Soja: Mercado tem forte realização de lucros nesta 6ª feira e perde mais de 30 pts em Chicago

Publicado em 22/04/2016 18:05

A sexta-feira (22) foi de forte queda aos preços da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Durante o pregão, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e encerraram o dia com desvalorizações entre 11,75 e 31,75 pontos. Todos os vencimentos da oleaginosa ficaram abaixo dos US$ 10,00 por bushel. O contrato maio/16 era cotado a US$ 9,87 por bushel, enquanto o agosto/16 era negociado a US$ 9,98 por bushel.

Ainda assim, o saldo da semana foi positivo aos preços da oleaginosa, de acordo com o levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bittencourt Lopes. Mesmo com as perdas contabilizadas nesta sexta-feira, as cotações da soja acumularam altas de mais de 3% durante essa semana em Chicago.

E exatamente por isso, o mercado exibiu um forte movimento de realização de lucros hoje depois dos ganhos registrados recentemente, conforme ressalta o analista de mercado da Société Générale, Stefan Tomkiw. "Os preços subiram muito, especialmente nessa semana e retomaram o patamar que não era visto há um tempo, de US$ 10 por bushel. Com isso, encontramos um grande fluxo de vendas hoje. E, inclusive, podemos ter um movimento de correção mais forte na próxima semana e as cotações podem voltar ao nível de US$ 9,60 por bushel", explica o analista.

Além disso, outro fator que foi destaque nas agências internacionais essa semana foi o clima na Argentina. Depois das chuvas recentes, que causou inundações em muitas áreas e até mesmo relatos de perdas na safra, as previsões climáticas indicam um menor volume de chuvas para o país nos próximos 16 dias. A província de Entre Rios poderá registrar um acumulado máximo de apenas 60 mm. E o tempo seco prevalecerá nas demais áreas agrícolas, conforme apontam as previsões.

“O processamento geral sobre o exagero das 10 milhões de toneladas de perda na soja na Argentina associado à diminuição expressiva das chuvas previstas para o país nos próximos 16 dias, que favorecerá no processo de escoamento da umidade, e permitirá pontos de colheita em algumas regiões, o mercado devolveu quase 32 centavos do movimento de alta”, informou a Labhoro Corretora em seu boletim diário.

"Nós até estamos vendo algumas reduções na América do Sul para a soja, mas ainda temos grandes estoques", disse Benjamin Bodart, diretor da CRM Agri-Commodities, em entrevista à Bloomberg. "Com isso, o mercado está de volta à realidade agora, volta aos fundamentos", completa o diretor.

Ainda nesta quinta-feira, a Bolsa de Cereales reportou que a colheita está completa em 16,4% da área semeada no país nesta temporada. Em comparação com a semana anterior, os trabalhos nos campos evoluíram apenas 1,2% e representa um atraso de 29,6% em relação ao ano anterior. Para a instituição, a safra argentina deverá somar 56 milhões de toneladas de soja neste ciclo.

“Junte se a esses fundamentos, um fator macro importante como o dólar index que durante o dia negociou em alta, motivo que favoreceu o recuo de commodities. Além disso, hoje expiraram as opções do maio e alguns ajustes para melhor rentabilidade foram promovidos. E mais importante ainda foi o grupo CME ter anunciado que aumentará as margens de garantia para os futuros de soja e farelo após o fechamento desta sexta-feira. Na dúvida sobre os valores a vigor, os fundos promoveram uma espécie de liquidação de posições excessivas aproveitando para colocar dinheiro em caixa”, reportou a Labhoro Corretora.

Em relação à nova safra norte-americana, os investidores ainda acompanham o comportamento do clima nos Estados Unidos. “Temos algumas preocupações em algumas localidades, mas, por enquanto, o clima ainda é satisfatório”, acrescenta Tomkiw. Em seu último relatório de acompanhamento de safras, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) não trouxe os números de plantio no caso da oleaginosa. Isso porque, ainda nesse momento, os produtores americanos dão preferência à semeadura do milho.

Mercado interno

A forte queda registrada nos preços no mercado internacional acabou refletindo nas cotações praticadas no Porto de Rio Grande. Nesta sexta-feira (22), a saca da soja disponível caiu 1,61% e fechou o dia a R$ 79,50, já o preço futuro permaneceu estável em R$ 85,50 a saca. E nem mesmo a alta do dólar conseguiu sustentar os valores.

A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 3,5703 na venda, com valorização de 1,07%. Na semana, o ganho foi de 1,31%, conforme informou a agência Reuters. Hoje, o suporte veio da atuação do Banco Central e com os investidores preferindo estratégias mais defensivas enquanto observam os desdobramentos da política brasileira. A sessão foi marcada pelo baixo volume de negócios entre o feriado e o final de semana.

