Soja: Sem novidades entre os fundamentos, mercado fecha em queda na CBOT com pressão do financeiro

Publicado em 08/02/2016 16:40

O mercado financeiro pesou sobre as commodities agrícolas e, no mercado de grãos quem liderou as baixas foi o trigo nesta segunda-feira (8) na Bolsa de Chicago, puxando também os futuros do milho e da soja. No caso da oleaginosa, as baixas passaram dos 4 pontos no fechamento da sessão. Assim, o contrato março terminou o pregão ainda abaixo de US$ 8,70, enquanto o maio/16, referência para a safra do Brasil, valendo US$ 8,75 por  bushel. 

Segundo explicaram analistas internacionais, os traders aproveitaram o momento de falta de novidades e mais o mau humor do mercado financeiro para liquidar suas posições já que, no final da última sexta-feira (5), os preços renovaram algumas de suas mínimas. Nesta segunda, as ações europeias despencaram e bateram nos menores patamares em 16 anos. Em Wall Street o dia também foi de pressão sobre as ações. 

"Investidores estão começando a pensar que os bancos não são tão sólidos como antes de imaginava", disse o gestor de fundos da Anthilia Capital, Giuseppe Sersale, na Itália, à agência de notícias Reuters. 

Além disso, a preocupação com o crescimento global e uma nova sessão de baixas para o petróleo também pesaram sobre os negócios do início desta semana, bem como o feriado do Ano Novo Lunar que está sendo comemorado na China e mantendo a nação asiática com menos participação no mercado neste período. 

Entre os fundamentos, o cenário segue calmo. "A soja recua nesta segunda e bate em seus mais baixos preços em quatro semanas. A falta de novidades sobre a demanda - em função do feriado chinês - e melhores condições de clima na América do Sul podem manter o mercado pressionado", explica Bryce Knorr, analista sênior de grãos do portal internacional Farmi Futures. 

Algumas chuvas têm chegado à Argentina, melhorando o cenário em diversas regiões produtoras após quinze dias de tempo quente e seco no país. Ao mesmo tempo, no Brasil, o cenário climático tem sido mais promissor para os trabalhos de colheita e os trabalhos de campo avançam melhor. De acordo com o último levantamento da consultoria AgRural, cerca de 10% da área cultivada com a oleaginosa já foi colhida. 

“Os produtores souberam aproveitar os intervalos (das chuvas) e aceleraram a colheita da safra”, explica o diretor da consultoria, Fernando Muraro. O índice, portanto, fica acima dos 9% registrados no início do mesmo mês de 2015 e supera ainda a média dos últimos cinco anos. Se em Mato Grosso as chuvas ainda trazem algum atraso, os trabalhos evoluindo melhor em outras áreas - como o Paraná, por exemplo, que já tem 24% da área colhida, compensam. 

Ainda nesta segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo boletim semanal de embarque de grãos e, mesmo com números que superaram as projeções dos traders, o mercado seguiu recuando em Chicago. 

Na semana que terminou em 4 de fevereiro, os EUA embarcaram 1.172,661 milhão de toneladas de soja, contra 1.196,386 milhão da semana anterior. Embora semanalmente haja um pequeno recuo, o volume superou as expectativas do mercado, que variavam de 975 mil a 1,150 milhão. No acumulado da temporada, já foram embarcadas 33.998,313 milhões de toneladas da oleaginosa, contra 38.956,071 milhões do mesmo período da temporada anterior.

No entanto, os traders aguardam mesmo é pelo novo reporte mensal de oferta e demanda que será divulgado na tarde desta terça-feira (9) de Carnaval no Brasil. Algumas expectativas indicam um aumento nos estoques finais norte-americanos de 11,975 milhões de toneladas estimadas em janeiro para algo próximo de 12,111 milhões. Já para os estoques finais globais, se espera uma redução de 79,3 milhões de toneladas para 79,1 milhões, que é a média das expectativas dos traders. 

No Brasil, em função do feriado, o mercado está sem negócios neste início de semana, devendo ser retomados só na quarta-feira (10), depois de meio-dia. As únicas indicações do interior do Brasil vieram de Cascavel/PR, onde o preço caiu 1,43% para R$ 69,00 por saca e de Não-Me-Toque/RS, com estabilidade nos R$ 71,00. Nos portos não houve indicação de preço.

 

Na FOLHA: Bolsas mundiais caem puxadas pela desvalorização das ações dos bancos

Até aqui centrados nos movimentos do petróleo e na desaceleração da economia chinesa, investidores passaram a ver o setor financeiro como novo foco de preocupação em meio à desaceleração do crescimento global.

As Bolsas europeias e americanas fecharam em queda nesta segunda (8), puxadas principalmente pela desvalorização das ações dos bancos. As Bolsas brasileiras estão fechadas para o Carnaval e reabrem na quarta-feira à tarde.

"Investidores estão começando a pensar que os bancos não são tão sólidos como se imaginava", disse o gestor de fundos da Anthilia Capital, Giuseppe Sersale, na Itália.

O risco para o setor financeiro vem da sinalização de que políticas de afrouxamento monetário –como a adoção de taxa de juros negativa pelo Japão na última semana de janeiro– poderão ganhar força, com reflexo negativo sobre as margens dos bancos.

Assim como o Japão tenta se afastar de um cenário de deflação com medidas que injetem mais dinheiro na economia, em janeiro, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, sinalizou para março mudança na política monetária da zona do euro, com uma nova injeção de estímulo.

Nos Estados Unidos, uma nova elevação na taxa básica de juros pelo Fed (banco central americano) não é esperada para tão cedo.

O índice das principais ações europeias, FTSEurofirst 300 fechou com queda de 3,4% e atingiu o menor nível desde 2013.

Já o índice do setor bancário STOXX Europe 600 caiu 5,6% e acumulada perdas de quase 24% neste ano. As ações dos bancos alemães Deutsche Bank e Commerzbank despencaram 9,5%.

A desvalorização dos bancos também foi acentuada nos Estados Unidos. Os papéis do Goldman Sachs caíram 7,22%, os do Morgan Stanley perderam 6,90% e os do Bank of America, 5,25%. As Bolsas americanas tiveram perdas mais tímidas: o índice Dow Jones perdeu 1,10% e o S&P 500 recuou 1,42%.

O petróleo foi outra notícia ruim para os mercados acionários nesta segunda.

O WTI (referência americana para o combustível) voltou a operar abaixo dos US$ 30 o barril, no menor patamar desde 21 de janeiro. Ontem, era cotado a US$ 29,93 o barril, queda de 3,11%.
Já o Brent (base mundial de preço para a matéria-prima) cedia 2,70%, a US$ 33,14.

A corrida do setor bancário e de energia levou investidores a buscarem ativos considerados mais seguros.

O ouro avançou 3,27%, para US$ 1.195,24 a onça-troy.

FECHAMENTO

Em Londres, o índice FTSE-100 recuou 2,71%, para 5.689 pontos.

Em Frankfurt, o índice DAX caiu 3,30%, para 8.979 pontos.

Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 3,20%, a 4.066 pontos.

Em Milão, o índice FTSE/MIB teve baixa de 4,69%, a 16.441 pontos.

Em Madri, o índice Ibex-35 registrou queda de 4,44%, a 8.122 pontos.

Em Lisboa, o índice PSI-20 caiu 2,80%, a 4.771 pontos.

Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 1,10%, a 177.92 pontos.

 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas (+FOLHA)

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