Soja: Mercado inicia semana mais calmo, operando na estabilidade

Publicado em 14/07/2014 07:34

Depois de os preços da soja despencarem na Bolsa de Chicago na última sexta-feira (11), esse início de semana se mostra mais calmo no mercado internacional. Os futuros da oleaginosa, por volta das 7h30 (horário de Brasília), operavam em campo misto oscilações entre uma alta de 6,50 pontos para o contrato agosto, que já recuperava a casa dos US$ 12 por bushel e era cotado a US$ 12,02, e pequenas baixas de pouco mais de 1 ponto para os vencimentos setembro e novembro, que se mantinham abaixo dos US$ 11 por bushel. 

Segundo analistas, depois dos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado internacional da soja entrou em um novo patamar de preços e, aos poucos, deve operar para se estabilizar nesses novos níveis. O momento, portanto, é de acomodação dessas cotações. 

Paralelamente, o andamento do clima nos EUA já impacta diretamente no rumo que tomam os negócios e, até o momento, esse tem sido um fator negativo, já que as condições têm se mostrado bastante favoráveis no Meio-Oeste americano, principal região produtora de grãos do país. Para analistas internacionais, caso essas condições sigam adequadas até o verão, há possibilidades de que a safra norte-americana 2014/15 seja revisada para cima, mantendo, portanto, a perspectivas de preços mais baixos daqui a diante.  

Veja como fechou o mercado na última sexta-feira (11):

Soja: Com estoques e safra maior nos EUA, preços têm forte queda

O novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que vinha sendo tão esperado pelo mercado da soja foi divulgado nesta sexta-feira (11) e derrubou os preços da soja na Bolsa de Chicago. Os vencimentos mais negociados perderam entre 18 e 37 pontos, porém, ao longo da sessão regular, as perdas chegaram a superar os 70 pontos em algumas posições. 

Essa sequência de queda, que bateu hoje no décimo pregão negativo consecutivo, é a mais longa em 41 anos, e reflete o expressivo aumento reportado pelo departamento norte-americano para a produção e os estoques finais do país na safra 2014/15. Esses são números que, segundo analistas, levam os negócios da soja a um novo patamar de preços e a um novo cenário de negociações. 

Assim, na sessão desta sexta, o vencimento setembro encerrou o dia perdendo 22,50 pontos e valendo US$ 10,99 por bushel, enquanto o novembro, referência para a nova safra americana, ficou em US$ 10,75, recuando 18 pontos. 

Números do USDA

Os estoques finais de soja dos Estados Unidos na safra 2013/14 foram revisados para cima de 3,4 milhões para 3,81 milhões de toneladas, ficando acima das expecativas do mercado - de 3,5 a 3,6 milhões de toneladas. As exportações do país, por outro lado, subiram de 43,55 milhões para 44,09 milhões de toneladas, bem como o esmagamento, onde foi indicado um aumento de 46,27 milhões para 46,95 milhões de toneladas. 

O USDA informou ainda que o residual do país para a safra velha ficou negativo em 1,88 milhão de toneladas, enquanto as importações da oleaginosa caíram de 2,45 milhões para 2,31 milhões de toneladas. 

Sobre a safra 2014/15, os USDA aumentou suas estimativas para os estoques finais de 8,85 milhões para surpreendentes 11,29 milhões de toneladas. As expectativas do mercado variavam entre 10 e 11 milhões. A produção de soja do país foi projetada em 103,42 milhões de toneladas, contra 98,93 milhões de toneladas estimadas em junho. 

O esperado para as exportações de soja dos EUA também subiram, nesse caso, de 44,23 milhões para 45,59 milhões de toneladas, enquanto o esmagamento estimado é de 47,76 milhões de toneladas, frente ao número de 46,67 milhões do boletim anterior. As importações de soja da nova safra vieram em linha com a última projeção e ficaram em 408 mil toneladas, enquanto o volume residual passou de 490 mil para 520 mil toneladas.  

No cenário mundial, a projeção para a safra 2013/14 subiu ligeiramente, passando de 283,79 milhões para 283,87 milhões de toneladas. Os estoques finais subiram também, passando de 67,17 milhões para 67,24 milhões de toneladas. 

Para Brasil, Argentina e China, os números de produção foram mantidos em, respectivamente, 97,5 milhões, 54 milhões e 12,2 milhões de toneladas, bem como as importações de soja da nação asiática de 69 milhões de toneladas. 

No caso da safra nova, a estimativa para a produção mundial subiu expressivamente e chegou a 304,79 milhões de toneladas, com estoques finais de 85,31 milhões de toneladas. No relatório de junho, a produção foi estimada em 299,99 milhões e os estoques em 82,88 milhões de toneladas. 

O USDA manteve ainda suas projeções para o Brasil de 91 milhões de toneladas e estoques finais em 24,06 milhões; para a Argentina de 54 milhões de toneladas e estoques finais em 32,160 milhões e para a China, com a produção de 12,2 milhões de toneladas e os estoques finais de 13,09 milhões. O estimado para as importações chinesas, no entanto, subiram de 72 milhões para 73 milhões de toneladas. 

Impacto nos Preços

O mercado e os analistas esperam agora uma melhor definição dessa nova safra norte-americana, já que há ainda todo o período de desenvolvimento das lavouras pela frente. No entanto, as condições climáticas atuais são bastante favoráveis e a classificação das lavouras para esse período é uma das melhores dos últimos anos. De acordo com números do USDA, até o último domingo (7), 75% das plantações estavam em boas ou excelentes condições. Esse número será atualizado na próxima segunda-feira (14). 

Além disso, Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest, explica ainda que são esperadas informações mais concretas também sobre a nova safra da América do Sul, já que devem contribuir para uma definição do rumo dos negócios. 

"Esse estoque final mundial de soja, com um aumento de 4% ao ano, resultaria em um estoque final na casa de 100 milhões de toneladas, com um aumento de 33 milhões em relação à temporada anterior. É isso que o mercado está estimando e esse é um dos principais motivos para esse balde de água fria que temos para as cotações da soja em Chicago. 

Mercado Interno

No Brasil, os preços também recuam, tanto para a soja disponível quanto o produto da nova safra. Somente nesta sexta-feira, os preços nos portos de Paranaguá e Rio Grande para a soja 2013/14 caíram, respectivamente, 1,67% - R$ 67,00 por saca - e 1,52%, com a saca valendo R$ 65,00. 

"Isso mostra, cada vez mais, a importância do produtor tomar decisões, investir tempo no gerenciamento do risco de preços", explica Araújo. Assim, o analista reforça a necessidade que o produtor tem também de acompanhar a movimentação do dólar, inclusive na hora de fechar as contas para o custo de produção, os quais devem registrar um expressivo aumento nessa próxima temporada. 

"Há uma expectativa de melhora na economia americana, o que desvalorizaria o real ainda mais, e isso beneficiaria o produtor brasileiro vendendo sua soja em reais, temos esse fator positivo que contribui para a renda do sojicultor", diz. "Mas é preciso ficar atento, estamos passando por uma transição no cenário da soja, de um mercado antes escasso de oferta e com uma demanda muito acentuada, migrando para um quadro de muita oferta e a demanda não aumentando tanto assim. Assim, esse efeito cambial será decisivo para a renda do produtor", completa. 

Veja os números do USDA para a soja:

Tabela Soja - USDA Julho

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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