Banqueiro André Esteves é preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro

Publicado em 25/11/2015 07:53
G1 + VEJA Mercados + Folha de S. Paulo

O banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (25), na casa da família, no Rio de Janeiro. A prisão está ligada a inquéritos no âmbito da Lava Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal.

A assessoria de imprensa do banco BTG informou ao G1 que, até as 8h50, não tinha a informação oficial sobre a prisão do banqueiro.

Contatado pela agência de notícias Reuters, o BTG Pactual disse que não comentaria a notícia sobre a prisão de Esteves. Também uma fonte entrevistada pela agência confirmou que a operação incluiu buscas na residência do executivo do BTG Pactual e na sede do banco em São Paulo.

Ele entrou no banco Pactual em 1989 e em 1993 se tornou sócio da instituição. Em 1995, assumiu a chefia da Área de Renda Fixa do banco. Após fundar a BTG no final de 2008, com a recompra do Pactual em 2009, Esteves formou o BTG Pactual.

De acordo com o banco BTG Pactual, André Esteves tem graduação em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo membro do Conselho da BM&FBovespa e da Federação Brasileira de Bancos.

Em 2012, Esteves foi considerado o 13º brasileiro mais rico, segundo levantamento da Forbes. A fortuna do bilionário estava avaliada em US$ 3 bilhões. Em 2015, a fortuna de Esteves mostrou uma perda de US$ 700 milhões.

O valor de suas empresas caiu diante de empréstimos e investimentos em companhias afetadas pelo escândalo da Petrobras. Foi a maior queda entre banqueiros no Bloomberg Billionaires Index.

Leia a notícia na íntegra no site G1 - Paraná.

 

 

Lava Jato prende banqueiro André Esteves (por GERALDO SAMOR, de veja mercados)


A decisão do juiz Sergio Moro vem depois de meses de especulações do mercado sobre o envolvimento de Esteves em negócios com o PT.Numa decisão que vai gerar ondas de choque no mercado financeiro, a Polícia Federal prendeu nesta manhã o CEO do Banco BTG Pactual, André Esteves, um banqueiro sempre tido como muito próximo do Governo federal.ANDRE-ESTEVES2

Ao longo de todo este tempo, Esteves tem mantido que todos os seus negócios são lícitos, chegando a dizer que um deles, o investimento do BTG em ativos da Petrobras na Africa, constituía um contrato ‘à prova de Jornal Nacional’, que poderia ser examinado por todos sem que nenhuma dúvida pudesse ser levantada quanto à sua legitimidade.

Em outro possível foco da investigação, a Fazenda Cristo Rei, que pertencia ao pecuarista José Carlos Bumlai, foi comprada por Esteves num episódio que envolveu uma dação em pagamento de Bumlai para o BTG, e uma posterior venda da fazenda para o próprio Esteves. O mercado sempre apontou a transação como sendo atípica, dado que não é perfil do BTG conceder crédito ao agronegócio.

Até a publicação desta nota, as acusações contra Esteves não eram conhecidas, mas sua prisão é de caráter temporário, o que indica que não há prazo definido para soltura.

Causa preocupação o que pode acontecer com o BTG, um banco de investimentos de grande porte, com presença global, sócios internacionais, ações listadas na Bolsa, e cujo maior acionista e CEO é, agora, investigado pela Lava Jato. Em junho deste ano, a mera menção a Esteves num bilhete de Marcelo Odebrecht causou uma queda forte na ação do banco, um papel de relativamente pouca liquidez que tem sido defendido por sua própria tesouraria.

O BTG, que herdou parte do nome do antigo Banco Pactual, foi moldado num binômio de meritocracia e excelência, com um modelo de negócios inspirado nas grandes partnerships de Wall Street, como a Goldman Sachs. No entanto, sempre foi muito dependente, também, da ousadia e propensão a risco de seu fundador, que se traduz frequentemente nos resultados expressivos de sua tesouraria.

A PF prendeu também o senador Delcidio do Amaral (PT-MS). É a primeira vez que um senador da República é preso no exercício do mandato.

