Milho tem novo dia de baixas no mercado interno do Brasil e preços têm espaço para novas baixas

Publicado em 23/06/2016 17:56

Nesta quinta-feira (23), os preços do milho voltaram a registrar algumas baixas no mercado interno brasileiro. No entanto, diferente do registrado nos últimos dias, a maior parte das principais praças de comercialização encerrou o dia com estabilidade. 

Onde o movimento negativo foi registrado, as perdas variaram entre 2,13% - em Panambi/RS, com a saca valendo R$ 44,04 - a 3,57% em Sorriso/MT, para R$ 27,00. Já em Ponta Grossa, no Paraná, o preço manteve os R$ 48,00 por saca, em São Gabriel do Oeste/MS, os R$ 32,00, Jataí/GO em R$ 37,00 e Assis/SP em R$ 37,12. 

O avanço da colheita da segunda safra no Brasil, que apesar de um menor potencial produtivo traz essa nova oferta ao mercado, uma postura mais defensiva dos compradores e as tradings mudando as origens do milho a ser exportado favorecendo o mercado nacional são ainda os principais fatores de pressão sobre as cotações do cereal. 

Segundo o consultor de mercado Flávio França Jr., da França Jr. Consultoria, esse "era um movimento já anunciado para essa segunda quinzena de junho no Brasil" e a tendência, dentro deste cenário, é de que novas baixas possam ser registradas mais adiante, uma vez que os trabalhos de colheita estão apenas no início das principais regiões produtoras do país. 

"Além disso, vimos nos últimos uma pressão de venda maior do que de compra, ao contrário dos meses anteriores, e isso mostra que os compradores estão mais na defensiva acreditando em preços um pouco menores nos próximos meses", diz o consultor. "E temos que esperar a colheita, que ainda está toda para acontecer", completa. 

E para França, o equilíbrio do mercado brasileiro só será alcançado quando os valores praticados no interno se equipararem à paridade de exportação. Nesta quinta-feira, o valor da saca de milho no porto de Paranaguá, porém, perdeu 5,41% para chegar aos R$ 35,00. Enquanto isso, praças de São Paulo, oeste da Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul ainda registram valores que passam dos R$ 40,00 por saca. 

"Quando o preço bater nas paridades de exportação é que o mercado pode se estabilizar. Isso porque temos hoje embarcado perto de 7 milhões de toneladas em 2016, e um compromisso de venda da safra de inverno de 12 a 14 milhões de toneladas e parte desse volume está sendo renegociado (...) Então, essencialmente o Brasil não deve ter 20 milhões de toneladas vendidas. Assim, mesmo com uma safra menor, se o país não exportar mais nenhum grão, não temos nenhum problema maior de abastecimento no Brasil até a entrada da próxima safra. E isso muda a configuração do mercado", explica Flávio França. "Assim, para o mercado voltar a subir, os preços voltarem aos patamares recordes, precisamos voltar a exportar, enxugar a oferta e, no final do ano, voltar a subir", conclui.  

BM&F

Na BM&F, os futuros do milho fecharam a sessão desta quinta-feira em campo misto. O destaque, no entanto, são os vencimentos mais distantes, os quais vêm subindo há alguns dias, ao contrário dos mais próximos, que sentem a pressão dos fatores que prejudicam as cotações no mercado disponível brasileiro. 

Assim, enquanto o contrato julho/16 perdeu 1,39% para R$ 41,83 por saca, o março/17 subiu 2,35% para chegar aos R$ 43,50. Ainda de acordo com Flávio França, essa ganho nas posições mais alongadas já começa a refletir as incertezas sobre o clima no Brasil no final do ano. 

O ano é de La Niña e a chegada do fênomeno alimenta inúmeras especulações no mercado de grãos. E, ao se confirmar, poderia complicar a situação do clima no Centro-Sul do Brasil. "Assim, qualquer possibilidade de complicação em um mercado que já está muito ajustado começa a ser antecipada", explica o consultor. 

Bolsa de Chicago

Ainda nesta quinta-feira, o mercado internacional de milho fechou com novas baixas e cedeu mais de 1% na Bolsa de Chicago entre as posições mais negociadas. Dessa forma, somente o contrato março/17 ainda sustenta o patamar dos US$ 4,00 por bushel. O contrato setembro/16, referência para a safra norte-americana, encerrou o dia com US$ 3,92 por bushel.

O consultor explica que as favoráveis condições de clima muito favoráveis para a nova safra de grãos dos Estados Unidos ainda é o principal fator de pressão sobre as cotações. E até que não cheguem notícias sinalizando alguma mudança neste quadro, o movimento de queda entre as cotações pode continuar. O período, afinal, é de extrema especulação e ainda muita incerteza sobre o real tamanho da nova temporada norte-americana. 

Nas últimas 24 horas, segundo informou o portal Farm Futures, fortes chuvas chegaram para amenizar as preocupações, principalmente, no leste de Iowa até Ohio, onde o clima seco começava a castigar as plantas, principalmente de milho. E os mapas para os próximos sete dias do NOAA - o serviço oficial de clima dos EUA - indicam que mais algumas sistemas podem chegar ao Corn Belt, inclusive em pontos onde a seca está mais agressiva. 

E nesta semana especificamente, a influência do financeiro é maior para o mercado de commodities dadas as elevadas expectativas sobre o futuro do Reino Unido na União Europeia. O referendo que decide a permanência ou saída do país do bloco econômico acontece nesta quinta-feira, até às 18h (horário de Brasília) e, de acordo com especialistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico agita o mercado. 

"Por semanas, os agentes do mercado vinham especulando sobre qual será o resultado do referendo britânico. Embora os resultados não sejam divulgados até a madrugada de sexta-feira, parece que os mercados de apostas e os mercados financeiros já chegaram a uma conclusão", disse Fawad Razaqzada, analista da Gai Capital à agência de notícias Reuters.

Nesta quinta, à espera da decisão, o principal índice europeu de ações terminou seus negócios em alta pela quinta sessão consecutiva. As apostas lideram a permanência da Zona do Euro na UE. Enquanto as preocupações com uma saída ainda pairavam entre os investidores, na semana passada, o índice registrou baixas expressivas. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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