Partidos de Oposição acusam Dilma e Edinho Silva de extorsão - e acionam a Procuradoria Geral da República

Publicado em 30/06/2015 15:27
Partidos acionam Procuradoria-Geral da República para que seja investigado se campanha da presidente cometeu crime ao exigir doações do empreiteiro Ricardo Pessoa (em veja.com)

Os partidos de oposição decidiram nesta terça-feira entrar com uma representação na Procuradoria-Geral da República contra a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva (PT). A oposição acusa Dilma e Edinho de terem praticado o crime de extorsão contra o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia. O empresário, réu na Operação Lava Jato, fechou um acordo de delação premiada e disse aos investigadores que pagou 7,5 milhões de reais desviados da Petrobras à campanha à reeleição da petista em 2014, após pressão de Edinho.

Apesar da ofensiva contra o governo federal junto ao Ministério Público, os oposicionistas, que reuniram suas principais lideranças na manhã desta terça, não chegaram mais uma vez a um acordo sobre um eventual pedido de impeachment da presidente.

Conforme revelou VEJA, o dono da UTC Engenharia afirmou em depoimento aos investigadores que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de dezoito políticos, entre eles os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA) e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e que repassou dinheiro desviado da Petrobras para as campanhas do ex-presidente Lula, em 2006, e da presidente Dilma, no ano passado. No caso da campanha de Dilma, os recursos foram entregues depois de uma abordagem de Edinho Silva, então tesoureiro da campanha presidencial, que insinuou que a UTC poderia perder contratos com a Petrobras se não ajudasse na arrecadação eleitoral, segundo relato do empreiteiro. Edinho nega e afirma que a delação "não expressa a verdade dos fatos". Dilma rechaçou o depoimento e disse que "não respeita delator".

"Há ali, explicitado por ele, uma clara chantagem. Ou ele aumentava as doações ao Partido dos Trabalhadores e à campanha da presidente da República ou ele não continuava com suas obras na Petrobras", disse o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014.

Pedaladas - Em outra frente de atuação contra o governo, os partidos de oposição também anunciaram que vão recorrer ao Tribunal de Contas da União (TCU) com a acusação de que as chamadas pedaladas fiscais ocorreram também em 2015. As chamadas "pedaladas" fazem parte da estratégia do governo de segurar pagamentos devidos a bancos públicos com o intuito de registrar gastos menores. Com isso, o governo conseguia melhorar artificialmente suas contas para engordar a meta de superávit primário - que é a economia feita para o pagamento dos juros da dívida pública. A operação, no entanto, é considerada irregular, pois fere a Lei de Responsabilidade Fiscal. Atualmente, o TCU já analisa o uso das pedaladas em 2014. No último dia 16, por unanimidade, a Corte decidiu abrir prazo de trinta dias para que a presidente Dilma explique a manobra e as diversas irregularidades encontradas pelo órgão de controle nas contas do governo referentes ao ano passado.

 

Senado chama ministro-tesoureiro para explicar 'doações'

 

O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, ex-tesoureiro da campanha de Dilma(Ueslei Marcelino/Reuters)

A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou nesta terça-feira convite para que o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Edinho Silva (PT), explique no Congresso as declarações do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia.

Em delação premiada, Pessoa disse que liberou milhões de reais desviados da Petrobras para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Conforme revelou VEJA, Pessoa contou aos investigadores da Lava Jato ter sido pressionado por Edinho Silva, então tesoureiro da campanha, a contribuir com 7,5 milhões de reais para a petista.

Nesta segunda-feira, o ministro encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para ter acesso à íntegra da delação do empreiteiro. Documentos entregues pelo empresário mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais cada um, em 5 e 30 de agosto de 2014.

Segundo Pessoa, depois dos pagamentos, um servidor do Palácio do Planalto chamado Manoel de Araújo Sobrinho, que já havia negociado as parcelas anteriores, acertou com o empreiteiro o repasse de outros 5 milhões para o caixa eleitoral de Dilma. Pessoa disse ter entregue metade do valor pedido e só não cumpriu o prometido porque foi preso pela Operação Lava Jato.

Como o Senado aprovou apenas um convite - e não uma convocação - para que o ministro se explique, ele não é obrigado a comparecer para prestar depoimento.

