No Brasil, soja tem semana negativa apesar de dólar e prêmios

Publicado em 01/08/2014 17:17 e atualizado em 01/08/2014 18:05

O mercado fechou a sessão desta sexta-feira, 1º de agosto, perdendo mais de 20 pontos nos vencimentos mais negociados na Bolsa de Chicago. A posição novembro/14, referência para a nova safra dos Estados Unidos, encerrou o dia valendo US$ 10,58 por bushel e o contrato março ficou em US$ 10,75/bushel. Paralelamente, houve uma ligeira desvalorização dos prêmios nos portos brasileiros e também do dólar frente ao real. 

Em Chicago, um dos principais fatores de pressão para os preços veio, mais uma vez, do atual quadro climático no Meio-Oeste americano. A cultura da soja entrou em seu mês determinante nos EUA e as previsões para as próximas semanas, até esse momento, são favoráveis, indicando que as condições deverão se manter adequadas para um bom desenvolvimento das lavouras. 

Dessa forma, segundo explicaram analistas internacionais, os fundos de investimentos e traders se mostraram mais ansiosos para realizar seus movimentos de vendas, o que também pesou sobre as cotações. Além disso, essas ações foram ainda mais estimuladas pelo mau humor do mercado financeiro. 

As expectativas de uma grande safra nos Estados Unidos deverão continuar a pressionar o mercado nesse momento, apesar de um expressivo crescimento da demanda, sinalizado, principalmente, pelas altas exportações norte-americanas, tanto da safra nova quanto da safra velha dos país. 

São esperadas boas chuvas para as próximas duas semanas e o clima mais seco que pôde ser observado em algumas regiões deverá ser compensado, ainda segundo especialistas de sites internacionais, por essas precipitações. O mercado deve ficar atento, portanto, ao novo boletim de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na próxima segunda-feira (4) com as condições das lavouras norte-americanas. No último reporte, o índice de plantações de soja em boas ou excelentes condições ficou em 71%, recuando ligeiramente frente ao número da semana anterior, de 73%. 

O USDA aposta em uma colheita de mais de 103 milhões de toneladas na safra 2014/15, com uma produtividade recorde de mais de 51 sacas por hectare. No próximo dia 12, um novo boletim mensal de oferta e demanda será divulgado e esses números deverão ser atualizados, bem como os de demanda da safra 2013/14. 

Ainda nessa semana, o IGC (Conselho Internacional de Grãos) revisou para cima sua estimativa para a safra mundial de soja de 300 milhões para 304 milhões de toneladas frente às perspectivas de uma boa colheita nos EUA. Além disso, mesmo ainda faltando mais de um mês para o plantio da nova safra no Brasil, as expectativas também são de que haja um crescimento significativo na produção do país que é, hoje, o maior produtor da oleaginosa depois dos EUA. As primeiras estimativas do departamento norte-americano para a safra brasileira ficam na casa das 91 milhões de toneladas. 

Mercado Financeiro

O humor dos investidores no mercado financeiro e um cenário de maior aversão ao risco neste momento complementaram o quadro negativo para os preços nesses últimos dias. O calote da Argentina, o balanço negativo do banco português Espírito Santo - que já havia apresentado problemas - e os conflitos geopolíticos se intensificando foram alguns dos fatores que causaram grandes preocupações. 

"Estamos no meio de um grande turbilhão de informações e esse é um momento e agora o mercado entra, portanto, em um momento de intensa volatilidade e incerteza", disse o consultor em agronegócio Ênio Fernandes. Com uma maior aversão ao risco no financeiro, os investidores têm deixado boa parte de suas posições em ativos mais sensíveis à essas incertezas e migraram para outros mais seguros como o dólar e os títulos do governo americano. 

Na Argentina, o prazo para uma solução da dívida do país com os fundos norte-americanos terminou sem um acordo e, tecnicamente, entrou em um calote. O ministro da economica argentino, no entanto, não reconhece o default já que parte do dinheiro já foi depositado, apesar de o pagamento não ter sido legitimado pela justiça dos EUA.

Além disso, o banco português Espírito Santo divulgou seu balanço mostrando alguns problemas e uma certa insegurança, o que também impactou negativamente sobre o mercado. O prejuízo da instituição, no segundo trimestre do ano, foi de 3,4 bilhões de euros. As perdas aconteceram em meio à uma séria crise financeira, marcada por calote de empresas do grupo e o pedido de uma recuperação judicial de uma parte do conglomerado, segundo noticiou o Estadão nesta sexta. 

Por outro lado, foi divulgado o crescimento da economia dos Estados Unidos em 4% no segundo trimestre do ano. O número veio bem acima do esperado e, hoje, os novos dados sobre os empregos no país serão divulgados e também devem movimentar o mercado. Além disso, números fortes sobre a indústria da China complementam o cenário.

Saldo semanal negativo

O saldo semanal para o mercado da soja na Bolsa de Chicago também foi negativo. O vencimento agosto/14 caiu 1,74%; o setembro 5,58% e a posição novembro/14, referência para a safra dos Estados Unidos, registrou desvalorização de 4,45%. Apesar disso, se for observada a movimentação do preço em Chicago mais o prêmio praticado em Paranaguá, o resultado foi positivo em 3,08% para o agosto, porém, negativo em 3,91% para o setembro, já que a desvalorização desse contrato foi maior na CBOT. 

As perdas são mais amenas para os preços da soja quando o prêmio é acrescentado frente à forte alta que os valores pagos nos portos brasileiros registraram expressivos ganhos. Para a entrega agosto, o avanço foi de 37,14% e para setembro, 4,35%. Além disso, o dólar subiu, na semana, 1,71%, e fechou o dia cotado a R$ 2,26. 
 
Dessa forma, a média de preços em reais por saca para agosto subiu 4,84% e, para setembro, houve uma pequena queda de 2,27%. No porto de Paranaguá, a saca de soja disponível, na semana, caiu 3,68%, passando de R$ 68,00 para R$ 65,50. Já em Rio Grande, o preço caiu de R$ 68,00 para R$ 65,00, perdendo 4,41%. No caso da soja futura, os preços caíram de R$ 61,00 para R$ 59,50, caindo 2,46%, e de R$ 61,50 para R$ 60,00, em Paranaguá e Rio Grande, respectivamente. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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