Soja Intacta: Abiove comunica impasse na negociação com a Monsanto

Publicado em 30/07/2014 15:52 e atualizado em 30/07/2014 21:40

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), entidade que representa as indústrias processadoras de soja, reiterando seu compromisso de transparência com a cadeia produtiva e com o mercado em geral, e compartilhando da preocupação dos produtores agrícolas do Brasil com a aproximação do período de plantio da safra 2015, comunica com apreensão não ter chegado a um acordo com a Monsanto para prestação de serviços envolvendo a soja Intacta RR2 PRO™.

Conforme comunicado da Abiove de 16 de julho de 2014, a entidade vem negociando com a Monsanto, há cerca de seis meses, a prestação de serviços de monitoramento, com o objetivo de contribuir para a segurança da cadeia produtiva no País. Porém, em função de manifestações da Monsanto no sentido de que poderá intervir indevidamente nas atividades das associadas à Abiove, o acordo não foi possível, o que prejudica qualquer garantia de recebimento de soja Intacta RR2 PRO™ por parte das empresas associadas dados possíveis riscos jurídicos envolvidos no recebimento.

A Abiove reafirma seu comprometimento com a harmonia na cadeia produtiva e garante ao setor de soja no Brasil que continuará firme em seus esforços e que permanece aberta às negociações com a Monsanto, desde que não envolvam interferências indevidas nas atividades das empresas brasileiras.

Leia também:

Nota Aprosoja-RS aos produtores rurais sobre posicionamento para aquisição de sementes na próxima safra

Na última Assembleia da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul efetuada no neste mês na cidade de Cruz Alta –RS, após ampla exposição e debates, decidiram expedir orientação e determinar aos Agricultores filiados as providências que seguem:

1a -  Ao adquirir sementes de soja Intacta ou de qualquer outra variedade: não assinar qualquer documento que exclua o direito do Agricultor de reservar sementes próprias para cultivo em safra futura ou que represente compromisso futuro de pagamento a qualquer título sobre cultivo de semente própria.

2a - Ao plantar cultivares não Intacta:

(a) efetuar laudo agronômico com ART registrada, no sentido de identificar área de plantio previsão de colheita e a cultivar a ser plantada;

(b) registrar esse laudo no Cartório de Títulos e Documentos; 

(c) guardar o laudo, as Notas Fiscais no caso de plantio de sementes certificadas ou, se for o caso de cultivo de sementes próprias, guardar os documentos fiscais de aquisições das sementes de origem; 

(d) se testes futuros indicarem contaminação por intacta, promover competente processo reparatório.

3a - A Aprosoja –RS, juntamente a FETAG e os Sindicatos Rurais, notificarão as empresas cerealistas, compradoras e cooperativas agrícolas, dando-lhes ciência expressa da sentença lavrada que declarou “o direito dos agricultores” de reservar sementes próprias para cultivo em safra futura sem novo pagamento de royalties, indenização ou taxa tecnológica, bem como declarou a ilegalidade do procedimento de descontos a esses títulos pelas empresas cerealistas, compradoras e cooperativas agrícolas, por ocasião das comercializações das safras pelos produtores como matéria prima e/ou alimento. A decisão judicial também determinou a devolução de tais valores devidamente atualizados. A fim de que os notificados tenham ciência inequívoca de tal decisão judicial, serão alertados de que se procederem a qualquer desconto sobre a comercialização da soja, atuando por conta própria ou por representação de quem quer que seja e a que título for, serão individualmente responsabilizadas para que indenizem os Agricultores prejudicados. 

Santo Ângelo, RS, 25 de julho de 2014.

APROSOJA RS

ABIOVE: indústrias enxergam dificuldades para a comercialização da soja Intacta na safra 2015

A ABIOVE, representante das indústrias brasileiras processadoras de soja, vê com preocupação o plantio e a comercialização da soja Intacta RR2 PROTM para a safra 2015, cujo plantio se inicia em setembro de 2014.

As associadas da ABIOVE vêm negociando com a Monsanto a prestação de serviços relacionados ao  monitoramento do recebimento de soja Intacta há cerca de seis meses, porém, até agora, não foi possível chegar a uma conclusão.

A falta de consenso sobre o tema poderá fazer com que as empresas processadoras não possam receber a soja Intacta dos sojicultores, em razão de dúvidas sobre eventuais embaraços no seu processamento e comercialização. Com a proximidade do planejamento de plantio da safra 2015, essa situação de incerteza causa sérios desconfortos a todos os envolvidos na cadeia produtiva, gerando riscos ao comércio internacional e à balança comercial brasileira. As exportações do complexo soja deverão alcançar US$ 29,2 bilhões em 2014.

Visando o bem de toda a cadeia produtiva da soja, a ABIOVE espera que haja rápida evolução na negociação entre suas associadas e a Monsanto. Nesse sentido, reforçando o seu compromisso de transparência, a ABIOVE comunicará o mercado sobre o desfecho das possíveis negociações com a Monsanto.

Para entender o sistema de monitoramento do recebimento da soja Intacta que está sendo proposto

O objetivo do monitoramento é assegurar que o desenvolvedor da tecnologia seja remunerado e possa continuar investindo na pesquisa de melhoramento genético.

