EXCLUSIVO: Agronegócio brasileiro pode crescer com demanda mundial por alimentos firme e aquecida
Segundo Belotti, o consumo de carnes se dá por conta de alguns fatores como a renda dos consumidores, o crescimento populacional e, paralelamente, os costumes religiosos e culturais dos países. Os adeptos da religião mulçumana, por exemplo, não consomem suínos e os hinduístas cultuam a vaca e por isso não comem carne bovina.
Os crescimentos econômico e populacional de países emergentes agem como catalisadores para o consumo de carne, uma vez que junto com o crescimento do país, aumenta também o poder de aquisição das pessoas. “Os países com mais baixa renda têm mais sensibilidade a alterações do nível de renda, indicando que a medida que a renda desses países aumenta, o consumo de carne. E é exatamente nesses países que a economia tende a crescer mais”, afirma o analista. Em contrapartida, as condições ambientais, independentes do nível de renda dos consumidores, também afeta o consumo de carne. Isso acontece em países como o Japão, onde a abundância de pescado fez com que o consumo de carne bovina não tivesse tanta expressão.
Além dos países emergentes, a perspectivas para países desenvolvidos – mesmo após o impacto de uma séria crise financeira também é de crescimento. No entanto, índices de crescimento menores do que as nações emergentes, mas que ainda assim colaboram para o cenário global positivo para o consumo de carnes.
Paralelamente ao aumento do nível de renda, o aumento populacional também deve contribuir para o setor, já que somente na Ásia, a estimativa é de um crescimento de 20% da população. “O aumento de renda projetado, o crescimento da população e a migração da população rural para a área urbana se traduz em um aumento do consumo de carne. A previsão é que entre 2010 e 2030, esse aumento seja de 30%”, diz o representa do banco comercial Rabobank. O incremento mais expressivo deve ser no consumo da carne de frango.
Brasil
As taxas de crescimento de consumo de carne no Brasil deves ser inferiores se comparadas a países como China, Indonésia e Índia. No país, o consumo de suínos deve ser o que pode crescer mais expressivamente, sem superar, entretanto, o consumo de carne de boi ou frango.
Além disso, segundo Bellotti, o Brasil agrega características de produção e mercado para se consolidar como o maior exportado de carne bovina do mundo. O setor industrial, de frigoríficos, também apresenta tendências de crescimento e consolidação.
Comercialização
As reduções das barreiras tarifárias e o aumento das barreiras técnicas devem ser as primeiras mudanças vistas no cenário mundial de consumo e comercialização de carnes, que já estão acontecendo. A exemplo dessas barreiras técnicas, os produtores serão muito questionados quanto as questões de condições de trabalho e quanto ao impacto ambiental de sua produção.
A alta volatilidade das commodities agrícolas que é esperada daqui em diante também deve influenciar na agropecuária ainda mais. “Os grãos que tendem à volatilidade que se iniciou nos últimos anos tende a permanecer e isso, consequentemente, tende a pressionar os custos de produção, gerando uma necessidade cada vez maior de um gerenciamento de risco indicando que o produtor deverá ser mais eficiente”, explica o analista. A tendência, portanto, é que os produtores analisem e adotem mecanismos de proteção ao risco mais intensamente. Os avicultores e suinocultores devem ser os mais atingidos por esse aumento da volatilidade das commodities.
Produção
Segundo o analista, o Brasil tem todas as características para ser um
grande player no mercado de carnes bovina, suína e de frango. A
competitividade na produção de grãos é um fator que contribui para essa
boa perspectiva em relação ao país. Pois como a produção é mais barata,
os pecuaristas têm acesso a ração a preços melhores em relação aos
outros países.