Soja tem semana de baixas com financeiro negativo, mas preços no Brasil devem voltar a subir

Publicado em 24/06/2016 17:51

A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia anunciada nesta sexta-feira (24) corou a semana negativa do mercado internacional da soja e mercado pela forte influência do mercado financeiro global. Durante os últimos dias, as especulações em torno do assunto foram tão intensas que contribuíram para uma maior aversão ao risco e, consequentemente, uma saída intensa dos fundos de investimento do mercado de commodities, entre eles a oleaginosa. 

Segundo explicou o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, durante toda a semana, os fundos trabalharam com a perspectiva forte de que o Reino Unido permaneceria no bloco e alocaram recursos diante desse quadro. Quando a decisão foi contrária, "houve um desmantelamento dessas posições e os fundos tiveram de realocar esses recursos", explica. E assim, buscando rentabilidade e segurança, migraram para ativos mais seguros como moedas - principalmente o dólar -, títulos dos tesouros americano e japonês, além do ouro, este registrando sua maior alta diária desde 2008. 

Dessa forma, as baixas registradas no final da sessão desta sexta-feira superaram os 20 pontos entre os principais contratos, ou mais de 2%, com as posições mais distantes encerrando o dia já abaixo dos US$ 11,00 por bushel. No balanço semanal, porém, as perdas oscilam entre 4,87% e 6,07% na Bolsa de Chicago. O novembro/16, que é referência para a safra norte-americana, foi o que mais recuou e fechou a semana cotado a US$ 10,78 por bushel. 

O impacto desse momento dessa "financeirização" do mercado internacional da soja, porém, deverá ser limitado, ainda segundo explica Camilo Motter, uma vez que os fundamentos próprios desse mercado são fortes nesse momento e o desenrolar do clima no Meio-Oeste americano e seu impacto sobre a safra 2016/17 do país deverá ser o principal componente de formação dos preços a ser observados daqui em diante, ao lado da ajustada relação de oferta e demanda que ainda permeia os negócios. 

Embora as condições de clima no Corn Belt venham permitindo um bom desenvolvimento daa plantações norte-americanas nas últimas semanas - 73% delas estão em boas ou excelentes condições - e, portanto, venha ajudando a pressionar os preços nos pregões mais recentes, as expectativas de situações mais adversas no período dos próximos dois meses, em função do La Niña, podem mudar este quadro no mercado em Chicago. A volatilidade típica desse intervalo, no entanto, será inevitável. 

"Neste momento, os preços estarão cada vez mais sensíveis às especulações, previsões e fatos climáticos", afirma Motter. "Não acredito que voltamos tão cedo a patamares tão baixos, será preciso ver a safra confirmada. Por enquanto, existe todo esse risco climático pela frente e os preços mantêm esse risco, mesmo que haja condição de momento boa", completa. 

De acordo com as últimas previsões trazidas pelo NOAA - o departamento oficial de clima dos Estados Unidos -, os próximos dias contam ainda com a chegada de algumas chuvas leves, quando, em seguida, chega um clima de temperaturas mais amenas e com tempo seco. Já para o intervalo dos próximos 6 a 10 dias, de 29 de junho a 3 de julho, as precipitações deverão ficar abaixo da média. E para mais a diante, ainda como explica Motter, já são esperados focos de estiagem de no Meio-Oeste americano. 

Mercado Brasileiro

A conjunção de fatores negativos atuando sobre os preços da soja na Bolsa de Chicago também influenciou o mercado brasileiro da oleginosa. Nos portos, as baixas superaram os 5%, no balanço semanal, enquanto as principais praças de comercialização perderam entre 2,28% e 5,93%. Dessa forma, os negócios caminharam em ritmo bastante lento. 

"Essa semana foi de trava total, praticamente não houve negócios, a não ser em uma necessidade maior de venda. E o produtor vai continuar acompanhando, porque aposta muito forte na estressafra brasileira. O ritmo de exportações tem força, os volumes vão bater os do ano passado e deve haver uma disputa grande pelos lotes de soja disponíveis internamente", explica Motter. 

Apesar do recuo semanal registrado pelos preços internos, os mesmos ainda são remuneradores e criam boas oportunidades para o sojicultor brasileiro. Entretanto, como relatou o analista, a aposta do produtor é maior para os meses seguintes, onde a oferta deverá se ajustar ainda mais, com os preços no interior do Brasil podendo se manter acima da paridade de exportação. 

"O produtor está bem capitalizado e com condições de esperar momentos melhores", completa analista. No porto de Rio Grande, a soja disponível terminou a semana cotada a R$ 89,00 por saca, enquanto em Paranaguá foi a R$ 93,00. Já para o produto da nova safra preços de, respectivamente, R$ 86,00 e R$ 86,50 por saca. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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