Açúcar: Déficit mundial e câmbio devem manter preço do açúcar firme, aponta Cepea

Publicado em 07/01/2016 11:22

Após cinco temporadas consecutivas com superávit na oferta mundial de açúcar, as projeções para a safra 2015/16 indicam mudança de cenário, baseada em menores produção e estoques globais. Essa perspectiva aliada ao Real desvalorizado e a uma temporada brasileira novamente mais alcooleira devem favorecer os preços internos do açúcar em 2016, que apresentam altas desde o segundo semestre deste ano.

Embora exista consenso quanto a déficit entre as consultorias, a magnitude ainda se apresenta bastante variável, entre 2,5 milhões e 8,2 milhões de toneladas. A Organização Internacional do Açúcar (OIA), por exemplo, prevê déficit mundial de 3,53 milhões de toneladas. Entre os fundamentos das projeções estão aumento nos custos de produção da commodity, a baixa nos preços mundiais, fatores climáticos e demanda global recorde por açúcar.

No Brasil, o fenômeno El Niño já aumentou o volume de chuvas no Centro-Sul e o reduziu na região Nordeste. Isso vem atrasando o término da safra (normalmente de abril a novembro) no Centro-Sul, comprometendo pontualmente a oferta. Algumas usinas consultadas pelo Cepea sinalizam que devem encerrar a moagem apenas em janeiro/2016, enquanto outras planejam mesmo emendar a colheita das duas temporadas (2016/17). Isso pode aliviar um pouco os efeitos de um maior direcionamento da cana para etanol e reduzir a pressão altista sobre os preços.

As precipitações podem ser benéficas para a safra 2016/17 do Centro-Sul, que pode começar em março de 2016. Consultorias têm indicado que, em face da expectativa de aumento da produção na região Centro-Sul, algumas usinas já teriam, em dezembro, fixado os preços de um volume maior de açúcar que em mesmo período do ano passado.

Já no Nordeste brasileiro, a expectativa para a safra 2015/16 (normalmente de novembro a abril) é de produção menor em decorrência da forte seca que atinge as principais regiões canavieiras da região. Em Alagoas e Pernambuco, os dois principais estados produtores do Nordeste, a queda na produção de açúcar deve ficar próxima dos 10%. Além disso, a temporada deve ter mix mais alcooleiro, puxado pela demanda elevada pelo biocombustível, assim como ocorreu no Centro-Sul.  Com isso, os preços do açúcar nordestino podem permanecer elevados, também favorecidos pela valorização do produto goiano, forte concorrente.

No que tange às exportações brasileiras de açúcar, parece plausível esperar que, no próximo ano, os volumes sejam superiores aos da presente safra, em face da tendência de preços crescentes e que deve se sustentar devido ao déficit global previsto para a commodity. A esse fator deve-se somar o efeito de uma taxa de câmbio relativamente elevada, o que também deve favorecer as exportações.

No mercado internacional, segundo o USDA, grandes players como China, Índia e UE deverão produzir menos, sustentando a reversão de tendência já iniciada no final de 2015. No caso da China, que assumiu o papel de maior importador da commodity, espera-se queda na produção de 3,82% e redução de 20,1% nos estoques, na comparação com a última safra (2014/15). Assim, a expectativa é de que a China aumente as importações de açúcar em cerca de 9%, podendo chegar a 5,5 milhões toneladas. O consumo chinês deve permanecer estável, em torno de 17,5 milhões de toneladas.

Para a Índia – segundo maior produtor e maior consumidor de açúcar –, o USDA estima produção de 28,53 milhões de toneladas para a safra 2015/16, o que representaria 6% a menos que na temporada passada, devido a prejuízos causados pelo El Niño nas principais regiões produtoras. Durante o ano safra 2015/16, o consumo no país deverá ser de 28 milhões de toneladas, aumento de 2,96% em relação a 2014/15.

A União Europeia deve produzir 16,1 milhões de toneladas de açúcar no período, volume 4% menor que o da temporada anterior, de 16,75 milhões de toneladas, segundo dados do USDA. Os baixos preços do açúcar praticados na última safra nos mercados europeu e internacional desencorajaram os agricultores a ampliar ou manter as áreas cultivadas com a beterraba açucareira na safra 2015/16. 

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Fonte:
Cepea

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