Soja: Mercado tem dia de poucos negócios tanto no Brasil como nos EUA; CBOT fecha estável

Publicado em 02/09/2015 17:31

O dia foi de volatilidade, novamente, para o mercado da soja na Bolsa de Chicago e, apesar de amargar baixas intensas ao longo pregão, os futuros da oleaginosa encerraram o dia próximos da estabilidade. Os principais vencimentos terminaram com pequenas perdas de 0,75 a 2 pontos. O novembro/15, referência para a safra norte-americana, ficou sem variação e terminou os negócios com US$ 8,74 por bushel. 

Assim, e com uma nova disparada do dólar nesta quarta-feira (2) frente ao real, os preços da soja nos portos do Brasil também encerraram seus negócios com patamares mais elevado. No interior do país, dia de estabilidade novamente. 

No terminal Rio Grande, a soja foi a R$ 81,50 no disponível, subindo 2,39%, enquanto a futura avançava 1,63% para R$ 81,00 por saca. No terminal de Paranaguá, R$ 79,00 no disponível, com alta de 1,28% e estável em R$ 78,00 no futuro. 

Em Jataí, Goiás, o preço subiu 0,55% para R$ 60,33 a saca, enquanto as demais praças de comercialização, entre as principais, fecharam o dia sem qualquer oscilação, de acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas juntos às cooperativas e sindicatos rurais. 

Nem mesmo os ganhos expressivos observados nos portos motivaram um ritmo mais acentuado dos negócios no Brasil. As vendas seguem travadas e essa é uma postura acertada pelo produtor rural diante de um cenário composto por incertezas neste momento, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

"No momento, o produtor que tem soja (da safra velha) o volume é pequeno, a maioria já vendeu a maior parte da safra e aquele que tem, está usando a soja como um ativo real. Então, ele segura para usá-la mais a frente, pois ele sabe que o risco de perder segurando a soja é mínimo. Foi um dia bem vazio de vendedores", explicou o consultor, dizendo ainda que as indicações de preços estão "muito vagas". 

Brandalizze afirma ainda há cerca de 25 milhões de toneladas da nova safra brasileira de soja já vendida, o que é um volume também significativo e que permite, em sua opinião, que os sojicultores brasileiros também segurem suas vendas para o produto que ainda nem começou a ser plantado. "Esse não é um momento adequado para fazer fechamentos", diz. 

Mercado Internacional

Na Bolsa de Chicago, ainda de acordo com os analistas, o mercado mantém seu comportamento técnico e de poucas novidades. A preocupação maior, no entanto, é com a influência ainda bastante evidente do financeiro, principalmente das notícias que chegam da China. 

Especialistas do Citigroup ouvidos pela agência internacional de notícias Bloomberg afirmam que "a China continuará a pressionar as commodities nos próximos meses frente a um mercado de ações muito volátil e de um crescimento menos acelerado nos próximos anos no país". Outros analistas disseram ainda à agência que "as notícias da China estão direcionando como nunca o andamento dos preços das commodities".

O quadro motiva, portanto, uma saída forte dos investidores de suas posições em ativos mais arriscados, como commodities, por exemplo, e se direcionarem a outros mais seguros, como o dólar. E uma alta na moeda é outro fator de pressão sobre as cotações praticadas no mercado futuro norte-americano, já que reduz a competitividade de seus produtos. 

Com esse quadro - marcado por incertezas, como acontece no Brasil - os negócios nos Estados Unidos também estão parados. Os produtores norte-americanos se deparam com preços abaixo dos custos de produção e evitam novas vendas, evitando também uma pressão de oferta sobre o mercado. 

"Como o produtor americano tem tempo para comercializar e a dívida dele só começa a chegar no meio do ano que vem, ele vai segurar. Teremos pressão de alta mais à frente para estimular essas vendas, ou teremos que ver um avanço dos prêmios para compensar esse diferencial e que possa trazer a soja americana, porque o mercado global precisa dela", diz o consultor da Brandalizze. 

Além desse quadro, há ainda as perspectivas de uma grande safra nos Estados Unidos. As lavouras norte-americanas parecem concluir bem essa nova temporada, contam com boas condições de clima no Meio-Oeste, motivando até mesmo algumas consultorias a revisarem para cima suas estimativas de produção e produtividade da safra 2015/16. 

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz um novo boletim mensal de oferta e demanda no próximo dia 11 de setembro e fato é que os produtores e profissionais de mercado já não sabem mais o que esperar. Os últimos números surpreenderam as consultorias e contrariam todas as expectativas, principalmente às referentes ao potencial da nova safra norte-americano. 

Com uma safra de milho já concluída e a de soja prestes a finalizar, algumas consultorias privadas voltaram a trazer algumas projeções e aumentaram suas perspectivas para a produtividade da soja e do milho nos EUA, com números próximos dos recordes.

A corretora norte-americana Allendale, de Chicago, nos EUA, estimou a safra de soja em 103,17 milhões de toneladas, com produtividade de 51,47 sacas por hectare (45,4 bushels por acre). Já a FCStone estimou a produtividade em 51,47 sacas por hectare. 

Em seu relatório de 12 de agosto, o USDA estimou a safra norte-americana de soja em 106,58 milhões de toneladas e o rendimento em 53,17 scs/ha.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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