 

Na FOLHA: André Esteves é um dos banqueiros mais influentes do Brasil

Conhecido por ter bom trânsito no governo e com políticos de vários partidos, André Esteves é um dos banqueiros mais influentes do Brasil.

Nascido em 1969 em uma família de classe média do Rio de Janeiro, iniciou sua carreira aos 22 anos como programador de sistemas no Pactual, um dos primeiros bancos de investimento —instituições sem correntistas que se dedicam exclusivamente a grandes negócios— no país.

Com perfil agressivo nos negócios, foi alçado ao topo da instituição cedo e se tornou bilionário antes dos 40 anos, com a ambição de se tornar uma lenda do mercado financeiro da estatura de Jorge Paulo Lemann, do fundo 3G.

Em 1999, Esteves foi um dos capitães do movimento da ala jovem do Pactual que tirou Luiz César Fernandes do banco. Responsável pela contratação de Esteves, Fernandes foi o último dos quatro fundadores a sair da instituição ao abrir mão de sua participação de 14% três meses depois de ter deixado a presidência.

O executivo tinha feito negócios malsucedidos e queria quitar dívidas com bônus a receber, mas sócios mais jovens exigiram suas ações em troca, o que o tirou do negócio.

Esteves era um dos donos do Pactual em 2006, quando o banco foi vendido por US$ 3,1 bilhões ao UBS AG, a divisão latino-americana do banco suíço UBS.

Em 2008, o banqueiro e um grupo de sócios deixaram o UBS Pactual e estabeleceram um novo banco, o BTG. No ano seguinte, o executivo capitaneou a compra do UBS Pactual pelo BTG. O negócio de US$ 2,5 bilhões, em valores da época, formou o BTG Pactual.

Segundo o site da instituição, "com a compra, os sócios que haviam deixado o banco em 2008 se juntaram aos que haviam permanecido na instituição ao longo de todo o período que se seguiu à sua venda para o UBS".

O movimento se aproveitou da fragilidade do sistema financeiro internacional durante o auge da crise global, iniciada em 2008, e foi considerado uma jogada de mestre pelo mercado, o que aumentou o prestígio de Esteves.

O executivo esteve à frente de negócios importantes entre o BTG Pactual e o governo, principalmente durante a gestão Lula e no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Ele surpreendeu o mercado no início de 2011 ao comprar do empresário Silvio Santos o banco PanAmericano, então sob intervenção do Banco Central, tornando-se sócio da Caixa Econômica Federal no negócio.

O banqueiro se comprometeu a pagar R$ 450 milhões pelo banco, que tinha um rombo de R$ 4 bilhões e não quebrou graças a empréstimos do Fundo Garantidor de Créditos.

A compra marcou a entrada do BTG Pactual no varejo bancário brasileiro. Até então, a atuação do banco era restrita às áreas de atacado (grandes empresas) e investimento.

Em um outro negócio recente com o governo, o BTG comprou, em junho de 2013, 50% das operações da Petrobras Oil & Gas na África por US$ 1,5 bilhão. A empresa recebeu o nome fantasia de PetroÁfrica e atua na exploração de petróleo e gás em países africanos.

O BTG Pactual, de Esteves, é o sócio mais ativo da empresa de sondas de petróleo Sete Brasil. Executivos do banco estão à frente da reestruturação da empresa, que deve cerca de R$ 14 bilhões, na negociação com estaleiros, bancos credores e Petrobras. Além do BTG, são sócios também Bradesco, Santander, fundos de pensão de empresas estatais e a própria Petrobras.

IBOVESPA DERRETE

O mercado financeiro repercute nesta quarta-feira (25) a notícia de que a Polícia Federal prendeu o líder do governo no Senado, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o presidente do BTG Pactual, André Esteves, no âmbito da operação Lava Jato.

O dólar e os juros futuros registram forte alta, enquanto o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, recua. Os units (conjuntos de ações) do BTG Pactual também operam com desvalorização de dois dígitos.
 

 

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Fonte:
G1 + VEJA Mercados + Folha

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