícias Agrícolas, o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, José Braz Matiello, ressaltou a desfolha das lavouras da safra 2017/18. Ele estima que o cinturão produtivo do Brasil tenha perdas de 30% em relação à produção desse ano. "Se fosse arriscar, daria de 5 a 10 milhões de sacas a menos no arábica. As plantas estressaram muito com a condição climática. Alguns produtores já estão antecipando a poda", afirmou Matiello.

Como comparativo, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a produção do Brasil na safra 2016/17 seja de 49,64 milhões de sacas de 60 kg. O resultado representa um acréscimo de 14,8%, se comparado à produção de 43,24 milhões de sacas obtidas em 2015. O café arábica representa 83,2% da produção total do país e estima-se que sejam colhidas 41,29 milhões de sacas nesta safra.

Até o momento, são esperadas para os próximos três meses chuvas acima da média apenas na Zona da Mata, Norte de São Paulo e parte do Espírito Santo. Já no Sul de Minas Gerais, maior região produtora de café do Brasil, estão previstas chuvas dentro do esperado no período.

Segundo Ferreira, apesar das previsões não apontarem muitas novidades, o produtor deve aproveitar este momento para realizar os tratos culturais necessários nas lavouras. "Alguns manejos adequados na planta e no solo podem contribuir para a próxima safra", afirma. 

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Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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