Soja retoma fôlego em Chicago, fecha com altas de dois dígitos e preços têm novas altas no Brasil

Publicado em 02/05/2016 16:59

Por mais uma sessão, uma conjuntura positiva deu fôlego às cotações da soja e os futuros da oleaginosa fecharam o dia com fortes ganhos na Bolsa de Chicago. Os vencimentos mais negociados terminaram o dia com ganhos variando entre 11,75 e 14,50 pontos, levando as posições julho e agosto a superarem os US$ 10,40 por bushel. O maio fechou com US$ 10,35. Os preços do farelo acompanharam e subiram, nesta sessão, mais de 3% na CBOT. 

Entre os principais fatores de estímulo para as cotações esteve a baixa do dólar no exterior novamente. No quadro internacional, a moeda americana chegou a registrar sua mínima em oito meses frente a uma cesta das demais principais divisas. 

Por outro lado, no Brasil, o ganho passa de 1% nesta segunda e o dólar busca retomar a casa dos R$ 3,50. E junto dos fortes ganhos registrados no mercado internacional, a movimentação da moeda contribuiu ainda para uma nova onda de alta nos preços internos da soja neste início de semana. Os negócios, portanto, voltam a se aquecer. 

No porto de Paranaguá, a soja disponível subiu 2,44% para chegar aos R$ 84,00 por saca, enquanto em Rio Grande, a alta foi de 2,24% para R$ 82,00. No mercado futuro, com o produto a ser embarcado entre maio e junho de 2017, o valor se manteve estável no terminal gaúcho, em R$ 85,00 e subiu 0,59% no paranaense, para alcançar os R$ 85,00 também. 

O analista de mercado Flávio França Jr. reafirma que a questão cambial deve ser mantida no foco do produtor brasileiro, uma vez que ainda não está completamente definida e deve contar com volatilidade, principalmente em função do quadro político no Brasil. "A questão do câmbio continua sendo decisiva nesta temporada para a renda do produtor", diz. 

Porém, lembra também que boa parte da comercialização do ano safra 2015/16 já foi concluída e que, por isso, os próximos passos das operações podem ser pensados com calma, e bem decididos. E lembra que a movimentação do dólar continuará, além disso, atuando como importante direcionador das cotações da oleaginosa no mercado internacional. 

"O mercado de soja teve expressivos ganhos no final de abril. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os aumentos na última semana do mês ultrapassaram os 4% tanto no mercado de balcão (valor recebido pelo produtor) quanto no de lotes (negociação entre empresas)", informou o Cepea em seu alerta desta segunda-feira.

Demanda

E apesar dessa perda de qualidade que começa a ser contabilizada em importantes regiões produtoras do Brasil, as exportações nacionais, em abril, chegaram ao recorde histórico das 10 milhões de toneladas. Segundo os números oficiais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda, os embarques brasileiros da oleaginosa somaram 10,1 milhões de toneladas, enquanto em março foram 8,4 milhões e em abril de 2015, 6,55 milhões. 

Atualmente, a soja segue se consolidando como principal item da pauta de exportações do país e a receita financeira gerada por suas vendas, entre janeiro e abril, foi US$ 7,3 bilhões, ou seja, 40% mais do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Bolsa de Chicago

Em Chicago, nesta segunda-feira, os destaques para as altas do grãos vieram do apoio trazido pelos futuros do farelo e o novo perfil da safra da América do Sul. Além disso, as perspectivas para a nova safra norte-americana também estiveram no radar. 

"Apesa de uma melhora nas condições climáticas da Argentina, os problemas com a safra local continuam sendo uma preocupação, bem como um possível atraso no plantio da soja no Meio-Oeste dos EUA, o qual poderia ser amenizado com as previsões indicando tempo mais seco na região na próxima semana", acredita o analista internacional Bob Burgdorfer, do portal Farm Futures.   

Para Flávio França Junior, apesar de as perdas no Brasil e na Argentina já terem sido contabilizadas e da demanda ser conhecida, o mercado internacional da soja ainda conta com um viés de alta na Bolsa de Chicago, e isso poderia vir, principalmente, com a confirmação de uma redução de área nos EUA, como vinha sendo inicialmente previsto. 

E a instituição atribui essas altas ainda à, justamente, essa recente retração do produtor brasileiro em suas vendas. Além das operações estarem adiantadas, há a questão da produtividade ainda incerta em algumas regiões como o Norte e Nordeste do Brasil. E não se tratam de perdas somente ligadas ao tamanho da safra, mas em relação à qualidade dos grãos. 

"No Centro-Oeste, agentes relatam problemas com a qualidade (soja ardida), nas regiões Norte e Nordeste, a estiagem prejudica as lavouras e, no Sul, fortes chuvas dificultam os trabalhos de campo. Além disso, o número de focos de ferrugem asiática, principalmente no Sul do País, foi o maior das últimas três safras", completa o Cepea.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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