DA REDAÇÃO: Para analista, demanda de grãos é positiva e produtores brasileiros não sairão no prejuízo
As perspectivas para os produtores brasileiros são positivas, apesar do momento de pressão nas cotações de commodities na bolsa de Chicago. É o que conta o analista de mercado, Vlamir Brandalizze, após sua visita aos Estados Unidos, para conferir de perto a safra norte-americana de grãos. Segundo o analista, caso os produtores tivessem maior incentivo e infraestrutura adequada, seria possível competir diretamente com os produtores americanos.
Isso se deve ao custo de produção nos Estados Unidos, que está muito próximo aos valores do Brasil, principalmente pelo arrendamento de terras, trazendo uma valorização ao preço das terras. O que coloca os produtores americanos e brasileiros em situação paralela. Segundo Vlamir Brandalizze, os preços comercializados na bolsa de Chicago também não estão remunerando os produtores americanos, principalmente de milho, em que muitos alegam estar com prejuízos de US$ 250 por hectare caso optem por realizar negócios agora.
Já as condições das lavouras seguem muito positivas, em que muitos analistas acreditam ser superior a safra estimada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Também não há nenhuma expectativa climática que possa modificar esse quadro, pois não há previsão de geadas até o início do próximo mês, quando devem ser iniciadas as colheitas. “Mas isso não preocupa, pois o principal fator é que eles também sabem que existe uma demanda muito grande, os chineses estão comprando agressivamente", explica Brandalizze.
Para o analista, a demanda é o principal fator que trará suporte ao mercado, ao longo e médio prazo. Até o momento, os chineses já compraram mais de 19 milhões de toneladas da safra nova norte-americana e continuam mantendo o bom ritmo. Brandalizze também explica que há mais demanda do que oferta disponível no mercado físico, portanto o momento de pressão não deverá preocupar. Com os prêmios positivos, os produtores que não estiverem com alto grau de endividamento e puderem esperar para comercializar nos picos de alta, poderá ter boa remuneração para a nova safra.
Um fator que anima os produtores norte-americanos é a produção crescente de etanol de milho no país. Segundo o analista, quem está vendendo para a indústria é quem está gerando mais ganhos e conseguindo manter boa lucratividade, chegando a ser 20% superior. Além do momento atual bastante positivo, há uma expectativa de crescimento de demanda com a nova geração de carros híbridos. Também é crescente a exportação de DDG de milho, geralmente com destino também para a China.
Com as condições do setor sucroenergético no Brasil, tudo indica que no início do próximo ano será necessário importar etanol de milho dos Estados Unidos. O que demonstra que esta poderá ser uma oportunidade para as regiões mais isoladas e com grande produção de milho, como Mato Grosso. Outra demanda muito interessante para o grão, será para alimentação de animais, já que o Brasil irá se consolidar como principal exportador de carnes, tanto de bovinos, quanto de suínos e frango.