Dilma admite desvio de dinheiro nos escândalos da Petrobrás: "houve, viu!"

Publicado em 18/10/2014 20:40 e atualizado em 20/10/2014 21:13
...vazamentos seletivos acontecem para todos os lados. Isso não é bom"..., assumiu Dilma

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição pelo PT, disse neste sábado que pedirá ressarcimento de recursos desviados da Petrobras, mas que isso não está ao alcance do governo no momento, e lamentou vazamentos seletivos do depoimento de delação premiada de um ex-diretor das estatal.

    "Eu tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos, mas ninguém sabe hoje ainda o que deve ser ressarcido, porque a chamada delação premiada, que tem os dados mais importantes, não foi entregue a nós", disse.

    "Agora ressarcir eu farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve não, houve viu", prosseguiu Dilma.

    Questionada sobre as denúncias de que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra também teria sido beneficiado pelo suposto esquema de corrupção na Petrobras, que é alvo de investigação da Justiça Federal e tem sido detalhado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa num acordo de delação premiada, Dilma disse que não comemoraria essa informação.

    "É interessante notar que vazamentos seletivos acontecem para todos os lados. Isso não é bom, não vou aqui comemorar nada. Só acho que pau que bate em Chico também bate em Francisco, isso é uma lei", afirmou a presidente, lamentando os vazamentos do depoimento.

DESRESPEITO

    A presidente também disse que se sentiu desrespeitada por Aécio ao ser chamada de leviana durante os debates de TV e lamentou que a campanha tenha esse nível baixo.

    "Ele (Aécio) parte para alguma atitude um tanto quanto desrespeitosa. Foram desrespeitosas comigo e desrespeitosas com a Luciana Genro (candidata do PSOL à Presidência)", disse Dilma.

    "Ele pode inclusive querer processar, mas quem devia processá-lo somos nós. Ele chamou nós duas de levianas, coisa que não se faz. Não é uma fala, eu diria assim, correta para mulheres", argumentou Dilma.

ANÁLISE-Disputa eleitoral acirrada deixará ao próximo presidente uma oposição ferrenha

Por Eduardo Simões / Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente da República a partir de janeiro de 2015 --seja Aécio Neves (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT)-- terá pela frente uma oposição muito mais ferrenha do que os últimos chefes do Executivo tiveram, resultado de uma disputa apertada e de uma campanha feroz no segundo turno.

A agressividade da disputa entre os historicamente antagônicos PT e PSDB ficou exposta no debate realizado pelo SBT, pela rádio Jovem Pan e pelo portal UOL na quinta-feira, quando Dilma e Aécio distribuíram caneladas entre si em um duelo em que as propostas ficaram em segundo plano.

Some-se a isso a indefinição da disputa apontada pelas principais pesquisas eleitorais, que têm mostrado empate técnico com vantagem numérica de 51 a 49 por cento dos votos válidos para o tucano.

Caso o cenário se confirme, como parece que vai ocorrer ao menos na avaliação de analistas, o vencedor será escolhido por uma margem estreita e, portanto, o derrotado sairá com mais força política das urnas do que nas últimas eleições presidenciais.

"Se as pesquisas estiverem certas, nós não vamos ter uma vitória muito clara. Aí sim nós teremos consequência, porque o peso político da oposição, quem quer que seja, vai ser muito importante", disse a socióloga Fátima Pacheco Jordão, especialista em pesquisas eleitorais.

"As vitórias recentes no segundo turno foram vitórias claras", comparou a especialista. Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu José Serra (PSDB) por 61,27 por cento a 38,73; em 2006 o triunfo de Lula sobre o tucano Geraldo Alckmin foi por 60,83 a 39,17 por cento e, em 2010, Dilma bateu Serra por 56,05 a 43,95 por cento.

Na avaliação de Carlos Melo, cientista político do Insper, além de uma vitória eleitoral apertada, outros fatores devem atrapalhar as composições parlamentares tanto de Aécio quanto de Dilma. Em comum para ambos, a dificuldade de lidar com um Congresso fragmentado entre um número maior de partidos.

Para o especialista, se eleita, Dilma terá dificuldade de atrair mais aliados, uma vez que a maioria dos recursos usados nas negociações políticas, os cargos no governo e em entidades coligadas, já está comprometida.

Do lado de Aécio, pesará o fato de ter pela frente um PT na oposição com muito mais musculatura do que na época dos governos tucanos de Fernando Henrique Cardoso, quando o partido já dava trabalho na oposição. Na próxima legislatura, os petistas serão a maior bancada da Câmara, com 70 deputados, e a segunda maior do Senado, com 12 representantes.

"Céu de brigadeiro, mar de rosas, nenhum deles deve ter", resumiu Melo.

A boa notícia para o vencedor do pleito do dia 26 é o fato de o sistema de presidencialismo de coalizão vigente no Brasil e a pouca vinculação ideológica da maioria dos partidos permitirem uma composição até mesmo com as siglas que estavam do outro lado da disputa.

"Vai ter uma oposição mais aguerrida, mas minoritária no Congresso", disse o analista político da MCM Consultores Associados Ricardo Ribeiro.

ECONOMIA E PETROBRAS

Para Ribeiro, outros fatores, como as denúncias de corrupção na Petrobras e um cenário econômico desfavorável em 2015, também devem desempenhar um papel na governabilidade da próxima gestão federal.

"Essa questão da Petrobras pode até atuar a favor de quem estiver no poder", disse Ribeiro. Para ele, as delações premiadas do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef podem afetar figuras importantes do Parlamento, tornando-o, possivelmente, mais subserviente ao Executivo.

Esse cenário, explica, funciona melhor em uma eventual vitória de Aécio, já que no caso de triunfo de Dilma será preciso analisar primeiro qual a distância que a presidente manterá do escândalo e se o PT sairá ou não fortemente chamuscado dele.

Um cenário econômico fraco, com a necessidade de um ajuste diante do cenário atual de inflação no teto da meta e baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), também é um fator a ser observado.

"Isso pode aumentar a tensão social, o descontentamento com a situação do país, o descontentamento com a classe política, trazendo um pouco de volta o clima das manifestações de julho de 2013", disse Ribeiro, ponderando que "eventos como aqueles são eventos raros e difíceis de prever quando vão acontecer".

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Érico Batista da Silva Soledade - RS

    É, eu gostaria de saber como ela irá ressarcir todo este dinheiro da PETROBRAS, para mim desde o início ela foi conivente e incompetente,nem a lojinha de 1,99 que ela tinha em POA ela conseguiu administrar, com certeza o FRIBOI vai ajudá-la.

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