Com vendedores fora do mercado, soja fecha semana em alta no interior e portos do Brasil

Publicado em 12/02/2016 17:07

O mercado brasileiro registrou uma nova semana de negócios travados. Ao mesmo tempo em que os compradores se mostraram mais cautelosos, o interesse dos produtores em novas vendas ainda é baixo e o foco se mantém na colheita. No entanto, ao contrário dos últimos dias, o balanço semanal foi positivo para os preços no interior do país e também nos principais portos de exportação. 

"Existe muita dúvida na cabeça do produtor neste momento. Ele observa o movimento do dólar e se preocupa com as compras dos insumos da próxima safra. Então, ele prefere guardar a soja do que vendê-la e guardar os reais", relata Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting. "E há muitos contratos em aberto ainda a serem recebidos pelas tradings", o que faz com que os compradores também se mantenham mais na defensiva.

Com exceção da praça de Cascavel/PR, onde o valor da saca recuou 0,71% para R$ 69,50, as demais registraram ganhos de 0,72% - em Londrina/PR, por exemplo, a 3,23%, em São Gabriel do Oeste/MS, para R$ 64,00 por saca. 

Nos portos, as altas foram ainda mais significativas. No terminal de Paranaguá, a soja disponível fechou a semana cotada a R$ 79,00 por saca, subindo 2,60%, e em Rio Grande, o ganho foi de 1,27% para R$ 80,00. Já a oleaginosa da nova safra, que continua chegando ainda de forma tímida ao mercado, registrou alta de 0,64% no porto paranaense, para R$ 78,50, e de 2,24% no gaúcho, com a última referência em R$ 82,00 por saca. 

Essa postura adotada pelo sojicultor brasileiro de evitar ir a mercado com novas vendas pode ser acertada neste momento, ainda segundo analistas. Afinal, como explica Camilo Motter, economista da Granoeste Corretora, os atuais patamares seguem atrativos, melhores até mesmo do que os registrados há alguns meses quando foram feitas as vendas antecipadas da soja da safra 2015/16. 

Segundo o último levantamento da França Junior Consultoria, até este dia 12 de fevereiro, cerca de 16,1% da área cultivada com soja no Brasil já foram colhidos, contra 10,6% da última semana e 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado. 

"De forma geral o clima foi um pouco mais benéfico, com a combinação de chuvas e períodos de sol em grande parte da região produtora. Mas um pouco mais de regularidade na chuvas seria desejável", explica o consultor Flávio França Junior.

Do dólar, nesta semana, também veio suporte. A moeda norte-americana, que nesta sexta-feira (12), subiu 0,15% e fechou com R$ 3,98, acumulou uma alta de 2,03%. Sobre esse mercado, tanto interna quanto externamente, ainda rondam muitas incertezas e, como explica Brandalizze, tem sido um dos motivos que tira os produtores das vendas nesse momento. 

O quadro internacional é muito frágil no mercado financeiro, o humor dos investidores é muito volátil e o fluxo de capital especulativo tem sido rápido e agressivo, porém, sem seguir um padrão. Nesta sexta-feira, após a alta do petróleo - que passou de 10% em Nova York, e de melhores resultados nos mercados de ações, a aversão ao risco deu uma trégua. 

""Com a estabilização dos mercados de ações e do petróleo, a busca por ativos mais seguros perdeu força", escreveram analistas do banco Brown Brothers Harriman em nota a clientes divulgada pela agência de notícias Reuters. 

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Mercado Internacional

E por mais tímidas que tenham sido as valorizações em Chicago, o mercado internacional também contribui para uma manutenção dos preços da soja no Brasil. Na bolsa norte-americana, os futuros da oleaginosa fecharam a semana subindo entre 0,40% a 0,61% nas principais posições. O vencimento maio/16, que é referência para a safra do Brasil, terminou com US$ 8,76 por bushel. 

Esta foi mais uma semana de estabilidade para as cotações, com exceção do pregão desta quinta-feira (11), onde os preços subiram mais de 10 pontos com a ajuda de um movimento técnico de uma rápida recompra de posições. O avanço, porém, teve curtíssimo tempo de vida e o mercado voltou a exibir sua estabilidade diante da falta de novidades que pudesse tirá-lo do intervalo de US$ 8,50 a US$ 9,00 por bushel em Chicago. 

Há ainda as expectativas para o início da próxima semana já que, na segunda-feira (15), os mercados norte-americanos estarão fechados em função do feriado do Dia do Presidente e, no mesmo dia, a China volta o mercado após o feriado do Ano Novo Lunar. 

"Os traders estão agora imaginando como os compradores chineses irão reagir após o feriado. Nos primeiros quatro meses do ano comercial atual, as importações da China vieram muito melhores do que o esperado, porém, com sua demanda muito mais voltada para a América do Sul", explica o analista de grãos sênior do Farm Futures, Bryce Knorr. 

Paralelamente, os olhos dos traders ainda se voltam para a conclusão da safra da América do Sul, que caminha bem - apesar de algumas complicações em determinadas regiões do Brasil por conta ainda do excesso de chuvas que comprometem o bom andamento dos trabalhos de colheita. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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