Soja encerra mais uma semana com altas em Chicago e no Brasil

Publicado em 25/07/2014 18:14

A semana foi marcada por bons momentos de alta nos mercados internacional e interno da soja. Na Bolsa de Chicago, o vencimento agosto/14 fechou a semana de volta ao patamar dos US$ 12,00 por bushel - com US$ 12,12 e alta de 4,75 pontos. Na semana, o vencimento registrou um ganho de 2,36%. Já os contratos novembro e março, terminaram a semana valendo US$ 10,83 e US$ 10,96, com alta semanal de 1,12% e 0,83%, respectivamente. 

Segundo explicou o consultor de mercado Ricardo Stasinski, da ODS Serviços em Agronegócio, o mercado, nas últimas duas semanas, vem trabalhando com uma faixa de preços entre os US$ 10,60 e US$ 11,20 para o vencimento novembro/14, referência para a safra americana, e entre US$ 10,80 e US$ 11,40 para o março/15. "Isso é uma faixa de consolidação de preços. Depois de uma forte desvalorização, os preços voltaram um pouco e tentam se consolidar nesses patamares. Nas próximas semanas, eles devem continuar trabalhando nesse intervalo". 

Preços mais altos no Brasil x Comercialização lenta

No Brasil, com melhores referências em Chicago, os preços também registraram uma valorização, tanto nos portos quanto em boa parte das principais praças de comercialização no interior do país. Paralelamente, os prêmios também subiram e o dólar registrou alguns bons momentos de alta em relação ao real, criando um cenário favorável para a comercialização. 

De acordo com um levantamento feito pelo economista André Lopes, do Notícias Agrícolas, o vencimento agosto praticado em Chicago mais o valor do prêmio teve uma valorização na semana de 3,46% e, no setembro, a alta foi de 2,47%. Em reais por saca, o ganho semanal, com o prêmio, foi de 3,74% e 2,75%, respectivamente. De segunda a sexta-feira, a alta do dólar foi de 0,27%.  

No gráfico abaixo, confira uma comparação da evolução do valor do contrato em Chicago com e sem o prêmio dos dias 18 a 25 de julho:

Soja na semana

No entanto, nem mesmo com esse cenário novas vendas foram estimuladas no mercado interno e o fluxo de negócios continua caminhando a passos lentos para o que ainda resta da safra 2013/14 de soja. Segundo a gerente comercial da Cereagro, Flora Lopes, o ritmo dos negócios ficou aquém do que era esperado, apesar de ser um pouco mais expressivo do que nas últimas semanas. "O mercado voltou a ficar mais comprador depois dessas últimas altas, acreditando que os produtores fossem participar mais", disse. 

Nos portos, quando os preços chegaram na casa dos R$ 67,00/saca algumas vendas foram efetivadas, mas a meta de valor dos produtores ainda é de R$ 70,00. A demanda segue aquecida, o mercado é francamente comprador e há pouca oferta disponível, bem como vendedores dispostos a voltarem a participar do mercado. As exportações brasileiras de soja continuam registrando bons volumes e a demanda interna, segundo analistas, deverá se aquecer ainda mais a partir de setembro, quando as indústrias deverão voltar às compras de forma mais "agressiva", necessitando efetivamente da matéria-prima para a produção de farelo e óleo, produtos que também têm uma demanda aquecida e crescente. 

No oeste do Paraná, na região da Coopavel, por exemplo, restam 40% da produção para ser comercializada, segundo relatou o presidente da instituição, Dilvo Grolli. Já no sudoeste de Goiás, na região da Comigo, esse percentual é de 20%, segundo Antônio Chavaglia, presidente da cooperativa. 

Ainda segundo Grolli, na região de Cascavel, os preços da soja caíram cerca de 10 a 12%, e as altas dessa semana, que foram próximas de 3%, ainda não foram expressivas o suficiente para animar os produtores a efetivar novas vendas. "O mercado ainda registra uma ausência de vendedores, então a comercialização segue bem lenta. Os produtores estão bem capitalizados e esperam vender a soja na casa dos R$ 60,00 ou próximo disso e os preços, hoje, estão nos R$ 56,00". 

Altas em Chicago

Segundo analistas, os ganhos dessa semana na Bolsa de Chicago, apesar do fechamento fraco e em campo misto dos preços, foram reflexo de novas informações sobre a demanda. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou novas vendas de soja em grão, farelo e óleo, com volumes expressivos, inclusive da safra 2013/14. Segundo os números do último boletim de vendas para a exportação, referente à semana que se encerrou em 17 de julho, os EUA venderam mais de 2 milhões de toneladas, enquanto as expectativas do mercado apostavam em algo entre 1,2 e 1,45 milhões de toneladas. 

Somente nesta sexta-feira, o departamento norte-americano anunciou a venda a venda de 360 mil toneladas de soja em grão para a China e 134,7 mil toneladas de farelo para o México, ambos os volumes com entrega prevista para a temporada 2014/15. Os preços mais atrativos da soja, que atingiram os menores níveis em quatro anos na CBOT, estimularam a volta dos compradores, principalmente entre os fundos de investimento, que recompraram boa parte de suas posições no mercado futuro americano.

Apesar do suporte oferecido por essas informações da demanda, as expectativas de uma grande safra nos Estados Unidos e do bom comportamento do clima no Meio-Oeste americano até esse momento ainda exercem uma pressão sobre as cotações e acabam limitando o potencial de recuperação dos preços. 

Nessa semana, começaram a aparecer as primeiras especulações sobre as condições climáticas nos EUA indicando que algumas regiões produtoras importantes do país estariam precisando de chuvas nas próximas semanas para garantir seu potencial produtivo. No entanto, alguns mapas meteorológicos indicaram que, principalmente em agosto - mês determinante para o cultivo da soja - o comportamento do clima deve se manter favorável, com temperaturas amenas e chuvas dentro da normalidade, com bons volumes e bem espaçadas. 

"Ao que tudo indica o clima é favorável e, se isso continuar ocorrendo, novas baixas poderão ser registradas no mercado nos próximos meses. Assim, deve haver uma certa volatilidade no mercado até que se tenha uma consolidação da safra nos EUA, o que deve chegar próximo do dia 15 de setembro. Então, se no próximo relatório de oferta e demanda do USDA não vier nenhum dado muito impactante, o mercado vai continuar oscilando sobre as condições climáticas, pelo menos até o início da colheita nos Estados Unidos", explica Ricardo Stasinski. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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