Ministério Público tentar apartar guerra entre índios no Rio Grande do Sul. Quatro já foram baleados

Publicado em 19/09/2014 17:47

A Procuradoria da República em Erechim emitiu na última segunda-feira, 15 de setembro, uma recomendação à Funai, Polícia Federal e Brigada Militar do Rio Grande do Sul para que adotem as providências necessárias para restabelecer a ordem na aldeia indígena do Ligeiro, no município de Charrua, no norte do Estado.

A Funai deverá constituir um grupo de trabalho em até 48h que realize os estudos antropológicos que subsidiarão a mediação dos conflitos entre os índios; Polícia Federal e Brigada Militar, deverão, dentro das mesmas 48h, formar efetivo policial e o deslocar à aldeia para coibir novos conflitos e o uso de armas de fogo por parte dos índios. O prazo expirou ontem.

A aldeia de Ligeiro, ocupadas por índios kaingangs está em guerra desde a última eleição para cacique. No dia 31 de julho, quando um grupo de indígenas derrotados na eleição deu um "golpe de estado", expulsou membros da liderança eleita na base da violência, depredou as casas de desafetos e assumiu o cacicado.

Depois de mais de trinta dias de ataques recíprocos entre os grupos rivais, inclusive com uso de armas de fogo, foi realizada operação de busca e apreensão na reserva em 10 de setembro, a pedido do Ministério Público Federal.

Os líderes dos dois lados divergentes chegaram a firmar um acordo de paz em reunião realizada na sede da Polícia Federal em Passo Fundo logo após a operação de busca, porém os conflitos continuam. Quatro indígenas foram baleados e outras centenas de famílias apoiadores do cacique deposto foram expulsas da aldeia para abrigarem-se em propriedades vizinhas.

É a segunda vez que a escolha do cacique do reserva do Ligeiro leva à disputas internas e a diáspora dos derrotados. Na eleição anterior um grupo foi expulso e a Funai resolveu demarcar outra terra indígena na região de Sananduva para abriga-los.
 

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De acordo com o procurador da República Carlos Eduardo Cruz, que assinou a recomendação, “impõe-se a intervenção policial no local a fim de resguardar a segurança física e patrimonial de indígenas e moradores próximos à aldeia, até que a Funai resolva o problema, tal como recomendado pelo MPF. As autoridades têm se omitido desse dever e isso é inaceitável”.

O procurador da República conclui dizendo que "caso as instituições não atendam a recomendação, a saída será buscar a responsabilização das entidades e das autoridades que vêm se omitindo diante do gradual agravamento dos conflitos, sem prejuízo do manejo de medida judicial para que a União, através do Departamento de Polícia Federal e da Funai, e o Estado do Rio Grande do Sul, pela sua Polícia Militar, cumpram as medidas recomendadas para trazer de volta a normalidade e a segurança pública de volta à área indígena e ao Município de Charrua, debelando, de vez, o estado de 'terra sem lei' ali instalado e perpetuado, em grande medida, pela clara omissão das autoridades públicas".

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Fonte:
Questão Indígena

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1 comentário

  • roberto carlos maurer Almirante Tamandaré do Sul - RS

    SEMPRE ACHEI QUE O DESARMAMENTO VALIA PARA OS INDIOS TAMBÉM.PARA ALGUNS POUCOS PODE-SE TUDO, ESTAMOS VIVENDO UMA ÉPOCA ONDE ESTAMOS FICANDO PARALISADOS,CONFUNDIDOS.MAS O GRANDE PROBLEMA NÃO É O QUE A MINORIA FAZ, MAS SIM O SILENCIO DOS BONS.

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