Questão Indígena: Briga de cachorro grande - Indigenistas atacam ambientalistas

Publicado em 25/11/2014 17:40

Matéria de Marcela Belchior publicado no portal Adital mostra uma nuance propositalmente esquecida da relação entre indigenistas e ambientalistas. Os dois grupos evitam criticar publicamente um ao outro desde a formação de uma aliança nos anos 70 com o objetivo de fortalecer ambos. Mas vez por outra, a relação entre os dois grupos radicias estremece.

Belchior mostra criticas do Conselho Indígenas Missionário (Cimi) ao o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). De acordo com o Cimi, os órgãos de proteção ambiental têm coibido as atividades tradicionais de aldeias na ilha do Bananal, onde se situa o Parque Nacional do Araguaia (PNA), em uma área equivalente a 562 mil hectares.

No local vivem índios Karajá, javaés e avá-canoeiros que têm sofrido a condição não poderem garantir simples atividades de subsistência para as comunidades em função das regras de conservação ambiental do Parque. De acordo com Sara Sanchez, membro do Cimi ouvida pela Adital, "o Cimi defende que é uma terra indígena, que se relaciona com o meio ambiente, faz a proteção da floresta, dos rios, das matas e dos lagos. Tudo o que eles fazem é por meio do manejo sustentável, sem depredar o meio ambiente”, afirma. "O argumento das organizações é a proteção ambiental. A proteção ambiental já é feita pelos próprios indígenas, que cuidam da terra. Esses impasses devem ter interesses políticos, porque se não, o que será?”, indaga a representante do Cimi. 

Não é a primeira vez que mostramos esses entreveros entre indigenistas e ambientalistas aqui no Questão Indígena. Somados os acessos do Facebook e do Youtube, o vídeo no qual o cacique Alvaro Tucano faz a mesma denúncia tem mais de 10 mil visualizações.

Também já mostramos aqui que os xavante que receberam a área da antiga Fazenda Suiá-Missu calcinaram mais de 100 mil dos 165 mil hecatares da Terra Indígena Marãiwatsédé por dois anos consecutivos. Veja aqui.

Também já mostramos aqui que pesquisas da NASA detectaram efeitos devastadores das queimadas invisíveis promovidas pelos índios do parque indígena do Xingu. Relembre: Pesquisa da NASA lança dúvida sobre o paradigma do "ambientalismo indígena"

Recentemente a ONG Survival International, a mesma que exigiu do Governo brasileiro a expulsão de agricultores que viviam na terra indígena Awá-Guajá, no Maranhão, iniciou uma companha contra a expulsão de agricultores de uma área de proteção ambiental na Índia. De acordo com a ONG, "em nome de uma suposta conservação, povos indígenas e tribais estariam sendo ilegalmente expulsos dessas áreas, acusados como "furtadores”, por caçarem para comer; estariam ainda enfrentando detenções, espancamentos, torturas e morte por parte de patrulhas "antifurtos”, aponta a organização".

De acordo com a Survival muitas das maiores organizações conservacionistas do mundo estão envolvidas nesse tipo de prática. Estaria implicada, por exemplo, o WWF, a United for Wildlife, criada pela Fundação Real do Duque e Duquesa de Cambridge e do Príncipe Harry, os herdeiros da Família Real britânica. Segundo a Survival, a organização não reconhece os chamados para respaldar os direitos dos povos indígenas de viverem em suas terras tradicionais e para caçarem para alimentar-se.

A Survival aponta o caso dos Bayaka, povo pertencente às tribos pigmeias que vivem em selvas da região sul-oriental da República de Camarões, da zona aldeã da República do Congo, da República Centro-Africana e do Gabão. Outros povos que estariam sofrendo com os despejos seriam os caçadores bosquimanos, de Botsuana, que enfrentam restrições em suas terras ancestrais, na Reserva de Caça do Kalahari Central do país. Eles dependem da caça de subsistência para alimentarem suas famílias e a prática foi proibida sem qualquer tipo de política de compensação.

Em briga de cachorro grande vira-latas não se mete.

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Fonte:
Questão Indígena

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