Bovespa fecha em leve alta à espera de votação da meta fiscal; BB pesa negativamente
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou praticamente estável nesta terça-feira, com agentes financeiros na expectativa da votação no Congresso Nacional da mudança na meta fiscal de 2016, considerada pelo mercado e pelo próprio presidente interino Michel Temer como um teste para o governo.
Apesar de o acréscimo marginal garantir o primeiro fechamento no azul em oito pregões, o principal índice da bolsa paulista não sustentou as máximas da sessão e chegou a oscilar no vermelho, conforme as ações do Banco do Brasil recuaram 5 por cento após o anúncio de que o Fundo Soberano será extinto.
O Ibovespa fechou com variação positiva de 0,03 por cento, a 49.345 pontos. Na máxima, subiu 1,36 por cento e na mínima, caiu 0,36 por cento. O volume financeiro do pregão somou 5,19 bilhões de reais.
No exterior, a sessão foi de fortes ganhos dos principais índices acionários norte-americanos e de alta dos preços do petróleo, o que corroborou o fechamento positivo do Ibovespa.
Nesta sessão, o governo interino anunciou suas primeiras medidas econômicas, consideradas positivas por analistas e em linha com a necessidade de um ajuste fiscal de longo, mas o mercado reagiu com certo pragmatismo dadas as incertezas ainda presentes.
O governo anunciou duas medidas econômicas com efeito imediato, envolvendo o BNDES e o Fundo Soberano e que somam cerca de 42 bilhões de reais, e outra que depende do aval do Congresso para limitar despesas primárias, incluindo desembolsos com saúde e educação.
A sensibilidade do mercado ao cenário político ficou clara com a reação negativa ao cancelamento da reunião da Comissão Mista do Orçamento (CMO) para votar a nova meta fiscal. Contudo, profissionais de renda variável avaliaram como exagerada a reação do mercado, tendo em vista que o cancelamento não necessariamente inviabiliza a votação da nova meta no plenário do Congresso, onde parlamentares buscam destravar a pauta para votar o objetivo fiscal.
"Não destravar a pauta hoje arriscaria não votar a mudança na meta esta semana por causa do feriado. Isso sim seria negativo", disse um gestor.
O projeto esperado para começar a ser votado ainda nesta terça-feira abre espaço para o governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) registrar um déficit primário recorde de 170,5 bilhões de reais, ante meta ainda vigente de superávit 24 bilhões de reais.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL caiu 5,33 por cento, no pior desempenho do Ibovespa, ante o anúncio de extinção do Fundo Soberano brasileiro, que detêm um volume razoável de papéis do banco estatal.
- PETROBRAS fechou em alta de 0,35 por cento, ajudada pelo avanço dos preços do petróleo, após alguma volatilidade à tarde dado o cenário político. O noticiário da estatal também trouxe que, após reunião do Conselho de Administração na véspera o colegiado deve aprovar Pedro Parente para a presidência-executiva ainda nesta semana, segundo disse uma fonte próxima ao tema à Reuters.
- KROTON EDUCACIONAL subiu 3,28 por cento, recuperando-se de perdas expressivas da véspera, na esteira de notícias ligadas a vagas no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e respondendo por relevante suporte para o fechamento positivo do Ibovespa.
- BRASKEM avançou 4,23 por cento, no melhor desempenho do índice, beneficiada por relatório do Bank of America Merrill Lynch, que elevou a recomendação das ações para compra, citando entre os fatores o nível de preço dos papéis.
- VALE fechou com as preferenciais em baixa de 1,3 por cento, em sessão volátil, marcada por nova queda nos preços do minério de ferro à vista na China.
- USIMINAS sucumbiu à fraqueza do setor siderúrgico e caiu 2,3 por cento, enquanto CSN liderou as perdas entre suas pares, com recuo de 5,26 por cento. O Conselho Adminstrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu abrir um processo administrativo contra o Instituto Aço Brasil (IABr), que representa as usinas siderúrgicas do país, em ação proposta por entidade que representa importadores de aço.
- FIBRIA recuou 4,58 por cento, em meio à queda do dólar ante o real e dados semanais de preços de celulose praticamente estáveis na China e Europa.
(Por Paula Arend Laier)