Soja: Mercado tem pregão calmo em Chicago nesta 4ª feira e segue buscando equilíbrio

Publicado em 19/08/2015 08:12

Na sessão desta quarta-feira (19), o mercado internacional da soja opera bem próximo da estabilidade. As cotações da oleaginosa, por volta das 9,33 (horário de Brasília), registravam ligeiros ganhos de 1,75 a 2,25 pontos nas posições mais negociadas após, na sessão anterior, fecharem com mais de 10 pontos de baixa. 

Os traders, segundo explicam os analistas, seguem tentando encontrar um ponto de equilíbrio para o mercado e um bom posicionamento à espera da conclusão do desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos, das notícias que chegam sobre a economia chinesa e da demanda mundial pela commodity. 

"Os futuros da soja tentam uma recuperação nesta quarta-feira, depois que o contrato novembro chegou a testar quebrar a barreira dos US$ 9,00 durante a madrugada ainda sentindo os efeitos dos últimos relatórios do USDA. Os traders seguem buscando entender qual será o real tamanho da safra americana e acompanhando o comportamento do clima nos EUA, e ainda não são observadas ameaças pelo menos até o final do mês, apesar de algumas tendências de clima mais seco em alguns pontos do Meio-Oeste", acredita Bryce Knorr, analista de mercado e editor do portal Farm Futures. 

Para o analista, essas incertezas sobre o clima e também sobre a área de plantio no país - a Farm Service Agency informou que, neste ano, os produtores norte-americanos pediram a indenização para 880 mil hectares que não foram plantadas por conta de adversidades climáticas, contra 340,39 mil do ano passado - poderiam ainda trazer algum suporte aos preços. Por outro lado, acredita ainda que as informações que chegam da China ainda exercem uma influência negativa sobre os negócios. 

Nesta quarta-feira, o índice regional asiático registrou sua mínima em dois anos frente à volatilidade das bolsas da China, segundo noticiou a agência Reuters. Em apenas uma sessão, as ações em Xangai acentuaram o sobe e desce dos índices refletindo a ainda abalada confiança dos investidores internacionais. 

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

Soja perde mais de 10 pts em Chicago e preços têm novas baixas nos portos do Brasil nesta 3ª

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a sessão desta terça-feira (18) em campo negativo e com baixas significativas. Durante todo o dia, as cotações testaram mínimas importantes e foram pressionadas não só por seus fundamentos, mas também por informações do mercado financeiro e por fatores técnicos, segundo explicaram analistas. 

O mercado vem buscando se ajustar ao novo ambiente criado para os preços depois que, na semana passada, recebeu novos dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre a safra 2015/16 do país que surpreenderam e também frente às medidas do governo chinês, que provocou uma desvalorização de sua moeda, gerando preocupações no cenário macroeconômico. 

O consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, acredita ainda que essa forte queda registrada hoje também é reflexo de um movimento de liquidação técnica. E apesar da falta de uma tendência positiva nesse momento - com o inevitável impacto da nova safra norte-americana e das notícias vindas da China - Brandalizze afirma que o espaço para baixas ainda mais intensas, em sua opinião, é limitado.

"O contrato novembro, que é referência para a safra americana tem um suporte forte nos US$ 9,02 em Chicago e, quando ele testa esse patamar para baixo, há fortes movimentos de compra, principalmente por parte dos fundos de investimento", explica. "E sempre teremos os especuladores negativos", completa. 

E foi justamente os US$ 9,02 a mínima desta terça-feira do contrato novembro/15, referência para a safra americana, que fechou o dia com US$ 9,06 por bushel, caindo mais de 12 pontos. Entre as demais posições negociadas, as baixas variaram entre 11,4 e 13,6 pontos. 

EUA - Safra 2015/16

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), nesta segunda-feira, trouxe seu novo boletim semanal de acompanhamento de safras mantendo o índice das lavouras de soja do país inalterado em 63%. Os problemas estão mais concentrados no estado do Missouri, onde apenas 38% das plantações se apresentam na fase de formação de vagens, contra 61% da média da média dos últimos cinco anos. No restante do país, os índices estão se ajustando às médias.

Para Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest, a manutenção do número das plantações de soja em boas condições chegou como um fator de pressão sobre os preços, uma vez que os traders apostavam em uma redução do índice das as condições de clima um pouco mais seco em regiões específicas. 

