Dólar acelera queda após falas de Campos Neto

Publicado em 17/05/2024 11:53 e atualizado em 17/05/2024 12:40

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Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar acelerava sua queda frente ao real nesta sexta-feira após recuar ligeiramente na abertura, depois que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada nesta manhã que não pode antecipar novos cortes na taxa Selic.

Às 11h26 (de Brasília), o dólar à vista caía 0,45%, a 5,1079 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,38%, a 5,120 reais na venda.

Na entrevista, Campos Neto disse que o BC precisa "de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar" até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho.

Ele afirmou ainda que nunca avisou o governo sobre mudanças de orientação futura, algo que considera uma prerrogativa do BC autônomo.

"Entrevista do Campos Neto agradou o mercado. Reafirmou compromisso com a meta de inflação, como tem feito, e ratificando autonomia do BC", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

O BC decidiu na semana passada reduzir o ritmo de afrouxamento monetário, cortando a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, agora a 10,50% ao ano, após seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual.

A decisão significou o abandono da orientação futura dada na reunião anterior do Copom, que previa um corte de 0,50 ponto neste mês.

Num geral, uma Selic mais alta torna o real mais atraente para uso em estratégias de "carry trade", em que investidores tomam empréstimos em países de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.

Mais cedo, o dólar já havia aberto em queda após as autoridades chinesas anunciarem medidas que chamaram de "históricas" para estabilizar o setor imobiliário da China, o que gerou otimismo pela demanda de commodities, com o minério de ferro atingindo máxima em uma semana.

"O destaque na abertura fica no cenário internacional com a China, onde medidas a fim de impulsionar o mercado imobilíario foram anunciadas", disse Marcio Riauba, gerente da mesa de operações da Stonex Banco de Câmbio.

As autoridades chinesas anunciaram uma série de medidas para estabilizar seu setor imobiliário atingido pela crise, com o banco central viabilizando 1 trilhão de iuanes (138 bilhões de dólares) em financiamento extra e flexibilizando as regras de hipoteca.

A movimentação na segunda maior economia do mundo gerava otimismo pela demanda de commodities. Os contratos futuros de minério de ferro ampliaram a alta da véspera nesta sexta-feira, atingindo o valor mais alto em mais de uma semana, e estavam a caminho de encerrar a semana com ganhos.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 2,18%, a 891,5 iuanes (123,47 dólares) a tonelada, o maior valor desde 8 de maio. Na semana, o ganho foi de 2,8%.

Ainda em relação ao cenário externo, os investidores também analisavam falas de autoridades do Federal Reserve na véspera, que demonstraram cautela com a inflação nos Estados Unidos e indicaram a manutenção da política monetária atual, sem sinalização de cortes de juros.

Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,1310 reais na venda, em baixa leve de 0,11%.

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Fonte:
Reuters

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