Suíno Vivo: Semana encerra positiva, mas custos ainda superam valorizações

Publicado em 27/05/2016 18:06

A semana encerrou com valorização em sete praças de comercialização. E embora positiva, as valorizações não correm na mesma velocidade em que os custos sobem.

De acordo com levantamento da APCS (Associação Paulista dos Criadores de Suínos) atualmente é possível comprar com uma arroba suína apenas 1,4 sacas de milho com o quilo do animal vivo no mercado paulista, enquanto que tradicionalmente a relação era de 2,4 scs/@.

"Na região de Campinas (SP) a saca do cereal é comercializada a R$ 53,00, o farelo de soja em torno de R$ 1.500,00/t. Assim, o custo de produção chega a R$ 75,00 por arroba", explica o presidente da Associação Valdomiro Ferreira.

Em Santa Catarina, o presidente da ACCS (Associação Catarinense dos Criadores de Estado), Lozivânio Lorenzi, afirma que os suinocultores estão trabalhando no vermelho após alta de R$ 2,00 por saca de milho e R$ 300,00 na tonelada do farelo de soja.

“O custo na região está acima dos R$ 4,00/kg enquanto que o preço de comercialização nesta semana está em R$ 3,20/kg", explica Lorenzi.7

De acordo com o alerta de mercado do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) as altas recentes melhoraram o poder de compra do suinocultor frente aos principais insumos da atividade (milho e farelo de soja).

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"Esse cenário, verificado em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, traz certo alívio aos produtores, que, há um mês, vinham negociando o animal vivo num dos menores patamares", explica o Centro.

A menor disponibilidade de animais terminados e o aumento da demanda interna pela carne, favorecida pelo clima frio, são os fatores fundamentais para a dinâmica atual do mercado.

Nesta semana o levantamento de preço do Notícias Agrícolas apontou alta em sete praças. Em Minas Gerais a pesquisa MERCOMINAS apontou um cenário positivo para comercialização, sugerindo o preço de referência para essa semana em R$ 3,90/kg, alta de R$ 0,40 (11,43%) por quilo do animal vivo.

No Paraná o avanço foi de R$ 0,02 (0,71%) no quilo do animal vivo, conforme indicou a APS (Associação Paranaense de Suínos). Assim, a referência semanal saiu de R$ 2,81/kg para R$ 2,83/kg.

No mercado gaúcho, a bolsa de suínos da Acsurs (Associação dos Criadores e Suínos do Rio Grande do Sul), informou alta de R$ 0,14 (4,24%) na referência da semana, passando de R$ 3,30/kg para R$ 3,44/kg. Essa é a terceira valorização semanal, após um longo período de queda.

Segundo a APCS, em São Paulo, a referência para a semana ficou em R$ 73,00 a R$ 75,00/@, que representam respectivamente R$ 3,89 a R$ 4,00/kg vivo. Esse novo patamar representa um ganho de R$ 8,00 a R$ 10,00 (12,04%) por arroba em relação ao preço praticado na semana passada.

No atacado também foram verificadas altas nos preços na última semana. A carcaça especial está cotada, em média, em R$5,60/kg, aumento de 1,8% no período. Desde o início do mês, a carcaça subiu 21,7%, segundo levantamento da Scot Consultoria.

No curto prazo, com a entrada do novo mês, a Consultoria espera novas valorizações tanto do animal vivo, quanto no atacado.

Em Santa Catarina a semana encerrou com referência em R$ 3,35/kg, alta de 11,67%. Seguido do Mato Grosso com valorização de 9,62% cotado a R$ 2,85 e Goiás que fechou em R$ 3,90/kg, avanço de 11,43% no período.

Para a ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos) o cenário para o setor de carne suína do Brasil tende a melhorar nos próximos meses, com entrada da safrinha e do inverno.

O diretor executivo da Associação, Nilo de Sá espera que “a entrada da safrinha deve reduzir o preço do milho entre 20% e 30%, mesmo com a quebra (na produtividade) observada no Centro-Oeste”, disse. “Já o preço do suíno vivo vem crescendo nas últimas semanas, observando sazonalidade similar a 2015", acrescentou.

Crise do milho

A crise no abastecimento do milho já traz reflexos a cadeia suinícola do país.

No município de Chapecó (SC) a produtora independente, Cidiane Cela, que também produz de ovos, irá encerrar produção de suínos independentes e eliminará dois lotes de aves, devido à dificuldade em arcar com os altos custos do milho.

“Na sexta-feira (27) vamos carregar o caminhão com os suínos e encerrar as atividades, porque não conseguimos mais bancar a saca de milho a R$ 60,00”, relata.

Segundo ela, nem mesmo as recentes altas no mercado suinícola trouxeram alívio para atividade. “Às vezes a bolsa sinaliza alta, mas o produtor só vai receber quando as agroindústrias resolvem reajustar o preço, e nem sempre isso é rápido”, explica Cela.

O levantamento da Embrapa apontou que o custo dos suínos subiu 2,95% em abril.

O ICPSuíno chegou a 224,24 pontos, novo recorde histórico do índice. Mais uma vez, o aumento dos custos com nutrição (2,71%) foi o maior responsável pela alta. Também influenciaram os gastos com transporte (0,23%). Em 2016, o índice acumula uma inflação de 9,89%. Nos últimos 12 meses, a elevação do índice chega a 24,63%.

Diante desse cenário, o presidente da APCS Valdomiro Ferreira, afirma que muitas granjas já estão deixando de alocar e abatendo matrizes e, entregando animais mais leves, fatores que criando um desequilíbrio de oferta.

"Assim, projetamos para o segundo semestre uma redução no volume de carnes disponível no mercado interno. Porém, o consumo - em função da crise econômica - não deve impulsionar os preços", destaca Ferreira.

Exportações

De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (23) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), até a terceira semana de maio (15 dias úteis) o país exportou 39,1 mil toneladas de carne suína 'in natura', com uma média de 2,6 mil t/dia.

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Considerando o igual período de abril/16 e maio/15, o volume corresponde a uma queda de 1,5% e 28% respectivamente.

Em receita, os embarques resultaram um saldo de US$ 80,2 milhões - equivalente a US$ 5,3 milhões/dia.

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Por:
Larissa Albuquerque // André Lopes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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