Apesar da desvalorização, o balanço semanal aponta para altas nos preços praticados em grande parte das praças brasileiras. No Oeste da Bahia, por exemplo, a alta semanal foi de 11,28%, com a saca da oleaginosa a R$ 72,33. Em Sorriso (MT), o ganho ficou em 8,33%, com a saca a R$ 65,00. Em Cascavel (PR), o valor praticado apresentou alta de 5,43% e a saca do grão fechou a semana a R$ 68,00.

Em outras importantes regiões, como Não-me-toque (RS) e São Gabriel do Oeste (MS), os preços subiram 4,62% e 4,07% e fecharam a semana a R$ 68,00 a saca e R$ 64,00 a saca, respectivamente. Na contramão desse cenário, em grande parte das praças paulistas os preços recuaram. Esse é o caso de Avaré (SP), onde a cotação caiu 4,17% e a saca da soja ficou em R$ 67,41.

Ainda essa semana, a consultoria AgRural informou que a colheita da soja alcançou 90% da área semeada nesta temporada no país. Os trabalhos nos campos estão em linha com o registrado no mesmo período do ano anterior, de 91% e acima da média dos últimos cinco anos, de 88%.

Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:

>> SOJA

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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3 comentários

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Montei outro gráfico, desta vez de linhas, os candles não mostram tão claramente como as linhas. Pois bem, coloquei uma linha vertical vermelha e uma horizontal cinza escura, o cruzamento das duas coincide com 0%, acompanhando no gráfico a linha azul clara pode-se ver que a soja do dia 08/03/2016 até sexta feira subiu 11,39% em dólares, batendo na máxima de 17,36%. A linha roxa é o dólar, e vocês podem ver que quando o dólar começa a cair, a soja começa a subir. O espaço entre as linhas verdes indica quanto o dólar caiu no mesmo periodo de tempo citado acima, de 08/03 até sexta passada, o dólar caiu 4,86%, mas se vocês olharem na data anterior a isso verão que o dólar já vinha caindo desde 29/02.

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  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    O clima argentino não é a principal razão do desempenho dos preços. A demanda tem sido decisiva porque as importações de soja pela China está 11,7% acima do ano passado, pelo calendário americano de out-mar. Nas ultima 2 semanas a China adquiriu 40 a 50 navios de soja, sendo a maioria brasileira. Aliás, no mês passado, a China bateu o recorde mensal de importação de milho, trigo e DDG. Quando dizem que a China irá despejar grandes estoques de milho no mercado internacional, eles fazem importações !!!!

    PS.: Todos se apressam em desmentir as perdas da safra Argentina, mas ninguém menciona as perdas da safra brasileira que é fato consumado, e muito mais importante que a Argentina se medida pelo tamanho das 2 safras.

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    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      Liones ..também gostaria que a soja subisse em dolares por buschel..mas te prgunto qual era o estoque mundial de soja quando o preço foi a 17... e qual o estoque hoje...as perdas havidas nem de longe vão puchar o estoque a aqueles níveis...portanto ao meu ver salvo fato novo os preços vão de 8,5 a 10...o que vem ocorrendo a muito tempo..

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Dalzir, a questão é o que você acredita que é o estoque mundial. Porque se você se refere ao que o USDA divulga esse não existe. Qual o o seu ?

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    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      Liones...se o consumo fosse exacerbado os preços não estariam onde estão...a mais de um ano entre 8,5 e 10...se o estoque estiver furado...ele estava furado quando foi a 17...e continua furado hoje a 8,5...pois ele parte sempre da sobra do ano anterior..e tem mais para haver um consumo em grande crescimento há que se aumentar os consumidores e não vejo onde isto esteja acontecendo ou seja um aumento significativo de aves ..suinos..bovinos...e humanos...sobre meu estoque eu não tenho condições de calcular pois não tenho acesso a eles...mas estimo baseado em informações...condição igual a todos...inclusive o USDA..

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    • Ivo Brustolin Palotina - PR

      Dalzir vejo que o Liones tem razao pois quando foi que o USDA falou a verdade.Os americanos sempre mentem para comprar barato . Aguarde mais para o fim do ano novembro para ver se nao vam os vender a 85 00 90 00 por saco de 60Kgs.A quebra brasileira foi maior do estao falando d a Argentia isso e real.

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  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    Todos se apressam em desmentir as perdas da safra Argentina, mas ninguém menciona as perdas da safra brasileira que é fato consumado, e muito mais importante que a Argentina se medida pelo tamanho das 2 safras.

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