Umidade pode afetar poder germinativo das sementes de soja na Argentina

Publicado em 27/10/2016 13:26

Um grupo de especialistas do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina analisou o impacto das intensas chuvas do outono no poder germinativo das sementes de soja no país, que foram colhidas em condições muito úmidas e com graves dificuldades de piso no sudeste de Córdoba, Santa Fé, Entre Rios e no norte de Buenos Aires.

O problema é que, quando a colheita das sementes atrasa, a qualidade da semente diminui e este deterioramento se agrava com condições ambientais favoráveis para a ação de alguns fungos.

"Esta presença de patógenos na semente de soja pode causar perdas de rendimento e diminuição da qualidade comercial do grão. Se o grão infectado se destina à semente, ainda por cima, o resultado serão lotes com menor número de plantar e com plantas fracas que, logo, toleram menos a ação de outros patógenos ou os efeitos de fatores ambientais adversos", como é explicado no trabalho realizado por Silvia Distéfano, Lisandro Lenzi, Elda Pesaresi, Martha Cuniberti, Rosana Herrero e Sebástian Muñoz, todos especialistas do INTA.

Os fungos podem provocar apodrecimentos, necrose superficial, manchas, esclerotização, diminuição do poder germinativo, alterações no vigor da planta e outras alterações fisiológicas.

Para minimizar problemas na implantação e evitar a introdução de patógenos em lotes de produção, é importante saber reconhecer essas características nas sementes que serão utilizadas no próximo plantio.

No estudo, os pesquisadores do INTA analisaram mais de 100 mostras de sementes que vinham de campos de produtores do norte de Buenos Aires, sul de Santa Fe e sudeste de Córdoba.

Os fungos que os pesquisadores encontraram com mais frequência foram Fusarium spp (que causa a podridão vermelha da raiz - em 92% das amostras) e Cercospora kikuchii (que causa a mancha púrpura da semente - em 68% das amostras). "Os outros fungos que também apareceram em grandes quantidades foram: Aspergillus (podridão das sementes), Alternara (mancha de alternaria) e Phomopsis (cancro da haste)", aponta o estudo.

O fungo que causa a podridão seca, também conhecida como mancha-de-olho-de-rã não foi detectado e nenhum caso e mostra uma tendência decrescente desde a safra 2009/10, quando este problema foi uma verdadeira dor de cabeça para os produtores.

Como um parâmetro para compreender a gravidade da prevalência de fungos nas sementes de soja, o trabalho recorda que o máximo nível de prevalência do Fusarium tinha sido detectado nas safras 2006/07 (42%) e 2013/14 (76%), nas quais também foram registradas abundantes precipitações durante o amadurecimento do cultivo.

Ao analisar a qualidade dessas sementes para identificar se elas estão aptas para o plantio, os pesquisadores determinaram que aquelas que foram desenvolvidas antes do temporal possuem bons índices de qualidade e um poder germinativo médio de 88%. No entanto, para aquelas que estiveram nos lotes que foram colhidos úmidos, o poder germinativo caiu a 57%, com casos extremos, onde este poder baixou a apenas 16%.

No começo do plantio de uma nova safra de soja, os pesquisadores do INTA recomendam que os produtores realizem uma análise de germinação e sanidade para tomar decisões a tempo.

Eles ainda destacam outras dicas:

- Conservar a semente de soja em boas condições. O elemento principal a se ter em conta é o armazenamento da semente com uma umidade menor do que 13% a fim de evitar a proliferação dos fungos de armazenagem;

- Tratar as sementes com um fungicida adequado para cada situação, já que se observa na presente safra uma queda do poder germinativo das sementes contaminadas por patógenos;

- Em plantios adiantados, utilizar sementes de alto vigor e poder germinativo e fungicidas de amplo espectro, porque, geralmente, podem apresentar condições adversas para a implantação (baixas temperaturas e chuvas abundantes) com a consequente possibilidade de ação de fungos que habitam no solo, provocando falhas de emergência.

É importante lembrar, ainda, que muitos dos patógenos que causam essas enfermidades sobrevivem nos resíduos da colheita. Em consequência, a rotação de cultivos é uma ferramenta importante para reduzir ou prevenir a aparição de problemas sanitários.

Tradução: Izadora Pimenta

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Fonte:
Clarín

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