Soja: Semana termina com preços recordes no Brasil e oportunidades ainda melhores no horizonte

Publicado em 27/05/2016 17:50

Com uma oferta mundial ajustada e uma demanda não só forte, mas com perspectivas de ser ainda mais intensa nos próximos meses e anos, os preços da soja acumulam mais uma semana agitada e positiva. Os futuros da oleagionsa seguem avançando na Bolsa de Chicago e no mercado brasileiro, batendo recordes. Nos últimos dias, os portos do Brasil registraram cotações acima dos R$ 90,00 por saca e, no meio deste quadro, a referência dos R$ 100,00 não parece tão longe, como acreditam consultores e analistas.

Enquanto os ganhos acumuldos na Bolsa de Chicago, entre os principais vencimentos, ficaram entre 0,29% e 1,14%, no mercado brasileiro, no mesmo período, as altas passaram de 3% nas principais praças de comercialização. Em Ponta Grossa/PR, por exemplo, o ganho acumulado foi de 6,98% para R$ 92,00 por saca; em praças de Mato Grosso como de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, os valores foram a R$ 82,00 e subiram 3,80% e no Oeste da Bahia a alta foi de 4% para R$ 78,00.

Nesta última semana, os produtores brasileiros foram às vendas, porém, somente para aproveitar de forma pontual e ainda limitada os recordes registrados no mercado nacional, tanto nas exportações quanto para atender a demanda interna. Já há praças, afinal, onde os preços poderiam até mesmo superar a paridade de exportação frente à escassez de soja no segundo semestre. 

A safra 2015/16 do Brasil já está bastante comercializada - há cerca de 80% da produção já vendida, como explica o consultor em agronegócios, Ênio Fernandes e, assim, a tendência é de que as vendas fiquem cada vez mais limitadas entre os produtores que ainda têm soja nas mãos. O quadro atual, afinal, poderia trazer oportunidades ainda melhores, já que não só a relação apertada de oferta e demanda dá sustentação às cotações, como os preços praticados na Bolsa de Chicago seguem também em elevação e podem bater nos US$ 11,00 por bushel. 

E essas boas oportunidades que podem vir à frente, ainda segundo o consultor, poderiam ser aproveitadas, principalmente, nos negócios feitos com a soja da próxima safra. "Ainda vamos passar por muito nervosismo do mercado climático americano, então, os preços podem ser aproximar dos US$ 11 e há muito pouco da nova safra já vendida, o que pode levar muitos produtores a capturarem essas novas altas", explica. Ainda assim, alerta de que "a tendência é de valorização constante, mas a safra velha vai ser valorizar mais do que a safra nova".

Números levantados pela França Junior Consultoria mostram que a produção de soja 2015/16 da América do Sul ficou abaixo do recorde da temporada anterior e deverá totalizar 168,166 milihões de toneladas, contra as 172,156 milhões da 2014/15. "Em função de perdas combinadas entre excesso e falta de chuvas, chegamos a uma produtividade revisada 4% inferior a da safra passada, onde o recorde histórico foi batido", explica o consultor Flávio França Junior. E essa oferta menor do que o esperado foi um dos principais fatores que levaram os preços na CBOT a retomarem um novo e consistente movimento de alta e consolidando-se nos atuais elevados patamares. 

No pregão desta sexta-feira, encerrando os negócios da semana, o vencimento julho/16,  o mais negociado neste momento, fechou com US$ 10, 87 por bushel, enquanto o novembro/16, referência para a nova safra dos EUA, ficou com US$ 10,57.

Dólar

A recente valorização do dólar - nesta semana, a alta acumulada foi de 2,64% - também ajudou na composição desses preços recordes para a soja brasileira. Na sessão desta sexta-feira, depois da presidente do Federal Reserve (o banco central norte-americano) indicar que pode mesmo aumentar a taxa de juros nos Estados Unidos, a moeda americana fechou com ganho de 0,38% e valendo R$ 3,6110. Na máxima da semana, a divisa foi a R$ 3,6307. 

"Yellen ficou na linha do que vínhamos ouvindo de outros membros do Fed, apontando para a possibilidade de subir juros em breve", disse o economista da corretora Renascença Marcos Pessoa, em entrevista à agência de notícias Reuters. 

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Nova safra dos EUA

Enquanto se conclui a safra 2015/16 da América do Sul, a 2016/17 dos Estados Unidos está em pleno andamento e com mais de 50% da área prevista já semeada, de acordo com os últimos números do USDA. Novos dados serão reportados no início da próxima semana e o foco agora é, portanto, as condições em que essa nova safra se desenvolve. A volatilidade, portanto, é inevitável em meio ao tradicional mercado climático norte-americano. 

Para as próximas duas semanas, as previsões climáticas indicam tempo mais úmido e as chuvas ocorrendo de forma mais intensa. Os modelos climáticos mostram ainda as chances de elevados acumulados de precipitações na porção Oeste do Corn Belt, com atenção a Iowa e o leste de Nebraska. 

Além disso, o El Niño terminou e as preocupações agora são com a possibilidade um La Niña na sequência. De acordo com o Centro de Previsões Climáticas dos Estados Unidos, há 75% de chance de que o fenômeno de fato ocorra, e no final do ano. No entanto, sua formação pode acontecer mais cedo, entre julho e setembro. Já o instituto da Austrália prevê que esse processo se dê entre junho e agosto e que as chances são de 50%.

Por hora, os especialistas ainda não são capazes de mensurar a intensidade que terá esse La Niña e quais regiões do globo serão mais duramente afetadas. Os efeitos principais, porém, já são conhecidos e, assim como fez o El Niño, os impactos sobre a agricultura mundial serão inevitáveis. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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