Os compradores de soja se dispõem a prestar serviços remunerados de controle dos recebimentos de grãos. Esses agentes econômicos, entre eles a indústria, registrariam no sistema os volumes declarados pelo produtor de soja Intacta e os comparariam com os créditos referentes ao pagamento de royalties pela compra da semente ou pelo uso autorizado de semente salva. Exemplo: soja que o produtor guardou da safra 2014 para uso como semente salva na safra 2015.

Os lotes informados pelo produtor como não sendo soja Intacta seriam objetos de teste. Se fosse constatada a presença da tecnologia Intacta, os compradores fariam a retenção do valor correspondente aos royalties, valor este que seria repassado à Monsanto.

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Fonte:
Abiove

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5 comentários

  • Laercio Jorge Pilau Santo Ângelo - RS

    LAERCIO J PILAU - SANTO ÂNGELO-RS

    Qual o "valor da retenção"????? - tenham CORAGEM e "abram o jogo", mostrem que são mais vorazes que a Helicoverpa.

    A Abiove está agindo acertadamente, não podemos correr riscos desnecessários devido a ganância de uma empresa.

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  • CESAR AUGUSTO SCHMITT Maringá - PR

    Srs Rodrigo e Valdir:

    Essa taxação de 9,5 % já existe. É obrigatoriedade da parte processadora seu recolhimento. O que a abiove tentou e vai tentar novamente e repassar o recolhimento para o produtor. Quanto a Monsanto, todos deveriamos cobrar de nossas cooperativas o quanto elas ganham pra que nossos caminhões e colheitadeiras fiquem parados durante a tal aferição.

    E vamos colher milho safrinha : Abraços

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  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Sr. Cèsar Smith, è verdade o que o Sr. Valdir Fries afirma, a Abiove foi contra o projeto do deputado Hauly, que a esta altura deve ter entendido perfeitamente que a classe produtora não quer mais impostos de nenhuma natureza, e a Abiove està mais que correta em cobrar a Monsanto e não se deixar explorar por uma milionária multinacional, e se nossos representantes vendem-se para favorecer e abarrotar os cofres destas empresas de dinheiro, muito alèm do razoável, devemos estar atentos à isso. Entretanto, isso não invalida o esforço do deputado Hauly em uma PEC que irà favorecer e muito não somente os produtores, mas toda a sociedade. Quando da vota

    ção do projeto de aumento de impostos, o deputado Hauly não tergiversou, expôs suas razões, não convenceu e perdeu. Queremos menos impostos e não mais, e isto já è uma forte razão para apóia-lo, e cobrar apoio de nossos representantes, à proposta de emenda à constituição de ELIMINAÇÃO de impostos sobre insumos usados na produção, industrialização e consumo dos alimentos.

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  • Valdir Edemar Fries Itambé - PR

    Caro amigo CESAR SCHMITT, para esclarecer em relação ao impasse entre a MONSANTO e a ABIOVE, se trata das custas de aferição se o produto tem ou não a tecnologia INTACTA na hora da classificação da soja, e garantir o recebimento do ROYALTIES na PÓS COLHEITA, caso você tenha usado semente pirata e ou inserir a cobrança do pós colheita no produto que você tenha entregue acima do VOLUME DE ISENÇÃO pago na aquisição da semente...Tudo trabalho de analise para detectar e da responsabilidade da cobrança fica para as afiliadas da ABIOVE, tudo tem custos, e este custo da prestação de serviço por parte das afiliadas da ABIOVE é que esta gerando o impasse...ok...

    Agora quanto a questão da taxação de 9,5 % a que você se refere, acredito que deva se informar melhor, até porque a ABIOVE busca outro tipo de reivindicação, que você pode conferira aqui mesmo no site do NOTICIAS AGRÍCOLAS através do LINK - http://www.noticiasagricolas.com.br/videos/entrevistas/138028-entrevista-com-daniel-furlan-amaral-gerente-de-economia-abiove.html#.U9mo9PldXTR ... O que o FURLAN esclarece em entrevista ao nosso amigo João Batista Olivi, não tem nada a ver com os “tranqueiras” a que você se refere... Ao contrario, a ABIOVE cobra do Governo certos benefícios fiscais que venham beneficiar a industria a exportar mais seu produto industrializado, da mesma forma que o soja em grão já vem tendo a muito tempo, através da LEI KANDIR, uma lei que promoveu as exportações de soja, e que por sinal foi relatada e apresentada pelo DEPUTADO HAULY, ainda nos anos 90...

    ...Acredito que sua referencia aos Deputados Paranaenses, você deve estar ligada a emenda parlamentar incluída na Medida Provisória 627 que tinha por objetivo regulamentar os benefícios concedidos na Medida Provisória 615 quanto a isenção do PIS COFINS DA SOJA...

    Mais esclarecimentos em relação segue

    O desequilíbrio e as distorções que afetam o agronegócio brasileiro - http://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/artigos-geral/138557-o-desequilibrio-e-as-distorcoes-que-afetam-o-agronegocio-brasileiro-por-valdir-fries.html#.U9mkyfldXTQ

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  • CESAR AUGUSTO SCHMITT Maringá - PR

    Bom, muito bom. Dois "picaretas" brigando. A Monsanto todo mundo sabe a praga que é. Pior que helicoverpa. Essa tal de Abiove é aquela que quis repassar a taxação de 9,5% sobre a venda de soja para o produtor, através dos deputados "tranqueras" do Paraná, Rubens Bueno e Hauly(lembrem-se de não votar nessas porcarias aí).

    Portanto, esperando que se matem, só temos a ganhar com essa briga.

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