Soja: Preços têm nova sessão de estabilidade em Chicago nesta 3ª, mas mantêm atenção ao Brasil

Publicado em 15/12/2015 07:49

Nesta terça-feira (15), o mercado internacional da soja registra nova sessão de estabilidade. Os vencimentos mais negociados na Bolsa de Chicago, por volta das 8h30 (horário de Brasília), perdiam pouco mais de 1 ponto e ainda trabalhavam no intervalo de US$ 8,70 a US$ 8,80 por bushel. 

A nova safra do Brasil e seu desenvolvimento conturbado tem sido alvo de muitas especulações entre os trader internacionais. O estado de Mato Grosso, maior produtor brasileiro da oleaginosa, vem sofrendo perdas significativas em função da falta de chuvas e do calor intenso e já exige mais atenção. Enquanto isso, as lavouras do Sul do país perdem seu vigor por conta das precipitações excessivas. 

E o alerta vem sendo dado pelos produtores brasileiros de que as últimas projeções de órgãos oficias podem não ser alcançadas, e assim, as preocupações chegam e ganham espaço em Chicago. Porém, o mercado ainda sente a pressão do sensível momento do mercado financeiro, dos baixos preços do petróleo e, agora, da notícia de que as retenciones na Argentina caíram de 35% para 30%, o que pode estimular novas vendas por parte dos produtores argentinos. 

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja: Mercado fecha em alta na CBOT nesta 2ª feira com alerta sobre a nova safra do Brasil

Na sessão desta segunda-feira (14), o mercado da soja na Bolsa de Chicago fechou em campo positivo. Os principais vencimentos terminaram o dia com altas de 1,75 a 3 pontos, e o contrato janeiro/16 terminou o dia com US$ 8,73 por bushel, enquanto o maio/16, referência para a safra brasileira, ficou com US$ 8,82 por bushel. 

Apesar de volátil, os futuros da oleaginosa trabalharam durante todo o pregão do lado positivo da tabela, com oscilações bastante tímidas. Os traders, afinal, seguem em busca de informações que possam trazer força aos movimentos no quadro internacional. E as maiores especulações seguem sobre a nova safra brasileira. 

O clima ainda é muito irregular. Nesta segunda-feira, o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, em Mato Grosso, relatou uma quebra de até 70% nas lavouras de soja da região por conta da falta de chuvas e das altas temperaturas. Em entrevista à reporter Fernanda Custódio, do Notícias Agrícolas, Laércio Pedro Lenz informou que as plantas já estão morrendo e o replantio ainda está sendo avaliado, uma vez que as últimas previsões ainda mostram precipitações irregulares nas próximas semanas. 

Saiba mais:

>> Em Sorriso (MT), lavouras de soja já registram quebra de até 70% devido à falta de chuvas e altas temperaturas

Além disso, o verão brasileiro será marcado, conforme explicam os meteorologistas, pela continuidade do El Niño e, consequentemente, do atual padrão climático que vem sendo observado em todo o país. Assim, segue essa falta de chuvas regulares nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, principalmente, enquanto há um excesso de umidade no Sul, o qual também ameaça a produtividade das plantas. 

O quadro, entretanto, já é conhecido e por isso também são esperadas novidades sobre a temporada brasileira 2015/16 que também possam trazer orientação ao andamento dos preços. E isso acontece também para as cotações no Brasil. Com um elevado percentual da nova soja já comercializada, os produtores vêm focando mais o desenvolvimento de suas lavouras - que já exigem atenção redobrada e intensivo monitoramente - para garantir o cumprimento dos contratos já firmados. 

E assim, os negócios no Brasil acabaram travando há algumas semanas e tirando a referência para alguns preços, tanto para o produto da safra 2015/16 como para o disponível. Em Paranaguá, nesta segunda, a soja da safra velha fechou o dia sem indicativo de preço, enquanto da nova manteve os R$ 75,50 por saca. Já no porto de Rio Grande, alta de 1,89% para a soja disponível, que fechou com R$ 81,00 por saca, e manutenção dos R$ 80,00 na safra nova. 

USDA: Embarques semanais dentro do esperado

Paralelamente, ainda entre os fundamento, o mercado atuou com a chegada do novo boletim semanal de embarque de grãos trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trazendo números dentro do esperado, mas, ainda assim, com um volume expressivo. 

Na semana encerrada em 10 de dezembro, os EUA embarcaram 1.343,651 milhão de toneladas, volume menor do que o a da semana passada, de 1.721,450 milhão, porém, dentro das projeções dos traders de 1,45 a 1,65 milhão de toneladas. No acumulado do ano comercial, os embarques já somam 23.185,657 milhões de toneladas, abaixo das 25.632,416 milhões do mesmo período da temporada anterior. 

Na Argentina, redução das retenciones

Na contramão, um fator que, a medio e longo prazos poderiam ser considerados negativos, também vinha sendo esperado pelos traders e foi confirmado nesta segunda-feira: a baixa das retenciones para a soja na Argentina. A taxação caiu de 35% para 30%. 

A princípio, o impacto da medida é pequeno, uma vez que a redução ficou dentro do esperado, e assim, já estaria, em partes, precificada, diz Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora, Camilo Motter. "Mas como havia muitas especulações - até de redução para zero por um período de três a seis meses - aí sim teria um impacto forte. Mas veio em linha com aquilo que se esperava como o mais provável", explica. 

Mercado Financeiro

Ainda no cenário externo, a movimentação do mercado financeiro segue em destaque. A aversão ao risco ainda está bastante elevada, o petróleo vem testando, há dias, o rompimentos de diversos patamares para baixo e puxando as demais commodities, e chegou até mesmo a trabalhar abaixo dos US$ 35,00 por barril neste início de semana.

Assim, o dólar voltou a subir no Brasil e no exterior. Frente ao real, a moeda americana subiu 0,32% para R$ 3,8862, depois de bater em R$ 3,9250, na máxima da sessão. Internamente, a divisa ganha ainda mais força da turbulenta cena política e das notícias de um impeachment da presidente Dilma Rousseff ganhando espaço. 

"Como o mercado claramente tem visto fatores que aumentem a chance do impeachment como positivos, fatores que diminuam essa chance têm tido efeito negativo", disse o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno à agência de notícias Reuters.  

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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