As últimas previsões do NOAA, departamento oficial de clima do governo norte-americano, indicam tempestades se movimentando por quase todo o Corn Belt nesta manhã de terça-feira e as mais alongadas - para os próximos sete dias - indicam um novo sistema chegando no final da semana trazendo chuvas para todas as regiões, à exceção do oeste do Meio-Oeste.  

Ainda de acordo com o serviço, entre 25 e 31 de agosto, o Meio-Oeste americano deve contar temperaturas acima da média para essa época do ano, enquanto as chuvas podem ficar abaixo, como mostra a imagem a seguir. 

Previsão de chuvas nos EUA entre os dias 25 a 31 de agosto - Fonte: NOAA

Previsão de chuvas nos EUA entre os dias 25 a 31 de agosto - Fonte: NOAA

Temperatura nos EUA entre os dias 25 a 31 de agosto - Fonte: NOAA

Temperatura nos EUA entre os dias 25 a 31 de agosto - Fonte: NOAA

Economia da China

Nesta terça-feira, os dois principais índices acionários da China caíram mais de 6% e, segundo informou a agência de notícias Reuters, refletindo as "especulações de que o banco central pode não ter pressa para afrouxar novamente a política monetária e temores de que um enfraquecimento ainda maior no iuan prejudique importadores".

E esse cenário mantém a confiança dos investidores ainda fragilizada. Como explica Bryce Knorr, analista de mercado e editor do portal internacional Farm Futures, esses investidores acreditam que o governo possa estar recuando das intervenções e deixando o mercado fazer seu papel. "Isso seria uma boa notícia no longo prazo, porém, poderia causar muitos efeitos no curto prazo, especialmente nos mercados emergentes", diz.

Ainda de acordo com Marcos Araújo, a falta de novas notícias sobre a demanda chinesa pela soja norte-americana também pesa sobre os preços. Desde a chegada do último boletim mensal de oferta e demanda trazido pelo USDA, na quarta-feira (12), novos reportes do departamento agrícola não foram divulgados, deixando os traders receosos. 

O analista, no entanto, afirmou ainda que boa parte da demanda da nação asiática está voltada para o Brasil, uma vez que o real se mostra bastante desvalorizado frente ao real, tornando os preços do produto brasileiro mais atrativos aos importadores. "Temos 'roubado' uma faita do mercado externo dos Estados Unidos com essa nova logística, participando ainda mais das exportações da soja em grão", explica. 

Mercado Brasileiro

Com baixas fortes em Chicago e um novo recuo do dólar, a terça-feira foi negativa para as cotações da soja também no Brasil. Os preços da oleaginosa nos portos do país encerraram os negócios com baixas de mais de 1%, enquanto no interior do país as perdas foram mais tímidas. Em Rio Grande, a soja disponível terminou o dia com R$ 76,30 e a da safra nova em R$ 76,40 por saca. Já em Paranaguá, valores respectivos de R$ 77,00 e R$ 76,00. 

A formação dos preços no Brasil, além de um dólar ainda em patamares elevados apesar da queda desta terça, conta também com os prêmios nos portos, que voltaram a subir. Nesta terça, as posições agosto e setembro/15 tinham US$ 1,00 acima dos preços praticados em Chicago e o março/16 de 30 cents de dólar. Os valores positivos, ainda como explica Vlamir Brandalizze, refletem não só a retração dos vendedores, como as baixas em Chicago e as compras que seguem aquecidas não só no Brasil, mas na América do Sul de uma forma geral. 

"Já há cerca de 30 a 35% da nova safra brasileira vendida. Então, o produtor já vendeu bem e não vai participar do mercado agora se os preços não são atrativos para ele", diz. 

Nos primeiros dez dia úteis de agosto, o Brasil exportou 2.571,3 milhões de toneladas de soja em grão, com uma média diária 31% maior do que o registrado no mesmo mês de 2014. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), divulgados nesta segunda-feira (17). 

Segundo dados da agência marítima Williams analisados pela Agência de Notícias Reuters, nas próximas semanas está previsto 80 navios para carregar soja nos portos brasileiros, totalizando 4,78 milhões de toneladas. Nesta mesma época no ano passado, a escala para embarques de soja somava 3,2 milhões de toneladas em 57 navios.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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