Soja: Com plantio recém iniciado, Brasil já tem 40% da safra 2015/16 vendida

Publicado em 06/10/2015 09:48

A safra brasileira 2015/16 de soja já tem o segundo maior volume comercializado antecipadamente da história. Segundo um levantamento feito pela França Junior Consultoria, o Brasil já comprometeu, até o último dia 2 de outubro, 40% de uma produção que começou seu plantio há poucas semanas e ainda está bastante tímido. De uma safra projetada par superar ligeiramente as 101 milhões de toneladas, já há pouco mais de 40 milhões comprometidas. 

No mesmo período do ano passado, esse percentual era de apenas 13% e a média dos últimos cinco anos é de 27%. Um volume maior do que este só foi verificado na safra 2012/13, quando 45% da safra nacional já estava comercializada e os preços na Bolsa de Chicago passavam dos US$ 12,00 por bushel.

Quem lidera as vendas até o momento é Mato Grosso. O estado já comprometeu 44% de sua produção, seguido por 31% do Paraná e 26% do Rio Grande do Sul, ainda segundo estimativas da França Junior Consultoria. No mês de setembro, os negócios evoluíram muito, como mostra o estudo, e resultaram nesses índices. 

Conforme explicou o analista de mercado Flávio França Junior, o principal motivador dessas fortes vendas antecipadas é a expressiva alta da taxa cambial no Brasil. Nos últimos três meses, o dólar subiu mais de 20% frente ao real, renovou suas máximas históricas e criou excelentes oportunidades de venda para o sojicultor brasileiro e "os preços garantidos foram muito rermuneradores", diz.

Afinal, o avanço da moeda norte-americana pôde ser sentido de forma ainda mais expressiva nas taxas do mercado futuro de câmbio, que com os altos patamares elevou as cotações pagas tanto nos portos de exportação quanto no interior do país aos melhores níveis do ano. Em Rio Grande e Paranaguá, a soja chegou a bater em R$ 86,00 por saca. 

"Os preços domésticos da soja voltaram a oscilar de forma homogênea pelo país durante o último mês, mas ainda assim voltando a observar diferenciações importantes de uma região para outra. A nova subida foi consolidada pela melhora forte do padrão médio do câmbio durante o mês, apesar da grande volatilidade registrada, e amenizada, parcialmente, pela nova pressão observada nas cotações da CBOT", informou a consultoria. 

Ao lado do dólar, a demanda pela soja brasileira também foi importante combustível para a alta das cotações no país. "Temos um mercado bastante comprador nesse momento. Há compradores em qualquer lugar do Brasil neste momento", afirma o consultor. Em nota divulgada nesta segunda-feira (5), a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos vegetais) reafirmou a importância, crescimento e ainda forte presença do consumo mundial pela oleaginosa, principalmente por parte da China - maior importadora global da commodity. Além disso, com esse momento de um dólar bastante elevado frente ao real, a soja brasileira se torna ainda mais atrativa para os importadores e ampliando sua competitividade . 

Ainda segundo França, mesmo naquelas regiões onde os custos estão fechados em dólar, houve remuneração, apesar de limitada. Como explica o consultor, o impacto do câmbio é de 100% sobre a formação dos preços, enquanto varia de 30% a 40% nos custos. 

"Percebemos (que o movimento de vendas) é generalizado. A ideia é que se trave seus insumos, em reais ou dólar, o importante é estar com os custos amarrados, e isso o produtor está fazendo (com relações de troca), e também há muito volume negociado em soja pré-fixada", relata o consultor. "Então, o produtor que tem sua dívida dolarizada, não pode estar vendido em reais, isso é um risco terrível", alerta.

Assim, para Flávio França Junior, o quadro reflete, embora pudesse sinalizar o contrário, uma postura conservadora e de proteção do produtor brasileiro, que vem bem capitalizado de algumas temporadas, nesta safra 2015/16. 

"Para muitos pode parecer ousadia, mas eu vejo o contrário. O produtor brasileiro tem muito risco, um cenário conservador no mercado internacional, então, ele só tem o câmbio para se agarrar. E o câmbio é uma variável bem difícil de se mensurar e prever, com enormes riscos embutidos e, assim, ele não pode ficar totalmente descoberto com isso. É muito perigoso deixar o câmbio aberto", diz. 

Os negócios continuam neste início de outubro, porém, com um ritmo mais lento. E ainda segundo o consultor, a postura também é adequada para o momento. "Não seria recomendável que a gente entrasse na colheita com mais de 50% vendido. Há muito risco de clima, então, pode ser complicado. Dos 40% até o 50%, acho que é o limite para participarmos do mercado, mais do que isso, acho exagerado", conclui. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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