 

Joaquim Barbosa critica 'investida política' de Dilma contra delação

 

Joaquim Barbosa preside nesta terça-feira (01) sua última sessão do Supremo Tribunal Federal. A aposentadoria do ministro está prevista para este mês
Joaquim Barbosa em sua última sessão no Supremo Tribunal Federal(Pedro Ladeira/Folhapress/Folhapress)

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa comentou na madrugada desta terça-feira as declarações da presidente Dilma Rousseff, em Washington, sobre o depoimento demolidor do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, segundo quem a campanha da petista foi abastecida com dinheiro desviado de contratos da Petrobras. Barbosa afirma que nunca viu um chefe de estado tão mal assessorado como Dilma - e lembra a presidente que "zelar pelo respeito e cumprimento das leis do país é uma das mais importantes missões constitucionais de um presidente da República".

Para jurista, 'doação oficial' da UTC não livra Dilma de punição

Questionada sobre as declarações de Pessoa, trazidas à luz por VEJA, Dilma proferiu a seguinte declaração: "Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora". Depois, a presidente recorreu aos livros de História. "Há um personagem que a gente não gosta, porque as professoras nos ensinam a não gostar dele. E ele se chama Joaquim Silvério dos Reis, o delator. Eu não respeito delator", afirmou, mencionando o homem que traiu os inconfidentes em Minas Gerais.

"A assessoria da presidente deveria ter-lhe informado o significado da expressão 'law enforcement': cumprimento e aplicação rigorosa das leis", escreveu o ex-ministro.

Barbosa classificou a resposta da presidente como uma tentativa de "'investir politicamente' contra as leis vigentes, minando-lhes as bases". "Caberia à assessoria informar a presidente que: atentar contra o bom funcionamento do Poder Judiciário é crime de responsabilidade!", afirmou o ex-presidente do STF, que encerra: "Reflitamos coletivamente: vocês estão vendo o estrago que a promiscuidade entre dinheiro de empresas e a política provoca nas instituições?". "Esqueci de dizer: 'colaboração' ou 'delação' premiada é um instituto penal-processual previsto em lei no Brasil! Lei!!!".

(Da redação)

 

À moda dos empreiteiros

Lula

Lula aprendeu com Ricardo Pessoa, Leo Pinheiro e Cia.

Um observador atento da cena de Brasília notou:

A reunião de ontem do PT com o Lula em Brasília foi precedida de uma novidade no mundo petista: para entrar todo mundo teve que depositar o celular em um saco plástico, mantido fora da sala da reunião.

Exatamente o modo adotado nas reuniões de empreiteiras.

Por Lauro Jardim

 

O operador de Collor

collor

Operador de Collor foi nomeado em 2010

Operador de Fernando Collor na BR Distribuidora, José Zonis, citado por Ricardo Pessoa na delação premiada, foi pivô dos embates de José Serra e Dilma Rousseff na campanha de 2010.

Em um dos debates, Serra acusou Dilma e o PT de terem vendido a alma – falou mais especificamente cargos e mais cargos no governo – a Collor em troca do seu apoio na eleição.

A nomeação de Zonis em meados de 2010 para a diretoria de Operações e Logística da BR foi a prova que a oposição precisava para demonstrar a aliança do PT com Collor.

Na ocasião, coube ao então ministro de Minas e Energia, Edison Lobão defender a indicação de Zonis. Disse, então, Lobão:

- É um nome qualificado. Foi uma nomeação vinda da liderança do PTB no Senado. Mas é um quadro de carreira. Não vejo problema no fato de ele ter sido indicado pelo Collor, se é um bom nome.

A nomeação foi encaminhada ao Planalto por Gim Argello, por pressão de Collor. Hoje, todos os personagens encontram-se novamente na Lava-Jato.

Por Lauro Jardim

 

A recessão bate à porta

papelão ondulado

Indicador em queda

Caiu 2,2% a venda de papel ondulado entre janeiro e maio deste ano com igual período de 2014.

O papel ondulado é utilizado em embalagens diversas e um dos mais tradicionais indicadores de como anda a atividade econômica.

Mas em maio em comparação com o mesmo mês de 2014, a queda foi de 5,7% – o que indica claramente uma piora do cenário.

Por Lauro Jardim

 

Queda de 6,5%

Vendas desaquecem

Vendas desaquecem

A indústria automobilística teve mais um mês trágico. Até ontem, as vendas do setor somavam 191 900 carros – uma média diária de 9 600 emplacamentos por dia.

Do dia 1 até 29 de maio, as vendas alcançaram a marca de 205 264 veículos (média diária de 10 263). Ou seja, na comparação com este mês a queda já é de 6,5%. E, ressalte-se, maio já fora um mês ruim para o setor.

A comparação com junho de 2014 é ainda mais cruel. Naquele mês, a média diária de vendas foi de 12 547 carros por dia.

Por Lauro Jardim

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Fonte:
veja.com

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