Na FOLHA: Doleiro acusa Lula e Dilma; PT fala em terrorismo, e Aécio, em caixa dois

Publicado em 25/10/2014 04:41 e atualizado em 26/10/2014 19:52
Alberto Youssef diz em depoimento que ex-presidente e sua sucessora tinham conhecimento dos desvios na Petrobras.

O doleiro Alberto Youssef disse em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, no seu processo de delação premiada, que a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento do esquema de desvio de dinheiro envolvendo contratos na Petrobras.

A informação foi divulgada pela revista "Veja", que antecipou sua circulação para esta sexta-feira (24), e foi confirmada pela Folha.

Youssef é um dos principais réus da Operação Lava Jato, que investiga suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção na empresa estatal.

A campanha petista usou o último dia do horário eleitoral gratuito na TV para responder à revista "Veja".

Dilma classificou de "terrorismo eleitoral" a decisão da revista de publicar a reportagem faltando dois dias para o segundo turno eleitoral.

Eurípedes Alcântara, diretor da revista, disse que Dilma "centrou suas críticas no mensageiro, quando, na verdade, o cerne do problema foi produzido pelos fatos degradantes ocorridos na Petrobras".

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, classificou os relatos de acusações "extremamente graves". Segundo o tucano, elas sugerem que houve uso de caixa dois na campanha petista.

Os escândalos de corrupção na Petrobras também pautaram o último debate antes da eleição presidencial de domingo, na Globo, à noite.

Corrupção e troca de acusações pautam último debate

Dilma afirmou que, 'doa a quem doer', irá 'condenar corruptos e corruptores'; Aécio disse que, para acabar com malfeitos no país, vai 'tirar o PT do governo'

Já em sua primeira fala, tucano questionou presidente sobre as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras

DAS ENVIADAS ESPECIAIS AO RIODE SÃO PAULODE BRASÍLIA

Tema que permeou toda a campanha presidencial, o escândalo de corrupção na Petrobras foi um dos pontos altos do debate desta sexta-feira (24) entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) na TV Globo, o último antes das eleições de domingo.

A dois dias do segundo turno, os dois candidatos voltaram a travar um embate acirrado, em que a troca de acusações se sobrepôs à apresentação de propostas.

Em uma postura clara de ataque devido à desvantagem nas pesquisas, o tucano acusou a rival de patrocinar a "mais sórdida das campanhas eleitorais". E aproveitou o evento para, novamente, rebater a afirmação da adversária de que irá acabar com programas sociais.

Até o mensalão do PT e o mensalão tucano, escândalos que andavam meio esquecidos após a eclosão do caso da Petrobras, foram abordados. Dilma voltou a martelar um de seus motes, o de que os tucanos varreram escândalos para debaixo do tapete quando governaram o país (1995-2002).

Também levou ao debate a crise de abastecimento de água em São Paulo, comandado pelos tucanos, afirmando ser uma "vergonha" a "falta de planejamento do Estado mais rico do país".

O debate da TV Globo --o quarto deste segundo turno e o nono de toda a eleição-- foi realizado um dia depois de pesquisa Datafolha mostrar que Dilma tem 53% das intenções de votos válidos contra 47% de Aécio.

Já na primeira pergunta do debate, o tucano abordou as suspeitas de irregularidades na estatal do petróleo. "A senhora sabia, candidata, da corrupção na Petrobras?"

A revista "Veja" revelou que, em depoimento na terça-feira, o doleiro Alberto Youssef afirmou que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam da existência de um esquema de corrupção na Petrobras. A Folha confirmou a informação.

Repetindo o que havia feito mais cedo no horário de propaganda eleitoral, Dilma atacou a revista. "Manifesto a minha inteira indignação, porque essa revista tem o hábito de nos finais das campanhas, na reta final, tentar dar um golpe eleitoral", disse.

Em resposta aos ataques petistas, a revista disse que cumpriu "unicamente o dever jornalístico de informar".

O evento foi divido em quatro blocos, dois de perguntas diretas entre os candidatos e os outros dois com perguntas sorteadas entre 70 eleitores que se declaravam indecisos e estavam na plateia.

O tema corrupção voltou a ser discutido outras duas vezes no debate. Em uma delas, Aécio respondeu a uma das eleitoras indecisas: "Eu vou dizer olhando nos seus olhos. Existe uma medida que está acima de todas as outras e não depende do Congresso Nacional para acabarmos com a corrupção no Brasil: vamos tirar o PT do governo."

Dilma rebateu: "Eu nunca compactuei com qualquer corrupção, sempre combati, fui atrás e vou te dizer, doa a quem doer, eu vou condenar corruptos e corruptores."

Aécio cobrou ainda de Dilma uma resposta sobre o que ela achava da prisão dos petistas condenados no mensalão em 2012. A petista não respondeu e lembrou o caso do mensalão tucano, que ainda não teve julgamento.

Ao explorar a falta de água em São Paulo, Dilma citou o colunista da FolhaJosé Simão, que disse que os tucanos irão criar "Meu Banho, Minha Vida". Aécio afirmou que a crise é culpa da falta de planejamento do governo federal.

O empréstimo do BNDES para a construção do porto Mariel, em Cuba, também foi abordado. Aécio afirmou que o prazo do empréstimo foi de 25 anos, superior ao adotado normalmente pelo BNDES --as condições do financiamento não foram divulgadas pelo governo.

Os dois também trocaram farpas sobre o governo Fernando Henrique Cardoso --"Candidata, já lhe disse mais de uma vez, me honra muito a comparação com Fernando Henrique, mas eu me chamo Aécio Neves"-- e a gestão de Aécio em Minas Gerais.

NA COLUNA PAINEL:

Dedo no olho Eleitores monitorados pelo PT reprovaram o tom agressivo dos dois candidatos. "Ele está com um ar irônico, e ela parece que quer matar ele", resumiu um dos indecisos.

Voo cego Tucanos estavam alvoroçados com a alta da Bolsa. Mas, com Dilma à frente nas pesquisas, não davam palpites sobre as razões do mercado. "É difícil saber", dizia Armínio Fraga, candidato a ministro de Aécio.

Ideias novas Os dirigentes do PT não sabiam explicar a proposta de eleição para deputados em dois turnos que Dilma citou no debate. "Acho que ela se confundiu", disse Alberto Cantalice, vice-presidente do partido.

Exagerou Dirigentes de siglas aliadas reprovaram a reação de Dilma à capa da revista "Veja" no horário eleitoral de ontem. Acharam a resposta "desproporcional" para algo que os petistas tentavam tratar como "factoide".

TIROTEIO

"O PT é o chavismo em germe. Representa um perigo institucional à democracia. O que ele faz no poder causa medo em qualquer um."

DO SENADOR ALOYSIO NUNES (PSDB-SP), candidato a vice de Aécio Neves, sobre o tom da campanha petista e as acusações de aparelhamento do Estado.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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